quarta-feira, 29 de abril de 2009

Intenção, Intuição e Sincronicidade

Muitos de nós já devem ter percebido que em certos momentos de nossas vidas algum acontecimento ocorreu no local certo, no momento certo. Pode ter sido o encontro para o início de um grande relacionamento, a pessoa que o indicou para seu atual trabalho ou o livro que você ganhou de presente que o fez refletir sobre sua vida. Se refletirmos com um pouco mais de profundidade, nos conscientizaremos que absolutamente tudo que aconteceu em nossa vida e todas as escolhas que fizemos no passado são responsáveis pela nossa atual situação.

De acordo com o psicanalista e psiquiatra Carl Gustav Jung, criador do termo sincronicidade, este acontecimento está presente em toda nossa vida, porém, é preciso ter consciência sobre ela para que se manifeste a nosso favor e, assim, possamos fazer a melhor escolha.

Somos capazes de perceber a sincronicidade quando colocamos a nossa intenção e presença em tudo o que fazemos. Aumentamos ainda mais a sua percepção quando expandimos nossa consciência e entramos num estado de tranquilidade, de paz interior, de centramento e de receptividade. Manter um pensamento positivo e estar bem consigo mesmo são fatores essenciais para manifestar sincronicidades favoráveis e em harmonia com nossa evolução.

A intenção é importante porque é nossa energia interior de vontade. É ela a responsável pelas nossas ações construtivas. Ela também atua num campo mais sutil criando sincronicidades em nossas vidas.

Já a intuição é nossa capacidade de perceber e sentir o que é certo para nós. É a voz do coração. É a sensação de que tal caminho é melhor que o outro em determinada situação.

A nossa intenção, juntamente com nossa presença e intuição, são capazes de propiciar sincronicidades cada vez mais perceptíveis e favoráveis em nosso dia-a-dia. Um ótimo exemplo de sincronicidade é o próprio fato de você estar lendo este artigo agora. Pode ser que você não tenha tido consciência até agora de como chegou até aqui, mas com certeza a sua energia da intenção de evoluir e a sua própria intuição fizeram com que neste momento você se encontre aqui.

Espero que você possa, a partir de hoje, prestar mais atenção em sua vida e nas coisas que acontecem ao seu redor, mantendo firme a intenção no seu crescimento e desenvolvimento pessoal como um todo.

Por Saulo Fong

terça-feira, 28 de abril de 2009

É possivel se envolver verdadeiramente com alguém sem se machucar?

por Rosemeire Zago

Estar de bem com você e se conhecer é essencial para poder se entregar numa relação sem se machucar As relações em geral são sempre motivos de queixas e uma das mais frequentes é o modo em que somos tratados, independente dos motivos. A frase: "O oposto do amor não é o ódio, é a indiferença" de Érico Veríssimo, nos faz lembrar em como as pessoas tratam com indiferença aqueles com quem convivem e dizem amar. Não, com certeza isso não é amor!

Algumas pessoas entram na vida de outras e fazem um verdadeiro estrago... e sequer demonstram arrependimento, sequer voltam para pedir desculpas ou saber como você está se sentindo. Quem já foi alvo da indiferença sabe a dor e o estrago que causa, e sabe também que os cacos serão um a um recolhidos, mas até isso acontecer quanto sofrimento provoca... E quem causou continua a vida, muitas vezes sem sentir o mínimo de dor, ao menos aparentemente, e vai machucando outros por onde passa.

Claro que um relacionamento afetivo tem sua base e suas peculiaridades, e na medida em que um faz algo, o outro permitiu; mas a verdade é que quem não está bem consigo mesmo, deveria no mínimo ter a responsabilidade de não se envolver com outra pessoa. Sim, muitas pessoas não têm sequer a percepção de não estar bem, e quando se relaciona, o outro muitas vezes funciona como um verdadeiro espelho, ou seja, aquilo que não vê em si mesmo, projeta no outro, acreditando verdadeiramente que não lhe pertence. Usa o outro como espelho, sempre com o dedo acusador, sem se dar conta do quanto apenas está projetando no outro tudo que não consegue – ou não quer – enxergar em si mesmo.

