terça-feira, 30 de junho de 2009

Puxaram meu tapete... e agora?

::Patricia Gebrim::

"Entenda que existem todos os tipos de pessoas no mundo, desde as mais conscientes e generosas, àquelas que fazem mal conscientemente para conseguir algo que só beneficiará a si próprias. A meu ver, maior parte das pessoas se encontra bem no meio, entre esses extremos"Vez ou outra, em sua história de relacionamentos, você se decepcionará com alguém. Pode ser um colega de trabalho, um amigo, um parceiro amoroso. Acontece assim: alguém em quem você confiou, a quem deu o seu melhor, de repente tem uma atitude que desrespeita ou fere você, uma atitude tão inesperada quanto um piano caindo de um prédio bem em cima da sua cabeça! Tóóóinnnnn.... Quem nunca viveu algo assim?

Nessas horas fica na boca aquele gosto ruim de coisa amarga, como o chantilly que desanda e vira manteiga. Acabou-se o que era doce... Alguns sentem tristeza, outros espumam de raiva, mas nada apaga a dor de sentir-se traído, enganado, desrespeitado, atropelado. Dói mesmo. Eu sei.
O que você faz em um momento assim? Quando finalmente tiram os destroços do piano de cima de você, com o corpo doído e a cabeça cheia de galos, o que você escolhe fazer? Você reage vingativamente? Afasta-se e congela? Procura conversar com a pessoa? Passa a falar mal dela para outros?
Pare um pouco a leitura, tente encontrar uma situação real de sua vida e traga para a sua consciência:

_ Qual costuma ser a sua atitude quando alguém decepciona você?

O que fazer quando alguém decepciona você?
Por incrível que pareça esse é um daqueles momentos especiais que nos proporcionam uma ótima oportunidade para crescer. Assim, se puder, evite simplesmente reagir a partir do que está “sentindo”, ou você correrá o risco te ter uma atitude meramente vingativa que de nada o ajudará. O dano já aconteceu, de que adianta torná-lo ainda maior? Fique quieto, dê a si mesmo um tempo para que a onda emocional se acalme.
Procure avaliar se existiu alguma parte sua que permitiu que aquilo acontecesse. Será que você confiou naquela pessoa cedo demais? Deixou-se seduzir? Foi ingênuo? Foi ansioso? Não prestou atenção aos sinais que sua intuição lhe enviou? Pergunte-se e ouça a si mesmo sem medo. Tudo bem se você descobrir que confiou cedo demais... ao menos saberá como agir em uma próxima vez. Não julgue a si mesmo, não se culpe, apenas tente aprender.

Entenda que existem todos os tipos de pessoas no mundo, desde as mais conscientes e generosas, àquelas que fazem mal conscientemente para conseguir algo que só beneficiará a si próprias. A meu ver, maior parte das pessoas se encontra bem no meio, entre esses extremos. Têm tão pouca consciência que nem percebem o quanto estão lesando ou ferindo quem está a seu lado. São maldosos sem nem perceber.
Vivemos hoje um momento planetário de muito contraste. Ao mesmo tempo em que aqui e ali despontam pessoas cada vez mais conscientes dessa teia que nos conecta com cada ser vivo do planeta; existem pessoas que continuam teimosamente agarradas a uma visão egoísta e individualista que só leva em conta seus próprios propósitos. Como se duas raças muito diferentes convivessem lado a lado, com valores e níveis de consciência absolutamente diversos. Por isso à vezes temos a essa sensação de que existem pessoas “horríveis” circulando por aí. Quanto mais luminosa se torna uma parcela da população, mais sombria nos parece a outra.
Se pensarmos assim, me parece óbvio afirmar que cabe àqueles que tem um maior nível de consciência se posicionarem de forma mais luminosa, abrindo caminho para aqueles que estão menos conscientes para que possam se elevar um pouco mais. O que não se pode permitir é que os mais conscientes se percam de seus valores e ética... um desafio e tanto!
Assim, voltando ao tema deste artigo, se alguém feriu você, não se perca de si próprio. Tente encontrar uma forma de lidar com a situação sem perder-se de seus valores , mesmo que o outro tenha valores diferentes dos seus.
Expresse-se
Preserve-se, é claro. Amar ao próximo não tem nada a ver com arriscar o próprio pescoço. Se for possível, procure expressar a sua visão do ocorrido. Espere a raiva passar e depois tente comunicar ao outro a sua percepção, seja em uma conversa, uma carta, um e-mail. Encontre a sua forma de fazer isso, sem agredir, sem reagir, sem atacar. Apenas mostre ao outro o que a atitude dele causou em você. Como você se sentiu com aquilo.
A pessoa pode perceber que foi inadequada e se desculpar com você, mas nem sempre isso irá acontecer. Muitas vezes a pessoa vai optar por jogar toda a responsabilidade sobre suas costas e ocupar o lugar de vítima. Pode agir como se você fosse louco por estar lhe dizendo essas coisas. Pode ainda nem querer ouvir o que você tem a dizer, pode rasgar sua carta sem nem mesmo ler.
Não importa! A partir do momento que agimos de acordo com o que se passa em nossa consciência, ficamos automaticamente em paz.
Feito isso, siga seu caminho. Afaste-se da pessoa, caso seja necessário. Não para puni-la, mas para preservar a si mesmo. Temos todo o direito de escolher as pessoas com as quais desejamos ou não nos relacionar.
Ao agir dessa maneira você se torna uma presença benéfica, não só para si mesmo, mas para todos os que cruzam seu caminho. Mesmo para aqueles que não possam, num determinado momento, perceber isso, a sementinha de consciência ficará lá, plantada... quem sabe um dia a pessoa tome um pouco mais de chuva e a sementinha possa finalmente brotar? Coisas assim acontecem, eu sei.
Não importa que atitudes tenham as pessoas, jamais traia a si mesmo, jamais se perca de seus valores maiores e não permita, nunca, que sua luz se apague.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Habilidade para Suportar Pressões

::Roberto Shinyashiki::

Ter sucesso significa enfrentar problemas cada vez maiores! É fundamental ter segurança para agir em momentos em que um erro pode ser fatal.
Precisamos ser fortes para suportar as adversidades da vida. Lembro que durante a faculdade de Medicina alguns dos melhores alunos, aqueles que tiravam nota 10 na maioria das provas, ficavam apavorados na hora de cuidar de uma pessoa muito doente que chegava ao pronto-socorro. Uma coisa é ser competente com um livro nas mãos, outra bem diferente é ter presença de espírito na hora de agir sob pressão. Muito semelhante a isso é quando um jogador se destaca em um time do interior, mas desaparece na hora de jogar em um time grande.
Ter sucesso significa enfrentar problemas cada vez maiores! É fundamental ter segurança para agir em momentos em que um erro pode ser fatal. A vida às vezes se torna muito difícil. Há momentos em que tudo o que a gente faz parece não dar certo. Mas mesmo assim precisamos suportar as pressões e seguir em frente. Os colegas de trabalho nos olham como se fôssemos a última esperança para que os resultados aconteçam. O chefe nos cobra, ameaçando nos demitir, caso as metas não sejam atingidas. E, ainda assim, temos de sair daquela reunião, para fechar um negócio, com a maior confiança do mundo.
No amor é a mesma coisa: você está apaixonada pelo seu namorado, mas sua futura sogra está fazendo a maior pressão para vocês terminarem. Todos os dias você percebe que ela está tentando convencê-lo a desistir desse namoro. A ex-namorada vive ligando para ele, tentando reatar o namoro. E, ainda assim, você tem de manter a presença de espírito, porque sabe que somente uma boa relação mantém-se viva e forte.
O pior é quando tudo acontece ao mesmo tempo: pressão no trabalho, no amor e, para complicar ainda mais, uma doença grave na família. O momento culminante dessa pressão acontece quando as cobranças externas se somam às nossas inseguranças. Por exemplo: seu pai vive lhe cobrando que passe naquele concurso público, mas, se você não acreditar em si mesmo, as coisas ficarão muito piores. Na caminhada pela vida, muitos desafios vão aparecer. Com eles, virão dúvidas, ansiedade, medo e muita pressão. É natural que seja assim. Sua resposta a esses desafios deverá ser a superação de tudo isso. Coisas novas e importantes na nossa vida sempre nos dão um frio na barriga.
Lembro-me até hoje do dia em que o obstetra do hospital em que eu trabalhava pediu que eu fizesse uma cesariana. Era um quadro de sofrimento fetal grave. Eu tinha apenas alguns poucos minutos para tirar a criança de dentro da barriga da mãe. O obstetra de plantão estava em outra cirurgia de emergência. Somente eu podia atender àquela mãe. Preparei-me para iniciar a cirurgia. Na minha cabeça, ecoavam vozes repetindo um sem-número de frases com conteúdo negativo:
— E se eu não souber o que fazer?
— E se tudo der errado?
— E se a criança tiver falta de oxigenação cerebral?
— E se a criança morrer?
— E se eu tiver um branco e não lembrar as coisas que aprendi?
Somente tive tempo de rezar um pai-nosso e começar. Felizmente, no momento em que fiz a primeira incisão, as vozes pararam, concentrei-me somente na cirurgia e graças a Deus deu tudo certo. Lógico que pensei em recusar o pedido do obstetra, pois não era minha obrigação fazer a cirurgia naquelas condições. Mas o desejo de cuidar da mãe e da criança foi maior que a minha insegurança.
Nunca deixe o medo impedi-lo de realizar suas metas de vida. Já pensou o que teria acontecido com minha carreira se eu tivesse deixado o medo me vencer em situações como essa? Uma das melhores maneiras de enfrentar o medo é ter o preparo adequado para o desafio. Eu já tinha feito muitas cesarianas sob a supervisão dos meus professores. Lógico que nenhuma sob a pressão de ter de ser rápido e preciso como naquela situação.
Mas saber o que fazer e ter praticado muitas vezes aumenta a autoconfiança. Os atletas sabem disso, por isso treinam tanto. Sem dúvida, na hora da competição podem sentir medo de falhar. Mas fica mais fácil controlar o medo quando se tem a certeza de ter treinado muito, estudado o adversário e se preparado fisicamente. Os cantores e atores experientes procuram controlar a ansiedade da estréia de um novo espetáculo com muito ensaio. Na condição de estreante em um novo palco da vida, quando enfrenta situações com as quais não está habituado, você também está sujeito a dores de barriga nas horas mais impróprias, justamente quando soar o terceiro sinal e a cortina estiver prestes a subir.
Por que seria diferente com você? Especialmente agora, que está pronto para encenar um espetáculo que ainda não tem roteiro. Vai amarelar? Prepare-se bem, concentre-se em seu objetivo, mentalize o cenário, sinta que tem muitas pessoas torcendo por você e vá sempre em frente. Se algum problema aparecer no meio do caminho, confie em você e lembre-se de um ditado que nos ensina a manter a fé: “No final, tudo dá certo. Se não deu certo até agora, é porque você ainda não chegou ao final”.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

