terça-feira, 24 de novembro de 2009

Cuidar dos Relacionamentos

::Roberto Shinyashiki::

Mais do que nunca, as pessoas estão morrendo de medo de ser abandonadas. De dizer "eu te amo" e não ser correspondidas. E, por isso, continuam abandonando, com medo de ser abandonadas. Dizem não, com medo de ouvi-lo.

O medo da rejeição nos impede de abrir nosso coração profundamente para os outros, pois não queremos nos sentir vulneráveis ou fragilizados. Para não ter de enfrentar esse medo, as pessoas não estão se relacionando em profundidade. Pelo contrário, buscam criar relacionamentos superficiais.

Nos relacionamentos atuais, principalmente entre os mais jovens, predomina a postura de "ficar" com alguém. Às vezes, "fica-se" com mais de uma pessoa no mesmo dia.

Muitas pessoas abandonaram a busca por uma relação mais amorosa, mais comprometida, satisfazendo-se com uma companhia de poucas horas. Um simples passatempo. Assim, no dia seguinte, pode-se ficar com outra pessoa, no outro dia com mais outra e assim por diante. Sem que qualquer relação se solidifique.

Existe até a prática de contabilizar quem beijou mais em uma festa ou em um evento qualquer. Beijam-se pessoas desconhecidas pelo simples ato de beijar, como se bebe água quando se está com sede. O beijo, nessas circunstâncias, deixou de ser a expressão de um sentimento afetivo de aproximação entre duas pessoas, deixou de ser uma entrega, deixou de ser um momento mágico, deixou de ser uma partícula de ligação e entrou no menu da rotina.

No amor, para muitas pessoas, a quantidade se tornou mais importante do que a qualidade... Na verdade, poucas pessoas perceberam que qualidade num relacionamento significa mergulhar em profundidade.

Nesse tipo de relacionamento superficial, não há tempo para conhecer o outro. E sem conhecimento, o amor não se desenvolve. Torna-se quase impossível estabelecer uma base sólida para a relação. (Trecho do meu livro "Amar Pode Dar Certo").

As pessoas estão esquecendo que um relacionamento que realmente nos completa, satisfaz e amplia a nossa dimensão de seres humanos precisa ir muito além disso.

Um relacionamento precisa ser construído sobre o amor, embalado pela cooperação, alimentado pelo respeito, forjado com confiança. Precisa ter aconchego, cumplicidade e doação. Precisamos saber dividir com o outro o nosso cobertor, nas noites frias, mesmo que para cobrir a orelhe dele precisemos descobrir nossos pés - e ficar feliz por estar dando ao outro o melhor de nós.

É preciso aprender a deixar de ver um relacionamento como uma armadilha, de onde não teremos saída, para descobrir nele a chave da nossa liberdade e da liberdade do outro. E isso só pode ser conseguido quando aprendemos a confiar mais.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Os porquês nossos de cada dia

Gostaria de dedicar a mensagem de hoje a Deborah, que tem aprendido a responder os próprios "porquês" e a não atropelar as coisas!


Os porquês nossos de cada dia
::Fabiano Ferreira::



Você já se pegou com muitos porquês circulando em seu pensamento? Todos somos rondados por aquelas perguntas infindáveis, que parecem que nunca serão respondidas. E mesmo se forem, suas respostas precisarão constantemente ser reformuladas, adaptadas.

Por quê, por exemplo, sempre valorizamos aquilo que não temos, aquilo que jamais talvez estará ao nosso alcance ou que mesmo que esteja, por enquanto ainda não é possível?

Por quê sempre o amor do vizinho, do casal amigo ou do par da novela é mais bonito que o nosso? Será que realmente estamos olhando profundamente, olho no olho para o nosso amor, e por isso mesmo não estamos sentindo os arrepios que gostaríamos?

Por quê os corpos da revista, da TV ou daquele colega de trabalho insuportável é mais bonito que o nosso, é mais saudável, atlético, vistoso? Estamos desvalorizando a perfeição e potencial físico que a nós foram dados?

Por quê o computador da vitrine da loja, o celular que saiu no panfleto do jornal ou aquele óculos que nos convida no shopping são melhores, mais bonitos e mais eficientes do que os que temos em casa? Será mesmo que exploramos todos os recursos que temos à mão ou somos sedentos pelo novo, sempre, numa angústia sem fim?