É importante pensar ainda que, se "envolver" para um pode não ter o mesmo significado que para o outro, pois a maioria apenas mantém relações superficiais. Enfim, as variáveis são muitas, o que não nos impede de refletir sobre as possíveis causas e suas consequências e ficarmos mais atentos na próxima relação. Afinal, os erros e as experiências são para aprendermos. Portanto, cabe a quem conhece esse processo, não cair em tal cilada.

As pessoas estão tão alienadas de si mesmas, vivendo tão na superficialidade que se esquecem de valores básicos como educação e acima de tudo respeito. Mas como podem se preocupar com o que o outro sente se não identificam nem aquilo que está bem dentro de si mesmo? Como respeitar os sentimentos do outro, se não respeitam nem os próprios sentimentos? Diante de tantos desencontros, como se envolver, verdadeiramente, sem se machucar?

Sim, o outro machucou, e nós, por vários motivos, conscientes ou não, permitimos, consentimos, nos iludimos, criamos expectativas, e ainda, não consideramos sinais, sutis ou evidentes, e o resultado disso tudo é um só: dor, dor e dor! Muitas vezes fazemos muito, cedemos muito, com a intenção que a relação dê certo. Esperávamos que dessa vez fosse diferente, mas não foi! Nos decepcionamos. E talvez tenham se decepcionado conosco.

Autoconhecimento

Seja qual for a realidade, todos podemos aprender com tudo que acontece. Mas só aprende quem quer, quem deseja crescer, evoluir, e está aberto para perceber o quanto o autoconhecimento é fundamental. Do contrário, situação semelhante voltará a acontecer, tanto para quem machucou como para quem foi machucado.

Ficar apontando o dedo, criticando, julgando, só demonstra o quanto não se consegue olhar para dentro de si. Não é nada fácil ter a coragem para enfrentar um processo de análise, o qual tem como objetivo principal o autoconhecimento. Por isso é muito mais fácil apontar o que o outro, supostamente, fez de errado. Se propor e se comprometer a ficar toda semana sentado por uma hora, durante um período indeterminado, para se encontrar consigo mesmo, e assim buscar a origem de seus conflitos, identificar suas máscaras, entender os motivos de seus comportamentos, encontrar sua verdadeira essência, realmente não é para qualquer um. Quem nunca passou pelo processo, acusa o outro por todas as dificuldades encontradas no relacionamento, e se esse também não se conhece, facilmente irá assumir toda a culpa pelo que não deu certo.

Isso acontece mais frequentemente nas relações afetivas, mas também encontramos conflitos por falta de autoconhecimento nas relações de amizade, familiar, profissional. Autoconhecimento deveria ser condição básica para qualquer tipo de relacionamento. Já dizia Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo", e eu acrescentaria: "... antes de se envolver emocionalmente com outra pessoa".

Quando uma pessoa, eu, você, pretende, quer ou começa a se envolver com alguém, deve, sim, ter a responsabilidade de estar bem consigo mesmo para não jogar todos seus lixos no outro, pois é isso que acontece quando não se conhece. Ninguém tem a responsabilidade de salvar, suprir necessidades emocionais do passado, ou mudar o histórico de vida de ninguém, pois isso é impossível, mas também ninguém tem o direito de piorar aquilo que já foi ou é tão difícil de ser superado.

Ainda que a pessoa não saiba nada sobre o passado e as necessidades do outro, deve respeitá-lo acima de tudo como ser humano, e lembrar que todos têm um histórico, uns mais difíceis de serem superados, outros menos.

As pessoas sequer têm consciência de suas necessidades emocionais, as quais dão origem às máscaras, e saem em busca de quem as salvem, quando elas mesmas não conseguem se salvar. Complicado? Pode parecer, mas não é. Todos nós utilizamos máscaras, pois é um processo inconsciente como proteção e defesa da dor, mas sem autoconhecimento vivemos como se essas máscaras fossem nossa essência, o que não é verdade, pois nossa essência está escondida, e só a descobrimos quando nos dispomos a nos conhecer.