É possível ser generoso sem ser lesado pelo outro?

::Patricia Gebrim::

Eu sonho com um momento planetário onde exista mais amor. Onde as pessoas se lembrem que possuem taças douradas que transbordam de seus peitos.

Hoje em dia estamos todos doentes. Doentes de alma. Doentes de esquecimento. Nos esquecemos daquilo que é fundamental. Nos esquecemos que somos todos divinos e que dentro de nós existe algo que vale mais do que o maior diamante do mundo, maior do que o que quer que exista de mais valioso no mundo...

Dentro de nós existe o nosso próprio Ser... belo, dourado e infinito.
Dentro de nosso peito existe uma taça de onde brota um rio de interminável vida, acreditem. Nós poderíamos alimentar infinitos planetas com essa energia, somos prósperos e ricos em nossa essência, todos nós. Mas como não sabemos disso, tudo o que somos capazes de sentir é um vazio assustador no peito, e para preencher esse vazio que tanto nos angustia, como se fôssemos viciados em drogas, fazemos qualquer coisa. Usamos e lesamos as outras pessoas ... como se pudéssemos preencher o buraco dessa forma.
No fundo as pessoas se sentem vazias e acreditam que a única forma de obter algo é retirando isso de outro alguém.
Olho ao redor e cada mais vejo que se tornaram comuns as relações baseadas no uso, movidas por intenções meramente egoístas, onde o tratamento que as pessoas oferecem ao outro depende do que esse outro possa lhes oferecer. Hoje é comum que as pessoas tratem bem a quem pode lhes trazer algum tipo de ganho, seja o acesso a pessoas influentes, a cargos, ingressos VIP, ou o que quer que seja.
Vejo o tempo todo que as pessoas riem para quem não querem, adulam quem não merece, permitem quem deveria ser impedido; tudo em troca de ganhos pessoais. E assim se dissemina uma rede nociva de sangue-sugas profissionais, validados por cada um de nós, que lhes oferecemos de bom grado um bom tanto de nosso sangue em troca de ... sei lá o quê?
_ Fui generoso e acabei sendo usado!_ eu já ouvi isso tantas vezes. Se aconteceu a você não se sinta mal. Às vezes acontece, mesmo aos mais atentos. Os nobres de coração têm a frágil ilusão de que todos são como eles, tornando-se presas fáceis aos predadores, sugadores profissionais. E generosamente permitem que suas riquezas sejam roubadas, suas casas invadidas, suas vidas profanadas. Quando se dão conta do ocorrido resta ainda a vergonha por ter-se deixado enganar.
Ouçam generosos: Sejam inocentes, sim; mas é urgente que percam a ingenuidade!
Se você é uma dessas pessoas generosas que vivem sendo lesadas, compreenda de uma vez por todas: nem todas as pessoas merecem aquilo que você tem para dar. Aprenda a diferenciar os verdadeiramente necessitados dos vampiros profissionais. Aprenda a observar um pouco mais as pessoas antes de lhes oferecer seu melhor, antes de abrir o peito em suave entrega. Dê de si mesmo sim, mas “apenas a quem lhe merecer”. Repito, pois é urgente que você compreenda: NEM TODOS MERECEM O SEU MELHOR. Alguns merecerão só um pouquinho, outros nada merecerão.
Aprenda que neste planeta existe tanto o bem quanto o mal. Você precisa estar atento e saber diferenciá-los. Não espere que o mal apareça vestindo roupa vermelhas, adornado com tridentes e chifres, segurando uma plaquinha com a palavra “diabo”! Muitas vezes o mal se veste de gentil cordeirinho. Muitas vezes o mal nem mesmo é consciente de sua maldade, nem por isso deixando de ser maldoso. Muitas vezes uma pessoa lhe faz mal por pura inconsciência, mas até mesmo dessas pessoas é preciso que você aprenda a se defender. (Você ficaria na frente de uma criancinha de 2 anos de idade que estivesse com uma arma carregada nas mãos querendo brincar de mocinho e bandido com você?)
De seu peito verte o néctar da vida, a cada instante, num fluir ininterrupto que pode instantaneamente trazer calor e nutrição. Mas saiba a quem oferecer desse néctar. Saiba cuidar de si mesmo em primeiro lugar. Não permita mais que as pessoas lhe roubem o que existe para ser doado de bom grado.
Você não ajudará a ninguém permitindo que isso aconteça!
Pelo contrário, ao se permitir ser lesado ou profanado você ajuda aquela pessoa a acreditar que você tem algo que ela não tem. Isso não é verdade.
Todos nós possuímos essa riqueza dentro de nós.
Quando compreendermos isso, não fará mais sentido algum tentarmos roubar nada de outro alguém.
Quando compreendermos isso os jogos do “egoísta que lesa” e do “generoso que se permite ser lesado” deixarão de fazer sentido e todos estaremos livres para viver relações mais sadias, que incluirão trocas equilibradas, respeito e amor.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Medo do medo

::OSHO::


As pessoas vem a mim, e dizem: nós temos muito medo, o que devemos fazer? Se eu der alguma coisa para fazer, elas vão fazer isso como um ser que está cheio de medo. Então a ação virá do seu medo. E a ação que vem do medo, não pode ser nada, a não ser medo. Então, por favor, não crie nenhum conflito. Se você tem um problema, não crie outro. Fique com o primeiro. Não lute e crie outro. É mais fácil resolver um problema do que o outro. E o primeiro problema está perto da fonte. O segundo vai estar removido da fonte. E quanto mais afastado, mais impossível fica resolvê-lo. Se você tem medo, você tem medo. Porque criar um problema disso. Assim, você sabe que você tem medo, assim como você sabe que você tem duas mãos. Porque criar um problema disso. Você tem apenas um nariz, e não dois. Porque criar um problema disso? O medo está lá. Aceite-o, se dê conta dele, aceite-o e não se preocupe a respeito. O que irá acontecer? Subitamente você vai sentir que ele desapareceu. E esta é a alquimia interior. Um problema desaparece se você o aceita. E um problema aumenta mais e mais em complexidade se você criar um conflito com ele. Sim, o sofrimento está lá. E subitamente, o medo vem. Aceite-o. Ele está lá, e nada pode ser feito a respeito.

