quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Que no próximo ano...

::Maurício Louzada::



Que o próximo ano seja um ano especial, cheio de conquistas, mas que com cada uma delas venha uma nova percepção do que realmente é ser feliz.

Que você consiga uma casa maior, mas que quase todos os cômodos fiquem vazios por sua família estar unida ao redor de uma única mesa.

Que você compre o carro dos seus sonhos, e descubra que ele pode ficar parado na garagem enquanto você caminha de mãos dadas por um parque.

Que você realize o desejo de comprar uma TV enorme, 3D, com home theater, mas que ela permaneça desligada durante o jantar, para que você possa ouvir como foi maravilhoso o dia da sua família.

Que sua conta bancária esteja satisfatoriamente recheada, mas sobretudo, que você tenha em seu bolso um ou dois reais para comprar algodão doce e saboreá-lo sujando os dedos.

Que você tenha um excelente plano de saúde, mas que se esqueça que ele existe por não precisar usá-lo.

Que você jante em badalados restaurantes para descobrir que a maior chef que existe, cozinha todos os dias dentro da sua casa.

Que sua internet trafegue em altíssima velocidade, mas que sua melhor rede seja aquela pendurada entre duas árvores, onde você possa ouvir os pássaros cantarem.

Que você tenha um smartphone de última geração, mas que não precise usá-lo para dizer às pessoas mais importantes da sua vida o quanto elas são especiais.

Que você tenha um tablet, mas que use mais as pontas dos seus dedos para fazer cafunés do que para mandar e-mails.

Que você possa comprar boas roupas, bolsas e relógios, mas que sua verdadeira marca seja a "inspiração" deixada pelos lugares por onde passará.

E que assim, conquistando tudo o que você sempre quis, você descubra que mais importante do que aquilo que você tem, é o que você faz com tudo o que conquistou.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O amor fere e outros mal-entendidos...

::Osho::



O amor nunca fere ninguém. E, se você está se sentindo ferido pelo amor, é sinal de que existe outra coisa em você, que não é o amor, que está provocando essa dor. A menos que veja isso, você vai continuar se movendo em círculos.

O que você chama de amor pode ocultar muitas coisas nada amorosas em você; a mente humana é muito astuta, muito sagaz, quando se trata de enganar os outros e também a si mesma.

A mente coloca rótulos bonitos em coisas feias, tenta cobrir as feridas com flores. Essa é uma das primeiras coisas que você tem que investigar, se quer entender o que é o amor.

O "amor", no sentido que as pessoas costumam usar essa palavra, não é amor; é luxúria. E a luxúria sempre acaba ferindo, porque desejar alguém como um objeto é o mesmo que ofender essa pessoa. É um insulto, é uma violência.

Quando você se aproxima de alguém com luxúria, quanto tempo consegue fingir que isso é amor? Algo que é superficial vai parecer amor, mas basta arranhar um pouquinho a superfície para encontrar pura luxúria.

A luxúria é animalesca. Olhar para alguém com luxúria é um insulto, é humilhante, é reduzir a outra pessoa a uma coisa, a uma mercadoria. Nenhuma pessoa gosta de ser usada; essa é a pior coisa que você pode fazer com alguém. Ninguém é uma mercadoria, ninguém é um meio pelo qual se conseguir alguma coisa.

Essa é a diferença entre luxúria e amor. A luxúria usa a outra pessoa para você satisfazer alguns dos seus desejos. O outro é apenas usado e, quando ele deixa de ter utilidade, é descartado. Ele se torna inútil; a sua função foi preenchida. Esse é o ato mais imoral da existência: usar o outro para se conseguir alguma coisa.

O amor é justamente o oposto: respeitar o outro como um fim em si mesmo. Quando você ama alguém como um fim em si mesmo, não existe essa sensação de dor; você se enriquece por meio desse sentimento. O amor torna todo mundo rico.

Em segundo lugar, o amor só pode ser verdadeiro se não houver um ego por atrás dele; do contrário, o amor se torna uma viagem do ego. Trata-se de um jeito sutil de dominar.

E a pessoa precisa estar muito consciente, porque esse desejo de dominar está enraizado lá no fundo. Ele nunca aparece como é; vem sempre enfeitado, bem ornamentado.

Os pais nunca dizem que os filhos pertencem a eles, nunca dizem que querem dominar os filhos, mas isso é na verdade o que eles fazem. Dizem que querem ajudar, dizem que querem que eles sejam inteligentes, saudáveis, felizes, mas – e esse "mas" é um grande "mas" – tudo isso de acordo com a ideia que fazem do que seja inteligente, saudável e feliz.

Até a felicidade dos filhos tem que ser decidida de acordo com a ideia dos pais; os filhos têm que ser felizes de acordo com a expectativa dos pais.

Os filhos têm que ser inteligentes, mas ao mesmo tempo obedientes. Isso é pedir o impossível! A pessoa inteligente não pode ser obediente; a pessoa obediente tem que abrir mão de parte da sua inteligência.

A inteligência só pode dizer "sim" quando está plenamente de acordo com você. Não pode dizer "sim" só porque você é maior, mais poderoso e cheio de autoridade – um pai, uma mãe, um padre, um político.

Eu não posso dizer "sim" só por causa da autoridade que você tem. A inteligência é rebelde, e nenhum pai quer que o filho seja rebelde. A rebelião vai de encontro ao seu desejo secreto de dominação.

Os maridos dizem que amam a esposa, mas isso não passa de dominação. Eles são tão ciumentos, tão possessivos! Como podem ser amorosos? As mulheres vivem dizendo que amam o marido, mas passam 24 horas por dia fazendo da vida dele um inferno; de todas as maneiras possíveis, elas estão reduzindo o marido a uma coisa feia.

O marido dominado é um fenômeno muito feio. E o problema é que, primeiro, a esposa reduz o marido a um escravo e depois perde o interesse por ele; afinal, por que ela continuaria interessada por um homem dominado? Ele não parece alguém digno; não parece um homem de verdade.

Primeiro o marido tenta fazer da mulher apenas um objeto que lhe pertence e, depois que ela lhe pertence, ele perde o interesse. Existe uma lógica oculta nisso: o único interesse dele era possuí-la; agora já a possui e ele gostaria de tentar fazer o mesmo com outra mulher, para que possa continuar indefinidamente com esse jogo de possessão.

Cuidado com essas elucubrações do ego. Depois você se machuca, pois a pessoa que você está tentando possuir fatalmente se revoltará de um jeito ou de outro, acabará sabotando os seus truques, as suas estratégias, porque não existe nada que as pessoas amem mais que a liberdade.

Até mesmo o amor vem depois da liberdade; a liberdade é o mais elevado bem. O amor pode ser sacrificado pela liberdade, mas a liberdade não pode ser sacrificada pelo amor. E isso é o que temos feito há séculos, sacrificar a liberdade pelo amor. Existe, portanto, um antagonismo, um conflito, e o casal aproveita qualquer oportunidade para ferir um ao outro.

O amor na sua forma mais pura é alegria compartilhada. Ele não pede nada em troca, não espera nada; então, como você pode achar que ele machuca? Se você não tem expectativas, como pode se machucar?

Porque tudo o que vier será bom e, se nada vier, será bom também. A sua alegria foi dar, não receber. Desse modo você pode até amar a uma distância de milhares de quilômetros, não precisará nem mesmo estar fisicamente presente.

O amor é um fenômeno espiritual; a luxúria é física. O ego é psicológico; o amor é espiritual. Você terá de aprender o próprio bê-a-bá do amor. Terá que começar do comecinho, da estaca zero; do contrário, só se machucará. E lembre-se, só você pode se ajudar; ninguém é responsável.

Como alguém pode ajudar você? Ninguém pode destruir o seu ego. Se você se agarra a ele, ninguém pode destruí-lo; se você investe nele, ninguém pode destruí-lo. Eu só posso dividir com você o que sei. Os iluminados só podem mostrar o caminho; depois você tem que ir, tem que segui-lo. Ninguém pode levá-lo, segurar na sua mão.

É isso o que você gostaria de fazer: fazer de conta que é dependente. E lembre-se, a pessoa que faz de conta que é dependente um dia se vingará. Logo ela vai querer que o outro dependa dela. Se a esposa depende financeiramente do marido, então ela tentará que o marido dependa dela para outras coisas.

Trata-se de um arranjo mútuo. Ambos estão mutilados, ambos estão paralisados; um não pode viver sem o outro. Até a ideia de que o marido era feliz sem a esposa, de que ele ria no clube com os amigos a machuca. Ela não está interessada na felicidade dele; na verdade ela não acredita: "Como ele ousava ser feliz sem mim? Ele tem que depender de mim!"

O marido não gosta quando vê a esposa rindo com outra pessoa, feliz, alegre. Ele quer que toda a alegria dela lhe pertença; seja propriedade dele. A pessoa dependente fará de você uma pessoa dependente também.

O medo nunca é amor e o amor nunca é medo. Você não perde nada por amar. Por que ter medo do amor? O amor apenas dá. Ele não é uma transação comercial, por isso não é uma questão de perder ou ganhar. O amor gosta de dar, assim como as flores gostam de exalar perfume. Por que elas deveriam ter medo? Por que você deveria ter medo?

Lembre-se, o medo e o amor nunca existem juntos; não podem. Não é possível a coexistência. O medo é justamente o oposto do amor.

As pessoas costumam achar que o ódio é o oposto do amor. Isso é um equívoco, um total equívoco. O medo é o oposto do amor. O ódio é o amor ao contrário. É o contrário, mas não é o oposto.

A pessoa que odeia simplesmente mostra que, de algum modo, ela ainda ama. O amor se tornou amargo, mas ainda existe. O medo é o verdadeiro oposto, pois ele significa que toda a energia do amor desapareceu.