Diante desse quadro a maioria dos relacionamentos envolve apenas mascarados. Eu uso minhas máscaras (as quais sequer tenho conhecimento), você utiliza as suas, e o conflito se instala. E o amor só pode ser realmente sentido quando duas essências se encontram, é essa a grande diferença!

Num encontro de duas pessoas que estejam abertas para evoluir, há sempre a oportunidade de ambos aprenderem um com o outro e crescerem. Uma relação é feita a dois, cuja base é a troca... de afeto, carinho, atenção, amizade, cumplicidade, verdade, fidelidade, amor! E quando não se está preparado para tal troca e crescimento, é muito melhor encontrar-se antes consigo mesmo para só depois se permitir encontrar-se com o outro.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

SEXO É FUNDAMENTAL

(GILBERTO CABEGGI)

Digam o quiserem. Mas não dá para negar que uma das coisas mais importantes, senão a mais importante, de um relacionamento de casal é o sexo.

Sei que isso que digo pode parecer tendencioso, ou mesmo limitado, mas experimente perguntar a quem quer que seja o que o sexo representa na vida dele... Você vai se surpreender com as respostas. Muitos dirão que sexo não é o mais importante; mas por trás dessa resposta você vai perceber uma ponta de frustração. Outros dirão que sexo é a melhor coisa do mundo. Mas poucos dirão isso com total satisfação – antes, a maioria irá afirmar isso com um desejo reprimido, sonhando com "como seria bom se isso fosse verdade na minha vida!"

A verdade é que sexo é algo maravilhoso na vida da gente. Mas são raros os que o vivem plenamente e tiram dele toda a grandeza que ele tem, toda a satisfação, toda a vivência e toda a compreensão do que ele significa e representa em nossa vida.

Os problemas começam no fato de homens e mulheres encararem o sexo de maneira diferente. A necessidade de satisfação sexual dos homens difere fundamentalmente das necessidades das mulheres. Não me perguntem como isso funciona, cientificamente falando. Eu não sei dizer. Mas a verdade é que existem diferenças, não só físicas, mas principalmente emocionais e culturais entre as maneiras que o homem e a mulher encaram o sexo. E isso gera frustrações em ambos – e muitas vezes até compromete a relação, principalmente quando o casal não procura um entendimento dessas diferenças.

Se olharmos apenas para o lado da procriação, na natureza o papel do homem é de conquistar, enquanto o da mulher é o de seduzir. Mas hoje, com todo o contexto em que estamos vivendo, o homem tem cada vez menos ânimo para conquistar e a mulher cada vez menos intenção de seduzir. E o sexo fica reduzido a momentos de explosão, em que os dois, homem e mulher, não podem conter o desejo e, assim, se entregam a uma relação rápida, sem profundidade, apenas para "aliviar a tensão sexual". Isso quando não procuram um parceiro errado, apenas para dar vazão ao desejo, de maneira mecânica, o que realmente só piora a situação: frustra e não satisfaz.

O que se está perdendo com isso é a comunhão através do sexo. A união suprema entre dois seres, duas almas, que precisam se entregar uma à outra de modo mais autêntico, mais sincero, mais amoroso e profundo, para se darem a chance de se conhecer mais profundamente e viver mais plenamente sua união.

No dia-a-dia de hoje, homens têm cada vez menos tempo para se dedicar à relação de casal, devido ao excesso de envolvimento com problemas profissionais. E mulheres têm cada vez menos tempo para seu companheiro, porque, além do cuidado com os filhos e com a casa, também se lançam a desafios profissionais cada vez maiores. Resultado: não há mais intimidade na vida do casal e o companheiro, ou a companheira, é sempre jogado para segundo plano, ficando esquecido em um canto de nossas vidas, como se não tivesse a menor importância.

E onde o sexo entra nessa história? É simples: quando o companheiro não é valorizado na nossa vida, perdemos o respeito e o interesse por ele. E o sexo cai, então, naquele esquema de "transar apenas para extravasar o tesão". E isso frustra e aumenta ainda mais a nossa sensação de não sermos valorizados por quem amamos.