E quando eu digo que nada pode ser feito a respeito, não pense que eu estou falando de pessimismo à você. Quando eu digo que nada pode ser feito a respeito eu estou lhe dando uma chave para dissolver aquilo. O sofrimento está lá. Ele é parte da vida e parte do crescimento. Nada é mal a respeito dele. O sofrimento se torna mal apenas quando ele é simplesmente destrutivo e não é nada criativo. O sofrimento se torna mal apenas, e nada é ganho através disso. Mas eu estou dizendo a você, que o divino pode ser ganho através do sofrimento. Então ele se torna criativo.

A escuridão é bela se a aurora vem dela rapidamente. A escuridão é perigosa se ela se torna interminável, se ela não leva à uma aurora, se ela simplesmente continua e continua.

E você continua se movendo em círculos. Um círculo vicioso. E é isso que está acontecendo com você. Para escapar de um sofrimento, você cria outro. Então, para escapar do outro, outro. E isso vai indo e indo. E todos esses sofrimentos que você não viveu estão esperando por você. Você escapou. Mas você escapa de um sofrimento para o próximo. Porque uma mente que estava criando sofrimento, pode criar outro sofrimento. Então você pode escapar deste sofrimento para aquele. Mas o sofrimento estará lá. Porque o sofrimento é a força criativa. Aceite o sofrimento e o atravesse. Não escape. Isso é uma dimensão totalmente diferente para se trabalhar. O sofrimento está lá. Encontre-o. Atravesse-o. O medo esta presente. Aceite-o. Você irá tremer. Então trema. Porque criar uma fachada de que você não tem medo?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Quem morre?

::Martha Medeiros::

“Morre lentamente
Quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo
Morre lentamente
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajeto,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou
Não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções,
Justamente as que resgatam o brilho dos
Olhos e os corações aos tropeços.
Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz
Com o seu trabalho, ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto
Para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,
Fugir dos conselhos sensatos…
Viva hoje !
Arrisque hoje !
Faça hoje !
Não se deixe morrer lentamente !
Não se esqueça de ser feliz.”

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pedaços de Mim

::Martha Medeiros::

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sete Pecados Capitais - Inveja

::Rosemeire Zago::

Livros, filmes, entre outros já divulgaram estas faltas, que segundo a história, foram organizados durante a Idade Média pela igreja católica. Um filme que abordou o tema, apesar de policial, é Seven - Os Sete Crimes Capitais - com Morgan Freeman & Brad Pitt, onde um assassino está matando seguindo os sete pecados capitais: gula, cobiça, luxúria, avareza, preguiça, ira e inveja. Para investigar o caso, são chamados um detetive próximo da aposentadoria e um policial novato, de comportamento explosivo. Apesar da violência que acompanha todo o filme, ele enfoca o tema.
Alvo de muitas interpretações, ainda hoje estes sete pecados servem de referência e base para quem busca trilhar o caminho do autoconhecimento e a lista mais atualizada foi elaborada por São Tomás de Aquino. Para enfrentarmos cada um deles é preciso conhecê-los e assim transformá-los.
Perceber as faltas que cometemos é o caminho mais indicado para que elas não nos dominem, pois apesar de muitos ignorarem ou considerarem como pequenas faltas, às vezes podem se tornar as causas de grandes danos. Quem se acostuma a cometer faltas leves, sem delas nada aprender, e nada faz para se livrar delas, pode cometer faltas graves. Com o intuito de proporcionar uma reflexão, estarei abordando a partir desse artigo cada um dos sete pecados capitais.
Inveja, sua origem está no mecanismo da comparação. É um sentimento que mistura raiva e tristeza
A inveja é uma das emoções mais primitivas e geralmente negada por todos. Por que o que o outro tem se torna alvo do que queremos ter? Por que o referencial do que devemos ter está sempre no outro e raramente dentro de nós? Somente na reflexão sobre a inveja é que teremos consciência deste sentimento na nossa vida e poderemos aprender a lidar com ele em nosso comportamento. Qual será o mecanismo básico que nos move para a inveja?
Este mecanismo, responsável pelos nossos ressentimentos é o mecanismo da comparação. Nunca haverá inveja sem que antes tenha havido uma comparação. Entristecer-se sinceramente com o sofrimento de alguém não é difícil, porém manifestações exageradas de dor pela dor de alguém, pode encobrir, ainda que seja inconfessável, uma certa satisfação.
É muito difícil, e podemos perceber isso nas conversas informais, o quanto incomoda algumas pessoas quando contamos algo de bom que nos aconteceu, mas é só começar a contar uma tragédia que muitos outros se interessam. Os altos índices de audiência dos programas de televisão sobre a desgraça alheia confirmam esse interesse.
Inveja: tristeza pelo bem alheio ou alegria pelo mal do outro?
A inveja não é só tristeza pelo bem alheio, mas alegria pelo mal do outro. É um sentimento de inferioridade, fruto da comparação que fazemos entre nós e o outro em algum aspecto específico: ou nas posses materiais, na casa, no carro, na roupa, no dinheiro ou nas suas qualidades psicológicas, morais, físicas, sociais ou espirituais. Ao nos sentirmos menores do que os outros, nos aumentamos, nos vangloriamos, nos enaltecemos para evitar o mal-estar do desequilíbrio. Falamos excessivamente bem das nossas próprias coisas e, ao mesmo tempo, procuramos diminuir o outro através de crítica.
Quando criticamos alguém, quando diminuímos, ofendemos, quando temos necessidade de falar mal de alguém, provavelmente estamos nos sentindo inferiores a ele. A inveja é a incapacidade de ver a luz das outras pessoas, a alegria, o brilho, a luminosidade de alguém, seja em que aspecto for, porque na verdade, não se percebe ter essa mesma luz.
O que há de negativo na inveja é a rejeição em algum momento do seu próprio tamanho, a sua incapacidade de acreditar ser capaz de também conseguir.
'Olho gordo' é outro nome para a inveja
Desde criança ouvimos falar que não devemos contar algo de bom que está para nos acontecer antes que esteja tudo muito certo, o famoso ´olho gordo". Essa crença antiga permanece até hoje e nasce de uma longa observação popular. O 'olho gordo' é outro nome para a inveja. Popularmente, 'o olho gordo', é um olho que atrapalha, faz mal, danifica.
O principal prejudicado na inveja não são os outros, mas nós mesmos, pois é destrutiva, não produz mudanças, diminui a auto-estima, destrói o crescimento pessoal, fazendo com que o invejoso se contamine de ódio. O invejoso se utiliza muito da projeção, tornando más as pessoas que são boas, onde as qualidades do indivíduo invejado ficam perdidas porque não são percebidas, colocando todos os sentimentos ruins naquele que é objeto de sua inveja.
Ou seja, por negar os próprios sentimentos negativos que há dentro de si, passa a projetar no outro. "O outro é mau, eu nunca". A pessoa dominada pela inveja tenta diminuir o outro a todo custo, numa mistura de raiva e tristeza por tudo que ele tem e conquista. Quando a inveja é inconsciente é muito mais fácil de ser projetada e também negada.
Aprendemos ainda, desde muito cedo, a comparar, pois somos constantemente comparados com o irmão que é mais bonzinho, com o primo que tira boas notas... Isso acontece na escola, na família, na sociedade e começam as humilhações e as críticas, fazendo nos sentir cada vez mais incapazes de ser e obter o que o outro tem. Isso acaba gerando sentimentos de impotência, inferioridade e insatisfação consigo mesmo.
Há uma tendência a supervalorizar o outro com tudo que ele tem e desvalorizar o que temos. A inveja geralmente surge do sentimento de sentir-se incapaz, percebendo o outro como tendo todos os atributos que acredita não ter. A competição, tão incentivada no campo profissional, também pode ser geradora da inveja.
O mal não é sentir inveja, mas cultivá-la
O mal não é sentir inveja, o mal é cultivá-la. A inveja é má, pois engendra o ódio que é destrutivo, pois destrói o próprio indivíduo e a sociedade. Não seria uma virtude espontânea e natural no homem, mas uma atitude derivada do ressentimento e do ciúme, do rancor e da indignação pela má sorte de alguns perante os outros.
A falta de confiança e de segurança em si mesmo, unida a um invencível sentimento de impotência colabora para acentuá-la.
Todos sabemos que a sociedade valoriza a beleza, a inteligência, o brilho social, a juventude e a saúde. Que fazer quando faltam essas condições elementares de felicidade?
Inveja pode ser positiva
Podemos analisar duas interpretações: a inveja como paixão detestável, que produz ódio e destruição, negando o valor do outro e em conseqüência o próprio valor, e a inveja como impulso para transformação. É preciso buscar o que realmente somos e não vivermos em função do que os outros esperam de nós, libertando-se da opinião dos outros e dos valores impostos do que é ser feliz.
Devemos valorizar todo nosso caminho até aqui. Quanto você não superou, não conquistou? È possível admirar o outro e não mais querer viver a vida do outro. É preciso ter consciência do que é ser feliz para você! Devemos termos sempre em mente que somos todos seres capazes de nos transformamos naquilo que gostaríamos de ser e ter, transformando cada sonho em realidade, ocupando nosso tempo em buscarmos cada um deles e não mais perdermos parte de nossas vidas focados no que o outro tem ou é, ou tentando destruir quem conseguiu o que não conseguimos. O diferencial acima de tudo é acreditar em si mesmo, gostar de quem somos e buscar os próprios sonhos!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sete Pecados Capitais - Luxúria

::Rosemeire Zago::

Pessoas inseguras podem ter muita sede de sexo

Viver em função da aparência demonstra não gostar de você como você é. Então, busca-se compensar essa falta de confiança na supervalorização do belo, do corpo, tanto no outro como em você

A luxúria representa o desejo desordenado pelos prazeres sexuais. Pode ser definida como uma impulsividade desenfreada, um prazer pelo excesso, tendo também conotações sexuais. Opõe-se à propagação da espécie, sendo consumado apenas para satisfazer as próprias necessidades.