Por quê também queremos a casa da revista, a “viagem dos sonhos” ou este e aquele mimo que a propaganda insiste que merecemos? Será que não dá para se deliciar com o conforto de uma cama quentinha, lençol cheiroso e a música do cantor preferido tocando no aparelho de som? Não, queremos o iPod de última geração, embora a voz do Caetano continue a mesma.

Por quê, por quê e por quê? Eles são muitos, infindáveis. Tudo bem, sabemos que ter ambição é preciso e até necessário. Queremos sim o carro do ano, o amor mais bonito, a casa perfeita e os amigos mais bacanas. Queremos também a empresa responsável, a empregada mãezona, o MBA ou o pelo menos um título a mais que o de chefe. Mas quanto tempo não perdemos esperando pelo novo, pelo inusitado, pelo poder isso, poder aquilo? Quanto tempo não perdemos atropelando nosso dia, nossas noites, nossas amizades, nossos amores, em busca de algo que nem mesmo nós sabemos o que é?

Acho que perdemos muito nessa corrida sem rumo. Não olhamos mais fixamente para as coisas. Não olhamos mais diretamente nos olhos do nosso interlocutor. Lemos os livros das listas dos mais vendidos porque está na moda. Vamos ao cinema porque o filme é um blockbuster que a crítica diz que não podemos perder. Estouramos o orçamento porque a propaganda do cartão de crédito diz que para ser feliz é preciso atender a todos os desejos, sempre, a todo momento.

Perdemos muito tempo sim. Mas com os outros, talvez com quem nada contribui para a nossa alegria, para a nossa paz. Perdemos tempo com quem só quer nos sugar e nada nos acrescenta. Perdermos tempo teimando em ideias compradas, originadas em outras cabeças, que jamais vão entender nosso íntimo, nossa vontade, nossa verdadeira essência.

Mas ainda há o que se fazer. Sempre é tempo, dizem os sábios. Tempo de recomeçar, refletir, mudar, trilhar outros rumos, outros projetos, outros quereres. Sempre é tempo de abrir os olhos e realmente ver o quê e quem estão ao nosso redor. Olhar com o coração, com as lentes da memória, do amor. Sempre é tempo de tirar a vida daquele esqueminha ordinário que nos vendem por aí e afirmam com toda coragem ser o caminho da felicidade. Sempre é tempo de perguntar: por quê? Você já questionou algo hoje? Talvez esteja precisando dessa reflexão.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ser feliz, apesar dos problemas

::Gilberto Cabeggi::

Em uma de minhas conversas com amigos, um rapaz me perguntou: “Quando tudo parece complicado demais e estamos com mil problemas em volta, o que fazer para mesmo assim se manter feliz?”

Para responder a essa pergunta, comecei contando uma pequena história que ouvi do meu amigo Roberto Shinyashiki, que exemplifica bem essa situação:

“Um homem escorregou à beira de um precipício e ficou pendurado na raiz de uma árvore. Seus gritos de socorro atraíram um enorme urso faminto que, do topo do barranco tentava abocanhar sua cabeça. E também um grupo de onças que, logo abaixo de seus pés, se esforçavam para derrubá-lo. Já sem saber o que fazer, o homem olhou para o lado e viu, ao alcance de sua mão, um pequeno pé de morangos, com a mais linda fruta que ele já vira, brilhando ao sol. Esforçando-se para estender um dos braços, apanhou o morango, trouxe-o para perto do seu rosto, olhou-o com prazer, sentiu seu aroma delicioso e se deslumbrou com suas cores. E, em pensamento, exclamou: ‘Ora, dane-se o urso... Ora, danem-se as onças...’. E comeu o morango prazerosamente, deliciando-se com seu sabor doce e especial”.

Em geral, as pessoas só têm olhos para as desgraças da vida - ou para as dificuldades da vida, que elas normalmente chamam de desgraças. E isso as afasta da felicidade. Tudo o que elas veem, dizem e fazem está associado a resolver problemas ou, pior ainda, a reclamar dos problemas, muitas vezes sem fazer coisa alguma para resolvê-los.

