quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Estação das perdas!

::Desconheço Autoria::



Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio...
Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido.
Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida, aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente: As perdas do ser humano.
Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero.
Estamos, a partir de então, por nossa conta, sozinhos.
Começamos a vida em perda e nela continuamos.
Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem. Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo.
Ele nos acolhe, nos encanta e nos assusta, nos eleva e nos destrói...
E continuamos a perder...e seguimos a ganhar.
Perdemos primeiro a inocência da infância.
A confiança absoluta na mão que segura nossa mão, a coragem de andar na bicicleta
sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair...
E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar.
Por quê? Perguntamos a todos e de tudo...
Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás... Estamos crescendo. Nascer, crescer, adolescer, amadurecer,
envelhecer, morrer, renascer (?)...

Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros.
Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos mesmo, quando algo
nos é tomado contra a vontade.
Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça sem medo de causar melindres.
Assim, se nossa tia às vezes nos parece gorda tememos dizer-lhe isso.
Receamos dar risadas escandalosamente da bermuda ridícula do vizinho ou puxar as pelanquinhas do braço da vó (o que deveria ser feito com a maior naturalidade do mundo e ainda falar bem alto sobre o assunto).
Estamos crescidos e nos ensinam que não devemos ser tão sinceros.
E aprendemos...
E vamos adolescendo... ganhamos peso, ganhamos pêlos, ganhamos altura... ganhamos o mundo.

Neste ponto, vivemos em grande conflito.
Sonhamos acordados, sonhamos o tempo todo.
Aí de repente, caímos na real!
Estamos amadurecendo...todos nos admiram.
Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados.
Perdemos a espontaneidade.
Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo.
Mas não é justamente essa a condição que nos coloca acima dos outros animais?
A racionalidade, a capacidade de organizar nossas ações de modo lógico
e racionalmente planejado?
E continuamos amadurecendo....ganhamos um carro novo, um(a) companheiro(a),
ganhamos um diploma.
E desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, tomar banho de chuva, lamber os dedos.
Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos e tascamos-lhe aquele beijo estalado...mas apertamos as mãos de todos, ganhamos novos amigos, ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento, honrarias, títulos honorários e a chave da cidade...

E assim, vamos ganhando tempo....enquanto envelhecemos.
De repente percebemos que ganhamos algumas rugas, algumas dores nas costas
(ou nas pernas), ganhamos celulite, estrias, ganhamos peso...e perdemos cabelos.
Nos damos conta que perdemos também o brilho no olhar, esquecemos os nossos sonhos, deixamos de sorrir...perdemos a esperança.
Estamos envelhecendo. Não podemos deixar pra fazer algo quando estivermos morrendo...afinal, quem nos garante que haverá mesmo um renascer, exceto aquele que se faz em vida, pelo perdão a si próprio, pelo compreender que as perdas fazem parte, mas que apesar delas, o sol continua brilhando e felizmente chove de vez em quando, que a primavera sempre chega após o inverno, que necessita do outono que o antecede...
Que a gente cresça e não envelheça simplesmente...
Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massageie...
Que tenhamos rugas e boas lembranças...
Que tenhamos juízo mas mantenhamos o bom humor e um pouco de ousadia...
Que sejamos racionais, mas lutemos por nossos sonhos...
E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo, mas ajamos de modo que aqueles a quem amamos, sintam-se amados mais do que saibam...
"CORAGEM NÃO É DEIXAR DE ARRISCAR...

mas:

ARRISCAR MESMO COM MEDO”


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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Dia de Faxina

::Desconheço autoria::




Estava precisando fazer uma faxina em mim... Jogar alguns pensamentos indesejados para fora, lavar alguns tesouros que andavam meio enferrujados...

Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e não quero mais.

Joguei fora alguns sonhos, algumas ilusões... Papéis de presente que nunca usei, sorrisos que nunca darei; Joguei fora a raiva e o rancor das flores murchas que estavam dentro de um livro que não li. Olhei para meus sorrisos futuros e minhas alegrias pretendidas... E as coloquei num cantinho, bem arrumadas.

Fiquei sem paciência!... Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão: Paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras horríveis que nunca queria ter dito, mágoas de um amigo, lembranças de um dia triste... Mas lá também havia outras coisas... e belas!

Um passarinho cantando na minha janela... aquela lua cor-de-prata, o pôr do sol!... Fui me encantando e me distraindo, olhando para cada uma daquelas lembranças. Sentei no chão, para poder fazer minhas escolhas.

Joguei direto no saco de lixo os restos de um amor que me magoou. Peguei aspalavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima, pois quase não as uso, e também joguei fora no mesmo instante!

Outras coisas que ainda me magoam, coloquei num canto para depois ver o que farei com elas, se as esqueço lá mesmo ou se mando para o lixão.

Aí, fui naquele cantinho, naquela gaveta que a gente guarda tudo o que é mais importante: o amor, a alegria, os sorrisos, um dedinho de fé para os momentos que mais precisamos... como foi bom relembrar tudo aquilo!

Recolhi com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, coloquei perfume na esperança, passei um paninho na prateleira das minhas metas, deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.

Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças da infância, na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurada bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar... e de recomeçar...


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