Segundo São Tomás de Aquino, a luxúria refere-se aos prazeres sensuais, onde ele lembra que tanto a comida quanto a relação sexual têm como finalidade a conservação da vida e, desde que utilizadas para esse fim, não são consideradas pecado. Na cultura cristã o sexo sempre esteve associado ao pecado, a algo sujo e mau, mas aceito em nome da procriação ou do amor, apesar de que em nossos dias o sexo ainda provoque muita culpa, em especial nas mulheres.
Porém, na época das cavernas, e por muito tempo depois, o que ligava homens e mulheres era o desejo físico, indiscriminado e passageiro, como se observa hoje nos animais, e infelizmente, em alguns homens. A associação estabelecida entre amor e sexo vem da necessidade cultural de "purificar" o sexo. Criou-se então o amor romântico, aquele sentimento nobre e elevado que uniria um homem e uma mulher.
A origem desse pecado capital pode ser intensificado e reforçado na infância, quando pais reprimem as crianças de todo e qualquer impulso sexual. Esses pais geram através da repressão muita culpa e criam assim adultos reprimidos sexualmente ou liberados em excesso.
Do ponto de vista psíquico a grande diferença que a mulher estabelece entre sexo, amor e intimidade e, a pouca importância que os homens tendem a dar aos dois últimos, é fonte de muitos conflitos nos relacionamentos.
Uma das causas da busca incessante por sexo, aparência e estética, tem origem na própria sociedade, na mídia, que vende a idéia que feliz é quem tem a beleza semelhante a da modelo da capa da revista.
Esse culto pelo belo, pela estética e o prazer geram muita angústia e insatisfação, quase sempre refletida na preocupação excessiva com o próprio físico, principalmente para quem está longe dos moldes ditados.
Na publicidade a imagem de um homem bem-sucedido é sempre associada à fama, poder, dinheiro e belas mulheres. Isso mesmo, no plural. O homem desde pequeno é incentivado a ir à caça, a não se "prender" apenas a uma mulher, mas a ter muitas, como se isso demonstrasse seu poder e sua capacidade sexual. Nas rodas de amigos faz questão de contar suas peripécias sexuais, onde ninguém tem certeza do limite entre a realidade e a fantasia.
O sexo descompromissado e causal é muito mais procurado pelos homens, isso não quer dizer que muitas mulheres também não o procurem. Mas os homens em geral, não só separam muito bem o sexo do amor, como até fogem do amor, da intimidade e do compromisso. A razão destes comportamentos pode favorecer a compulsão pelo sexo, explicada em muitos casos pelo medo que os homens têm do envolvimento e da intimidade que esse amor acarreta e que vem literalmente do berço. Ou seja, da relação que mantiveram com suas mães e da forma mais ou menos traumática pela qual foram obrigados a se separar delas.
É evidente, que todo esse comportamento denota uma necessidade de defesa e proteção que oculta seu desejo maior: ser cuidado e acima de tudo amado. Porém, o medo da rejeição muitas vezes o impede de assumir tal necessidade. A pessoa foge da intimidade e se defende na busca pelo sexo excessivo, que se torna sua única fonte de prazer.
Mas se a vontade obedece apenas ao prazer, a pessoa começa a buscar apenas o que lhe dá satisfação, poderá ocorrer sérios conflitos internos, pois quanto maior o apego ao material, ao físico, ao externo; menor será a busca pelos valores espirituais. Assim se afasta cada vez mais dos valores internos. Na verdade, a luxúria desvirtua a sensualidade e deforma o amor, tornando o apetite sexual insaciável.
Luxúria no trabalho
Nas empresas este pecado pode ser identificado pelo assédio sexual: em nome da posição hierárquica "desfruto do poder de dominar" Aparece com isso a grande dificuldade de relacionamento entre homens e mulheres nos ambientes organizacionais, reforçando heranças culturais arraigadas bem como dificuldades emocionais de expressar a afetividade de forma saudável. No trabalho, a luxúria ainda pode ser percebida pela vontade de ter tudo para si, evidenciando um líder que não democratiza a maior riqueza de uma empresa e de seus colaboradores: o conhecimento.
Ou seja, o líder faz de tudo para deter o conhecimento e as informações da empresa e do mercado por medo de perder o controle da situação, medo de ver algum membro de sua equipe com capacidade e competência maior do que a sua. É típico, por exemplo, no líder que recebe os informativos e não repassa para a equipe ou que faz assinaturas de revistas para o departamento, mas somente ele as lê.
Normalmente este tipo de líder não apura e não tem capacidade e competência técnica, preocupando-se somente em fazer com que outros membros não tenham acesso ao conhecimento o que, na sua cabeça, colocaria em risco a sua posição. Com isso, a equipe nota rapidamente este comportamento detentor do líder o que faz com que ele perca rapidamente a confiança da equipe. Nos fracassos, a equipe tende a culpar o líder por não fornecer as informações e conhecimentos importantes e necessários.
Luxúria e insegurança
A luxúria demonstra uma grande insegurança e sobrepõe-se de tal modo que transforma a natural necessidade de amar e ser amado, em uma necessidade compulsiva e patológica de satisfação, geralmente uma busca pela satisfação imediata.
Podemos encontrar muitas pessoas com "máscaras de bonzinho" para seduzir, conquistar, simplesmente para conseguir o que querem e, depois de satisfeitos, vão embora. Vivem em função da aparência, o que mostra uma pessoa que não consegue gostar de si como é, buscando compensar sua falta de confiança, supervalorizando o belo, o corpo, tanto no outro como em si.
O autoconhecimento e em conseqüência o crescimento emocional podem levar a um grau de auto-aceitação e auto-estima capazes de restabelecer a capacidade de amar aos outros, e principalmente, a si mesmo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sete Pecados Capitais - Ira

::Rosemeire Zago::

Pessoas iradas têm ódio de si

Segundo o dicionário Aurélio, ira é cólera, raiva, indignação, desejo de vingança. É preciso distinguir entre a ira ou cólera; e raiva ou ódio. O ódio e a raiva, de certa forma, são a ira reprimida. São emoções totalmente
destrutivas tanto para os que as sentem como para quem se torna objeto delas. A ira é um impulso momentâneo, que provoca também os maus pensamentos, fazendo com que muitas vezes façamos acusações injustas,
provocando muitas brigas e conflitos nas relações.
Pessoas que se comportam de maneira feroz, animal, destrutiva, agressivas, demonstram imaturidade. Se a ira causa um desejo descontrolado de vingança, está diretamente associada a desonra, brigas, indignação, a agressividade exagerada, a qual desencadeia hostilidade e destruição. É um estado de descontrole, que chega a modificar o semblante, a expressão facial.

O homem conseguiu controlar sua agressividade através da razão, ou seja, utiliza a racionalização como um mecanismo de defesa, mas quando tomado por uma forte emoção nem sempre esses mecanismos atuam. A agressividade gerada pela ira demonstra a incapacidade de racionalizar quando se deixa dominar
pela emoção, sobrepondo muitas vezes, conteúdos inconscientes, como por exemplo, pode indicar uma incapacidade exagerada de amar aos outros, muitas
vezes como resultado do amor que não recebeu na infância ou da agressividade que recebeu, repetindo assim o mesmo padrão. Nesses casos é preciso
identificar a emoção que foi mobilizada e que não permitiu a atuação do mecanismo de defesa.

