sábado, 31 de janeiro de 2009

RECOMEÇAR

(Fernanda Lopes de Luzia)

Quantas vezes ao longo da vida, você optou por recomeçar?
Quantas promessas realizadas no final de mais um ano?
Quantas dietas a começar, quantos projetos a realizar, quantas posturas de comportamento a melhorar?

Pergunte-se quantas vezes você permitiu-se recomeçar, sem voltar a trás?

Todos somos flexíveis e passíveis a mudanças no rumo dos projetos,
Mas precisamos perguntar-nos onde no meio desse caminho, começa o livre-arbítrio, e onde começa a auto-sabotagem?

Porque nos agarramos a hábitos tão antigos que não nos fazem bem nem às outras pessoas que convivem conosco e arrastarmos tudo isso por tanto tempo?

Seja em casa, seja no trabalho continuamos com os mesmos hábitos, literalmente “acomodados”!

Pergunte-se se você está vivendo essa situação e reflita.

Para realizar uma verdadeira mudança:

- Precisamos estar certos do que realmente desejamos – Numa reflexão consigo mesmo, identifique suas reais necessidades, o porque da mudança, os benefícios para você e para as pessoas com quem convive
- “Não dê um passo maior do que a perna” - Construa projetos pequenos e um de cada vez. Alcance a máxima dedicação a estas pequenas coisas, coloque toda sua energia e atenção naquilo que está empenhado em realizar. Desta forma, sua mente estará focada e sendo sua aliada no processo de criação. Sem ansiedade, você estará no total momento de agora, prestando atenção em cada passo e produzindo cada vez mais.
- Ouça e confie em seu mais sábio conselheiro – Quando você está disposto a mudar, muita coisa à sua volta também muda. As pessoas á sua volta notarão diferenças em você e isso o poderá incomodar. Dentre tantos comentários sobre você, siga seu mais sábio conselheiro: seu próprio coração. Fixe seu olhar em suas metas internas e faça o que deve ser feito.
- Permita-se cair e levantar – Em todo processo de adaptação, caímos. Como os bebês que aprendem a andar, e o fazem com muita leveza e naturalidade, assim nós o devemos fazer. Cair, aprender com a queda, mas acima de tudo levantar e continuar no caminho. Nada na natureza fica estagnado, tudo está sempre em constante circulação e crescimento.
- Tenha sempre alegria – Mudanças não precisam estar aliadas à sacrifícios. Faça o que fizer, faça-o com alegria, trabalhe com afinco, “sue a camisa” quando precisar, mas não se esqueça dos períodos de descanso e de comemorar suas vitórias. É preciso ter alegria enquanto se caminha, não apenas no final da estrada.


Visualize claramente seus objetivos e realize!!!!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Você é uma pessoa acomodada?

(por Roberto Shinyashiki)

"Estacionar significa decadência, e repetição é sinônimo de acomodação. A capacidade de evoluir é que torna os seres humanos especiais"O indivíduo consciente de sua força interior sempre quer mais. Seja qual for a posição que você ocupa. Um gerente que quer se tornar diretor, um empresário que está crescendo muito ou precisando sair do vermelho, um colaborador que se sente ameaçado por um programa de demissão, etc. Existe uma força dentro de você que o impulsiona a ir adiante.

Estacionar significa decadência, e repetição é sinônimo de acomodação. A capacidade de evoluir é que torna os seres humanos especiais. Os animais, no auge de seu desempenho, simplesmente repetem. A melhor teia que uma aranha pode fazer, por exemplo, é aquela que toda espécie é capaz. O ser humano, entretanto, pode criar, isso o torna único.

Mudar porém é algo que acontece somente quando assumimos a responsabilidade pelo que somos e queremos. Ninguém pode mudar nada por nós. O poder de nos transformar nos pertence. A autocriação é a habilidade que aproxima o ser humano de Deus. O Criador deu-nos a semente da vida, e nossa função é continuar sua obra.

Mudar é uma tarefa maior do que se imagina: implica superar barreiras, quebrar paradigmas, abandonar crenças, descongelar idéias e posturas cristalizadas. Requer um processo contínuo de revisão dos pensamentos e uma abertura permanente para o novo.

