sábado, 27 de fevereiro de 2010

Fluir

:: Saul Brandalise Jr. ::



Esta palavra, em si, no seu bojo, contém um segredo...
Provavelmente, você, como eu, ficou muito tempo sem perceber que o melhor da vida é deixá-la FLUIR. É óbvio que fluir tem o significado de "caminhar" em estado líquido, porém, o que somos em verdade se nosso corpo físico é composto de 70% de líquido?
Deixemos isso de lado e fiquemos na essência, tentando assimilar que tudo acontece depois que fluímos em pensamentos e atitudes.
Na maioria das vezes, somos adestrados, em vez de sermos educados, a criar obstáculos em tudo que nos rodeia.
Precisamos nos proteger e sempre zelar pela segurança dos que nos rodeiam.
ERRADO!

Para se entender a vida é preciso que ela FLUA... Devemos dar asas à nossa imaginação. Permitir aos que nos cercam que também fluam e assim aprendam com seus erros e com os erros dos outros.
O grande problema é quando não recebemos educação e preparo para sermos nossos heróis em atos e ações, portanto, em aprendizado.
Devemos, sempre, permitirmos-nos sonhar com o próximo segundo, dia, ou próximos anos. Não importa o tempo. Importa o sonho e depois correr atrás dele de forma correta e determinada.
Correta é quando sei superar os meus obstáculos de maneira sábia, respeitando as regras da natureza em todo o meu caminhar.
Respeitar os seres humanos com os quais convivo, porque eles também sonham e invariavelmente desejam o que a gente quer:
SEREM RESPEITADOS.
De forma determinada para que saibamos superar os obstáculos que se apresentam na realização de cada objetivo. Um sonho só se torna objetivo quando tomamos a decisão de ir ao seu encontro.
Assim, a diferença entre um sonho e a realidade consiste apenas no momento em que eu decido FLUIR, caminhar e tomar atitudes.

Estacionar e pensar, meditar, é bom, recomendável em todos os sentidos, para que tenhamos equilíbrio, desde que o ato seguinte seja premiado com a bela decisão de implementar alguma coisa.
Jamais conseguiremos entender a vida se não a permitirmos FLUIR.
Portanto, eu mudei muito quando comecei a entender que eu sou o que construo em minha mente e depois FLUO com as atitudes corretas.
Não seria de todo ruim, portanto, compararmos a palavra FLUIR com o combustível que precisamos usar para sermos sábios. Também não custa lembrar que só é sábio aquele que aplica o seu conhecimento e, portanto, o faz fluir por meio de um ato ou uma palavra.

O que nos impede de Fluir é:
1. Fanatismo religioso.
2. Sermos adestrados e não educados.
3. Medo de seguir em frente.
4. Companhia de pessoas que nada agregam.
5. Tropeços ocorridos e mal-interpretados.
6. Conselhos recebidos (e inadequados).
7. Desconhecimento da importância de uma encarnação.

Você está estacionado ou fluindo com a sua vida?

Cuide-se.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Criando Expectativas

:: Elisabeth Cavalcante ::



Um dos caminhos mais eficazes para a frustração é criar expectativas. É da natureza da mente esperar que algo muito desejado aconteça rapidamente.
E, quando vivemos de modo inconsciente, não conseguimos perceber este jogo que nos leva sempre a esperar pela realização urgente de nossas esperanças e a sentir uma grande decepção quando elas não se concretizam.

Visto que não temos o poder de determinar a vontade e as atitudes alheias, torna-se impossível que possamos ter garantida a realização de todas as nossas expectativas.

Nas relações afetivas é onde este tipo de engano mais acontece, pois sempre projetamos no outro nossos desejos e esperamos ansiosamente que ele os satisfaça plenamente. Quando isto não ocorre, a reação é de revolta, pois nos sentimos traídos por aquele que não preencheu nossas expectativas.

Viver uma vida consciente pressupõe, antes de tudo, aprender a perceber quando estas ilusões começam a se formar em nossa mente e aceitar o fato de que não temos o dom de manipular a realidade para que ela se amolde ao nosso desejo.

