terça-feira, 27 de outubro de 2009

Não se perca!!!

::Gisela Veetshish::

Além das palavras
das imagens formadas
do passado relembrado
do futuro projetado

(puras ilusões construídas pela teia de pensamentos)

QUEM É VOCÊ???

Além da camada mesma de conceitos
em forma de palavras, números, cores, imagens...

Sem imaginar NADA,

reconheça-se como o espaço
onde tudo isso ocorre

reconheça-se consciência que és
de tudo que ocorre

ONDE É TUA MORADA???

Tenha cuidado
Não se perca!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Saiba como a alegria influencia suas atitudes

::Patricia Gebrim::

Para onde foi sua alegria?
No meu entender, o maior sinal de sanidade que podemos ter é a nossa capacidade de sentir alegria. A alegria é esse sentimento que nos deixa leves, mais próximos da criança que habita em nós, que nos faz ter uma visão positiva do mundo, que nos conecta com as coisas boas que existem ao nosso redor.
Quando estamos alegres somos mais gentis com nosso próprio ser, nos permitimos ouvir músicas de que gostamos, nos permitimos mover o nosso corpo com entusiasmo, tornamos nossa vida mais colorida, temos mais saúde. Mas não é só isso... Quando estamos alegres também somos mais gentis com os outros. Sorrimos mais, temos mais paciência e tolerância, somos mais generosos em nossas atitudes.

Não adianta termos uma vida cheia de coisas que queremos se o preço para obtê-las é a nossa alegria. Porque no final é mais ou menos isso o que acontece. Criamos vidas tão complicadas e atarefadas que acabamos sobrecarregados, e a nossa alegria fica lá, soterrada embaixo disso tudo, sem conseguir espaço para nos fazer sorrir.
Experimente isso:

Saia para passear num dia lindo de sol, sinta a oportunidade de se perceber leve, solto, movido pelo prazer simples de buscar contato com a natureza. Sinta a alegria movendo cada um de seus passos.
Agora tente fazer o mesmo levando com você seu lap top, uma mochila cheia de roupas, as pastas com os contratos que terá que assinar no dia seguinte, o livro de leitura que terá que levar para seu filho mais tarde, as frutas que comprou no supermercado, etc, etc...
Será que vai aproveitar o passeio da mesma forma? Os braços ocupados, as costas arcadas sob todo aquele peso. Sinta isso... Será que você vai conseguir sentir o vento agitando seus cabelos? Vai perceber a forma sutil como as nuvens se dissolvem ao vê-lo passar? Claro que não!
Apesar de o caminho ser exatamente o mesmo, você provavelmente se sentirá irritado, com as costas doendo pelo peso da mochila, a mente apressada, andando à sua frente sem perceber o momento presente. Impossível sentir alegria dessa maneira!
E é exatamente assim que a maioria das pessoas vive suas vidas nas grandes cidades, nos dias de hoje.
O que fazer então? Abandonar tudo? Jogar o lap top de cima da ponte? Fazer uma fogueira com os contratos? Jogar as frutas e fazer greve de fome? Abandonar a família e virar um eremita?
Novamente... CLARO QUE NÃO!
Mas talvez você possa abrir espaços no meio do seu dia para celebrar a alegria. A alegria precisa de leveza, precisa de mãos soltas, livres de tanta carga, precisa de uma mente livre de tantos pensamentos. Precisa de momentos de contemplação.
A vida não pode ser só ação. É preciso espaço para a contemplação. É na contemplação que alimentamos a nossa alma. Não há alegria sem alma.
Se você quer a sua alegria de novo, terá que lutar por ela, abrindo espaço em sua agenda, como uma pessoa perdida na selva precisa abrir caminho até encontrar o rio que pode matar a sua sede.
Entenda que a sua vida não é algo que simplesmente acontece a você, como se você não tivesse nada a ver com isso. Você faz parte da sua vida! Você a cria a partir das escolhas que faz.
Inclua a alegria nas suas escolhas. E entenda que ao recuperar a alegria, todo o resto de sua vida fluirá melhor, com mais leveza e menos nós.
A alegria é a verdadeira “desatadora de nós”, acredite!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A escravidão psicológica

Oi Pessoal,

Retirei esse texto de um e-book que estou lendo, e resolvi compartilhar com vocês.

Quem se interessar em ler o livro todo é só me pedir que encaminho via email !

Um grande abraço a todos

Fernanda


A escravidão psicológica (do livro Auto-conhecimento e mudança interior - Divina Ciência)

Vamos começar esta lição estudando o seguinte texto, retirado do livro “A Revolução da Dialética”:

“A escravidão psicológica destrói a convivência. Depender psicologicamente de alguém é escravidão. Se nossa maneira de pensar, sentir e obrar depende da maneira de pensar, sentir e obrar daquelas pessoas que convivem conosco, então estamos escravizados.