Antigamente, as montadoras, os supermercados e vários outros setores costumavam formar cartéis para fazer acordos. A idéia era ficar em casa esperando a tempestade ir embora e aguardar o momento de sol voltar a brilhar.

Então, saíam às ruas de novo. Esse era um tempo em que nossa economia era superprotegida e os grandes acordos transformavam as situações de emergência em oportunidades de enormes ganhos. As empresas, em vez de baixar preços, diminuíam a produção, aumentavam o preço e ganhavam uma margem de lucro muito maior.

Além da força interior que nos impulsiona, nossa escolha pela mudança é fundamental para acompanhar a evolução do universo. As pessoas falam das mudanças do mundo atual, mas não é só a economia que muda, o próprio universo se transforma a cada momento, ele traz em si a dinâmica que gera o movimento dos planetas, o ciclo dos dias, o fluxo das nuvens e das águas, o ritmo da vida de cada planta ou animal. Mudar faz parte da própria vida.

As rápidas transformações do mundo atual exigem também mudanças velozes para enfrentar os novos desafios que surgem. Mudar é também o verbo da realização. Um verdadeiro vencedor sempre aproveita os períodos de incerteza para compreender quais esse verbo proporciona.

Estar aberto para evoluir permanentemente é fundamental para sua carreira. Não deixe que sua vida profissional seja decidida pelo destino. Faça um planejamento consciente para enfrentar os tempos difíceis.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A necessidade básica

OSHO, em O Livro dos Segredos.

Sigmund Freud disse em algum lugar que o homem nasce neurótico. Isso é uma meia-verdade. O homem não nasce neurótico, mas ele nasce em uma humanidade neurótica e a sociedade à volta deixa todo mundo neurótico mais cedo ou mais tarde. O homem nasce natural, real, normal, mas no momento em que a criança se torna parte da sociedade, a neurose começa a funcionar.

... a neurose consiste em uma divisão - uma profunda divisão. Você não é um: você é dois ou mesmo muitos... Seu sentimento e seu pensamento tornaram-se duas coisas diferentes: essa é a neurose básica. Sua parte que pensa e sua parte que sente se tornaram duas e você está identificado com a parte que pensa, não com a parte que sente.
E sentir é mais real do que pensar; sentir é mais natural do que pensar. Você nasceu com um coração que sente, mas o pensar é cultivado: ele é dado pela sociedade. E seu sentimento se tornou uma coisa reprimida. Mesmo quando você diz que sente, você somente pensa que sente. O sentimento tornou-se morto e isso aconteceu por certas razões.

Quando uma criança nasce, ela é um ser sensível: ela sente coisas. Ela não é ainda um ser que pensa. Ela é natural, exatamente igual a qualquer coisa natural na natureza - exatamente como uma árvore ou como um animal. Mas nós começamos a moldá-la, a cultivá-la. Ela tem de reprimir seus sentimentos, porque sem reprimir seus sentimentos ela está sempre atormentada.
Quando ela quer chorar, ela não pode chorar porque seus pais não aprovarão. Ela será condenada. Ela não será apreciada, não será amada. Ela não será aceita como ela é. Ela deve se comportar; ela deve se comportar de acordo com uma determinada ideologia, determinados ideais. Somente então ela será amada.

O amor não virá para ela como ela é. Ela somente pode ser amada se seguir certas regras. Essas regras são impostas; elas não são naturais. O ser natural começa a se tornar reprimido, e o não natural, o irreal, é imposto sobre ela. Este irreal é sua mente; e chega um momento em que a divisão é tão grande que você não pode transpô-la.
Você continua se esquecendo completamente qual era - ou é - a sua natureza real. Você é uma face falsa - a face original foi perdida. E você também está com medo de sentir a original, porque no momento em que você a sentir, toda a sociedade estará contra você. Assim, você mesmo é contra a sua natureza real.