A partir daí, tudo começa a fluir num novo ritmo. Passamos a nos relacionar de modo realista, enxergando o outro exatamente como ele é, sem qualquer fantasia ou ilusão.

Além disso, se torna possível aceitar, com tranquilidade, que nem sempre a realidade corresponderá aos nossos anseios, por mais que lutemos para isto.
Então, o bom senso e a sabedoria podem, finalmente, tomar o lugar da angústia, da ansiedade e do desespero.

Este não é um aprendizado fácil, mas é, sem dúvida, essencial para que nos libertemos do sofrimento criado por nossa própria mente, que insiste em nos manter prisioneiros da ilusão. A felicidade só se torna possível quando pudermos perceber o quanto nossas próprias expectativas criam a maioria das frustrações que experimentamos ao longo da vida.

"...Vocês estão todos vivendo em sombras. Vocês pensam, vocês projetam, vocês imaginam, vocês sonham... Vocês vivem em sombras, em suas esperanças. O que vocês têm ganho com suas esperanças? Apenas imaginação vazia que amanhã algo acontecerá, que não aconteceu agora, e vocês sentem-se preenchidos. E nunca acontece. O que acontece amanhã é a morte - e a morte cria medo pela simples razão de que vocês não estão conscientes.

O medo da morte é que tira o futuro de suas mãos. E vocês têm estado vivendo no futuro em sua imaginação, e a morte vem e põe uma parada: não mais amanhã. A existência não tem obrigação de preencher seus desejos e suas esperanças.
As pessoas esperam algo, nunca preenchido. Há sempre frustração ao redor. As pessoas estão vivendo em desespero, e a razão é que o que elas esperam... a existência não tem desejo, não tem razão para ir de acordo com as suas expectativas. Se você quer ser feliz, vá de acordo com a existência, onde quer que ela leve você.

Eis o que significa let-go: você simplesmente joga suas projeções, suas imaginações. E deixa a existência tomar conta de sua vida inteira. Então, não há desespero, porque não há possibilidade de tornar-se frustrado. Não há angústia e não há ansiedade, você está relaxado com a existência. O que quer que aconteça... é bom.

...Toda a existência é mais sábia do que eu, então o que quer que aconteça...
Não permaneça afastado, contra a existência, seja parte e sinta uma certa unidade.

...O significado é que o que quer que aconteça é bom. Você tem que achar a beleza disto e a alegria disto... Somente um homem de let-go não é enganado por nada. Ele toma tudo como vem, feliz e alegremente. E se as coisas mudam, ele permite a mudança sem qualquer obstáculo, sem criar barreira para prevenir a mudança.

...Tudo é como deveria ser. Então, pacificamente estão as montanhas na noite de lua cheia... estão em paz, dançando na lua cheia... Tudo é silêncio e paz. Não há frustração nas montanhas, não há frustração nos rios...

...O homem também pode ser tão feliz como as montanhas e tão pacífico como os rios, se ele olhar para a lua e as cercanias sem qualquer mente. Sem pensar, ele também se tornará parte de toda a cena.

Mas ele permanece sempre preocupado com suas próprias idéias estúpidas. Quando toda a existência está se regojizando, somente o homem está preocupado.
Você já viu uma árvore preocupada? Os animais também nunca estão preocupados. Mesmo na morte, morrem pacificamente. Pois, como tudo na existência, o que nasceu deverá morrer.

Mas a mente do homem perturba, sempre cria problemas - porque espera que as coisas sejam diferentes do que elas são. Ele não está pronto para aceitar a natureza da existência, ele a quer de acordo com ele. Este, "de acordo com ele", é toda a miséria.

Todo mundo está tentando que tudo seja de acordo consigo. Um pode dizer, outro pode não dizer - mas mesmo sem dizê-lo, sua mente está tramando pensamentos de que as coisas deveriam ser trazidas de acordo com a sua idéia - e isto é impossível.

