terça-feira, 24 de maio de 2011

Olhando para dentro de si

::Rosemeire Zago::



Diariamente recebo e-mails pedindo orientação em como solucionar vários tipos de conflitos e é sempre bom lembrar que a maioria deles pode ser amenizado obtendo o autoconhecimento, que se consegue mais efetivamente com o processo da psicoterapia. Mas por qual motivo insisto neste trabalho? Porque dificilmente conseguimos olhar para tudo que há dentro de nós sem auxílio de um profissional. Amigos podem ajudar? Claro que sim, mas cada um traz em si um histórico de vida, e quando contamos algo a alguém e nos é dado um conselho ou opinião, em geral essa resposta estará contaminada com histórico da pessoa, ou seja, aquilo que ela viveu irá interferir diretamente na opinião que irá lhe dar; diferente do profissional que não está lá para te dizer o quê ou como fazer, mas sim proporcionar uma maior reflexão de seus próprios sentimentos e atitudes. Quer um exemplo? Se você contar para um amigo uma briga que teve com sua mãe, irá ouvir algo relacionado com o referencial que seu amigo viveu durante a vida em relação à mãe dele. Se seu amigo tem conflitos com a mãe, poderá influenciar na opinião que dará. Raramente você irá ouvir como resposta algo que o faça refletir sobre seus próprios sentimentos.

Outro fator importante é que na psicoterapia, dependendo da linha ou teoria do trabalho, é considerado não apenas o consciente, mas principalmente o inconsciente, onde estão registrados tudo aquilo que vivemos, e principalmente o que sentimos, desde a concepção até o momento presente. E muitas pessoas por não terem este conhecimento acabam por limitar a percepção de si mesmas. Ou seja, para nos conhecermos devemos considerar também os aspectos inconscientes. O que raramente um amigo irá fazer.

São nossos pensamentos e opiniões que criam nossos sentimentos, e ambos criam nossas atitudes. Mas tememos os sentimentos, fugimos deles, negamos senti-los e com isso, as dificuldades se somam. O fato de ignorarmos o que sentimos não faz com que desapareçam de dentro de nós, pelo contrário, tudo o que é negado se torna mais forte. Quando reprimimos o que sentimos, estamos impedindo que a energia contida se manifeste e nos mantemos no mesmo padrão de comportamento, não permitindo que as mudanças, tão essencial ao crescimento, se efetuem. E com isso, seguimos a vida repetindo padrões. Ao refletir sobre sua vida poderá encontrar padrões de comportamentos e/ou sentimentos que se repetem. Muitas vezes as situações são diferentes, mas o sentimento despertado geralmente já é conhecido. Procure identificar o sentimento que tem tido nas últimas semanas... Perceberá que é um sentimento que o acompanha há muito tempo. Qual sua origem? Nem sempre conseguimos identificar sem auxílio de um profissional.

Para que possamos nos conhecer profundamente é necessário deixar que todas as emoções que estão dentro de nós se tornem conscientes. Sem fugas, que em geral acontecem de diversas maneiras, seja trabalhando em excesso, consumindo álcool, tendo compulsão por comida, compras, jogos, etc. Estamos constantemente ocupados com tantos afazeres, que sequer nos damos tempo para identificar o que sentimos. Tudo isso faz com que olhemos apenas para fora, e não para dentro de nós. Estamos sempre apagando incêndios e não nos damos tempo para ouvir aquilo que muitas vezes grita dentro de nós. É quando surgem doenças e sintomas, como que para nos fazer ouvir o que negamos. Se você deixasse que sua alma gritasse, o que ela diria? Ouça-a!

Outra maneira de fugir de nosso potencial e capacidade de nos olhar por inteiro é manter relações afetivas destrutivas. Ficamos tão atordoados tentando salvar nossa relação que no meio de tantas brigas, insatisfações, desentendimentos, acusações, nos sentimos sem condição de agir de forma a nos defender. Nossa capacidade em ter consciência de nosso valor parece ficar totalmente comprometida. É neste processo que nos perdemos de nós mesmos, e em vão passamos a procurar no outro a solução que está bem dentro de nós. É quando passamos a supervalorizar o outro na mesma proporção que nos desvalorizamos. O que por si só cria um círculo vicioso. Vemos o outro, ou queremos ver, como responsável por nosso sofrimento e também por nossa felicidade. E deixamos nossa vida nas mãos de alguém que muitas vezes, não consegue cuidar nem da própria vida... quem dirá da nossa. E choramos, nos desesperamos, queremos respostas urgentes, mas sequer nos damos ao trabalho de questionar sobre as possíveis causas de nossos sentimentos mais profundos.