O amor é se aproximar do outro sem medo, com uma enorme confiança de que será recebido - e ele sempre é. O medo se encolhe dentro de você, fecha o seu ser, fecha todas as portas, todas as janelas para que o sol, o vento, a chuva não possam atingi-lo, tamanho o seu pavor. Você está se enterrando vivo.

O medo é uma sepultura, o amor é um templo. No amor, a vida chega ao seu apogeu. No medo, a vida resvala para o nível da morte. O medo fede, o amor é perfumado. Por que você deveria ter receio?

Tenha receio do seu ego, tenha receio da sua luxúria, tenha receio da sua ganância, tenha receio da sua possessividade, tenha receio do seu ciúme - mas não há por que ter receio do amor. O amor é divino! É como a luz. Quando existe luz, não existe escuridão. Quando existe amor, não existe medo.

O amor pode fazer da sua vida uma grande celebração, mas só o amor pode fazer isso - não a luxúria, não o ego, não a possessividade, não o ciúme, não a dependência.

Texto retirado do Blog Palavras de Osho!
Livro "A Essência do Amor: Como Amar com Consciência e se Relacionar Sem Medo"

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Como os sentimento negativos se alimentam?

::André Lima::



Toda emoção negativa que carregamos deseja sobreviver e se fortalecer. É como se ela tivesse vida e um tipo de inteligência própria que busca formas de se alimentar. A emoção toma conta de nós em certas situações e fala através da nossa boca e age através do nosso corpo.

“Você não é os seus pensamentos e sentimentos” nós não somos as emoções que carregamos, e sim, a Consciência que está por trás de tudo, o observador, a testemunha. Como se fosse uma entidade, a emoção pode nos possuir, gerando pensamentos e atitudes negativas, para que ela possa se alimentar e se perpetuar.
Observe a si mesmo em determinados momentos. Eu as vezes me pego me irritando com certas coisas, e no momento em que isso ocorre, é quase irresistível sentir e agir da forma que ajo. Neste momento, a emoção tomou conta de mim, influenciou meus pensamentos e minhas ações. E na hora que acontece, as razões exteriores parecem justificar muito bem a forma que eu me sinto, e o que eu falo e faço. É como se eu dissesse na hora “não tem como não se irritar com isso, qualquer pessoa se sentiria assim!”. No entanto, é apenas a irritação que já está dentro de mim, se manifestando, falando pela minha boca, querendo beber mais sofrimento e se fortalecer. O resultado? A gente acaba desenvolvendo sintomas físicos, doenças e ansiedade por guardar a carga emocional negativa dentro de nós.

Veja se você consegue perceber de vez em quando, uma vontade irresistível de reclamar, de sentir raiva de algo, de falar mal de alguém ou do passado, de relembrar alguma situação desagradável. É apenas a emoção querendo sobreviver.
A emoção fica latente, a espreita, esperando uma oportunidade para se manifestar e se alimentar. Situações externas e outras pessoas são os gatilhos que acordam essa negatividade guardada. Você está super tranqüilo, quando de repente, alguém diz algo ou faz alguma coisa e aí surge um incômodo muitas vezes de forma instantânea. E quando você menos espera, a emoção já tomou conta, vários pensamentos negativos foram gerados e talvez você já tenha agido de uma determinada forma.

A emoção poderá nos influenciar de levemente, gerando apenas alguns pensamentos negativos ou algumas palavras, mas pode também chegar a provocar ações violentas, brigas, e até mesmo crimes bárbaros. É o mesmo mecanismo em ação, só que em intensidades diferentes.

A intensidade da nossa reação vai depender de duas coisas: da força da emoção negativa que está guardada em nós, e do nosso grau de identificação com aquela emoção. Tem pessoas que são verdadeiras bombas relógio. Tem uma carga emocional tão forte guardada (coisas do passado mal resolvidas, mágoas, raivas, rejeições e etc....) que esse corpo emocional quando é ativado por algum acontecimento, a reação vem como uma avalanche poderosa e incontrolável e toma conta da pessoa. Assim ela pode se tornar violenta, ou pode ficar triste e chorar desesperadamente, por exemplo. Quanto maior o conteúdo emocional guardado, maiores as chances de sermos pegos de surpresa.

O grau de identificação com a emoção é o quanto você acredita que ela faz parte de você, do seu eu, da sua personalidade. Você não é os seus pensamentos e sentimentos, mas na maior parte do tempo, pensamos que somos. Então, quando surge a emoção negativa, se você tem uma consciência maior de que você não é aquilo e que ela deseja apenas se alimentar, é mais fácil apenas observar a ação dela com calma, até que ela vai se dissolvendo aos poucos. O ideal é observar sem resistir, sem julgar, sem alimentar, somente sentindo a emoção, as reações físicas que ela causa e os pensamentos que ela provoca. Precisamos estar muito atentos para fazer isso.

No entanto, quando não temos consciência (e a maioria das pessoas não tem) de que a emoção não é quem nós somos, vamos alimentá-la quando ela surgir, com pensamentos e ações. Iremos justificar e argumentar interiormente que estamos totalmente certos em nos sentirmos daquela forma. Assim a emoção negativa cumpre o seu objetivo de se alimentar e se perpetuar. Depois de um tempo, ela irá se acomodar no seu interior e vai aguardar uma outra oportunidade para se manifestar.
Observe também o seguinte mecanismo. A pessoa está triste por causa de um término de um relacionamento ou outra situação semelhante, e começa a ouvir músicas tristes, românticas, para “roer” e curtir a dor. É a própria emoção da tristeza dirigindo as ações da pessoa para se alimentar. Ela fará você escolher as músicas mais tristes para tocar. E assim você sente um estranho misto de prazer e dor. Prazer para quem? Para a tristeza instalada, a dor de ouvir a música triste é prazer.

Esse mecanismo ocorre também quando começamos a alimentar lembranças de histórias passadas: brigas, perdas, culpas, frustrações e etc... Criamos um dialogo mental falando de um evento passado desagradável. Esse diálogo pode ficar relembrando falas que foram ditas, coisas que você poderia ter feito mas não fez. É possível também que esse diálogo tenha um tom de vitimismo ou agressividade. Podem também surgir imagens do que o ocorreu, ou do que poderia ter ocorrido. Algumas pessoas remoem compulsivamente histórias do passado.

A emoção é “esperta”. Se você não estiver muito atento, ela tomará conta de você. E as vezes você poderá até se pegar em um conflito interior, um lado tentando deixar a emoção de lado e outro lado alimentando-a. A emoção negativa tentará convencê-lo a não deixar aqueles pensamentos para trás.. Mas atenção. A emoção não quer ser dissolvida . Pode também surgir uma paralisia ou uma preguiça irresistível. Agora que você já compreende o mecanismo, fica mais fácil de identificar e não ceder. É importante também limpar a carga emocional de eventos passados, desde a infância até os mais recentes.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A transformação pelo fogo



"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua sendo milho para sempre."

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.

Imagino a pobre pipoca fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela.

A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM!

E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado.

Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho da pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosas do que o seu jeito de ser. A presunção, o medo, são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, seu destino é triste, já que ficará dura a vida inteira.

Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém.

Rubem Alves
Do livro: "O amor que acende a lua"
Editora Papirus

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Por que aceitamos engolir sapo?

::Elisa Correa::



Devemos defender nossas posições com unhas e dentes, sem temer as consequências, ou... engolir sapo? Quem vive engolindo sapos sofre muito: tem dificuldade para dizer não, fica calado ou concorda com o outro em situações polêmicas só para evitar conflitos, ignora os próprios desejos para não gerar mágoas.

"A pessoa não expressa seu sentimento e opinião simplesmente por medo da reação negativa de seu interlocutor. Essa atitude tem a ver com a cultura, com crenças que estão no modelo mental guiando nosso comportamento para a passividade em situações em que nos sentimos ameaçados ou com riscos de perdas", explica Vera Martins, especialista em medicina comportamental, diretora da Assertiva Consultores, de São Paulo, e autora do livro "Seja Assertivo!" (editora Campus).

Depois vem aquela sensação de impotência e frustração por não conseguir expressar os sentimentos, por achar que tem sempre alguém determinando o que deve ser feito. E lá ficamos nós, nos sentindo incompreendidos e manipulados, remoendo uma mistura de raiva e culpa enquanto pensamos no que deveríamos ter dito no momento que já passou. Como consequência, nossa autoestima e confiança despencam no mesmo ritmo com que perdemos o respeito dos outros, que passam a não nos levar mais em conta.

Corpo e mente


Se engolir sapos pode ser considerado uma estratégia de proteção precisamos saber que sofreremos consequências deletérias por não defender nossas posições. "A raiva é uma das emoções que as pessoas têm mais dificuldade de manifestar. Muitos enterram a agressividade durante anos e têm pavor do que pode acontecer, caso resolvam desabafar. Acham que qualquer demonstração desse sentimento vai magoar os outros", afirmam Robert Alberti e Michael Emmons no livro "Como se Tornar mais Confiante e Assertivo" (editora Sextante).


Guardar a raiva para si mesmo pode até provocar algumas doenças, como alergias, asma brônquica, dermatites, síndrome do intestino irritável e fibromialgia. No entanto, ainda são poucas as pessoas que percebem essa associação. "Às vezes você sai de uma reunião com uma enorme dor de cabeça, termina um almoço com muita dor de estômago e não percebe que isso está associado ao fato de não ter se posicionado como gostaria. Quando chega em casa, pensa em tudo o que deveria ter falado e não teve coragem naquele momento. E se sente muito mal por isso", diz Denise Gimenez Ramos, psicóloga e professora titular do programa de pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP.

Que tal dizer não?


O problema é que quem atura muita coisa calado acaba sendo agressivo em algum momento. Pessoas passivas no trabalho podem ser agressivas em casa, descarregando a raiva nos filhos, na mãe ou no companheiro porque se sentem mais seguras. Mesmo explodindo, acreditam que vão continuar sendo amadas. Quem recebe a agressão deve evitar reagir do mesmo jeito. "Senão vira uma guerra para ver quem humilha mais, quem pode mais. A atitude saudável é apontar para o outro a agressão e não devolver na mesma moeda", diz a psicóloga Denise Ramos.