Você não pode mudar a existência. Tudo o que você pode fazer... você pode abandonar sua mente".

OSHO - Rinzai: Master of the Irrational

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Cair Tudo Bem, Mas Que tal Aprender a Levantar?

::Sandra Helena Trovo::





Um belo dia resolvemos que chega de sofrer - deve haver uma maneira mais inteligente de viver - e começamos a procurar respostas, subsídios, que satisfaçam nossas necessidades.

- Os "mortos" podem não estar tão mortos...

Lembra do filme "A volta dos mortos vivos", com suas inúmeras partes? Pois é, podemos ser protagonistas de histórias desagradáveis que se repetem infinitamente, mesmo quando já temos um bom nível de consciência. É que crenças antigas e já identificadas por nós como negativas podem voltar a agir a qualquer momento. Persistentes e rápidas, assemelha-se a ervas daninhas. Enquanto restar uma mínima raiz elas voltarão, com toda a certeza.

- O tombo, em câmera lenta.

Estamos bem. Alegres. Animados. Confiantes! Olhamos para nós mesmos, para a nossa vida, e vemos que já construímos muita coisa boa, já superamos muitas limitações e dificuldades. Enxergamos os obstáculos atuais que temos pela frente e estudamos maneiras de superá-los. Ótimo! Estamos agindo positivamente.

Nos distraímos por um instante, e nem percebemos que aquele "caso" que alguém veio contar nos causou uma impressão ruim. Continuamos o nosso trabalho. Animados!

Começamos a sentir uma saudade danada de alguém de quem gostamos muito, que costumava estar sempre presente, nos incentivando, e que agora se afastou de nós. Chega a doer, mas continuamos as nossas atividades.

Lembramos dos amigos e percebemos que estão sumidos... Cada um por seu motivo, a verdade é que andam ausentes há algum tempo...

E aquela pessoa interessante que conhecemos na semana passada, e que ficou de ligar? Não ligou, "né"?

Ligamos o computador. A conexão está péssima. Quando conseguimos acessar a nossa correspondência, ficamos animados ao verificar que há sete e-mails novos! Mas são todos daquele chato que insiste em entupir nosso correio eletrônico com aquelas mensagens pesadas e impessoais.. . Que lástima!

- O nosso ânimo já era! A conexão cai, e caímos junto...

Você pode estar pensando que motivos assim tão pequenos não poderiam causar grande estrago na nossa alegria de viver, mas esse é um engano nosso.

Quando nos deparamos com situações altamente desagradáveis, graves mesmo, instintivamente paramos tudo e de alguma forma nos recolhemos para que possamos compreender o que está acontecendo. Já com as pequenas coisas fazemos diferente.

Costumamos nem parar pra ver o que é que estamos sentindo, vamos deixando "rolar"... Se não estivermos atentos, essas "coisinhas" agem como infiltrações de negativismo, que arruínam o nosso equilíbrio.

- As tentações...

Voltamos para o trabalho que estávamos fazendo com todo o carinho. Mas, o que aconteceu? Ele já não nos parece mais tão bom... Começamos a pôr um defeito aqui, outro ali... Perdemos a vontade de continuar trabalhando. Não estamos mais animados. Travamos.

Os velhos fantasmas estão de volta. Sabemos que o único modo de nos livrarmos deles é encarando-os com firmeza e expulsando-os sem piedade...

Mas, aí é que está... Sedutores nos tentam, estimulando em nós a nossa auto-piedade, que é um veneno disfarçado em apoio e aconchego.

Se nos deixarmos levar por essa correnteza, logo estaremos pensando que ninguém gosta de nós de verdade, que "os outros" não nos dão a atenção que merecemos, que não temos sorte para encontrar boas pessoas ou não temos qualidades suficientes para atrair bons relacionamentos - enfim, uma miséria só!

Onde isso vai parar é fácil deduzir, não é? No mínimo, acabaremos deprimidos e infelizes, prontinhos para atrair mais coisas desagradáveis.