O que fazer diante dos conflitos? Primeiro é preciso identificar seus sentimentos. Parece fácil, mas nem tanto. Pare por uns segundos e pergunte-se: o que estou sentindo neste momento? Nem sempre a resposta virá de imediato. Mas insista. Pergunte-se ainda: o que está causando minha insatisfação? (ou o que esteja sentindo...) Pergunte-se todos dos dias, ao menos uma vez por dia, qual o sentimento que está sentindo. Com certeza isso o ajudará a se conhecer um pouco mais. E o que fazer com o sentimento que identificou? Procure buscar a origem dele, em qual situação ele começou? Novamente, ouça a resposta. Exercite ouvir-se todos os dias, e assim conhecer um pouco mais de você, sem medos, mas com a convicção que dentro de você está a resposta que tanto busca!

terça-feira, 17 de maio de 2011

O medo... e a felicidade...

:: Rubia A. Dantés ::



Estava aqui pensando com meus botões em quantas vezes senti medo em situações, que... uma vez solucionadas... me mostravam claramente, como o medo era algo muito desproporcional ao que realmente estava acontecendo.

Acho que temos medo porque não confiamos plenamente na Divindade, e pensamos que temos que resolver tudo com nossos recursos... com isso, diante de coisas que já parecem tão grandes e ameaçadoras, tratamos de torná-las ainda maiores alimentando-as com nossas memórias e pensamentos equivocados...
E como um fermento, o nosso medo vai fazendo tudo ficar muito maior e mais assustador... nos limitando a espaços, exteriores e interiores, cada vez mais apertados.

O medo afasta de nós a possibilidade de encontrarmos soluções que estão além do nosso controle... e quanto mais medo temos, mais queremos controlar tudo... e com isso, perdemos a oportunidade de nos abrir para os infinitos caminhos que vêm do desconhecido...

Enquanto escrevia recebi um e-mail com essa mensagem:
Quantos "agoras" perdemos, esquecendo que o risco pode ser a salvação de muitas alegrias de nossas vidas...
O medo que nos impede de sermos ousados agora, também está nos impedindo de vermos a linda pessoa que podemos ser.
Clarice Lispector


Sinto que nesse tempo, pelo qual estamos passando, estamos sendo chamados para avançar apesar dos medos, mesmo porque não temos mais muita saída... Os nossos recursos conhecidos estão se esgotando e só nos resta CONFIAR...

Confiar que as coisas acontecem mesmo sem a nossa interferência direta... confiar que uma semente cresce mesmo se não conferirmos todos os dias... confiar que, além do que acreditamos ser o melhor para nós, existem muito mais possibilidades... enfim... confiar que a Divindade que habita em cada Um... com certeza, sempre sabe o que é melhor para nós do que nosso ego, e que nunca estamos só...

Sei que entregar o controle e confiar plenamente na Divindade não é fácil, especialmente naquelas áreas onde temos as maiores expectativas... nesses pontos, não confiamos que coisas que sejam diferentes daquelas que desejamos, podem nos fazer felizes e, com isso, ficamos presos ao que muitas vezes nunca acontece... porque não fazia mesmo parte da nossa história... ou pior, quando se realizam, não trazem a esperada felicidade...
Geralmente, os nossos desejos são focados em símbolos da felicidade e esses símbolos são escolhidos por modelos que aprendemos a acreditar serem os ideais... quase nunca nos abrimos verdadeiramente para a felicidade simplesmente... independente da forma que vier. E muitas vezes a nossa felicidade passa longe do que acreditamos...

Quantas histórias conhecemos de pessoas que conquistaram tudo e acreditavam que iam ser felizes... e que, depois... encontraram a felicidade da maneira que nunca imaginaram. Às vezes de forma simples, em uma vida em contato com a natureza...
Isso, é claro, não quer dizer que a felicidade não pode ser encontrada quando buscamos e alcançamos coisas... se isso for realmente a vontade da nossa Alma..