Essas pessoas não dão a si mesmas a chance de admirar um pôr do sol, de brincar com seus filhos, de curtir um namoro com o companheiro, simplesmente porque “têm muita coisa para resolver” - como se tudo na vida dependesse delas. Em resumo, estão tão preocupadas com “os ursos e onças da vida”, que jamais conseguirão ver o delicioso morango que está ao seu lado. E muito menos saboreá-lo.

Para ser feliz, é imprescindível que você reserve um espaço em sua vida para apreciar as coisas boas que existem ao seu redor. Se você ficar esperando que as dificuldades acabem para começar a ser feliz, sua vida vai passar sem que você a tenha desfrutado. É preciso que você entenda e aceite que as dificuldades existem e sempre existirão. Mas não são impedimentos para a sua felicidade.

Em resumo, você pode sempre optar por ser feliz, apesar de todas as coisas que o possam estar incomodando ou magoando. Só depende de você querer ser feliz e fazer algo para ser feliz. Independente do que o possa estar angustiando.

Gilberto Cabeggi é autor do livro “Todo Dia É Dia de Ser Feliz”, Editora Gente.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pensador Indiano

::Mahatma Gandhi::

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos: "Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas ?" "Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles.
"Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?", questionou novamente o pensador.
"Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar: "Então não é possível falar-lhe em voz baixa?"
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então ele esclareceu :"Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?"
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo: "Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ouça o seu coração

::Osho::

...Ouça com muita atenção, com muita consciência e você nunca errará.
E, ouvindo o seu coração, você começará a seguir na direção certa, sem mesmo pensar no que é certo ou errado.
E segui-lo, onde quer que ele o leve.
Sim, algumas vezes ele o deixará frente a frente com alguns perigos - mas, lembre-se, esses perigos são necessários para que você amadureça.
Outras vezes, ele o fará se extraviar - mas, lembre-se mais uma vez, errar o caminho faz parte do crescimento.
Muitas vezes você cairá - torne a levantar-se, porque é assim que se reúnem forças, caindo e levantando-se novamente.
É assim que se fica integrado....

Mas não siga regras impostas pelo mundo exterior.

Nunca imite, seja sempre original.
Não vire uma cópia em papel carbono.
Mas é isso o que está acontecendo no mundo todo - cópias e cópias em papel carbono.
Cristo é Cristo, Buda é Buda, Krishna é Krishna, e você é você.
E você não é, de maneira nenhuma, menos do que ninguém.
Respeite-se, respeite sua voz interior e siga-a.

E lembre-se, não estou garantindo a você que essa voz sempre o levará ao lugar certo.
Muitas vezes ela o levará ao lugar errado, pois para encontrar a porta certa, é preciso bater primeiro em muitas portas erradas.
É assim que as coisas são.
Se você topar de repente com a porta certa, não será capaz de reconhecer se ela é a certa.
Portanto, lembre-se de que, no final das contas, nenhum esforço é jamais desperdiçado; todos os esforços contribuem para o apogeu do seu crescimento.

Portanto, não hesite, não fique tão preocupado quando cometer um erro.
Isso é um problema: ensinam às pessoas a nunca fazer nada errado, e então elas hesitam; ficam tão receosas, tão apavoradas com a possibilidade de fazer alguma coisa errada, que ficam empacadas.
Não conseguem sair do lugar, alguma coisa pode dar errado.
Então ficam como pedras, perdem todos os movimentos.

Cometa tantos erros quanto possível, lembre-se apenas de não cometer o mesmo erro duas vezes.

Ai você estará crescendo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

É possível encontrar um sentido maior para as nossas vidas?