Constantemente, recebemos cartas de muita gente desejosa de dissolver o eu, porém queixam-se da mulher, dos filhos, do irmão, da família, do marido, do patrão, etc. Essas pessoas exigem condições para dissolver o eu. Querem comodidades para aniquilar o Ego, reclamam magnífica conduta daqueles que com eles convivem. O mais gracioso de tudo isto é que essas pobres pessoas buscam as mais variadas evasivas: querem fugir, abandonar o lar, o trabalho, etc. - dizem que - para se realizarem a fundo.

Pobre gente... seus adorados tormentos são seus amos. Naturalmente, essas pessoas não aprenderam a ser livres, sua conduta depende da conduta alheia.

Se quisermos seguir a senda da castidade e aspiramos que primeiro a mulher seja casta, então estamos fracassados. Se queremos deixar de ser bêbados, porem nos afligimos quando nos oferecem o copo, por causa daquilo que dirão ou porque a recusa possa incomodar nossos amigos, então jamais deixaremos de ser bêbados.
Se queremos deixar de ser coléricos, irascíveis, iracundos, furiosos, porém como primeira condição exigimos que aqueles que convivem conosco sejam amáveis e serenos e que nada façam que nos irrite, estamos bem fracassados, sim, porque eles não são santos e a qualquer momento acabarão com as nossas boas intenções.

Se queremos dissolver o eu, precisamos ser livres. Quem depender da conduta alheia não poderá dissolver o eu. Temos de ter nossa própria conduta e não depender de ninguém.

Nossos pensamentos, sentimentos e ações devem fluir independentemente de dentro para fora. As piores dificuldades nos oferecem as melhores oportunidades.

No passado, existiram sábios rodeados de todo tipo de comodidade; sem dificuldades de espécie alguma. Esses sábios querendo aniquilar o eu, tiveram de criar situações difíceis para si mesmos. Nas situações difíceis, temos oportunidades formidáveis para estudar nossos impulsos internos e externos, nossos pensamentos, sentimentos, ações, nossas reações, volições, etc.

A convivência é um espelho de corpo inteiro onde nos podemos ver tal como somos e não como aparentemente somos. A convivência é uma maravilha. Se estivermos bem atentos, poderemos descobrir a cada instante nossos defeitos mais secretos. Eles afloram, saltam fora, quando menos esperamos.

Conhecemos muitas pessoas que diziam: Eu não tenho mais ira... e à menor provocação trovejavam e faiscavam. Outros dizem: Eu não sinto mais ciúmes - porém basta um sorriso do cônjuge a qualquer vizinho ou vizinha para os seus rostos se tornarem verdes de ciúmes. As pessoas protestam contra as dificuldades que a convivência lhes oferece. Não querem se dar conta de que essas dificuldades, precisamente elas, estão lhe brindando todas as oportunidades necessárias para a dissolução do eu. A convivência é uma escola formidável. O livro dessa escola tem muitos tomos, o livro dessa escola é o eu.

Necessitamos ser livres de verdade se é que realmente queremos dissolver o eu. Não é livre quem depende da conduta alheia. Só aquele que se faz livre de verdade sabe o que é o amor. O escravo não sabe o que é o verdadeiro amor. Se somos escravos do pensar, do sentir e do fazer dos demais, nunca saberemos o que é o amor. O amor nasce em nós quando acabamos com a escravidão psicológica. Temos de compreender profundamente e em todos os terrenos da mente esse complicado mecanismo da escravidão psicológica.

Existem muitas formas de escravidão psicológica. É necessário estudar-se todas elas se realmente queremos dissolver o eu. Existe escravidão psicológica não só no interno como também no externo. Existe a escravidão íntima, a secreta, a oculta, da qual não suspeitamos sequer remotamente. O escravo pensa que ama quando na verdade só está temendo. O escravo não sabe o que é o verdadeiro amor.

A mulher que teme a seu marido pensa que o adora quando na verdade só o está temendo. O marido que teme a sua mulher pensa que a ama quando na realidade o que acontece é que a teme. Pode ser que tema que se vá com outro, que seu caráter se torne azedo, que o recuse sexualmente, etc. O trabalhador que teme ao patrão pensa que o ama, que o respeita, que vela por seus interesses, etc. Nenhum escravo psicológico sabe o que é amor; a escravidão psicológica é incompatível com o amor.