O responsável é você


Então como deixar para trás o comportamento passivo? Para começar, é preciso autoconhecimento. Também é preciso deixar de sentir culpa. Você não é culpado e sim responsável pelo que acontece em sua vida. Ninguém tem a obrigação de ler seus pensamentos se você não se posiciona. Para ser assertivo é preciso, antes de mais nada, reconhecer que muitos sapos já foram engolidos. Beije cada sapo que aparecer no caminho e transforme-o em um príncipe. Para cada sim dito contra a vontade, diga um não. Para cada desaforo que levar para casa, exponha suas opiniões. Assim, de sapo em sapo, você estará aprendendo a ser assertivo. Não é fácil. Mas certamente é bem menos indigesto.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Você gosta de carregar a mala dos outros?

::Marlene Lamarco::



Você acredita que carrega malas alheias? Vamos fazer um exercício? Como você reage quando seu filho não quer fazer a lição? Ou quando alguém não consegue arrumar a própria mala para a viagem de férias, perde a hora do trabalho com frequência, gasta mais do que ganha… e muitas coisinhas mais que vão fazendo você correr em desvario para tapar buracos que não criou e evitar problemas que não afetam sua vida diretamente?

Não afetam a sua vida, mas afetam a vida de pessoas queridas, então, você sai correndo e pega todas as malas que estão jogadas pelo caminho e as coloca no lombo (lombo aqui cai muito bem, fala a verdade) e a sua mala, que é a única que você tem a obrigação de carregar, fica lá, num canto qualquer da estação. Repetindo, a sua mala, que é a única que você tem obrigação de carregar, fica lá jogada na estação!

Temos uma jornada e um propósito aqui neste planeta e quando perdemos o foco, passamos a executar os propósitos alheios.

A estrada é longa e o caminho muitas vezes nos esgota, pois o peso da carga que nós nos atribuímos não é proporcional à nossa capacidade, à nossa resistência e o esgotamento aparece de repente.

Esse é o primeiro toque que a vida nos dá, pois, quando o investimento não é proporcional ao retorno, ou seja, quando damos muito mais do que recebemos na vida, nos relacionamentos humanos ou profissionais, é porque certamente estamos carregando pesos desnecessários e inúteis.

Quando olhamos para um novo dia como se ele fosse mais um objetivo a cumprir, chegou a hora de parar para rever o que estamos fazendo com o nosso precioso tempo. O peso e o cansaço nos tornam insensíveis à beleza da vida e acabamos racionalizando o que deveria ser sacralizado.

É o peso da mala que nos deixa assim empedernido. Quanto ela pesa? Quanto sofrimento carregamos inutilmente, mágoa, preocupação, controle, ansiedade, excesso de zelo, tudo o que exaure a nossa energia vital. E o medo, o que ele faz com a gente e quanta coisa ele cria que muitas vezes só existe dentro da nossa cabeça? Sabe que às vezes temos tanto medo de olhar para a própria vida que preferimos tomar conta da vida dos filhos, do marido, do pai, da mãe… e a nossa mala fica na estação…

O momento é esse, vamos identificar essa bagagem: ela é sua? Ótimo, então é hora de começar uma grande limpeza para jogar fora o lixo que não interessa e caminhar mais leve.

Agora, se o excesso de peso que você carrega vem de cargas alheias, chegou a hora de corajosamente devolvê-las aos interessados.

Não se intimide, tampouco fique com a consciência pesada por achar que a pessoa vai sucumbir ao fardo excessivo. Ao contrário, nesse momento você estará dando a ela a oportunidade de aprender a carregar a própria mala.

A vida assim compartilhada fica muito mais suave, pois os relacionamentos com bases mais justas e equânimes acabam se tornando mais amorosos, sem cobranças e a liberdade abre um grande espaço para a cumplicidade e o afeto.

Onde está a sua mala?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Você quer mudar, mas não sabe como?

::Rosana Braga::



Vira e mexe, depois de escrever um novo artigo semanal, recebo mensagens de leitores dizendo que adoram me ler, que sabem que precisam mudar, fazer diferente, tomar novas atitudes, mas... não sabem como nem por onde começar!

Faz sentido! Não são poucos os grandes pensadores que vêm nos alertando desde sempre sobre o quanto uma mudança interior requer a junção de um conjunto de pré-requisitos e, de fato, não é fácil. Mas também é certo que esta é a única forma de fazer a vida valer a pena: tornar-se você, dia após dia, aprendendo a retirar carapuças, remover crenças que não são suas e, feito ostra, encontrar enfim a pérola dentro si mesmo!

Para começar, em primeiro lugar, obviamente, é preciso querer, querer mesmo, de verdade. Mas... querer apenas NÃO BASTA! Sem contar que, para alguns, a percepção de que é hora de mudar chega quando estão se sentindo incomodados, sofrendo. Porém, em muitos casos, especialmente dos mais teimosos e resistentes, a percepção só chega quando estão sangrando, desmanchando-se, desfazendo-se, quase sucumbindo. Somente, então, realmente se disponibilizam a começar o processo de mudança.

Sim, mudar é um processo, um caminho, e não o apertar de um botão qualquer que, feito interruptor de lâmpada, faz tudo clarear com apenas um clique. Portanto, se você deseja mudar da noite para o dia, esqueça! Não vai rolar! Só se muda vivendo, tentando, errando, exercitando um "eu" mais autêntico todos os dias.

Eu sei que, no final das contas, tudo o que você lê pode servir como maravilhoso estimulante, mas na prática, na vida mesmo, quando "o bicho tá pegando", é preciso bem mais do que palavras. É preciso ter as ferramentas certas e, principalmente, saber usá-las. Eis a questão: como?

Embora já tenha cansado de dizer isso, talvez de outras maneiras, vou repetir: não existe uma única resposta. E cada um tem de encontrar a sua. Ou seja, decisão, ação, movimento. Não dá para querer mudar e, ao mesmo tempo, continuar parado ou continuar fazendo tudo igual. Mudar é agir, e agir de um jeito diferente!

Então, acorda! Pare de reclamar, choramingar, cozinhar o galo, dar desculpas, adiar ou enfiar a cara no sofá e ficar assistindo a vida passar. Se você pensa que qualquer pessoa admirável se tornou a pessoa que é só porque desejou e, num estalar de dedos, tudo aconteceu, sinto em decepcioná-lo, mas não foi nada disso, pode apostar! A grande maioria das pessoas realmente felizes teve de fazer por onde, teve de trilhar seu próprio caminho, descobrir quem elas eram e como poderiam se posicionar no mundo.

Por isso, se quer ser realmente feliz, terá de criar a sua história, revelar seus próprios segredos, fazer suas próprias regras e abrir o seu caminho, o que o conduzirá a exatamente aonde você quer chegar! Um passo de cada vez, um dia de cada vez, e buscando ajuda, porque ela é quase sempre essencial!

Não seja inocente nem tolo de achar que pode fazer isso sozinho! Na maioria das vezes, não pode! Precisa de ajuda. E ajuda de quem sabe. Pense: quando está com dor de dente, vai ao dentista. Quando está com dor de estômago, vai ao gastro. Quando está com problemas na pele, vai ao dermato. Mas por que quando está com dores emocionais, resiste tanto para procurar um especialista no assunto? Existem muitas excelentes opções! Psicólogos das mais diversas abordagens, meditação, transpessoal, constelação familiar, livros maravilhosos, cursos imperdíveis. Basta procurar...

Pare com essa bobagem de que falar de sentimentos e aprender a lidar com as emoções é coisa pra gente doida! Pra começar, em última instância, ninguém é normal, nem eu e nem você! E depois, esse tipo de pensamento ou crença equivocada sobre os profissionais que trabalham com a psique humana não passa de um preconceito inconsistente e extremamente limitante!

Um curso que também indico pessoalmente, extremamente funcional e eficiente, é o Processo Hoffman da Quadrinidade*. Já fiz e me surpreendi com a qualidade e os resultados do treinamento, que é validado pela Universidade de Harvard como o melhor para quem quer aprender a liderar a própria vida! São sete dias de imersão absoluta num local especialmente preparado para promover profundas transformações numa pessoa. E conduzido por profissionais altamente competentes e amorosos.

Enfim, se você está sofrendo emocionalmente ou desejando mudar seu comportamento, faça alguma coisa por si mesmo! Caso contrário, terá de se conformar com a vidinha que vem levando e esperar até que ela se torne insuportável e você tenha de reconhecer que já perdeu pessoas, relacionamentos e tempo demais! Mas, sobretudo, pare de atormentar o mundo com suas lamentações, porque elas definitivamente não servem para nada! Tome uma atitude de gente grande!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Em vez de matar um leão por dia... aprenda a amar o seu!

::Pierre Schurmann::



Outro dia, tive o privilégio de fazer algo que adoro: fui almoçar com um amigo, hoje chegando perto de seus 70 anos. Gosto disso. São raras as chances que temos de escutar suas histórias e absorver um pouco de sabedoria das pessoas que já passaram por grandes experiências nesta vida.

Depois de um almoço longo, no qual falamos bem pouco de negócios mas muito sobre a vida, ele me perguntou sobre meus negócios.
Contei um pouco do que estava fazendo e, meio sem querer, disse a ele:
-"Pois é. Empresário, hoje, tem de matar um leão por dia".

Sua resposta, rápida e afiada, foi:
-"Não mate seu leão. Você deveria mesmo era cuidar dele".
Fiquei surpreso com a resposta e ele provavelmente deve ter notado minha surpresa, pois me disse: - "Deixe-me lhe contar uma história que quero compartilhar com você".
Segue, mais ou menos, o que consegui lembrar da conversa: - "Existe um ditado popular antigo que diz que temos de "matar um leão por dia. E por muitos anos, eu acreditei nisso, e acordava todos os dias querendo encontrar o tal leão. A vida foi passando e muitas vezes me vi repetindo essa frase. Quando cheguei aos 50 anos, meus negócios já tinham crescido e precisava trabalhar um pouco menos, mas sempre me lembrava do tal leão Afinal, quem não se preocupa quando tem de matar um deles por dia?
Pois bem. Cheguei aos meus 60 e decidi que era hora de meus filhos começarem a tocar a firma. Mas qual não foi minha surpresa ao ver que nenhum dos três estava preparado! A cada desafio que enfrentavam, parecia que iam desmoronar emocionalmente. Para minha tristeza, tive de voltar à frente dos negócios, até conseguir contratar alguém, que hoje é nosso diretor-geral. Este "fracasso" me fez pensar muito. O que fiz de errado no meu plano de sucessão? Hoje, do alto dos meus quase 70 anos, eu tenho uma suspeita: a culpa foi do leão”.
Novamente, eu fiz cara de surpreso. O que o leão tinha a ver com a história?
Ele, olhando para o horizonte, como que tentando buscar um passado distante, me disse:
- "É. Pode ser que a culpa não seja cem por cento do leão, mas fica mais fácil justificar dessa forma. Porque, desde quando meus filhos eram pequenos, dei tudo para eles. Uma educação excelente, oportunidade de morar no exterior, estágio em empresas de amigos. Mas, ao dar tudo a eles, esqueci de dar um leão para cada, que era o mais importante. Meu jovem, aprendi que somos o resultado de nossos desafios.
Com grandes desafios, nos tornamos grandes. Com pequenos desafios, nos tornamos pequenos. Aprendi que, quanto mais bravo o leão, mais gratos temos de ser.
Por isso, aprendi a não só respeitar o leão, mas a admirá-lo e a gostar dele.

- Que a metáfora é importante, mas errônea: não devemos matar um leão por dia, mas sim cuidar do nosso. Porque o dia em que o leão, em nossas vidas morre, começamos a morrer junto com ele.”

Depois daquele dia, decidi aprender a amar o meu leão. E o que eram desafios se tornaram oportunidades para crescer, ser mais forte, e "me virar" nesta selva em que vivemos.
A capacidade de luta que há em você, precisa de adversidades para revelar-se.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Como a ansiedade atrapalha nossos planos...

::Andrea Pavlovitsch::



Eu sou ansiosa. E dizer isso assim, a seco, ainda não é tão fácil assim. Sou daquelas pessoas que dorme pensando no compromisso que tem às 11 horas da manhã seguinte, mesmo que seja só fazer as unhas. Sou daquelas pessoas que pensa o tempo todo em como estarei daqui a 24 horas, 24 dias, 24 anos. Sou extremamente organizada por conta disso e não sei viver sem o meu Palm (agenda eletrônica) para onde quer que eu vá. Tudo isso para aplacar a minha ansiedade.
Outro dia eu queria muito, muito ir ao dentista. Não que eu seja masoquista nem nada, mas eu faria uma intervenção estética que há muito esperava. No dia anterior, dormi pensando nisso. Em como meus dentes ficariam tão legais, em como eu vivi tantos anos com aquilo que agora eu iria resolver. Fui para o trabalho contente, esperando às 15 horas e eu estar sentada à cadeira mágica da transformação bucal.
As 13h30min a dentista liga: _”Alô, Déia, é a Karina, tudo bem? (a dentista é minha amiga de infância). Olha só, não vou poder atender você as 15, podemos deixar para as 17?” . Eu concordei porque sou uma moça bem educada pela minha mãe e porque, como psicóloga, sei que às vezes precisamos remarcar nossos pacientes, mas estava decepcionada. Queria tanto, e ainda teria mais duas horas pela frente.
Parece uma besteira, mas este episódio me ensinou uma coisa que eu já sabia, mas que nunca tinha visto na prática: como a ansiedade atrasa as coisas que pareciam certas. Eu estava tão ansiosa e só pensava naquilo que isso gerou uma força contrária ao meu desejo. E é isso o que mais acontece nas nossas vidas, em proporções diferentes.

É como quando você quer um namorado novo. Você arruma o seu cabelo, coloca aquele batom da MAC novo que você pagou os olhos da cara, faz massagem relaxante 1 hora antes, se preparada psicologicamente para um encontro e quando está quase lá o bofe liga que terá que cancelar. Ou quando você quer um emprego, aquele emprego, sabe? Faz a entrevista e espera ansiosa por uma resposta que só chega depois de três semanas e geralmente é um não, que poderá até se transformar num sim, mas no momento não é. Duas semanas mais tarde o cara do tal emprego liga dizendo que eles reavaliaram e vão te contratar.

Já percebeu que a melhor maneira de conseguir um monte de homens no seu pé é arrumando um namorado? Ou que a melhor maneira de conseguir um excelente emprego é estar empregado? Isso porque quando já temos algo, não há mais ansiedade. Você já tem, já está feliz e satisfeita e aí é que a energia flui sozinha. Quando colocamos muita força (no sentido de forçar) alguma coisa, sempre dá problemas.
Então, você deve estar se perguntando, como eu domino a minha ansiedade? Confesso que não é algo fácil, haja visto o meu histórico anterior, mas algumas coisas eu já entendi. Primeiro, estar no presente. É um exercício gostoso e simples, mas que geralmente precisamos lutar muito com a cabeça (a cabeça é aquela parte da gente que nos leva para o futuro) para conseguir fazer.
A cada minuto do seu dia, quando você se lembrar, pense no que você está fazendo. Neste momento, eu estou aqui, escrevendo este artigo no meu computador, com frio nos pés. E só. Mais nada. Com o tempo vamos aprendendo a nos manter no aqui e agora e controlando melhor a ansiedade.

Segunda coisa importante: faça coisas que você goste de verdade. Dê uma volta num parque, faça tricô (que eu adoro), jogue sudoku, qualquer coisa que você goste. Aposte em você e naquilo que o fará feliz mesmo que seja por alguns instantes do seu dia. Vá ajeitando a sua vida de maneira que você possa fazer o maior número de coisas boas para você num único dia.
Claro que a louça vai continuar a precisar ser lavada e o chefe vai continuar lhe mandando fazer coisas chatas, mas mesmo nestes momentos tente encontrar o prazer que há naquilo. O prazer de ver a louça lavadinha e linda em cima da pia ou um serviço bem feito.
Arranque de você o que existe de melhor hoje, agora, neste exato momento. Senão, sempre viveremos no futuro, como se o presente fosse um momento ruim a ser passado. Pense, que cada segundo da sua vida é único! Aproveite e esteja encarnado e centrado em você.
Comigo tem funcionado. Mas eu continuarei aqui, no meu projeto presente.
E você? Onde você está agora?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O despertador está tocando

::Roberto Shinyashiki::



Na Índia, os mestres sempre dizem: os problemas são despertadores que tentam acordar as pessoas para a vida. Aproveite para acordar logo, antes que o próximo despertador faça mais barulho. Pense nisso: o que essa dificuldade está querendo mostrar a você?

Problemas são avisos que a vida nos envia para corrigir algo que não estamos fazendo bem. Problemas e doenças são sinais de emergência para que possamos transformar nossas vidas. Aliás, problemas e doenças guardam muita semelhança entre si. Infelizmente, a maioria das pessoas, quando fica doente, cai num lamentável estado de prostração ou simplesmente toma remédio para tratar os sintomas em vez de fazer uma pausa para refletir sobre os avisos que essa doença está enviando. São poucos os que se perguntam: "Por que meu organismo ficou enfraquecido e permitiu que a doença o atacasse?"

Uma doença é sempre um aviso, embora muita gente não preste atenção nele.
Assim como os problemas, os sintomas vão piorando na tentativa de fazer com que você entenda o recado. No começo pode ser uma leve dor de cabeça ,um recado para que você pare e analise o que está faltando em sua vida.
Mas você não tem tempo, toma um analgésico e nem percebe direito que a dor está aumentando.

Então, a dor piora, mas você vai à acupuntura para aliviá-la e não presta atenção quando o médico diz que o tratamento é paliativo e que você precisa mudar seu estilo de vida para eliminar as causas da doença.

As doenças são recados que precisamos levar a sério, principalmente as doenças que se repetem. Dores de cabeça, alergias de pele, má digestão, todos esses distúrbios querem nos mostrar algo. Saber procurar e achar as causas deles é uma atitude muito sábia.

Nossos inimigos, da mesma forma que os problemas e as doenças, são gritos de alerta para cuidarmos de algo que não está certo em nossa vida. Quando os ouvimos com atenção, nossos inimigos podem se transformar em maravilhosas alavancas de crescimento pessoal.

Assim como as doenças e os inimigos, os problemas nos enviam avisos que precisamos aprender a decodificar. Se você tem um problema que está se repetindo em sua vida, é chegada a hora de fazer uma análise do seu significado para poder superá-lo. E tenha muito claro que, no momento em que supera um problema que o acompanha por algum tempo, uma nova pessoa nasce dentro de você.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Somos Todos Viciados

::Rogério Pires::



O Universo, em sua “infinitude”, nos oferece incontáveis possibilidades de escolha em nosso cotidiano. Mas, mesmo assim, temos o mesmo padrão repetitivo nas escolhas que fazemos. Temos os mesmos comportamentos, escolhemos os mesmos tipos de relacionamentos, mesmos tipos de pensamentos, respondemos emocionalmente da mesma forma a diversas situações que nos são apresentadas durante a vida. Isto se dá pelo fato de sermos viciados em nossos conceitos mentais, da mesma forma que em nossas emoções, e se engana quem pensa que este vício é somente de ordem psicológica; ele é também classificado como bioquímico.

O cérebro é constituído de pequenas células nervosas denominadas neurônios. Os neurônios possuem ramificações para se conectarem e formarem uma rede neural. Cada área conectada está integrada a um pensamento ou memória. O cérebro constrói todos os conceitos através de memórias associativas. Pensamentos, idéias, emoções e sentimentos são elaborados e interconectados nessa rede neural e possivelmente todos estão relacionados entre si. Por exemplo, o conceito de AMOR está retido nessa rede neural, mas estabelecemos este conceito a partir de muitas outras diferentes idéias. Um indivíduo pode ligar o amor à decepção e dessa forma, quando pensar em amor, provavelmente experimentará uma idéia de dor, sofrimento, cólera e até ódio. Esta auto-afirmação negativa pode estar ligada a uma pessoa ou a um acontecimento específico que remete à interconexão do AMOR.

Temos nossas expectativas em relação ao mundo externo. Quanto mais experiências temos em nossas vidas, mais elas nos servem como modelo de como o mundo externo se comporta à nossa volta, dando ênfase para uma realidade fictícia de que o mundo externo é uma realidade em separado de nosso Eu Interno. Qualquer informação que processamos no ambiente sempre é intensificada pelas experiências já vividas por nós e, principalmente, por uma resposta emocional associada àquilo que vivenciamos.

Sabe-se que as células nervosas que disparam juntas ficam interconectadas. Se praticarmos repetidamente os mesmos conceitos mentais, sentimentos e emoções, essas células terão um relacionamento longo, ou seja, se você diariamente ficar com raiva, sofrer ou cultivar um “sentimento de vítima”, estará re-conectando e reintegrando a rede neural constantemente, criando um relacionamento de longo prazo com todas as outras células nervosas, criando uma “identidade”. Isso significa dizer que as emoções são utilizadas para reforçar quimicamente algo, a longo prazo, em nossa memória. Toda emoção é química. A indústria farmacêutica mais sofisticada do Universo está em nosso cérebro.

Há uma parte do cérebro denominada hipotálamo; ela é responsável pela fabricação de substâncias químicas que determinam as emoções que experimentamos. Estas substâncias químicas são denominadas peptídeos, pequenas cadeias de aminoácidos. O corpo é uma unidade de carbono que produz cerca de 20 diferentes aminoácidos para formular sua estrutura física. Os diferentes estados emocionais que sentimos a cada segundo estão associados aos peptídeos e a neuro-hormônios específicos. Sendo assim, há químicos para raiva, outros para tristeza, outros para sentimento de vítima, para desejo, para o amor, para a felicidade, ou seja, há substâncias químicas para combinar com todos os estados emocionais que experimentarmos todos os dias.

Quando elaboramos uma emoção qualquer, o hipotálamo automaticamente fabrica aquele peptídeo específico e o libertará através da glândula pituitária diretamente na corrente sanguínea. No momento em que entra na corrente sanguínea, ele acha seu caminho para diferentes centros e diferentes partes do corpo. O peptídeo se conecta na célula através de seus receptores; uma célula pode ter bilhões de receptores em sua superfície e sua função é receber informações que são direcionadas ao interior da célula. Um receptor que tem um peptídeo acoplado a ele, muda a célula de várias maneiras. Ele desencadeia uma série de eventos bioquímicos, alguns dos quais podem até alterar o núcleo da célula.

Podemos afirmar que a célula é a menor unidade consciencial do corpo. Há sempre a perspectiva da célula em relação ao organismo. A partir deste breve entendimento de como a célula interage com os nossos sentimentos e com as nossas emoções, podemos afirmar que todos nós somos viciados nas substâncias químicas produzidas pelo hipotálamo. Não conseguimos equilibrar o nosso estado emocional pelo simples fato de que estamos “viciados” nele, na substância química que é produzida pelo cérebro relacionada à emoção que repetidamente criamos em decorrência de uma situação. Buscamos inconscientemente circunstâncias que vão suprir os desejos bioquímicos das células do nosso corpo criando situações que satisfaçam nossas necessidades químicas. Nós somos as emoções que exteriorizamos; não existe a possibilidade de nos separarmos delas; todos nós estamos constantemente sob a influência das moléculas da emoção, e isso é muito bom, as emoções são a vida, pois são elas que intensificam e classificam as nossas experiências. O fato de estarmos viciados em emoções é algo bioquímico, não apenas psicológico. Para se ter uma idéia, os mesmos receptores celulares utilizados para as emoções são utilizados para a heroína. Podemos nos viciar em qualquer peptídeo natural, em qualquer emoção, pois não observamos nada à nossa volta sem utilizarmos o aspecto emocional.

Imagine que uma célula esteja sendo bombardeada constantemente por um tipo de peptídeo relacionado a um tipo de comportamento emocional. Quando esta célula resolver se dividir, a célula resultante da divisão terá mais receptores para os peptídeos neurais do comportamento emocional específico. Este fato nos permite o seguinte questionamento: O que comemos tem realmente algum efeito se as células, após 30 anos de descontrole emocional, não possuem mais os receptores para receber ou absorver os nutrientes necessários para a nossa saúde? Como podemos sair desse círculo vicioso?

O ser humano é viciado pelo simples fato de não conhecer algo que seja melhor. Nunca fomos instruídos a utilizar a nossa mente de maneira construtiva. Fomos criados em uma cultura de submissão a um padrão de comportamento que ninguém é capaz de realizar em sua plenitude. Devido a isso estamos fadados a conviver em uma eterna busca de auto-aceitação. Devemos observar a nossa vida de uma maneira ilimitada, acreditar em nossa capacidade de criação mental, vivenciarmos a única realidade: a de que não estamos sozinhos, todos unidos somos "Deus".

Não devemos acreditar na ilusão de que temos uma vida por termos um emprego, uma boa casa, dinheiro, uma situação boa... Na verdade isto é sobre-vida, uma prisão. Lutamos para conseguir essas coisas e quando conseguimos, lutamos mais ainda para mantê-las; temos medo de perdê-las e de experimentarmos a retirada química desta perda. Devemos interagir mais com a nossa espiritualidade, questionar a finalidade real de estarmos vivos, descobrir qual o propósito de nossas vidas e um caminho evolutivo a seguir. Se mudarmos os nossos pensamentos, nossas idéias irão mudar e nossas idéias mudando, mudarão as nossas escolhas e os resultados.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tolerância: significa suportar?

::Paulo Valzacchi::



Se você consultar o dicionário, observará um significado interessante à palavra tolerância.

SUPORTAR!

Bem, a partir daí, descobri que existem dois significados à palavra tolerância, um de senso comum: SUPORTAR e outro de senso espiritual: ENTENDER E RESPEITAR.

Na verdade, estamos acostumados com o senso comum, afinal, o que fazemos diante das seguintes colocações:

O pagamento do IPTU, todo ano o valor sobe, você paga um absurdo para que? Para ter uma rua esburacada, uma calçada de péssima qualidade, uma terrível iluminação, uma árvore que você não pode plantar, nem retirar.
O pagamento do IPVA, para onde vai esse dinheiro? Tudo o que se refere a trânsito é caótico.
Sem contar a luz, a água, o supermercado, os impostos são gritantes, você literalmente paga para os políticos fazerem a festa com nosso dinheiro.
Toleramos a corrupção descarada, a falta de segurança, a falta de uma educação melhor e para piorar, você paga para aguardar de 4 a 12 horas para ser atendido num hospital público. Aqui se aplica a palavra tolerar - afinal, nós suportamos, muitas vezes calados, tudo isso.

Mas em se tratando de gente, precisamos antes de mais nada retirar de nosso vocabulário este significado, não precisamos suportar, precisamos entender nosso próximo, entender que ele tem defeitos como nós também temos, respeitar e aceitar a sua individualidade, seus sonhos, seu jeito de falar, seu processo de aprendizado, seu ritmo.

Quantas e quantas pessoas toleram tantas coisas do governo, da corrupção, da política, e chega em casa não tolera a atitude de um filho, uma conversa da esposa.

É preciso começar a entender que temos de respeitar as diferenças, e elas começam em nosso lar.

Cada um tem um DNA (Deus é nosso autor) ninguém precisa ser do seu jeito, ou fazer as coisas do seu modo.

Quando teimamos em sermos perfeitos, começamos a colocar o senso de razão exclusivamente no que nós pensamos e fazemos; iniciamos, assim, o processo de inflexibilidade.

Quantos e quantos casais preferem uma boa disputa, para ver quem tem razão, ao invés de renunciar um pouquinho aqui e um pouquinho ali, tolerando, respeitando, entendendo o ponto de vista do outro.

Dizem que Deus nos deus uma boca e duas orelhas, uma boca para falar e duas orelhas, para ouvir, mais do que falar, mas isso não é verdade, Deus nos deu as duas orelhas, uma para ouvir um lado, outro para ouvir o outro, escute um pouco o outro lado.

As vezes queremos ter plena razão e moralidade exagerada, e gritar em alto e bom som aos nossos filhos, que o certo é assim, que em nossa época nós eramos diferentes, mas ninguém fala que nos anos 70, você era um hippie e que gostava de curtir, ou que adorava musica alta e hoje não aceita as mesmas coisas do filho.

Olhar um pouco o que éramos nos faz entender o processo que cada um passa, e nos faz respeitar um pouco mais tudo isso.

Tolerância comum é algo que não deveríamos ter tanto, mas tolerância no sentido espiritual, que envolve nossa família, nosso trabalho, e as pessoas que nos cercam, é um bem necessário.

Olhe ao seu redor, você sabe me dizer o que está acontecendo no mundo, no oriente médio, por exemplo?

A busca pelo poder, através do fanatismo, uma das formas de intolerância, que não respeitam o próximo.

Esse fanatismo deve ser banido, você não precisa arrastar ninguém para o jeito que você vive, mas sim dar exemplo de como viver melhor.

Nossa maior responsabilidade é mudarmos aqui dentro...
Para assim mudar o mundo!

Tolere mais no sentido espiritual.

domingo, 2 de outubro de 2011

Harmonia das diferenças...

::Desconheço a autoria::



O texto de hoje foi enviado por uma amiga muito querida, a Larinha!! Espero que vocês gostem dele tanto quanto eu gostei! Obrigada querida, por fazer parte da minha vida! Um grande abraço! Fernanda

Você já pensou que o nosso grande problema, nas relações pessoais, é que desejamos que os outros sejam iguais a nós?
Em se falando de amigos, desejamos que eles gostem exatamente do que gostamos, que apreciem o mesmo gênero de filmes e música que constituem o nosso prazer.
No âmbito familiar, prezaríamos que todos os componentes da família fossem ordeiros, organizados e disciplinados como nós.
No ambiente de trabalho, reclamamos dos que deixam a cadeira fora do lugar, papel espalhado sobre a mesa e que derramam café, quando se servem.
Dizemos que são relaxados e que é muito difícil conviver com pessoas tão diferentes de nós mesmos. Por vezes, chegamos às raias da infelicidade, por essas questões.
E isso nos recorda da história de um menino chamado Pedro. Ele tinha algumas dificuldades muito próprias.
Por exemplo, quando tentava desenhar uma linha reta, ela saía toda torta.
Quando todos à sua volta olhavam para cima, ele olhava para baixo. Ficava olhando para as formigas, os caracóis, em sua marcha lenta, as florzinhas do caminho.
Se ele achava que ia fazer um dia lindo e ensolar ado, chovia. E lá se ia por água abaixo todo o piquenique programado.
Um dia, de manhã bem cedo, quando Pedro estava andando de costas contra o vento, ele deu um encontrão em uma menina e descobriu que ela se chamava Tina. E tudo o que ela fazia era certinho.
Ela nunca amarrava os cordões de seus sapatos de forma incorreta nem virava o pão com a manteiga para baixo.
Ela sempre se lembrava do guarda-chuva e até sabia escrever o seu nome direito.
Pedro ficava encantado com tudo que Tina fazia. Foi ela que lhe mostrou a diferença entre direito e esquerdo. Entre a frente e as costas.
Um dia, eles resolveram construir uma casa na árvore. Tina fez um desenho para que a casa ficasse bem firme em cima da árvore.
Pedro juntou uma porção de coisas para enfeitar a casa. Os dois acharam tudo muito engraçado. A casa ficou linda, embora as trapalhadas de Pedro.
Bem no fundo, Tina gostaria que tudo que ela fizesse não fosse tão perfeito. Ela gostava da forma de Pedro viver e ver a vida.
Então Pedro lhe arranjou um casaco e um chapéu que não combinavam. E toda vez que brincavam, Tina colocava o chapéu e o casaco, para ficar mais parecida com Pedro.
Depois, Pedro ensinou Tina a andar de costas e a dar cambalhotas.
Jun tos, rolaram morro abaixo. E juntos aprenderam a fazer aviões de papel e a fazê-los voar para muito longe.
Um com o outro, aprenderam a ser amigos até debaixo d'água. E para sempre.
Eles aprenderam que o delicioso em um relacionamento é harmonizar as diferenças.
Aprenderam que as diferenças são importantes, porque o que um não sabe, o outro ensina. Aquilo que é difícil para um, pode ser feito ou ensinado pelo outro.
É assim que se cresce no mundo. Por causa das grandes diferenças entre as criaturas que o habitam.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

As estações do ano...

::Revista Bons Fluídos::



A primavera chegou : época de crescer, expandir.... época de florir... Hoje compartilho com vocês este interessante texto que explica as estações do ano de acordo com a Medicina Tradicional Chinesa.

Mesmo sem saber, você está em sintonia com o que acontece na natureza. Seu corpo e sua mente sofrem a influencia de ações de forças invisíveis que atuam durante as estações do ano.

Primavera - É uma época de grande expansão e força. Mas o vento também pode nos desestabilizar e gerar desequilíbrios. Isso explica por que nesse período podem ocorrer crises de labirintite ou variação de pressão arterial, por exemplo. São igualmente comuns as enxaquecas, pois o vento está relacionado com a parte superior e mais alta do corpo. Apesar de o Sol brilhar na primavera, o vento pode trazer um frio "escondido". Um bom (e delicioso) antídoto para combatê-lo é fazer um escalda-pés à noite. A primavera também está associada ao verde, ao elemento madeira e ao fígado. Por isso, é uma boa época para comer alimentos verdes-escuros. Dentro do sistema chinês, a emoção ligada ao fígado é a raiva. Para extravasá-la de forma pacífica, procure meditar e fazer sessões periódicas de relaxamento.

Verão - Associado ao elemento fogo e ao coração, a estação é favorável para exteriorizar sentimentos e investir em atividades e encontros que trazem otimismo e leveza. Estar em sintonia com esse período é não trabalhar demais e deixar mais espaço para o relaxamento. Sopas frias e saladas equilibram o excesso do elemento fogo. Alimentos vermelhos, como pimenta, beterraba ou cerejas, apesar de relacionados ao verão, não devem ser consumidos com exagero, para não aumentar demais a energia de atividade e expansão. A umidade das chuvas está ligada ao baço-pâncreas. Nesse período, é importante manter o corpo seco e resguardado, evitando molhar-se muito. Segundo os preceitos chineses, açúcar ou alimentos muito doces geram umidade no organismo. O gengibre ajuda a esquentar e secar o corpo, ativando a circulação.

Outono - Para a medicina chinesa, o outono é um tempo cheio de paz. Está associado aos rins e ao elemento água, portanto, uma boa ideia é nadar e tomar muito líquido - especialmente sucos. O sabor picante do agrião ou das pimentas, por exemplo, além de alimentos escuros, como uvas pretas, feijão preto ou algas, correspondem ao período do frio. Uma pitadinha a mais de sal, sem excesso, pode nos harmonizar com a estação. O grande inimigo pode ser o medo. Exercícios respiratórios são muito bons para nos livrar de temores, muitas vezes infundados, que podem chegar nessa época. O enraizamento proporcionado pelos exercícios de Chi Kung também é favorável, porque devolve a segurança e a solidez, especialmente a postura que simula abraçar uma árvore, com os pés afastados e bem plantados no chão e os braços em semicírculo em frente ao plexo solar.

Inverno - O órgão associado ao inverno é o pulmão. As emoções predominantes são a tristeza, a melancolia, a depressão. É realmente uma fase de recolhimento e interiorização, em que se deve dormir cedo, acordar tarde e descansar muito. Faz bem comer sementes, os frutos do inverno: nozes, avelãs, amêndoas, castanhas. Frutas cozidas ou em calda são melhores do que as cruas. São excelentes também os exercícios em que as pernas se movimentam, como andar de bicicleta, por exemplo, pois trazem energia para combater a tristeza e dão força na base. O inverno é um bom período para ler, refletir e planejar os próximos meses. Também é momento de poupar energia. Os alimentos brancos correspondem à época: arroz, couve-flor, nabo, cebola, alho, pera. Mas, se o frio apertar, pode ser compensado com alimentos vermelhos, que trazem calor e ativam a circulação.

(Texto retirado do Blog Dicas Terapêuticas. Obrigada por esse belo texto Tatiana!)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O silêncio dos lobos

::Aldo Novak::



Pense em alguém que seja poderoso...
Essa pessoa briga e grita como uma galinha, ou olha e silencia, como um lobo?
Lobos não gritam. Eles têm a aura de força e poder. Observam em silêncio.
Somente os poderosos, sejam lobos, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio.
Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas.
Exatamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos.
Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis.
Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota.

Olhe.
Sorria.
Silencie.
Vá em frente.

Lembre-se de que há momentos de falar e há momentos de silenciar.
Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso.
Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a (falsa) idéia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques.
Não é verdade !
Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir.
Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal.
Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.
Você pode escolher o silêncio.
Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu Xenocrates, mais de trezentos anos antes de Cristo, ao afirmar:

“Me arrependo de coisas que disse, mas jamais do meu silêncio".

Responda com o silêncio, quando for necessário. Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais. Use o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não responder em alguns momentos. Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas. E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas.

(O texto de hoje foi retirado do Blog Almazen, da nossa querida Mariza. Obrigada pelo texto Mariza!! Abraços, Fernanda.)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Raízes do Medo

:: Elisabeth Cavalcante ::



O medo é, sem dúvida alguma, o maior entrave para que levemos uma vida plena e feliz. Nós o assimilamos muito cedo, ainda na infância, pois, infelizmente, muitos pais utilizam o medo como arma educacional. Ameaçam as crianças com todo tipo de punição para obter obediência.
Portanto, não é à toa que nos condicionamos a temer, inicialmente o castigo, depois a rejeição daqueles de quem dependemos para sobreviver.

Não podemos culpá-los por isso, pois eles também foram educados no medo. Mesmo aqueles que tiveram uma educação mais liberal, sem tanto rigor, acabam contaminados pelo medo que predomina ao seu redor.

A sociedade em que vivemos se baseia no medo para obter o controle sobre as pessoas. Atualmente, a mídia é a principal responsável pela disseminação da energia do medo. Catástrofes e fatalidades recebem um destaque absurdamente exagerado e, quanto maior o grau de inconsciência daqueles que recebem estas informações, mais elevado será o medo.

Todos sabemos que a violência tem se ampliado nos últimos anos; ela é resultado da doença coletiva, do estado de adormecimento em que vive a maior parte da humanidade.

Aqueles que já adquiriram um grau razoável de consciência, precisam atuar como contraponto a esta energia e tentar levar um pouco de luz àqueles com os quais convivem. Mas, sem esquecer de que nem sempre será possível obter uma resposta favorável.

O despertar da consciência só acontece aos que estão prontos. Para muitos, a verdade continuará a passar despercebida, pois eles não serão capazes de enxergá-la. E não há nada que possamos fazer quanto a isto.
Mas devemos continuar tentando ampliar a corrente dos despertos, sempre e a cada dia, com a esperança renovada de que, aos poucos, mais e mais gotas se juntarão a este oceano.