::Patricia Gebrim::

"Na falta de um sentido maior para a existência, nos perdemos pela vida, acreditando que o que falta é um emprego melhor, um namorado, uma casa nova, ou seja o que for. Tentamos curar uma dor profunda na nossa alma com comprimidos para dor de cabeça. Claro que não funciona!"Eu tenho ouvido muitas pessoas descreverem a angústia que vem sentindo por não encontrar algo que dê sentido às suas vidas. Já sabemos que falta algo, mas ainda não sabemos o que é, onde está, ou como suprir a falta. Eu diria, a quem anda se sentindo assim:

- Pare de tentar desesperadamente fazer essa angústia passar. Aceite esse incômodo como se ele fosse uma forma da sua alma despertar você desse estado de dormência que acomete o homem moderno. Aceite que você está perdido e mude o foco. Não saia andando em qualquer direção como alguém perdido na selva que é tomado pelo desespero. As respostas estão dentro de você. Acalme-se, aquiete seus pensamentos, busque seu centro, observe tudo ao seu redor, as pistas estão aí, perto de você, dentro de você. Quanto mais desesperado você estiver, menos irá percebê-las. Aquiete-se, confie, sossegue...
Quando eu era pequena, gostava de brincar de tentar parar de pensar. Você já tentou fazer isso? Já tentou atravessar aquela vasta correnteza de pensamentos e ver o que existe lá atrás? Já sentiu, nem que por um breve segundo, a cor pacífica e azulada do silêncio, que existe naquele lugar onde não existem pensamentos?
Se tentou, sabe que não é fácil. É como tentar ler o jornal em um dia de vento forte. É possível que a gente acabe mais estressado do que bem informado! No entanto, precisamos aprender a fazer isso se quisermos encontrar o sentido maior, precisamos ser capazes de atravessar os pensamentos se quisermos chegar ao lugar de sabedoria que todos temos dentro de nós. Para chegar lá precisamos, antes de mais nada, desenvolver a nossa paciência. E exercitar a humildade para aprender algo que, ao menos no Ocidente, não é assim tão fácil de aprender.
Quando nos encaminhamos em direção ao novo de forma humilde, aceitamos que teremos dificuldades e não permitimos que os obstáculos se tornem fontes de frustração ou nos impeçam de seguir adiante. A humildade nos faz compreender que é natural que existam as dificuldades, e nos permite continuar lá o tempo necessário para que consigamos seguir em frente. Ou seja, qualquer novo aprendizado requer persistência, tenacidade e o nosso desejo real de seguir adiante.
Mais do que nunca eu creio que a maior parte dos problemas que vivemos em nosso cotidiano é reflexo de uma dor mais profunda, de feridas existenciais, de coisas que se passam lá dentro de nós, nas profundezas. Mas como só olhamos para fora, deixamos escapar o primordial e nos afastamos da possibilidade de solucionar o que de fato nos atormenta.
Na falta de um sentido maior para a existência, nos perdemos pela vida, acreditando que o que falta é um emprego melhor, um namorado, uma casa nova, ou seja o que for. Tentamos curar uma dor profunda na nossa alma com comprimidos para dor de cabeça. Claro que não funciona!
Para enxergar o que de fato está acontecendo conosco, é preciso que a gente pare um pouco e aprenda a olhar para dentro. Disso já sabemos. Mas o que acontece é que, quando finalmente decidimos nos arriscar e nos voltamos para nosso interior, nos deparamos com uma mente tão caótica que preferimos enfrentar o caos do trânsito até o shopping mais próximo, em busca de amortecer essa enorme falta de sentido que tanto nos atormenta.
Assim, não se assuste se seu mundo interno parecer confuso demais ou desgovernado. Vá em sua direção assim mesmo. Abra todos os seus canais de percepção. Preste mais atenção. Em você mesmo, em tudo à sua volta. Sem pressa, sem tentar organizar o caos, contendo a ansiedade.
Respire fundo e sinta isso, afinal você está vivo e a vida é uma dádiva, algo maravilhoso, acontecendo agora mesmo. Agora mesmo você está respirando, sinta isso. Comece por aí. Tente amar o fato de que você é capaz de respirar. Una-se à sua respiração, à vida que flui em você... se conseguir fazer isso, já terá um ótimo começo.
O sentido da sua vida não é algo que ninguém possa dar ou explicar a você, mas é algo que pode subitamente desabrochar no seu ser, com a mesma gentileza com que as flores desabrocham na primavera, revelando seu aroma, sua cor e sua profunda beleza.
Não se esforce, apenas conecte-se com sua natureza interna.
O que você busca está aí, agora mesmo. Pare um pouco com a caminhada, sente-se, relaxe e simplesmente seja você.