Existem duas espécies de conduta: a primeira é a que vem de fora para dentro e a segunda é a que sai de dentro para fora. A primeira é o resultado da escravidão psicológica e se origina por reação. Nos pegam e pegamos, nos insultam e respondemos com grosserias.

O segundo tipo de conduta é melhor, é o tipo de conduta daquele que já não é escravo, daquele que nada mais tem que ver com o pensar, o sentir e o fazer dos demais. Tal tipo de conduta é independente, é conduta reta e justa. Se nos pegam, respondemos abençoando. Se nos insultam, guardamos silêncio. Se querem nos embriagar, não bebemos ainda que nossos amigos se aborreçam, etc.

Agora, nossos leitores compreenderão porque a liberdade psicológica traz isso que se chama amor.”

Este texto nos fala sobre algumas dificuldades que nós mesmos colocamos em nosso caminho, e que são um sério obstáculo para a mudança interior:

Ter um comportamento que depende da vontade dos outros e não de nossos próprios princípios. Ora, se queremos mudar temos que seguir nossos princípios, fazer o que achamos ser o correto. Porém é muito comum que algumas pessoas que vivem ao nosso redor e que não estão interessadas em mudar a si mesmas, incomodem-se quando nós deixamos de ser o que éramos, querem que não mudemos também, que continuemos a ser os mesmos de antes, que voltemos a fazer as mesmas coisas. A nós, como sempre, nos resta escolher entre as duas conhecidas opções: Ser ou não Ser?
Fugir das situações difíceis que ocorrem em nossa vida, e que são importantes para o autoconhecimento e a mudança interior. Este provavelmente seja um dos maiores obstáculos para a mudança interior. Evidentemente ninguém gosta de passar por situações desagradáveis, no entanto são nestas situações em que descobrimos nossos maiores defeitos, os defeitos que precisamos eliminar com maior urgência para elevarmos nosso nível do Ser.
Se nos habituamos a fugir das situações difíceis seremos sempre escravos psicológicos, e não poderemos provocar em nós mesmos uma verdadeira mudança. Ante as situações desagradáveis teremos que escolher entre enfrentar a nós mesmos ou simplesmente fugir de nós mesmos. Mais uma vez existem apenas duas opções: Ser ou não Ser.

Por isso escreveu Nietzsche: “O pior inimigo que você poderá encontrar será sempre você mesmo”.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mudança

:: Elisabeth Cavalcante ::

Por que será que a mudança, de modo geral, nos causa tanto medo? Dificilmente encontramos pessoas que enfrentam situações novas de modo tranquilo e relaxado.

Mesmo quando vivenciamos circunstâncias que nos fazem infelizes, temos a tendência a permanecer ali por muito tempo, acomodados, apenas pela sensação de conforto que algo já conhecido nos transmite.

Quando, entretanto, as mudanças surgem repentinamente, impostas pela vida, sem que tenhamos qualquer poder de impedir que elas ocorram, sentimos o chão nos faltar sob os pés e temos a nítida sensação de ter perdido qualquer referência que nos oriente a lidar com a nova realidade.

Nestes momentos, tudo nos parece ameaçador e a nossa vontade é voltar ao antigo como se ele fosse uma poderosa tábua de salvação. Como a natureza é sábia, ela às vezes nos força a enfrentar o novo, apenas para que possamos descobrir em nós um poder que não imaginávamos possuir.

Se soubermos, a cada mudança que a vida nos apresente, experimentar uma nova atitude, aceitando o desafio com entusiasmo e coragem, ao invés de nos deixarmos dominar pela revolta e a covardia, certamente acabaremos por realizar importantes descobertas.

Quanto mais capazes formos de vencer nossos medos e limitações, mais fortes nos sentiremos, até que chegue o momento em que as mudanças passarão a ser encaradas como uma bênção, um presente da vida, algo que recebemos com gratidão, na certeza de que, ao encará-las de frente e com total aceitação, estaremos fortalecendo cada vez mais a expressão de nossa essência divina.

"...Memória é uma coisa morta. Memória não é verdade e não pode ser eterna - porque a verdade é sempre viva, verdade é vida.

Memória é a persistência de algo que não é mais. É viver em um mundo fantasmagórico - mas que nos contém, é nossa prisão.
...A memória cria o nó, o complexo chamado Eu, o ego. E naturalmente esta falsa entidade chamada Eu está constantemente com medo da morte. Eis por que você tem medo do novo.

Este Eu tem medo, não você, realmente. O ser não tem medo. Mas o ego tem medo - porque o ego tem muito medo de morrer. Ele é artificial, é arbitrário, é colocado junto. E pode ser posto de lado, em algum momento. E quando o novo entra, há medo.
O ego tem medo, ele pode ser posto de lado.