O que aconteceu, na verdade, é que velhas crenças não totalmente extintas vieram à tona mais uma vez. Crenças em desvalorização, crenças que colocam o poder fora de nós, crenças que submetem o nosso valor à apreciação dos outros, crenças que dizem de uma maneira velada e cruel que não somos bons o bastante para realizarmos bons trabalhos, sermos amados e felizes.

Este "tombo" foi apenas um exemplo. Se observarmos nossa vida, encontraremos muitas outras seqüências de fatos que acabaram da mesma forma. Em algumas vezes é tudo muito rápido, em outras o processo leva dias, mas o ponto em comum é que não percebemos a tempo, não demos atenção ao que estávamos sentindo e deixamos de ouvir aquilo que o nosso coração estava querendo nos dizer.

- É hora de vigiar!

Se já conseguimos experimentar a alegria e o bem-estar administrando a nossa vida conscientemente, talvez um dos maiores desafios que tenhamos agora seja o de conseguirmos manter esse estado agradável em nós por períodos cada vez mais longos.

Os nossos "fantasmas" (ou os fantasmas das nossas crenças) continuarão vindo à tona e isso é ótimo! De que outro modo poderíamos saber que ainda estão ativos e operantes?

O jeito é ficarmos com nossos radares ligados o tempo todo - atentos ao que estamos sentindo, mente e coração conectados, para evitarmos que dentro de nós o veneno se instale, tornando-nos vulneráveis à sedução de antigas tentações que transferem a responsabilidade dos nossos sofrimentos ou das nossas alegrias para o mundo exterior, ao mesmo tempo em que tiram de nós o poder sobre a nossa própria vida.

- No mais, é cair e levantar, sem medo de cair de novo.

Não é assim que as crianças aprendem a andar?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Mudando o padrão

::Elisabeth Cavalcante::





Uma das maiores dificuldades para o ser humano é viver uma vida em total aceitação. Aceitar os acontecimentos quando eles vão contra nossos desejos e expectativas é algo muito difícil.
Entretanto, este é o aprendizado mais essencial, que pode fazer a diferença entre uma vida tranqüila e relaxada e outra, permanentemente dominada pela ansiedade, a frustração e a raiva.

Ninguém fica feliz ao ter a realização de seus desejos contrariada, no entanto, podemos, sim, aprender algo com esta experiência, ainda que seja encarar a realidade de que somos incapazes de ter todas as variáveis da existência sob controle.
O ego detesta ser contrariado e, quando isto acontece, geralmente agimos de modo irracional. O que faz a diferença é passar a perceber quando esta reação acontece e como podemos mudar este padrão de comportamento.

Ao invés da raiva, cultivar a aceitação consiste em não perder muito tempo na energia da revolta. Mas, passar, o mais rápido possível, para outro estágio, no qual nos dedicamos a encontrar uma nova maneira de lidar com o fato, percebendo como podemos tirar proveito desta situação, encontrar saídas e alternativas que nos tragam outros aprendizados.

Quanto mais treinarmos e aperfeiçoarmos esta habilidade, aos poucos perceberemos que a aceitação se torna uma reação natural e espontânea, que já não exigirá qualquer esforço de nossa parte.
Ao contrário do que muitos imaginam, aceitar não se resume a uma postura passiva e conformada diante da vida, ao contrário, é uma demonstração de inteligência, pois consiste em agir em harmonia com o ritmo da natureza, em vez de desperdiçar tempo tentando alterá-lo ou indo na direção oposta.

Obviamente, este é um aprendizado que não surge da noite para o dia. Exige um estado de atenção permanente ao nosso próprio interior, nossa mente e nossas emoções. Mas, ao exercitar esta mudança, somos surpreendidos pela rapidez com que a nova atitude se consolida, uma vez que nos dediquemos a desenvolvê-la com sinceridade e confiança.

Quem quiser receber o texto do Osho sobre esse tema peça-me por email, terei o maior prazer em enviá-lo : fermayoral@gmail.com