Isso cria um estado muito neurótico. Você não sabe o que você quer; você não sabe quais são suas necessidades reais, autênticas. E então você continua atrás de necessidades não-autênticas, porque somente o coração que sente pode lhe dar o sentido, a direção, de quais são as suas necessidades reais. Quando elas são reprimidas, você cria necessidades simbólicas. Por exemplo, você pode continuar comendo cada vez mais e mais, empanturrando-se com comida e você pode nunca sentir que já está satisfeito.

A necessidade é de amor; não é de comida. Mas a comida e o amor estão profundamente relacionados; assim, quando a necessidade de amor não é sentida, ou é reprimida, uma necessidade falsa por comida é criada e você pode continuar comendo. Como a necessidade é falsa, ela nunca pode ser satisfeita e nós vivemos em falsas necessidades.

É é por isso que não existe satisfação.
Você quer ser amado; essa é a necessidade básica - natural. Mas ela pode ser desviada para uma falsa dimensão. Por exemplo, a necessidade de amor, a necessidade de ser amado, pode ser sentida como uma necessidade falsa se você tenta desviar a atenção dos outros para si. Você quer que os outros prestem atenção em você; assim, você pode se tornar um líder político.

Grandes multidões podem prestar atenção em você, mas a necessidade básica real é de ser amado. E mesmo que todo mundo esteja prestando atenção em você, essa necessidade básica não pode ser preenchida. Essa necessidade básica pode ser preenchida até mesmo por uma única pessoa que o ame, que preste atenção em você devido ao amor.

Quando você ama alguém, você presta atenção nessa pessoa. Atenção e amor estão profundamente relacionados. Se você reprime a necessidade de amor, então, ela se torna uma necessidade simbólica; então, você precisa da atenção dos outros. Você pode tê-la, mas, então também, não haverá preenchimento. A necessidade é falsa, desconectada da necessidade natural, básica. Essa divisão na personalidade é a neurose.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Estamos com fome de amor

por Arnaldo Jabor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que
disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que
assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão
batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e
transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam
sozinhas.
E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram,
trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os
novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se
fosse,
era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber
carinho
sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um
atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber
que
vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos
nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como
voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão
distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de
relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor
pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra
ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma
multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos
e
inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a
cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o
solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas
bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de
frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém
ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer
ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado,
"pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais
cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante
que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na
rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a
oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se
um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno
demais,
pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte
com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser
estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver
é
out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não
posso
me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma
hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora,
mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me
arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Empatia: uma atitude naturalmente sábia e compassiva

(por Bell Cesar)

O desenvolvimento da espiritualidade nos lança em direção ao mundo: nos torna cada vez mais empáticos com os outros. Para que isto se torne realidade, precisamos inicialmente incluir em nossas atividades cotidianas uma atitude empática para conosco mesmos. Ser empático é algo natural no ser humano: quando vemos alguém sofrendo surge espontaneamente em nós o desejo de ajudar, simplesmente porque nesses momentos reconhecemos no outro alguém como nós e nos identificamos com ele.
A palavra empatia origina-se do termo grego empátheia, que significa “entrar no sentimento”. Portanto, a primeira condição para sermos empáticos é sermos receptivos aos outros e simultaneamente à nossa totalidade interior. Isto significa estar disposto a conhecer tanto os outros como a si mesmo. A empatia nos ajuda a nos libertar dos nossos padrões rígidos e repetitivos.
Segundo Robert Sardello, precisamos passar por três fases distintas para desenvolver a empatia. “O primeiro aspecto dessa atividade consiste em voltarmos conscientemente a nossa atenção para uma outra pessoa em uma atitude de abertura. Estendemos parte de nosso ser para além de seus limites usuais, ficamos interessados na existência e no destino da outra pessoa – mas não por curiosidade, aventura, criticismo, interesse pessoal ou poder”. Para tanto, temos antes que deixar escoar os nossos pensamentos habituais sobre ela e nos permitir senti-la de um modo mais direto e intuitivo.
Uma vez que abandonamos nossas idéias preconcebidas sobre aquela pessoa e nos encontramos sintonizados com ela, podemos passar para a segunda etapa: “Você se move em direção a sentir as qualidades interiores da outra pessoa sem saber ou precisar saber quais são elas, exatamente como uma criança que, antes de formar conceitos sobre o mundo, está aberta às suas impressões imediatas e qualidades interiores. Neste processo, entretanto, nem por um instante perdemos o senso de nós mesmos. O exercício não é uma fusão com a outra pessoa”.