Mas esses exemplos só nos mostram que o nosso ego, muitas vezes, é um fator complicador na busca pela felicidade, que depende muito mais do nosso estado de espírito do que das coisas que conquistamos.

Mas aprendemos assim e só nos resta desaprender e confiar que além de tudo que aprendemos... e nos prendemos... lá no profundo do nosso coração... de forma as vezes tão simples... habita a felicidade.

domingo, 8 de maio de 2011

Quando Deus criou as Mães...

::Desconheço o autor::



Diz uma lenda que o dia em que o bom Deus criou as mães, um mensageiro se acercou dele e lhe perguntou o porquê de tanto zelo com aquela criação.

Em que, afinal de contas, ela era tão especial?

O bondoso e paciente Pai de todos nós lhe explicou que aquela mulher teria o papel de mãe, pelo que merecia especial cuidado.

Ela deveria ter um beijo que tivesse o dom de curar qualquer coisa, desde leves machucados até namoro terminado.

Deveria ser dotada de mãos hábeis e ligeiras que agissem depressa preparando o lanche do filho, enquanto mexesse nas panelas para que o almoço não queimasse.

Que tivesse noções básicas de enfermagem e fosse catedrática em medicina da alma. Que aplicasse curativos nos ferimentos do corpo e colocasse bálsamo nas chagas da alma ferida e magoada.

Mãos que soubessem acarinhar, mas que fossem firmes para transmitir segurança ao filho de passos vacilantes. Mãos que soubessem transformar um pedaço de tecido quase insignificante numa roupa especial para a festinha da escola.

Por ser mãe deveria ser dotada de muitos pares de olhos. Um par para ver através de portas fechadas, para aqueles momentos em que se perguntasse o que é que as crianças estão tramando no quarto fechado.

Outro par para ver o que não deveria, mas precisa saber e, naturalmente, olhos normais para fitar com doçura uma criança em apuros e lhe dizer: "eu te compreendo. Não tenhas medo. Eu te amo", mesmo sem dizer nenhuma palavra.

O modelo de mãe deveria ser dotado ainda da capacidade de convencer uma criança de nove anos a tomar banho, uma de cinco a escovar os dentes e dormir, quando está na hora.

Um modelo delicado, com certeza, mas resistente, capaz de resistir ao vendaval da adversidade e proteger os filhos, de superar a própria enfermidade em benefício dos seus amados e de alimentar uma família com o pão do amor.

Uma mulher com capacidade de pensar e fazer acordos com as mais diversas faixas de idade.

Uma mulher com capacidade de derramar lágrimas de saudade e de dor mas ainda assim insistir para que o filho parta em busca do que lhe constitua a felicidade ou signifique seu progresso maior.

Uma mulher com lágrimas especiais para os dias da alegria e os da tristeza, para as horas de desapontamento e de solidão.

Uma mulher de lábios ternos que soubesse cantar canções de ninar para os bebês e tivesse sempre as palavras certas para o filho arrependido pelas tolices feitas.

Lábios que soubessem falar de Deus, do universo e do amor. Que cantassem poemas de exaltação à beleza da paisagem e aos encantos da vida.

Uma mulher. Uma mãe.

Ser mãe é missão de graves responsabilidades e de subida honra. É gozar do privilégio de receber nos braços espíritos do Senhor e conduzi-los ao bem.

Enquanto houver mães na terra, Deus estará abençoando o homem com a oportunidade de alcançar a meta da perfeição que lhe cabe porque a mãe é a mão que conduz, o anjo que vela, a mulher que ora, na esperança de que os seus filhos alcancem felicidade e paz.

FELIZ DIA DAS MÃES!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O medo da Transformação

::Elisabeth Cavalcante::



Muitos seres humanos alegam desejar a transformação mas, quando surge a oportunidade de realizá-la, o medo e a insegurança acabam predominando.

É compreensível, pois transformar-se significa desconstruir as bases em que nosso ego e nossa personalidade se assentaram, para poder atuar no mundo.

E, ainda que estas bases sejam falsas, e não nos permitam expressar nosso ser real, nos acostumamos tanto a elas, que acabaram por se tornar uma espécie de capa protetora, atrás da qual nos escondemos e onde nos sentimos confortáveis.