De algum modo ele tem estado manejando para manter-se junto, manter a si mesmo em uma parte, e agora algo novo vem - será demolidor.
Eis porque você não aceita o novo com alegria. O ego não pode aceitar sua própria morte com alegria. Como ele pode aceitar sua própria morte com alegria?

A menos que você tenha compreendido que você não é o ego, você não estará pronto para receber o novo. Uma vez que você veja que o ego é sua memória passada, que você não é a sua memória, que memória é apenas como um bio-computador, que é uma máquina, um mecanismo utilitário... você está além dele... Você é consciência, não memória. Memória é um conteúdo na consciência, você é a própria consciência.

Por exemplo, você vê alguém caminhando na estrada. Você se lembra do rosto, mas você não pode lembrar o nome. Se fosse a memória, você lembraria o nome também. Mas você diz: "Eu reconheço o rosto mas eu não lembro o nome". Então você começa buscando em sua memória, vai para dentro de sua memória, você olha para este lado, para aquele lado, e repentinamente o nome brota e você diz, "Sim, este é o nome dele". A memória é seu disco. Você é aquele que está procurando dentro do disco, você não é a memória em si.

E acontece, muitas vezes, que se você se torna muito tenso a respeito de lembrar algo, torna-se difícil lembrá-lo - porque muita tensão e muito esforço em seu ser não permitem que a memória libere sua informação para você. Você tenta e tenta lembrar o nome de alguém e ele não vem, apesar de você dizer que está na ponta da língua. Você sabe que você sabe, mas o nome ainda não vem.

...É estranho. Se você é memória, então quem está impedindo você, e como não está vindo? E quem é este que diz, "Eu sei, mas ainda não está vindo?" E então você tenta duramente, e quanto mais forte você tenta mais se torna difícil. Então, você se enche de tudo, vai para o jardim para uma caminhada, e repentinamente, olhando para as roseiras, está ali, de surpresa.

Sua memória não é você. Você é consciência, memória é conteúdo. Mas a memória é toda a energia vital para o ego. Memória é velha, é claro, e tem medo do novo. O novo pode ser perturbador, o novo pode ser tal que não pode ser digerido. O novo pode trazer alguns problemas. Você terá que mudar e renovar a si mesmo. Você terá que reajustar a si mesmo. E parece árduo.

Para ser nova, a pessoa precisa se tornar desidentificada com o ego; você não se preocupa se ele morre ou vive. De fato, você sabe que vivo ou morto, ele já está morto. É um mecanismo. Use-o, mas não seja usado por ele. O ego está continuamente com medo da morte porque é arbitrário, por isto, o medo. Ele não surge do ser, ele não pode surgir do ser, porque ser é vida. Como pode a vida ter medo da morte? A vida não sabe nada da morte.

Ele surge do arbitrário, do artificial, de algum modo coloca junto o falso, o pseudo. Apesar disto, é apenas soltar-se naquela morte, que faz o homem viver. Morrer no ego é nascer no ser, em Deus.

O novo é uma mensagem de Deus, é um evangelho. Ouça o novo, vá com o novo. Eu sei que você tem medo. Apesar do medo, vá com o novo, e sua vida se tornará mais e mais rica e você estará pronto um dia para libertar o esplendor aprisionado.

Lembre-se, algo novo vindo em sua vida é uma mensagem de Deus. Se você o aceita, você será religioso. Se você o rejeita, você será irreligioso. O homem necessita apenas relaxar um pouco mais para aceitar o novo, para abrir um pouco mais, para deixar o novo entrar. Abra caminho para que Deus venha a você"....
OSHO - The Diamond Sutra

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cuidado com essa carência; ela afasta as pessoas de você!

Adorei esse texto, e gostaria de fazer um comentário antes...
Devemos tomar cuidado com essa carência em todos os tipos de relacionamento, homem e mulher, pais e filhos, alunos e professores! Tentar perceber quando estamos exigindo mais do outro do que ele pode ou consegue dar!

Aproveitem essa lição da nossa querida Patricia.
Abraço a todos que acompanham o blog!