A ira no trabalho
No campo profissional a ira é o maior exemplo de sentimentos expostos, por exemplo, pelos líderes sem equilíbrio emocional ou autoconhecimento.
Basicamente a atitude mental que está por trás da ira é o desejo de destruir. É aquele líder que apela para técnicas pouco eficazes como mexer com o lado emocional. É do tipo que, quando você vai pedir seu aumento salarial, ele diz que você é um ingrato e que você não imagina como foi difícil convencer a diretoria a lhe dar o último aumento. Ou quando ele não concorda com algo que você fez, ameaça o seu emprego, às vezes com frases
sutis como: "O mercado de trabalho está difícil, não?". Ou ainda, quando você debate empolgado com ele sobre sua brilhante carreira, ele diz algo como, "Você tem ainda muito que aprender..." Ou seja, sempre te colocando para baixo, desvalorizando, com autoritarismo, desrespeito, provocando com o tempo e com as somas destes comentários, muita ira.
Por baixo de toda ira quase sempre detectamos o medo de errar, de expressar-se de outra maneira, de perder espaço, etc. Ao invés de terem consciência da origem de tais sentimentos, preferem atacar para defender-se de seus próprios fantasmas. O resultado disso é fazer com que a equipe não discuta os problemas com o líder, pois sabe que ele irá utilizar algum artifício emocional, desencadeando assim aspectos emocionais e conflitos.

Como lidar com a ira
O que fazer quando somos tomados pela emoção e perdemos o controle? Com certeza não é sair xingando ou berrando com o primeiro que aparecer pela sua
frente, isso só vai piorar as coisas e trazer mais confusão.
O mais indicado é extravasar sim, porém de maneira adequada, seja surrando uma almofada ou um colchão, fechando os vidros do carro ou se trancando em seu quarto e gritar. Pode também escrever tudo que estiver sentindo e depois poderá guardar e ler após um mês.
Outra técnica é a visualização: imagine a pessoa que provocou tal sentimento em você e fale tudo que estiver sentindo. Qualquer coisa que libere seus sentimentos, ainda que só em seus pensamentos, te trará um grande alívio, pois para o inconsciente não há diferença entre o pensamento e a realidade.
É possível assim, descarregar toda energia reprimida causada pela ira ou raiva de modo a não ofender ou machucar alguém.
Depois, mais calmo, é possível analisar a situação e refletir o que tocou tão profundamente dentro de você, o que tocou em sua emoção. Isso não quer dizer que sejasaudável nos sentirmos irados a todo momento, considerando tudo como ofensa pessoal, mas havendo o sentimento, também não é benéfico reprimir sua manifestação, desde que seja feita como sugerida acima.
Mas o que dizer daquelas pessoas que estão sempre extravasando sua ira e continuam constantemente iradas?
Geralmente, são pessoas que não se confrontam com a fonte original do sentimento e saem agredindo a todos, quando na verdade, ainda que inconscientemente, estejam agredindo a si próprias.
Através do autoconhecimento é possível perceber que comportamentos desse tipo são manifestações de ódio por si mesmo. Por mais que possam te fazer, não permita que alguém tenha controle sobre seus sentimentos e consiga te deixar irado. Como em todos os outrospecados o amor por si mesmo ainda é o melhor remédio.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sete Pecados Capitais - Soberba

::Rosemeire Zago::

Conceito exagerado de si pode arruinar a vida



São Tomás de Aquino considerou a soberba um pecado específico, embora possa ser encontrado em todos os outros pecados. A soberba é a forma básica do pecado. Ela teria sido a responsável pela desobediência de Adão, que provou o fruto proibido com a ambição de se tornar Deus. A soberba leva o homem a desprezar os superiores e a desobedecer as leis. Ela nada mais é que o desejo distorcido de grandeza.

A pessoa que manifesta a soberba atribui apenas a si próprio os bens que possui. Tem ligação direta com a ambição desmedida, a vanglória, a hipocrisia, a ostentação, a presunção, a arrogância, a altivez, a vaidade, e o orgulho excessivo, com conceito elevado ou exagerado de si próprio. Quantas pessoas de nosso convívio conhecemos com algumas, ou todas, essas características?


Em algumas citações dos sete pecados, utiliza-se o termo cobiça, que é ambição desmedida, o desejo veemente de possuir bens materiais. Em outras citações podemos encontrar o termo soberba que é o orgulho excessivo, arrogância, elevação ou altura de uma coisa em relação à outra, e que leva à soberania, que é o poder ou autoridade suprema. E ainda podemos encontrar o termo orgulho, conceito exagerado de si próprio, com amor próprio demasiado. Ou seja, esse pecado tem relação direta com a ambição desmedida pelo poder e o orgulho exagerado.

A soberba no trabalho


No campo profissional aparece com a sensação de que "eu sou melhor que os outros" por algum motivo. Isto leva a ter uma imagem de si inflada, aumentada, nem sempre correspondendo à realidade. Surge com isso a necessidade de aparecer, de ser visto, passando inclusive por cima de padrões éticos e vendo os outros colaboradores ou colegas minimizados.

Geralmente, pessoas com essas características ocupam cargos elevados e utilizam seu poder para impor suas vontades, manipulando as pessoas ao seu redor com o intuito de conseguirem que tudo seja feito conforme seus desejos. Exigem ainda uma disciplina perfeccionista, não respeitando os limites de cada um. Podemos citar o exemplo de gestores que tomam determinadas decisões por questões de orgulho pessoal, ferindo muitas vezes as metas organizacionais, mas com o único objetivo de dar vazão a este sentimento, o que certamente trás resultados desastrosos a longo prazo.

A pessoa com essa característica e por sua necessidade de destaque dentro da empresa, despreza as idéias e decisões da equipe, não reconhecendo a capacidade desta. Toma as decisões, muitas vezes sozinho e, na hora de reconhecer o fracasso, diz que a decisão foi em equipe e no sucesso diz que a idéia foi dele. Típico de pessoas que querem ter sempre o destaque nos grandes projetos. Não percebem que a melhor maneira de estimular o crescimento não é impondo regras, mas fazer com que cada um descubra em si mesmo seu potencial, estimulando a independência. Com isso a equipe passa a não participar de decisões, sabendo que é "voto vencido". A equipe passa a ter uma postura defensiva, preocupando-se não com as decisões, mas em não absorver culpas.


Quem é acometido pela soberba, em nome do poder, quase sempre sacrifica sua tranqüilidade, a convivência com a família, uma relação afetiva saudável, a própria saúde, tudo para conquistar ou manter uma posição de destaque, não importando o preço a ser pago, em geral, muito caro. A pessoa orgulhosa por não suportar a dependência, menospreza os sentimentos das pessoas, se colocando sempre como um "ser superior", como se estivesse num pedestal difícil de ser alcançado. Com isso, a soberba acaba acarretando muitos conflitos nas relações pessoais, afetivas, familiares, pois quem a comete busca manter o controle, criticando, manipulando e dominando, como forma de manter seu poder e autoridade. Ela precisa fazer com que o outro se sinta diminuído para que ela se sinta superior.


Sede de poder

Não encontramos o poder apenas na política ou nos cargos elevados. O poder como a capacidade de fazer com que outras pessoas ajam na dependência de sua vontade, pode ser encontrando em muitos exemplos em nosso dia-a-dia. Quantos pais não exercem seu poder com seus próprios filhos? A dona de casa que impõe sua vontade com a diarista? Quantas pessoas que se aposentam não ficam em depressão pela perda do poder que isso acarreta? Não querer abrir mão de uma autoridade que durante tantos anos deu sentido e valor à sua vida, pode trazer muito sofrimento, mas que também não é assumido. Ninguém abre mão do poder, ou sequer, de uma parcela dele, com facilidade e satisfação. A perda do poder, ou de uma parcela dele, muitas vezes é sentida como sendo alguém de menor valor, pois são pessoas mais preocupadas em ter do que em ser.


O conceito exagerado de si próprio, o amor-próprio demasiado, a necessidade de poder, são apenas máscaras que buscam compensar a falta de amor que sente por si mesmo, pois possui em geral uma necessidade de auto-afirmação. O orgulho está diretamente relacionado com a falta de amor-próprio. A ambição pelo poder e a aquisição de bens materiais podem ser uma forma de compensar um sentimento de vazio. Esse impulso para o poder, essa necessidade de querer ter mais, pode ainda ser conseqüência do sentimento de inferioridade e da sensação de desamparo, fragilidade e impotência, presentes em muitos de nós. Porém, esses sentimentos são mais intensos naqueles que, nos primeiros anos de vida, não encontraram junto aos adultos com quem conviveram, o conforto, o acolhimento e o amor que amenizassem esse desamparo. O que explica o fato da necessidade de poder ser vital para algumas pessoas e de menor significado para outras.