A idéia é derrubar as barreiras que nos impedem de fazer um contato mais direto e espontâneo com o outro sem nos confundirmos com ele; portanto, “a terceira fase consiste em retornar à parte de nós mesmos deixada para trás enquanto encontrávamos a outra pessoa. Um eco daquilo que experimentamos enquanto residíamos no interior da outra pessoa permanece, e agora essa ressonância vive em nós como uma imagem da alma. Tal imagem pode gradualmente ser trazida ao entendimento através da contemplação”.
Este exercício nos aproxima dos outros, e nos ajuda a reconhecer as diferenças e os pontos que nos unem. Empatia não quer dizer tornar-se similar ao outro. Muito pelo contrário: ela surge à medida em que nos tornamos receptivos às diferenças. Compreender o outro em sua particularidade é fundamental. Formar parcerias torna-nos cada vez mais empáticos, pois estreitar nossos relacionamentos ajuda-nos a nos desapegarmos da visão autocentrada que gera ansiedade e solidão.
É como escreve Márcia Mattos: “O fato de o outro existir juntocomigo – de estar ao meu lado e de se dispor a fazer coisas comigo – me inspira a despertar qualidades que estavam inconscientes em mim. Toda personalidade se enriquece com isso. [...] Há uma poderosa química que o outro exerce sobre nós, produzindo efeitos e aflorando virtudes das quais nós sozinhos seríamos incapazes de nos apropriar”. O delicado equilíbrio entre as minhas, as suas e as nossas necessidades. Em geral, temos o hábito de olhar apenas para nossas necessidades, mesmo quando pensamos ser generosos. Esta é a razão por que é tão difícil ajudar os outros: temos dificuldade de percebê-los nas suas necessidades. Desta maneira, acabamos por criar vínculos desequilibrados e neuróticos, baseados na co-dependência.
“Co-dependente é uma pessoa que tem deixado o comportamento de outra pessoa afetá-la, e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa”. Quando dizemos sim, mas na realidade queremos dizer não, quando fazemos coisas que não queremos realmente fazer, ou fazemos o que cabia aos outros fazerem, estamos sendo co-dependentes e não pacientes e nem mesmo generosos! Uma atitude co-dependente pode parecer positiva, mas, na realidade, está gerando baixa auto-estima e falta de confiança.
Em outras palavras, se ao nos dedicarmos aos outros estivermos nos abandonando, mais à frente teremos de nos confrontar com as conseqüências de nossa atitude ignorante. Reconhecer nossos limites e necessidades é tão saudável quanto a motivação de querer superá-los. Sentir a dor do outro não quer dizer ter que repará-la. Este é nosso grande desafio: sentir a dor com o intuito de simplesmente nos aproximarmos dela, em vez de querer transformá-la de modo imediato.
É preciso deixar claro que ter empatia não tem nada a ver com a necessidade compulsiva de realizar os desejos alheios, própria dos relacionamentos co-dependentes. Stephen Levine nos dá uma boa dica para identificarmos se nossos relacionamentos são saudáveis ou não: “Na co-dependência, as balanças sempre pendem para um lado. É freqüente que um tenha de estar ‘por baixo’ para que o outro se sinta ‘por cima’. Não há equilíbrio, somente a temida gravidade. Em um relacionamento equilibrado não há um ‘outro dominante’; os papéis estão em constante mudança. Quem tiver o apoio mais estável sustentará a escalada naquele dia”.
A troca equilibrada entre ceder e requisitar, dar e receber afeto e atenção nos aproxima de modo saudável das pessoas que nos cercam sem corrermos o risco de criar vínculos destrutivos. “O paradoxo do relacionamento é que ele nos obriga a sermos nós mesmos, expressando sem hesitação e assumindo uma posição. Ao mesmo tempo, exige que abandonemos todas as posições fixas, bem como nosso apego a elas. O desapego em um relacionamento não significa que não tenhamos necessidades ou que não prestemos atenção a elas. Se ignoramos ou negamos nossas necessidades, cortamos uma parte importante de nós mesmos e teremos menos a oferecer ao parceiro. O desapego em seu melhor sentido significa não se identificar com as carências nem com as preferências e aversões. Reconhecemos sua existência, mas permanecemos em contato com nosso eu maior, onde as necessidades não nos dominam. A partir desta perspectiva, podemos escolher afirmar nosso desejo ou abandoná-lo, de acordo com as necessidades do momento”.
A empatia começa com a capacidade de estarmos bem conosco mesmos, de reconhecermos o que não gostamos em nós e admirarmos nossas qualidades. Quanto melhor tivermos sido compreendidos em nossas necessidades e sentimentos quando éramos crianças, melhor saberemos reconhecê-las quando adultos. Entrar em contato com os próprios sentimentos é a base para desenvolver a empatia. Como alguém que desconhece suas próprias necessidades poderá entender as necessidades alheias?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