Mas, o que fazer se, apesar disso, a angústia e o sofrimento estão presentes? Buscar a transformação exigirá de nós não apenas vontade, mas, determinação e coragem.

Muitos serão os truques apresentados pela mente para que fujamos da busca pela libertação. As ilusões a que nos apegaremos e que serão usadas como desculpa para fugirmos da caminhada ao encontro de nossa essência, serão inúmeras.

O medo assumirá a forma de compromissos inadiáveis, culpas, descrenças. Mas, aquele que se mantiver firme no desejo de vencer a si mesmo, certamente alcançará o objetivo.

A jornada não é tranqüila, e surgirão momentos em que a vontade de desistir e voltar à zona de conforto vai predominar. Nestas ocasiões, precisamos nos lembrar que o alcance da paz interior só é possível, para os que acreditam plenamente na vida e na sua generosidade, e têm a certeza de que ela sempre premia os que se entregam em total confiança.

....À medida que seu ego se torna mais forte, você vai perdendo a si mesmo. Você pode estar lutando e saindo vitorioso, não sabendo absolutamente que não se trata de um ganho, mas de uma perda. Ensina-se a todas as crianças a lutarem, de diferentes maneiras. A competição é uma luta, ser o primeiro da classe é uma luta, ganhar um troféu num jogo é uma luta... Essas coisas são preparações para a sua vida. Depois luta-se numa eleição, luta-se por dinheiro luta-se por prestígio. Toda essa sociedade está baseada em lutas, competição, briga, na colocação de cada indivíduo contra o todo.

... ‘Entrega’ significa ‘nenhuma competição, nenhuma briga, nenhuma luta’... simplesmente relaxar com a existência, aonde quer que ela conduza. Sem tentar controlar o seu futuro, sem tentar controlar as conseqüências, mas, permitindo-as acontecerem... sem nem pensar nelas. A entrega está no presente; as conseqüências estão no amanhã. E a entrega é uma experiência tão deleitosa... um total relaxamento, uma profunda sincronicidade com a existência.

A entrega é uma abordagem totalmente diferente. Seu primeiro passo é o abandono do ego, lembrando-se de que vocês não estão separados da existência: contra quem, então, estão lutando? Você não é separado das pessoas: contra quem, então, você está lutando? Contra si mesmo... e esta é a raiz causal da miséria. Seja contra quem for que você esteja lutando, você está lutando consigo mesmo - porque não há nenhum outro.

...A entrega é uma profunda compreensão do fenômeno de que nós somos parte de uma só existência. Nós não podemos produzir egos separados: somos um com o todo. E o todo é vasto, imenso. A sua compreensão ajudará você a seguir com o todo, aonde quer que ele vá. Você não possui uma meta separada do todo, e o todo não tem nenhuma meta. Ele não está indo a algum lugar. Ele está simplesmente acontecendo aqui.

A compreensão da entrega o ajuda a ficar simplesmente aqui, sem quaisquer metas, sem nenhuma idéia de alcançar, sem nenhum conflito, batalha, luta, sabendo que seria lutar contra si mesmo - que é simplesmente tolice.
A entrega é uma profunda compreensão.
Ela não é um ato que você deva praticar.

Qualquer ato faz parte do mundo da luta. Aquilo que você tem de fazer vai ser uma luta. A entrega é simplesmente compreensão.
E aí, então, vem um silencioso relaxamento, fluência com o rio, desinteressado do aonde ele está indo, despreocupado de que você possa ficar perdido... nenhuma ansiedade, nenhuma angústia... porque você não está separado da totalidade, sendo assim, seja o que for que vá acontecer, vai ser bom.

Com essa compreensão, você vai ver que não há mistura: a compreensão não pode se misturar com a ignorância; o insight dentro da existência não pode se misturar com a cegueira; a consciência-em-si não pode se misturar com a inconsciência-em-si.
E a entrega não pode se misturar com as diferentes espécies de lutas - isso é uma impossibilidade.

Apenas deixe-a afundar dentro do seu coração, e você descobrirá uma nova dimensão desabrochando, na qual cada momento é uma alegria, na qual cada momento é uma eternidade em si mesmo.

OSHO, Além da Psicologia