A soberba está muito distante da humildade, característica básica de quem possui algum autoconhecimento. É lamentável que algumas pessoas só percebam esses comportamentos no final de suas vidas, muitas vezes num leito de hospital, quando muito pouco podem fazer para reconstruírem o que destruíram, nos outros e, principalmente, em si mesmas. É preciso desenvolver a consciência que seu valor enquanto pessoa independe da posição ou aquisição, mas que acima de tudo, somos todos seres humanos, em constante processo de evolução, independente do que temos, mas com certeza por aquilo que somos.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sete Pecados Capitais - Preguiça

::Rosemeire Zago::

Preguiça é o maior sinal da falta de autoconfiança


A preguiça é a pouca ou falta de disposição ou aversão ao trabalho, demora ou lentidão para fazer qualquer coisa. É o tédio ou a tristeza em relação aos bens interiores e espirituais. É um aborrecimento natural pelo trabalho
no dia-a-dia, se o mesmo não tiver seu esforço recompensado.
Este sentimento faz com que as pessoas desqualifiquem os problemas e a possibilidade de solução. A preguiça não se resume na preguiça física, mas também na preguiça de pensar, sentir e agir. A crença básica da preguiça é
"Não necessito aprender nada", levando a um movimento limitador das idéias e ações no cotidiano e traduzido pelo "deixa para depois". A origem da palavra vem do hebraico: atsêl, que pode ser traduzida por lentidão ou indolência. A preguiça é considerada pecado mortal ao se opor diretamente ao amor a Deus.

A característica básica da preguiça pode ser encontrada em pessoas que freqüentemente adiam compromissos, decisões, projetos, mudanças, ou até simples afazeres rotineiros, comprometendo o resultado desejado, com a
justificativa de que não houve tempo, ou que irá realizar outro dia, mas que na verdade, tentam ocultar uma insegurança exagerada em sua própria capacidade de agir. Utilizam-se do desânimo, esquecimento, como estratégia para fugir da necessidade de arregaçar as mangas e enfrentar a parte que lhes cabe realizar na vida. É como se sentissem imobilizadas perante à vida.

O chefe preguiçoso
No ambiente profissional a preguiça de planejar, de ordenar as idéias, de se preparar e pensar no futuro evidencia um líder que não utiliza metodologias
no trabalho, mas que muda constantemente as decisões e os planos para o departamento ou para a equipe. O líder não consegue precisar quais as missões, objetivos e metas do departamento e dos membros da equipe, onde a
mesma passa a trabalhar em "marcha-lenta", pois sabe que aquele pedido feito pelo líder poderá mudar em breve. A equipe não consegue relacionar os planos, objetivos e projetos do departamento com o planejamento estratégico e objetivos organizacionais. Está muito relacionada ainda com a má administração do tempo, pois as prioridades mal definidas fazem com que se
faça mudanças constantes nos planos.

Todos essa série sobre 'Os Sete Pecados Capitais' foi baseada na lista de São Tomás de Aquino que explica o quanto é importante conhecer nossos instintos mais primitivos, nossa sombra como diz Jung, o lado escuro que
todos nós temos, mas que é possível através da conscientização e do autoconhecimento, colocar luz onde só era escuridão.
Os "pecados" contêm a possibilidade de se desencadear em outros tantos pecados, daí serem chamados capitais e se fundamentam em algum desejo natural e instintivo. Podemos encontrar cada um dos pecados em nossas
relações diárias e em nós mesmos. É preciso conhecer cada pecado e não reprimi-los, pois só assim conseguiremos compreender e transformá-los. Vamos
a um breve resumo de cada um deles:

Inveja: produz ódio e destruição, onde a pessoa nega o valor do outro e em conseqüência o próprio valor, mas pode ser transformada em impulso para a busca de querer não o que o outro tem, mas acreditar ser capaz de buscar o que quer para si e valorizar tudo o que tem.

Ira: é a raiva ou o ódio, com perda do controle. É uma emoção totalmente destrutiva tanto para quem a sente como para quem se torna objeto dela,
fazendo a pessoa agredir a todos, quando na verdade está agredindo a si própria. É preciso identificar a emoção que foi mobilizada e controlar a agressividade através da razão.

Gula: é o excesso no comer e beber, mas também pode ser entendida como gula intelectual. Na sua simbologia maior significa voracidade. Pode ser entendida como uma forma de fuga de muitas outras dificuldades ou ainda, dos
próprios sentimentos. Para ser transformada, é preciso desenvolver a busca pelo equilíbrio não só através da comida, mas também do conhecimento.

Avareza: significa excessivo e sórdido apego ao dinheiro, com grande medo de faltar, uma percepção de escassez. É uma falta de contato com o mundo interno, gerando uma busca incessante por tudo que é externo. Também é
citado por alguns autores o termo vaidade.

Soberba: leva o homem a desprezar os superiores e desobedecer as leis. É o desejo distorcido de grandeza. A pessoa que manifesta a soberba atribui apenas a si próprio os bens que possui. Esse pecado tem relação direta com a
ambição desmedida pelo poder e o orgulho exagerado. É preciso desenvolver a humildade e principalmente a consciência do próprio valor enquanto pessoa,
independe de posição ou aquisição. Alguns autores usam o termo orgulho; outros, cobiça.

Luxúria: é o apetite sexual insaciável, com exclusiva satisfação física.
Pode representar uma fuga do amor, da intimidade e do compromisso e ser transformada se houver a possibilidade de troca, valorizando o sentimento, a intimidade, cumplicidade, que não podem ser desenvolvidos em relações rápidas e superficiais.

Preguiça: é entendida como lentidão ou falta de vontade em fazer algo; pode também demonstrar uma falta de confiança em si mesmo.

Todos os pecados têm em comum a busca da satisfação no mundo externo, onde se procura compensar a falta de amor-próprio e a necessidade profunda e
inconsciente de fugir dos próprios sentimentos. A percepção de cada um dos pecados em nossos comportamentos e dos conseqüentes conflitos gerados por
eles nos relacionamentos pode sinalizar a necessidade de um esforço consciente e racional de mudança.
Principal significado

'Os Sete Pecados' nos faz refletir ainda sobre o quão antigo e histórico é a busca pelo externo. Na verdade, as pessoas materialistas precisam crer que são superiores, seja através do poder, da aquisição de bens, do sexo, para quem sabe compensar a crença na insignificância da existência ou na falta de um sentido em que vivem. Demonstram uma ausência ou restrita visão de seus valores internos, não valorizando seu mundo íntimo como intuição,
inspiração, percepção, mas supervalorizando os bens materiais, o poder e tudo mais que o dinheiro pode comprar; como se isso fosse a maior riqueza do
homem.
Será esse o objetivo de nossa vida? O objetivo maior do ser humano não seria a evolução; sair da inconsciência para a consciência, da razão para a intuição, do ter para o ser? Será possível tornar nosso mundo melhor ou
tornarmo-nos pessoas melhores buscando a solução no externo, apegando-se apenas aos prazeres deste mundo e ignorando a riqueza maior que existe dentro de cada um de nós?

À medida que os homens tomarem consciência do valor do seu próprio mundo interno, poderão deixar a doentia preocupação com as aparências, a frustração crônica causada pela busca incessante da fama, do poder e da
riqueza, ou seja, das promessas do mundo externo e superficial e perceberem o quanto se torna importante aproximarem-se de sua essência.
Acredito que podemos transformar 'Os Sete Pecados Capitais' em aprendizagem ao percebermos que o maior sentido da vida é a conscientização da riqueza do
nosso mundo interior, entre eles os sentimentos, a emoção, a sensibilidade, a naturalidade, tão freqüentes nas crianças, mas que infelizmente os adultos vão perdendo ao criar tantas defesas e máscaras e assim se distanciam do que é verdadeiramente valioso e que dinheiro algum pode comprar, mas somente pode ser conquistado: o amor em sua essência mais pura.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sete Pecados Capitais - Avareza

::Rosemeire Zago::

Pão duro possui visão distorcida da vida


Avareza vem do latim avere. Segundo o dicionário Aurélio, avareza significa excessivo e sórdido apego ao dinheiro; falta de generosidade e mesquinhez.
Entende-se por sórdido quem denota o emprego de meios degradantes e baixos para alcançar um fim. Você conhece alguém assim?
Convivemos diariamente com pessoas que cometem esse pecado capital. A avareza pode gerar outras atitudes negativas: a desumanidade derivada do
excesso de apego, a inquietude que impõe preocupações e cuidados excessivos, proveniente da necessidade de juntar bens para si. Está ainda relacionada com os enganos, a falsidade e a mentira, na tentativa de enganar para lucrar. Segundo o conceito cristão, o homem se preocupa em acumular bens que não conseguirá levar para o céu (paraíso). O lema de quem comete a avareza é: "Quanto mais tenho, mais quero".