As armadilhas do Ego

- ELISABETH CAVALCANTE -


O ego está sempre pronto para boicotar qualquer tentativa que empreendemos para escapar ao seu controle. Uma das armadilhas mais usuais do ego é fazer com que nos sintamos confortáveis na doença. Para isso, ele nos convence de que nossos problemas emocionais podem nos trazer a atenção do mundo e reverter nossa carência.

Muitas pessoas afirmam o tempo todo que gostariam de vencer suas dificuldades emocionais, mas rejeitam qualquer iniciativa prática que as levará a este objetivo.

As dificuldades que costumam criar para encontrar uma saída, constituem a saída que seu inconsciente encontra para fazer com que continuem presas ao ego negativo, aquele que fará de tudo para impedir que elas acessem seu verdadeiro ser.

As terapias tradicionais ajudam a ter consciência deste processo, mas não avançam no sentido de ajudar as pessoas a entrar em contato com aquela parte de seu ser que de fato as libertará do sofrimento. Isto porque, as terapias ocidentais se limitam a tratar a mente, quando é exatamente ela, a mente, o nosso principal problema.

As terapias são muito úteis como instrumento de catarse das emoções e bloqueios reprimidos e ajudam as pessoas a se perceberem de forma mais clara. Isto é importante porque muitos sofredores não têm sequer idéia dos principais motivos ou origem de seus sofrimentos emocionais.

Entretanto, este é apenas o primeiro estágio para a cura. O outro, o que realmente nos levará a um novo patamar de consciência e nos libertará dos mecanismos da mente e suas projeções, é a meditação. Ambas, terapia e meditação, devem caminhar juntas para proporcionar ao ser humano uma ferramenta realmente eficaz para driblar as armadilhas do ego.

Ego, o falso centro
... A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O Eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o Eu - não é possível.

... O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está continuamente pedindo atenção.
Você obtém dos outros a idéia de quem você é. Não é uma experiência direta.
É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Mas esse centro é falso, enquanto que o centro verdadeiro está dentro de você. O centro verdadeiro não é da conta de ninguém. Ninguém o modela. Você vem com ele. Você nasce com ele.

Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Esse é o Eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade - o ego. Esse é algo falso - é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente assim a sociedade irá apreciá-lo. Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é.

Os outros deram-lhe a idéia. E essa idéia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o Eu.

... Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a sensação de "eu sou". Afastando-se do que é conhecido, o medo toma conta; você começa a sentir medo da escuridão e do caos - porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser... É o mesmo que penetrar numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Mas aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo.

Foi assim que aconteceu. A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa.

E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo.
Além da cerca você é, tal como você é dentro da cerca - e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto.

... Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o Eu.

Uma vez que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade - essa é a própria ordem da existência.

É o que Buda chama de Dhamma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiúra delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas...

Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca.

Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia você simplesmente vê a folha seca caindo... e então o verdadeiro centro surge.
E esse centro verdadeiro é a alma, o Eu, o deus, a verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir".

OSHO, Além das Fronteiras da Mente