Mas, onde fica o sexo com amor nessa história? Aquele sexo verdadeiro, que une o casal, que amplia o afeto, que molda um relacionamento saudável, que une os companheiros em corpo, mente e alma?

Sexo é importante? Diga, então, se você acha que não é... Mas antes responda a uma pergunta simples: você já teve o prazer de se relacionar sexualmente com alguém de maneira que tudo à sua volta pareceu desaparecer e, depois da relação, você sentiu que amava aquela pessoa mais ainda do que antes?

Dê uma olhada em um texto que recebi de um amigo, falando do sexo verdadeiro, do sexo essencial, do sexo divino:

Seu corpo se une ao meu
E todas as coisas ao redor se apagam.
Tudo o mais deixa de ter importância...
Somos só você e eu.

Sexo com amor é uma bênção divina.
É a porta para um paraíso
Que está além da nossa compreensão...
Pode ser alcançado, vivido, mas não compreendido.

Quando seu corpo se une ao meu,
Isso é apenas o começo
De uma união maior...
São nossas almas que se unem
E se encontram em um mundo
Que pertence somente a nós dois.

Quando nossos corpos em êxtase se unem,
Nossas almas se fundem
E nos tornamos um só...
Duas metades de uma mesma alma,
Que voltam a se completar...
Então, entendemos e vivemos o paraíso.

Sexo, com amor, é uma bênção divina,
Mas apenas os que descobrem isso,
E acreditam nisso, podem vivenciá-la.

Amar, acima de tudo, quando se faz sexo...
Ou simplesmente "fazer amor",
Como se costuma dizer...

É nesses momentos que a união de almas gêmeas
Se manifesta de maneira mais profunda,
Ampliando a significação
Do que é ser feliz. (Ionaz)

Quero convidar você a pensar um pouco sobre tudo isso. No mínimo, o sexo bem praticado, praticado com amor, calma, respeito, admiração e deleite, é uma oportunidade única de você estar com seu companheiro "realmente a sós". É uma chance de deixar as atribulações do dia-a-dia do lado de fora e ficar somente vocês dois, num ambiente só de vocês, onde tudo o que existe de importante é o seu companheiro. É uma oportunidade maravilhosa de se sentir valorizado e de fazer com que seu companheiro se sinta valorizado. É a chance de vocês sentirem que são alguém com quem alguém realmente se importa, porque existe entre vocês um amor mais profundo.

Mais que isso, o sexo, nessas condições amorosas, de doação – e nunca de manipulação do companheiro – é a chance que temos de elevar a nossa alma a um patamar de felicidade que não atingiríamos em nenhuma outra condição.

Você concorda comigo? Ou será que você ainda pensa que sexo é apenas para procriação? Que Deus nos colocou à disposição um envolvimento tão intenso e maravilhoso apenas para que não deixássemos de dar continuidade à nossa espécie?

Por isso tudo, concordo plenamente com nosso amigo Ionaz: o sexo é divino!

Sexo bem praticado, feito com amor, carinho e envolvimento, começa com a excitação e a união dos corpos, passa pelo turvamento dos pensamentos – porém, com a iluminação da mente; e se completa com uma fusão de almas. E cada um dos parceiros emerge dessa relação mais amoroso, amando mais e sendo mais amado pelo companheiro.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O samurai

Perto de Tóquio vivia um grande Samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar o zen-budismo aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro, conhecido por sua falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do Samurai, estava ali para aumentar a sua fama.
Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos - ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato de que seu mestre aceitou tantos insultos, os alunos perguntaram:
"Como o senhor pôde aceitar tanta indignidade? Por que não usou sua espada mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?"
Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? perguntou o Samurai.
A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.
O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos - disse o mestre. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.

* Autor Desconhecido

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Aprenda a dissolver mágoas

(Patricia Gebrim)

"Precisamos parar de nos colocar no lugar de vítimas das situações. Mesmo quando a outra pessoa errou, nos enganou ou o que quer que seja, uma partezinha nossa permitiu que isso acontecesse. Assim, de nada adianta ficarmos repetindo infinitamente em nossas mentes e corações o ocorrido. Isso só nos aprisiona mais e mais"É inevitável que vez ou outra na vida sejamos feridos pelas pessoas. Alguém nos engana, alguém nos trai, alguém nos trata com falta de desrespeito, desconsidera nossos sentimentos... eu sei que você já passou por isso em algum momento. Isso não quer dizer, necessariamente, que tenhamos que continuar carregando isso no peito pelo resto de nossas vidas, cultivando mágoas, como fazem tantas pessoas.

Grande lago

O nosso peito é como um grande lago, suave, ladeado por flores, pássaros e todos os tipos de vegetações. Quando alguém nos fere, é como se uma pedra fosse jogada no lago... tudo fica ondulado por alguns instantes, a superfície perde a limpidez, a água fica momentaneamente turva e o vento sopra de uma forma tão gélida que chega a doer. Mas depois de um tempo, o que naturalmente aconteceria?A pedra atirada ficaria quieta em algum lugar lá no fundo do lago, uma prova de que vivemos intensamente, uma experiência de vida que veio para nos trazer sabedoria.

A superfície da água voltaria a ficar lisa como um espelho, a areia levantada voltaria ao fundo e voltaríamos a sentir a plácida paz desse lago sagrado.Mas algumas pessoas não se conformam. Em vez de aprenderem com o que aconteceu e retornarem a seu estado natural de confiança na vida, querem encontrar a pedra atirada, que agora se encontra perdida lá no meio de seus lagos. E, se possível, gostariam de atirar a pedra de volta, bem no meio da testa do infeliz que ousou jogar a pedra no lago! Ficam andando de lá para cá dentro do lago, cultivando mágoas e pensamentos ruins, ondulando ainda mais a superfície, levantando cada vez mais areia, turvando a água, perturbando a própria paz. Cada vez que se lembram do que aconteceu e de quem as magoou, é como se jogassem novamente a pedra no lago, e de novo, e de novo, e de novo! E a todo momento comprovam o grande estrago que lhes foi causado, e dizem:
_ Vê? Não consigo mais enxergar a minha imagem na superfície do lago!

Mágoas infinitas

Na verdade, a pessoa que nos magoou atirou, sim, a primeira pedra, mas a forma como reagimos a isso é o que pode de verdade nos fazer mal. Continuamos impedindo que a paz aconteça, recriamos a mágoa infinitas vezes dentro de nós... Por que fazemos isso?
Fazemos isso porque em algum lugar dentro de nós existe uma crença distorcida de que a vida deve ser sofrida, de que o sofrimento nos torna maiores, mais dignos. Se lá, no nosso íntimo, existisse a crença sorridente de que merecemos ser felizes _ simples assim _ não perderíamos tempo em nos atormentar dessa forma, em cultivar mágoas que só nos ferem. Se acreditássemos de verdade que merecemos a felicidade, deixaríamos a pedra lá, no fundo do lago, e sairíamos para encontrar algo melhor para fazer. Também cultivamos mágoas porque nos falta amor, amor por nós mesmos. E foi essa mesma falta de amor próprio que, provavelmente, acabou permitindo que o outro nos ferisse tanto. Quem ama a si mesmo não fica em relacionamentos desrespeitosos, é mais rápido em buscar aquilo que é bom e saudável.

Precisamos parar de nos colocar no lugar de vítimas das situações. Mesmo quando a outra pessoa errou, nos enganou ou o que quer que seja, uma partezinha nossa permitiu que isso acontecesse. Assim, de nada adianta ficarmos repetindo infinitamente em nossas mentes e corações o ocorrido. Isso só nos aprisiona mais e mais.

Muito mais sábio seria tranquilizar a mente até que a superfície do lago voltasse a ser calma como um espelho. E então, sentados em frente a esse espelho, perguntaríamos:

_ Como posso aprender com o que aconteceu?
_ Como posso evitar que volte a acontecer?

E depois, seria bom que ficássemos em silêncio, até que a resposta nos venha.
Dessa maneira ao menos teremos encontrado algo de positivo em meio ao ocorrido.
Imagine que as águas de seu lago sejam como um bálsamo sagrado capaz de curar e dissolver pedras. Permita que as mágoas sejam dissolvidas nessa energia que brota de seu coração. Não tenha pressa, leva certo tempo, eu sei, mas até mesmo os maiores rochedos podem ser dissolvidos pela suave persistência da água.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Reveses da comunicação

por Angelina Garcia

"Algumas pessoas tomam, com frequência, como crítica pessoal, aspectos do comportamento humano rejeitados pelo senso comum, os quais, em conversa descontraída, alguém levanta simplesmente a título de observação ou de questionamento próprio"

Reclamamos, muitas vezes, da dificuldade em se entabular um diálogo com determinadas pessoas, pois tudo o que dizemos é mal compreendido, podendo desencadear ásperas discussões ou até rompimentos. Quanto mais tentamos nos explicar, maior a confusão.

A comunicação não ocorre de modo direto, como às vezes se supõe; ou seja, de um lado um emissor, de outro um receptor, bastando uma língua comum para que a mensagem seja decodificada. Além da língua, várias outras condições estão implicadas na produção de sentidos entre interlocutores.

Assim sendo, recebo e interpreto a fala do outro a partir não só de conhecimentos partilhados, ou da minha posição ideológica, ou da memória racional de outros sentidos despertados daquele dizer. Entram também as sensações guardadas, relativas às condições psíquicas e emocionais do indivíduo, que são mobilizadas pelo que o outro diz.

Algumas pessoas tomam, com frequência, como crítica pessoal, aspectos do comportamento humano rejeitados pelo senso comum, os quais, em conversa descontraída, alguém levanta simplesmente a título de observação ou de questionamento próprio. O que levaria uma pessoa a se sentir alvo constante do olhar alheio? O que a faz pensar que tudo o que o outro diz de negativo quer se referir ela?

Se por um lado encontramos a insegurança; por outro, ou pelo mesmo, observa-se certo egocentrismo nesse comportamento.

A insegurança resulte talvez de uma história do sujeito marcada por rejeições do seu ciclo familiar e outros, pautadas na idéia de certo e errado e, consequentemente, pelo pecado e culpa, os quais contribuíram para minar sua autoestima. Desse modo, ele espera sempre que pessoas à sua volta continuem observando o que, a seu ver, ele tem de pior. Mesmo quando a fala do outro não lhe é dirigida diretamente, ele produz sentidos dentro dessa sua condição de inseguro.

É pela insegurança, também, que esse sujeito se encontra centrado em si, como se precisasse, o tempo todo, defender-se de alguma acusação. Dentro desse quadro, ele oferece poucas possibilidades de troca; a comunicação fica truncada, pois cada vez que se sente atingido durante o diálogo, ele o interrompe para se defender, justificar-se, ou, no mínimo, certificar-se se o outro está ou não se referindo a ele. E, assim, não é possível aprofundar ou ampliar a conversa.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

É preciso sensibilidade para extrair pontos positivos de uma crítica

por Carlos Hilsdorf

"Atente para uma questão muito importante: o fato da intenção da crítica ser construtiva não significa que a pessoa que a fez tenha habilidade em comunicá-la da melhor forma" Você vem sofrendo muitas críticas? Isso te incomoda?

Despreocupe-se!


Quando desenvolvemos uma competência nos tornamos mais fortes diante da vida e de seus desafios. Dentro do rol das melhores competências que podemos e devemos desenvolver encontramos uma que nitidamente se destaca: a nossa competência em suportar a pressão das críticas.

As críticas se dividem em dois grandes grupos: as construtivas e as destrutivas.

Crítica construtiva

Uma crítica é construtiva quando tem por finalidade contribuir com o nosso aperfeiçoamento. Por aperfeiçoamento devemos entender o foco em aprimorar nossas forças e diminuir nossas fraquezas.

No caso da crítica construtiva, quem o está criticando vai sempre lhe apontar uma deficiência (fraqueza) ou falta de eficiência (uma força que não está sendo plenamente ou corretamente utilizada). Em ambos os casos essa pessoa está lhe fazendo um favor porque está lhe ajudando a ampliar suas percepções a respeito de si mesmo.

Não é raro que alguém lhe faça uma crítica inesperada, daquelas que nem mesmo em seus dias de maior imaginação passariam pela sua cabeça. Nesses casos, nossa primeira reação é a surpresa seguida imediatamente do julgamento de que a crítica só pode ser absurda e improcedente. É comum julgarmos absurdo ou improcedente aquilo que não passa pela nossa cabeça. Mas isso não invalida a importância da crítica.

"Quando todos pensam da mesma maneira, frequentemente, ninguém está pensando."

Crítica rara

Quanto mais rara for uma crítica, tanto mais importante ela tende a ser, portanto, infinitamente maior a importância de a ouvirmos com atenção e refletirmos em profundidade sobre ela.

Diante de críticas construtivas o procedimento é simples. Ouça com toda a atenção, independentemente de suas impressões e julgamentos com relação ao autor da crítica. Desenvolva um profundo respeito e gratidão pelas críticas construtivas, elas são sempre um convite ao aperfeiçoamento e um poderoso remédio contra a vaidade.

Atente para uma questão muito importante: o fato da intenção da crítica ser construtiva não significa que a pessoa que a fez tenha habilidade em comunicá-la da melhor forma.

Gentileza, boa educação e habilidade interpessoal não são características comuns a todos os bem intencionados. Isso significa que em muitas situações uma crítica construtiva, que muito pode contribuir com sua vida, poderá vir em péssima "embalagem".

Preste mais atenção no conteúdo da crítica que na sua forma. Conheço várias pessoas de valor, sinceras e bem intencionadas que não sabem dizer as coisas com "jeitinho". Afinal por que esperar que as críticas venham apenas de pessoas craques em relacionamento e comunicação?

Críticas destrutivas

Uma crítica é destrutiva quando tem por finalidade desestruturar, ferir, magoar ou desorientar. Observe que o fato de você ter se magoado não significa, necessariamente, que a crítica tenha sido destrutiva. Alguém pode se magoar por tendência em colocar-se no papel de vítima, baixa autoestima, falta de humildade ou excesso de vaidade, e nesses casos a responsabilidade pela mágoa é toda sua.

A crítica é destrutiva quando é apresentada com o objetivo claro de causar dano ou ofensa, visando impedir seu processo natural de evolução. Essa é uma arma muito utilizada por pessoas presas aos processos de inveja, ciúme e maldade.

Sim, essas pessoas existem e em proporção bastante alta. São pessoas que ainda não se descobriram, ainda não descobriram a presença de Deus em si e no próximo.

Mesmo nesses casos, ouça atentamente a crítica. Lembre-se que alguém na tentativa de magoá-lo pode, ainda assim, dizer-lhe uma verdade. Seus oponentes podem ser pessoas inteligentes e a crítica apesar de maldosa, pode conter elementos verdadeiros.

Neste caso esse "oponente", por ironia do destino, estará lhe fazendo um bem, desde que você possua a humildade de analisar e refletir sobre o conteúdo da crítica.

Caso a crítica esteja fundamentada em conteúdo falso, maledicente ou preconceituoso, considere este texto a seguir que escrevi em meu livro Atitudes Vencedoras:

Pedras e frutos

Não se atiram pedras em árvores sem fruto; toda tentativa de apedrejamento visa sempre derrubar os frutos.

Inocente ignorância dos apedrejadores, porque, mesmo conseguindo o feito, se esquecem de que os frutos caídos no chão experimentarão o tempo e a decomposição e voltarão a frutificar, de uma ou de outra maneira, pois cada semente dá origem à essência interior que carrega.

Já as pedras caídas no chão permanecerão pedras, e as mãos que as atiraram terminarão vazias, tão vazias quanto o coração e a alma que lhes ativaram o movimento.