"...Uma pessoa amadurecida deve desconectar-se de tudo que estiver relacionado com o medo.
É assim que a maturidade chega. Apenas observe todos os seus atos, todas as suas crenças e descubra se elas estão baseadas na realidade, na experiência, ou se estão baseadas no medo.
E qualquer coisa baseada no medo precisa ser imediatamente abandonada, sem um segundo pensamento. É uma armadura. Não posso dissolvê-la. Só posso simplesmente lhe mostrar como você pode abandoná-la.
Continuamos a viver a partir do medo - e assim vamos envenenando toda experiência. Amamos alguém, mas com base no medo: isso se deteriora, envenena. Buscamos a verdade, mas se a busca tiver base no medo, então você não irá encontrá-la.
O que quer que faça, lembre-se de uma coisa: Com base no medo você não irá crescer. Você irá apenas encolher e morrer. O medo está a serviço da morte.
...Uma pessoa destemida possui tudo que a vida quer lhe dar como um presente. Agora não há mais nenhuma barreira. Você será banhado com presentes, e tudo que você fizer terá um vigor, uma força, uma certeza, um tremendo sentimento de autoridade.
Um homem vivendo com base no medo está sempre tremendo por dentro. Ele está continuamente a ponto de ficar louco, porque a vida é imensa, e se você estiver continuamente com medo... E há todo tipo de medo. Você pode fazer uma lista enorme, e você ficará surpreso de quantos medos estão lá - e você ainda está vivo! Há infecções por toda parte, doenças, perigos, seqüestros, terroristas... E uma vida tão pequena. E finalmente existe a morte, a qual você não pode evitar. Toda sua vida ficará em trevas.
Abandone o medo! O medo foi inconscientemente adquirido por você na sua infância; agora, abandone-o conscientemente e amadureça. E, então, a vida pode ser uma luz que vai se aprofundando à medida que você vai crescendo".


Trecho extraído de: Beyond Psychology.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Primeiro, precisamos saber o que queremos!

:: Rosana Braga ::



Existe uma piadinha sobre um sujeito que entrou no elevador de um edifício e, ao ser questionado pelo ascensorista sobre para qual andar ele desejava ir, respondeu:
- Para qualquer um, senhor. Já estou no prédio errado mesmo...

Ou seja, quando não sabemos onde estamos e nem para onde estamos indo, qualquer lugar serve! E por mais absurda que possa parecer essa analogia com o quanto algumas pessoas estão perdidas, quando se trata de seus próprios desejos, pode acreditar que não é!

Muitas vezes, o desejo é tão amplo e genérico que a pessoa não consegue fazer escolhas, não consegue se sentir satisfeita com nada do que vive e a impressão que tem, na maior parte do tempo, é a de que existe um buraco dentro dela que se torna cada dia maior e mais difícil de ser preenchido.

Até faz novos contatos, conhece pessoas legais, inicia relacionamentos interessantes, experimenta momentos que lhe parecem bastante reais, mas... logo depois a sensação de que nada daquilo faz sentido retorna de forma ainda mais avassaladora.

Algumas vezes também acontece de estar vivenciando um encontro realmente especial, no qual ela se sente, enfim, parte de um todo que se encaixa, que finalmente lhe devolve aquela certeza de que depois da tempestade vem mesmo a bonança.

No entanto, sem mais nem menos, de repente, é o outro que simplesmente se desencanta e vai embora. Ou pior do que isso: sem sequer dizer o motivo ou dar qualquer explicação a que todo ser humano pensante teria direito, desaparece feito nuvem. E de novo, mais uma vez, a pessoa é remetida àquele lugar infernal onde a única resposta é que tudo se escafedeu! Assim, ridiculamente assim.

Se você já passou por isso, sabe o quanto é péssimo esse período da existência em que a gente passa a ter medo de falar, de se expressar, de respirar errado, de ir rápido ou devagar demais. Enfim, passa a acreditar que não sabe o que fazer para não estragar tudo, ou não deixar as coisas piores do que já estão...

Só que o problema é justamente esse: falta de posicionamento, de clareza, de percepção de seus recursos internos. Muito provavelmente, está faltando planejamento, uma rota detalhada que aponte o caminho pelo qual você realmente deseja seguir. E assim, perdido, você passa a entrar de prédio em prédio, de elevador em elevador, descendo em diversos andares, sem nunca encontrar a porta, a sua porta!

Para viver o amor que você deseja, as experiências que sempre quis e conseguir aproveitar o melhor da vida, você precisa, antes de mais nada, saber o que quer. Refletir, questionar-se, perceber-se, aprender a diferenciar o que são seus verdadeiros sentimentos e o que não passa de ecos gritantes de sua ansiedade é fundamental para desenhar o mapa que o levará até o seu tesouro mais precioso.

Em vez de desperdiçar seus dias e suas flechas atirando para todos os lados, pare! Aquiete-se! Ouça seu coração, sua intuição. Olhe para os lados e vá descobrindo o que realmente faz sentido para você, o que realmente o faz feliz. O resto são apenas armadilhas. Mantenha-se atento e focado naquilo que quer e desvie dos perigos que, na maioria das vezes, são nossos próprios medos transformados em dificuldades.

E assim, sem se distrair, da próxima vez que for questionado sobre para qual andar deseja ir, você saberá exatamente o que responder. Daí pra frente, a surpresa fica por conta somente de tudo de bom que poderá experimentar...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A Bola Dourada

::Borries von Munchhausen::



"O que recebi pelo amor de meu pai
eu não lhe paguei,
pois, em criança, ignorava o valor do dom,
e quando me tornei homem,
endureci como todo homem.

Agora vejo crescer meu filho,
a quem amo tanto
Como nenhum coração de pai se apegou a um filho.

E o que antes recebi
estou pagando agora a quem não me deu nem vai me retribuir.
Pois quando ele for homem
e pensar como os homens, seguirá, como eu,
os seus próprios caminhos.

Com saudade, mas sem ciúme,
eu o verei pagar ao meu neto o que me era devido.
Na sucessão dos tempos meu olhar assiste,
comovido e contente,
o jogo da vida: cada um com um sorriso,
lança adiante a bola dourada,
e a bola dourada nunca é devolvida!"


Mencionado no livro de Bert Hellinger, "No centro sentimos leveza", como forma de trazer a tona a imagem da troca entre gerações, o "dar" e o "tomar".

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O abandono que não se esquece

:: Rosemeire Zago ::



Quantas vezes, ainda que na presença de alguém, temos a nítida sensação que em qualquer momento podemos ser abandonados? Quantas vezes, diante de um atraso, sentimos verdadeiro pânico? Quantas vezes nos desesperamos diante da possibilidade da pessoa amada nos deixar?

Quem viveu o abandono durante a infância pode sentir um medo incontrolável de ser deixado, procurando evitar a todo custo ser abandonado novamente. Quando falamos de abandono não é apenas em casos em que uma criança é literalmente abandonada por seus pais, a quem se espera ser amada e cuidada, mas aquelas que são abandonadas através da negligência de suas necessidades básicas, da falta de respeito por seus sentimentos, do controle excessivo, da manipulação pela culpa, ainda que ocultos, durante a infância. Crianças abandonadas, psicológica ou realmente, entram na vida adulta, com uma noção profunda de que o mundo é um lugar perigoso e ameaçador, não confiando em ninguém, porque na verdade não desenvolveu mecanismos para confiar em si mesma.

O abandono está diretamente relacionado com situações de rejeições registradas na infância e que pode se intensificar durante toda a vida, principalmente quando se vivencia outras situações de rejeição e/ou abandono. Cada vez que vivenciamos situações de perda é como se estivéssemos revivendo a situação original de abandono, do qual dificilmente se esquece. Podemos sim, reprimir, fugir desses sentimentos, mas raramente conseguimos lidar sem sofrimento diante de qualquer possibilidade de perda e/ou rejeição. Quando somos rejeitados em nosso jeito de olhar, expressar, falar, comer, sentir, existir, não obtendo reconhecimento de nosso valor, principalmente quando somos crianças, é inevitável que se registre como abandono, pois de alguma maneira, ainda que inconsciente, abandonamos a nós mesmos para nos tornarmos quem esperam que sejamos. Sente-se abandonado quem não se sentiu acima de tudo amado e isso pode ser sentido antes mesmo de nascer, ainda no útero materno. Pais que rejeitam seu filho durante a gestação pode deixar muitas seqüelas, em nós, adultos. Toda criança fica aterrorizada diante da perspectiva do abandono. Para a criança, o abandono por parte dos pais é equivalente à morte, pois além de se sentir abandona, ela mesma aprende a se abandonar.

Conforme percebemos, consciente ou inconscientemente, e ainda muito pequenos, que a maneira com que agimos não agrada aos nossos pais, vamos tentando nos adequar ou adaptar nosso jeito de ser e, aos poucos, vamos nos distanciando de quem somos de verdade, agindo de maneira a sermos aceitos. É quando começamos a desenvolver o que chamamos de um falso self, a um estado de incomunicação consigo mesmo, gerando uma sensação de vazio. O falso self é um mecanismo de defesa, mas que dificulta o encontro com o self verdadeiro. É muito comum que crianças que cresceram em famílias com algum desequilíbrio, proveniente do alcoolismo, agressividade, maus-tratos, ou qualquer outro tipo de abuso, tenha sofrido a negação de seu verdadeiro eu. Crianças que sofreram em silêncio e sem chorar, ou como alguns relatam: "chorando por dentro", podem aprender a reprimir seus sentimentos, pois uma criança só pode demonstrar o que sente quando existe ali alguém que a possa aceitar completamente, ouvindo, entendo e dando-lhe apoio, o que nesses casos, raramente acontece. Pode acontecer dessa criança desenvolver-se de modo a revelar apenas o que é esperado dela, dificilmente suspeitando o quanto existe de si mesma por trás das máscaras que teve que criar para sobreviver.