Avareza no trabalho
No trabalho podemos encontrar essa característica em líderes "avaro" em relação à comunicação, levando ao slogan: "Não tenho confiança em ninguém",
monopolizando as informações que lhe chegam às mãos, por não conseguirem lidar com a diversidade, com a transparência, entrando num clima defensivo.
Assim, não "conseguem" comunicar-se com a equipe, que acaba por não compreender as idéias e instruções, pois na verdade, não são passadas
claramente, onde o líder deseja deter a informação para si, provocando deturpações e conflitos nas tarefas do dia-a-dia. A equipe tende a perder a confiança nas decisões e atitudes do líder. Em termos de gestão de pessoas podemos apontar a tendência à centralização como gesto avarento nas organizações.

Avareza define-se ainda como estar excessivamente apegado a alguma coisa levando a um grande medo de faltar, uma percepção de escassez; que pode ter sua origem na infância, onde quando crianças passaram muitas privações, sendo muito comum a privação alimentar. Podemos verificar isso em pessoas que sempre fazem ou compram comida mais do que o necessário, com medo, ainda que inconsciente, de faltar. Outra reação muito comum é não permitir que ninguém, principalmente as crianças, deixem comida em seus pratos,
obrigando-as a comer tudo que foi colocado. Tudo isso pode gerar adultos que comem em excesso, cometendo outro pecado capital: a gula.

A avareza é o produto de uma necessidade que se encontra na intimidade da psique (mente) humana. Ela tenta disfarçar o conflito com a busca de bens,
mas nunca consegue suprir a sensação de carência, sendo um dos fatores que faz com que a pessoa sinta uma insatisfação constante, buscando cada vez
mais adquirir bens, acreditando que com a próxima conquista sentirá satisfação, o que nunca ocorre.
O dinheiro pode passar a ser ainda uma fonte absoluta de poder, pois em muitas famílias e na sociedade como um todo, quem ganha mais parece ter o
direito de reivindicar sua autoridade e poder, o que também leva à soberba (leia mais), outro pecado capital.
A riqueza pode ser um dos instrumentos com o qual se manipula as pessoas, controlando-as e fazendo-as agir do modo muito distante do que na verdade
desejam. Em muitos casos pode até influenciar a escolha da profissão, fazendo com que a pessoa busque uma profissão tida como tradicional e de
maior valorização social, em detrimento de sua vocação interna, sem se dar conta que ao longo do tempo, poderá ser mais uma fonte de insatisfação.
Há casos, ainda hoje, em que muitos casais se casam não por amor, mas para se unir a alguém que lhes proporcione um status social, um nome, uma
posição, sem levar em conta os reais sentimentos da alma.

É uma falta de contato com o mundo interno, gerando uma busca incessante por tudo que é externo, pois acredita que dentro dela não há nada, como se
houvesse um imenso vazio que só poderá ser preenchido por algo que venha de fora. O que gera a necessidade de ostentação, ou seja, a ilusão de querer
ter êxito diante do mundo e não dentro de si mesmo. A ilusão nada mais é do que uma defesa contra uma realidade amarga. Embora, possa poupar das dores
momentaneamente, ao mesmo tempo, torna prisioneiro da uma verdade que nem sempre corresponde com a realidade.
Quase sempre desenvolvemos a ilusão na infância, com pais, professores, parentes, como sendo reais ensinamentos de que o dinheiro compra tudo e
todos e que, com o passar do tempo, se tornam crenças que inconscientemente seguimos. Por exemplo, uma pessoa com baixo padrão de vida, que na infância presenciava muitas brigas dos pais e, que nos finais de semana ou em período
de férias, passava na casa de um amigo ou parente, cujo ambiente era acolhedor, tranqüilo, de muita harmonia entre as pessoas, e com um padrão de
vida um pouco melhor; quando adulto, poderá relacionar que o dinheiro é que proporcionava paz e harmonia, fazendo de tudo para encontrá-la através das posses materiais. O que é pura ilusão.

Afeto X dinheiro
Ainda há muitas pessoas que agem em função dessa crença e acreditam que o amor, o carinho, a atenção, a presença constante, podem ser facilmente
substituídas por roupas caras, carros importados, uma linda casa, freqüentar os melhores restaurantes, viagens constantes, como se isso fosse suprir o
amor não recebido. Tudo isso só gera adultos que cometem, ainda que inconscientemente, não só esse pecado capital, como ainda a soberba, o orgulho, a vaidade e a luxúria.

A avareza gera ainda uma preocupação com rótulos, pois como se importa com a opinião dos outros de maneira exagerada, ainda que a negue, há uma
necessidade de mostrar sua capacidade através de aquisição de bens materiais, como a importância por suas posses e propriedades, como se isso mostrasse sua real capacidade.

Viver em busca de bens materiais é valorizar e viver em função do externo, pois não acredita ter algo dentro de si mesmo. Isso pode criar muitas ilusões e fantasias acreditando que quanto mais obtiver, mais felicidade encontrará, como se a posse material fosse o suficiente para proporcionar felicidade.
Pessoas que dão valor excessivo aos bens materiais precisam acreditar que são superiores para compensar um profundo complexo de inferioridade e a crença na falta de sentido em que vivem.

Relato de Jung
"Vi muitas vezes que os homens ficam neuróticos quando se contentam com respostas insuficientes ou falsas às questões da vida. Procuram situação, casamento, reputação, sucesso exterior e dinheiro; mas permanecem neuróticos e infelizes, mesmo quando atingem o que buscavam. Essas pessoas sofrem, freqüentemente, de uma grande limitação do espírito. Sua vida não tem conteúdo suficiente, não tem sentido. Por esse motivo a idéia de desenvolvimento, de evolução tem desde o início, segundo me parece, a maior importância".
Jung nos mostra nesse relato, a importância em se buscar o sentido da vida, que com certeza não é adquirido através da aquisição de bens. Somente quando o homem tomar consciência do seu próprio mundo interior, poderá deixar a doentia preocupação com as aparências e com a conseqüente frustração gerada pelo vazio causado na busca desenfreada pelo mundo externo e, nesse momento, poderá encontrar o sentido da sua própria vida.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sete Pecados Capitais - Gula

::Rosemeire Zago::

Gula pode ser fuga do sexo e da vida

O sentido que está por trás da gula é o de estar funcionando abaixo das potencialidades, buscando sempre uma compensação pelo que acredita não se ter


A gula é considerada um pecado venial (perdoável), caso a pessoa deixe de cumprir suas obrigações devido à gula. Ela pode ser entendida como uma forma de fuga, talvez para proteger-se do excesso de sexualidade. Ainda hoje isso acontece, pois muitas pessoas trazem consigo a crença religiosa de que ter prazer sexual é pecado. Muitas pessoas, principalmente mulheres, depois da primeira relação sexual, ou depois do casamento, começam a engordar, como forma inconsciente, é claro, de se tornarem menos sensuais ou atrativas para seus parceiros. Pode também, significar a fuga de muitas outras
dificuldades, ou ainda, de sentimentos.

Ansiedade e comida
A ansiedade também pode gerar a busca compulsiva pela comida. Apesar de ser uma resposta normal ao perigo físico - e pode ser uma ferramenta útil para
concentrar a mente, quando há o fim de um prazo que se aproxima - a ansiedade se torna um problema quando ela persiste muito além da ameaça imediata e passa a ser um traço da personalidade, onde tudo gera ansiedade.
Quando os sintomas como: preocupação descontrolada, inquietação, irritabilidade, apreensão, tensão muscular e problemas de concentração se tornam persistentes, afetando os hábitos e padrão de vida comum é chamado de Transtorno de Ansiedade Generalizada - TAG.

No sentido literal, gula é o excesso de comer e beber, na sua simbologia maior significa voracidade: que devora e destrói. Entendendo essa simbologia, podemos relacionar que ao devorar o alimento compulsivamente, tenta-se, ainda que inconsciente, destruir o que está dentro. Agindo assim, sente culpa e se pune por ter perdido o controle, formando assim um círculo vicioso: come em excesso para fugir do que sente, culpa-se por isso, se pune
comendo mais.
Há quem coma até não agüentar mais, podendo desenvolver a bulimia, que é um dos transtornos alimentares que se caracteriza por episódios repetidos de
compulsões alimentares seguidas de comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos auto-induzidos, mau uso de laxantes ou diuréticos.
Pessoas com esse transtorno alimentar geralmente se envergonham de sua compulsão e procuram ocultar seus sintomas, podendo dificultar o diagnóstico. Duas características básicas são a perda de controle e a culpa.
E na tentativa de não aumentar o peso, recorre ao vômito ou uso de laxantes, como se isso fosse capaz de diminuir os sentimentos que não consegue lidar.
Depois de ter concentrado toda sua energia em colocar a comida para dentro, procura agora colocá-la para fora. A pergunta é: "O que na verdade queria colocar para dentro?" Com certeza não era comida o que precisava, pois se fosse não teria a necessidade de se livrar dela.