Cuidado com essa carência; ela afasta as pessoas de você!
::Patricia Gebrim::


Pessoas carentes são como polvos gigantes, esses seres maravilhosos de que fala Julio Verne. Nas páginas dos livros são encantadores e cheios de magia, mas na vida real... acabam afastando de si mais gente do que gostariam.
"Por trás dessa atitude carente, existe uma dor e uma ilusão. A dor de uma criança ferida. A ilusão de que não se é nada mais do que essa criança. Entenda: hoje você não é mais uma criança que precisa de alguém para cuidar de você. Aceite a ideia de que hoje você é grande o suficiente para cuidar de si mesmo!"
Carência é esse sentimento incômodo que muitas pessoas carregam, percebida por elas como um tipo de buraco, uma fome constante que chega a doer. Às vezes é fome de afeto, de amor... mas também pode aparecer como fome de atenção, como o desejo de estar sempre no palco das relações, sendo valorizado, cuidado, tratado de forma especial.

É uma exigência, muitas vezes inconsciente, uma expectativa de que os outros supram você de alguma maneira, desejo esse que costuma se impor à sua capacidade de perceber o outro como um ser individual que tem direito a escolhas e limites.
Uma pessoa carente sempre exige, mesmo que de forma disfarçada, que o outro lhe dê o que quer. Não compreende que o outro tem o direito de dizer não. O outro tem o direito de não querer lhe dar algo.O outro tem o direito de não gostar de você. (Afinal, quem é amado por “todas” as pessoas?)
Quando alguém carente se aproxima das pessoas, essa aproximação quase nunca é descompromissada ou relaxada. Existe sempre uma certa tensão. Por um lado os carentes polvos querem agir sempre adequadamente, para garantir que serão aceitos. (Sua liberdade de ser, ser simplesmente quem são, está limitada pela necessidade de saciar a suposta fome). Por outro lado, aproximam-se na expectativa de receber. Raramente aproximam-se para dar algo ao outro.
Como polvos ambulantes, pessoas carentes estendem na direção da vítima seus enormes tentáculos, tentando trazer em sua direção o que necessitam. Me dê... me dê... me dê... Essa é a mensagem inconsciente que acabam transmitindo, mesmo que o discurso seja muito diferente.
Só que, por ironia do destino, por mais que tentem disfarçar suas intenções, o outro acaba pressentindo os tentáculos e na maior parte das vezes se afasta de você. Isso faz com que a pessoa carente se sinta rejeitada, o alimento lhe foi negado, a fome aumenta e ela tenta com ainda mais intensidade, numa bola de neve sem fim.
Quando vamos com sede demais ao pote acabamos derrubando-o, e lá se vai nossa chance de beber seu conteúdo. As pessoas se afastam quando percebem alguém se aproximar na expectativa de ser suprido, como um náufrago desesperado em busca de algo a se agarrar. E a pessoa fica lá, sozinha no meio do oceano. Como uma brincadeira maldosa do destino, a pessoa acaba afastando cada vez a possibilidade de receber o que quer.
Ora, a pessoa carente não faz isso por que queira ser má, ou lesar o outro. Na verdade ela age baseada na falsa crença de que não consegue suprir a si mesma. Talvez venha de um lar onde não tenha se sentido amada, ou querida. Talvez tenha até recebido amor, mas por algum motivo não tenha conseguido sentir que isso tenha acontecido.
Por trás dessa atitude carente, existe uma dor e uma ilusão. A dor de uma criança ferida. A ilusão de que não se é nada mais do que essa criança.
Entenda: hoje você não é mais uma criança que precisa de alguém para cuidar de você. Aceite a ideia de que hoje você é grande o suficiente para cuidar de si mesmo!
Se a pessoa carente conseguir perceber que, não importa o que lhe tenha acontecido, isso é passado. E que hoje existe dentro dela uma força capaz de curar qualquer ferida. Se conseguir se identificar com seu lado adulto, parando de esperar que a cura venha de fora, ou das outras pessoas. Se conseguir pegar sua criança ferida no colo, e dar-lhe todo o amor, e atenção, e carinho... esse é o caminho para a transformação.
Se em vez de estender seus tentáculos na direção das pessoas, usar todos aqueles braços para abraçar, proteger e acariciar a si mesmo... se fizer isso, algo mágico começará a acontecer. O polvo vai aos poucos se transformando em uma espécie de ninho, seguro e quentinho... e nesse ninho você conseguirá se lembrar de sua verdadeira essência, e de lá sairá assumindo sua verdadeira forma, a da mais bela ave, e seu canto será tão pleno que todas as pessoas sentirão o desejo de se aproximar e acariciar suas suaves plumas.
De mãos dadas com o adulto que existe em você, sua fome será saciada por você mesmo. E a sua relação com as pessoas se transformará. Deixará de ser uma busca de alguém que supra suas necessidades infantis e passará a refletir o prazer e a alegria de uma troca genuína e adulta com outro ser humano. E com certeza, essa mudança fará com que as pessoas parem de se afastar de você e passem a querer estar a seu lado.