Alguns pais, inconscientemente, numa tentativa de encobrir sua falta de amor - o que é muito comum, por mais assustador que seja para alguns - declaram muitas vezes seu amor pelos filhos de forma repetitiva e mecânica, como se precisassem provar para si mesmos seu amor, onde as crianças sentem que suas palavras não condizem aos seus verdadeiros sentimentos, podendo gerar uma busca desesperada por esse amor, cuja busca pode se estender durante toda a vida. Ficar só para essas pessoas pode ser uma defesa para evitar novamente o abandono, gerando um conflito constante entre a necessidade de ser cuidado e o medo de ser abandonado.
É muito comum a criança se sentir abandonada em famílias muito numerosas, onde há muitos irmãos, e os pais não conseguem dar atenção a todos. Ou quando os pais constantemente estão ausentes pelos mais diferentes motivos, seja em função do trabalho excessivo, viagens, doenças, internações constantes, ou até pela dificuldade em cuidar de uma criança, não conseguindo fazer com que se sinta amada nem desejada naquela família.

A sensação de ter valor é essencial à saúde mental. Essa certeza deve ser obtida na infância. Por isso que a qualidade do tempo que os pais dedicam aos seus filhos indica para elas o grau em que os pais as valorizam. Por outro lado, a criança que é verdadeiramente amada, sentindo-se valiosa quando criança, aprenderá a cuidar de si mesma de todas as maneiras que forem necessárias, não se abandonando quando adulta. Assim como crianças que passaram maior parte de seu tempo com pessoas que eram pagas para cuidar delas, em colégio interno, distante de seus pais, não recebendo amor verdadeiro, mesmo tendo tudo que o dinheiro pode comprar, poderão ser adultos como qualquer outra criança de tenha vindo de um lar caótico e disfuncional, crescendo sentindo-se pouco valiosa, não merecedora do cuidado de ninguém, podendo ter muita dificuldade em cuidar de si mesma. Ou seja, a maneira com que nos cuidamos quando adultos, muitas vezes reflete a maneira com que fomos cuidados quando crianças.

Precisamos chegar a ponto de perdoar aqueles que de alguma forma nos abandonaram ou que nos causaram uma dor profunda. Para alguns, essa é uma tarefa fácil, mas temos que admitir que para outros, pode ser praticamente impossível. Como perdoar um pai bruto, que o fazia trabalhar desde muito pequeno ou pedir dinheiro, do qual depois consumia em jogos e bebidas? Como perdoar um pai que abusou sexualmente da filha, psicologicamente do filho? Como perdoar uma mãe que trancava os filhos no armário ou no quarto ao lado enquanto se encontrava com outro homem dentro da casa, ou quando deixava os filhos sozinhos em casa dizendo que ia trabalhar, quando na verdade ia se divertir? Como perdoar pais que sempre ocultaram a verdade, insistindo na mentira? Como perdoar um irmão que abusou sexualmente da irmã? Como perdoar uma mãe que demonstrava suas insatisfações através de gritos com seus filhos? Como perdoar um pai que batia constantemente na mãe na presença dos filhos? Como perdoar aqueles que roubaram a infância e inocência de muitas crianças? Como perdoar aqueles que o deixaram, o abandonaram? Não é possível perdoar se o perdão for entendido como negação do fato, pois precisamos sentir a dor que ficou reprimida em nossa alma. Perdoar não significa aceitar, mas se permitir sentir e expressar toda a raiva e dor reprimida e encontrar caminhos saudáveis que podem transformar esses sentimentos em experiência e aprendizado.

Ao nos tornarmos mais conscientes de nossas feridas, entre elas as geradas pelo abandono, podemos agir sobre aquilo que vivenciamos, aprendendo a respeitar nossos sentimentos mais profundos, assumindo a responsabilidade pelas mudanças que podemos nos permitir vivenciar no momento presente. Não se trata de regresso ao lar, porque muitas vezes esse lar nunca existiu. É a descoberta de um novo lar, o qual cada um de nós pode construir, sem mais se abandonar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Momentos de escolhas...

:: Mon Liu ::



A vida é simples, o ser humano é que gosta de complicar tudo. Inventam-se mil desculpas, procrastinam-se as decisões, vegeta-se! Por medo, insegurança, acomodação. Apego aos bens materiais, às finanças, à estabilidade. Posse, controle, ciúmes. E o que fazer com a intuição? Esqueça, é pura bobagem, diz o lado esquerdo do cérebro. Melhor ficar no que é real, no concreto. Não perca tempo com ninharias!

Massacram-se os sentimentos, embutem-se as emoções, anula-se o amor. E vai-se levando esta ausência de sensações mais fortes. Sede de paixões, do coração bater mais forte, de viver! A alma pergunta: até quando? Procura-se outra pessoa, estando casado? Separa-se e aí... vai à caça? Empurra com a barriga este casamento falido por causa dos filhos? Como saber o caminho correto? O que fazer? Como sair deste turbilhão astral?

As mudanças começam no caos para chegar ao equilíbrio. As incertezas, o medo do amanhã, a perda de qualidade de vida assustam os casais. E quando têm filhos envolvidos? Mais objeções para não se separarem... Mal sabem que o ambiente fica tão carregado que deixa as crianças doentes! Tudo é em função deles, satisfazer os seus mínimos desejos. Tornam-se a razão de vida dos pais. Poderá se gerar futuros adultos sem limites, eternamente insatisfeitos, sem iniciativas para nada. E depois, os filhos são emprestados. Criam-se para o mundo. Decidir o destino deles? Eles têm a própria personalidade, sabem o que querem e vão embora... E aí, o que sobra deste casal? Quanto tempo se perdeu...

As pessoas se acostumam a tudo, até a sofrer! Tudo é motivo de discussões desgastantes. Preferem ficar na solidão a dois, nas verdades não ditas, acumulando ressentimentos por motivos ínfimos. Estresse puro. Acham que é normal, não conhecem um relacionamento baseado no amor. Fica um clima pesado, tenso. Resulta em doenças da alma... Dependendo do caso, existem soluções, terapias e novas formas de serem felizes na mesma história. Outras maneiras de encarar o mesmo relacionamento. Necessita-se de diálogo, tolerância e autoconhecimento. Perdoar e perdoar-se muito, praticar o amor incondicional, descobrir que o mundo é bem maior...

Agora, se já não existe a questão da pele... são apenas dois amigos dividindo o mesmo espaço. Não adianta. Apagou o fogo, não acende mais. Tem gente que está casado há muitos anos, dorme na mesma cama e não rola nada! E quem casa sem estar apaixonada(o)? Cadê a química? Diagnóstico: não existe amor! Nesta história, todos saem machucados, ainda mais se insistem neste compromisso, por pura teimosia, culpas ou estagnação. Atração ou se sente ou não... Não dá para se programar: Dia 10 de outubro, vou começar a sentir atração por fulano... Quem sabe, um dia, talvez... Não permita que a sua vida passe em brancas nuvens!

Vale dar um tempo sozinha. A pessoa está tão acostumada a viver no inferno das brigas que estranha o silêncio, a paz e a harmonia. Os defeitos dos outros que nos incomodam são os mesmos que temos e não resolvemos. Você é 100% responsável por tudo que lhe acontece, não adianta tentar culpar ninguém!
Às vezes, o distanciamento pode trazer uma visão mais objetiva do relacionamento. Percebe que não é tão ruim assim... Consegue até pensar! Sai daquele turbilhão astral. Está mais feliz!

Volta ao mesmo relacionamento com mais intensidade, compreensão e amor.
O sentimento fica mais forte. Renovação do espírito. Pode pintar outra pessoa também... Aí, significa que o ex já faz parte do passado. Novas formas de se relacionar. Tem que dar certo? São tentativas que podem dar samba. Duas pessoas livres que escolheram traçar o mesmo caminho... Não existem garantias e nem certezas. Fica-se enquanto o relacionamento for bom e construtivo, se houver dor e tristeza... Virar a página e construir outra história. Também, acontece de preferir ficar sozinha. Tudo são oportunidades, opções, escolhas que o Universo nos oferece.

Seria tão sensato decidir através de uma visão lógica, mas a vida prega surpresas em cada esquina... O amor acontece quando menos se espera.
Sincronicidade: a pessoa certa, no momento exato, no mesmo lugar. Outros preferem chamar de destino. A energia pode ser sentida, mas não é tangível. É preferível viver 10 anos em um dia a um dia em 10 anos. Uma carícia, um cheiro, um olhar mais intenso... O coração tem razões que a própria razão desconhece... Como disse o rapaz do filme Cold Mountain (Montanha Gelada): Quando você acorda e o coração está dolorido de tanto pensar na pessoa... Como se chama este sentimento?

Não existem fórmulas mágicas. Não é uma receita de bolo. Cada história é única, especial, maravilhosa... Precisa-se de mais coragem, acreditar em seus sonhos, sentir a plenitude da vida. As mudanças são sempre positivas. Elas nos fazem crescer, aproveitar melhor os momentos, perceber os insights. Aguça a intuição, incentiva a criatividade, independente da decisão tomada. Escolha viver! Chute o balde!

Para que a energia positiva flua, é necessário dar o primeiro passo significativo: procure se autoconhecer! Assim, você fica sabendo o que realmente quer, quais são as suas potencialidades, crescer como ser humano. Trazer mais alegria para a sua vida e a dos outros. Transforme-se numa nova pessoa, promova uma virada de 180º graus, permita que o amor penetre em seu coração! Faça com que a sua vida valha a pena! Viva com intensidade todos os momentos, pois eles são únicos... Pequenos diamantes valiosos... Você merece tudo de bom!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A crença de que a felicidade é um direito...



Um dos textos mais belos que já li! Compartilho com vocês essa grande obra da Eliane... essa foi a forma que encontrei de dizer Parabéns e Obrigada!

Um grande abraço a todos que acompanham o blog e boa leitura!

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada!

::Eliane Brum::


Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.


Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.


Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.


Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.


É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.


Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.


A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.


Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.


Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.


Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.


Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.


Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.


Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.