Gula intelectual

A característica da gula é engolir e não digerir. Quantas vezes não digerimos o que nos acontece e simplesmente engolimos? Geralmente está associada à comida e à bebida, mas também pode ser entendida como gula
intelectual inclusive. O sentido que está por trás da gula é o de estar funcionando abaixo das potencialidades, buscando sempre uma compensação pelo que acredita não se ter. A sensação é de não estar fazendo tudo que o
potencial permite, vivendo sem atender expectativas. A atitude mental básica é: necessito aprender tudo. Essa característica pode levar à necessidade de monopolizar, desejando o poder cada vez mais para si.

Gula nas organizações
Um exemplo da gula nas organizações é quando se compram equipamentos de última geração desnecessariamente ou quando os gestores centralizam o
processo decisório e as informações. Ou ainda, a gula pelo poder, evidenciando um líder centralizador, que não confia ou que não quer confiar em sua equipe, porque na verdade, não confia em si mesmo e em seu potencial.
Todas as decisões têm que partir dele, que precisa estar a par de todas as informações que saem do setor. Até os documentos mais banais têm de ter sua assinatura ou visto. A equipe passa a não decidir e fazer questão de não
decidir nada. Todos os trabalhos são incompletos, pois o líder ainda dará a opinião final. Então, é inútil concluí-los. A gula pode influenciar tanto nos relacionamentos quanto na produtividade das pessoas.

O mais indicado para evitar os excessos que a gula pode gerar é descobrir que situações o levam a cometê-los, identificando as situações e lidando com cada uma delas. Não negue, nem faça que não está sentindo nada. Para obter o controle sob suas emoções é preciso aceitar o que está sentindo, assim ficará mais fácil identificá-la. É importante também reconhecer cada conquista e manter sua mente no presente que assim o resultado virá
naturalmente.
Examine o que aconteceu naquele dia ou nos anteriores. O que o magoou ou o perturbou? Por exemplo, uma discussão com alguém, pressão no trabalho, recordação de antigos sofrimentos, estar fazendo o que não quer, etc. Os motivos podem ser muitos, mas você só conseguirá a recuperação quando perceber que sua necessidade está muito além de comer, beber, ter poder, afinal, nada disso é amor! E quando sentir esse amor por si mesmo, não terá
mais a necessidade de cometer nenhum dos sete pecados capitais.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

LENDA ORIENTAL

::Autor Desconhecido::

"Conta uma popular lenda do Oriente Próximo, que um jovem chegou à beira de um oásis junto a um povoado e aproximando-se de um velho perguntou-lhe:
- "Que tipo de pessoa vive neste lugar ?
- "Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem ?"-
perguntou por sua vez o ancião.
- "Oh, um grupo de egoístas e malvados. - replicou o rapaz - Estou satisfeito de haver saído de lá."A isso o velho replicou:- "A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui."
No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe:- "Que tipo de pessoa vive por aqui ?"O velho respondeu com a mesma pergunta:- Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem ?
O rapaz respondeu:
- "Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras.
Fiquei muito triste por ter de deixá-las".
- "O mesmo encontrará por aqui"- respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho :
- "Como é possível dar respostas tão diferente à mesma pergunta?
Ao que o velho respondeu :- "Cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive.
Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui.Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter controle absoluto".
Infunda em si mesmo a idéia do sucesso.
O primeiro requisito essencial a todo homem para encontrar
uma vida digna de ser vivida, é ter uma atitude mental positiva."

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sucesso: entendendo o fenômeno Susan Boyle

Quem quer ter sucesso deve estudar o sucesso e trabalhar muito. Mas, também é importante ter um modelo de sucesso.
::Por José Augusto Wanderley::



Existe um ditado que diz: “Quem quer ter sucesso deve estudar o sucesso”, e Susan Boyle, a escocesa de 47 anos, se tornou um sucesso mundial, ao participar do programa de calouros “Britain’s Got Talent”. Contra todas as expectativas, e contrastando com os modelos atuais, Susan, que é feia, desengonçada e estava mal vestida, arrebatou e emocionou o público e os jurados com a sua voz. O vídeo, com sua apresentação no programa, já teve mais de 100 milhões de acessos na Internet.
E aqui vem o ponto fundamental da questão: pessoas que têm sucesso e as que falham sempre na obtenção de resultados estão sujeitas aos mesmos princípios. As mesmas leis e procedimentos que podem nos levar para uma vida de sucesso e todas as coisas com que sempre sonhamos também podem nos levar à ruína. Tudo depende da forma como as usamos. Existem “princípios universais” que se aplicam a qualquer situação e contexto. Vejamos o desempenho de Susan em relação a cinco destes princípios.

1: Tudo começa com uma visão de futuro ou um sonho
Susan Boyle tinha um sonho: tornar-se cantora. Sonhos são fundamentais, mas é preciso saber que existem sonhos desafiadores e possíveis e sonhos alucinados, que acabam se transformando em pesadelos. Se o sonho de Susan fosse ser rainha da Inglaterra, seu sonho ia se transformar em pesadelo. Os sonhos alucinados são produtos de sentimentos de onipotência e da crença de que não existem limites. Existem dois tipos de limites: limites reais e limites auto-impostos. Toda vez que alguém ultrapassa um limite real vai ter problemas.
Quando começou a ser divulgada a importância da corrida aeróbica como benefício para a saúde um livro, escrito por Jim Fixx, se transformou num best-seller. Só que houve um problema: Jim Fixx morreu correndo. É que naquele tempo não eram conhecidos os efeitos nocivos da oxidação provocados pelo excesso de exercícios. A regra é: vá até seus limites e amplie seus limites. Não ultrapasse. E isto faz uma grande diferença. Quem ultrapassa seus limites acaba tendo retrocesso.

2. Saber o que fazer e fazer o que tem que ser feito
Sem ação, sonhos não passam de ilusão. Não adianta só pedir, acreditar e achar que vai receber se não houver ação. E como se sabe se a ação é adequada ou não? Pela resposta que se obtém. Assim, se o que você está fazendo não der a resposta que você quer, tenha sensibilidade para saber se deve continuar batendo na mesma tecla ou mudar. Susan Boyle já vinha tentando há bastante tempo, inclusive 1995, participou de um outro programa de calouros em que o apresentador, Michael Barrymore, a atrapalhou e ridicularizou. Superar a rejeição e as adversidades faz parte do jogo, pois até os Beatles já foram dispensados. Isto aconteceu em 1962 com gravadora Decca Records, com o estranho argumento de que os grupos com guitarras estavam acabando

3. Querer Profundo ou Determinação Implacável
Talvez, em função deste fracasso, embora Susan viesse tentando, inclusive participou de um CD gravado para uma instituição de caridade cantando “Cry me a river”, não fazia com querer profundo ou determinação implacável. E a determinação implacável, de acordo com Albert Ellis, o criador da Terapia do Comportamento Emotivo Racional, representa três quartas partes da vitória. Existem alguns fatores que interferem, entre eles os medos do fracasso, da rejeição e de errar. Estes medos fazem com que uma pessoa não se lance por inteiro na busca de seus objetivos. Fazem com que a pessoa queira e não queira ao mesmo tempo.
Susan custou a vencer seus medos, o que só ocorreu aos 47 anos de idade e três anos após a morte de sua mãe, sua grande incentivadora e que dizia que se ela se concorresse no “Britain’s Got Talent”, seria vencedora.

4. Competência
Sem competência não tem sucesso e a competência é fruto de muito trabalho. Ou como já dizia Hortência, que foi uma das maiores jogadoras de basquete do Brasil: “A maioria das pessoas treina até sentir dor. Eu treino até alcançar resultado”. Susan tem uma voz muito bonita fruto de muita prática. Teve aulas de canto e praticava no coro de sua igreja. A música que escolheu para cantar, “I dreamed a dream” é bastante difícil e ela o fez com grande competência e muita emoção.
Portanto, quem quer ter sucesso deve estudar o sucesso e trabalhar muito. Mas, também é importante ter um modelo de sucesso. E Susan soube escolher um excelente modelo: Elaine Paige, uma consagrada cantora inglesa.

5. Estado Mental e Emocional Rico de Recursos
Para tudo o que se faz, existe um estado mental e emocional apropriado ou rico de recursos. Susan só teve sucesso quando agiu de acordo com estes cinco princípios e venceu seus medos. Não teve medo do ridículo e da rejeição, e se apresentou com grande segurança e simpatia.
Assim, são cinco os princípios do sucesso: sonhos, ação, querer profundo, competência e estados mentais e emocionais ricos de recursos. É como uma corrente. Uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco.