domingo, 29 de março de 2009

ESCUTATÓRIA

Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz o Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: "Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas". Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não "evangélico"), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.
Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em U definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: Meus irmãos, vamos cantar o hino... Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar.
A música acontece no silêncio.
É preciso que todos os ruídos cessem.
No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou.
A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada.
Somos todos olhos e ouvidos.
Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala.
Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

terça-feira, 24 de março de 2009

Diferenças entre as emoções

Eis a diferença entre emoções negativas e positivas: se você toma consciência de uma certa emoção e, pelo fato de tomar consciência, a emoção se dissipar, ela é negativa.

Se ao tomar consciência de uma certa emoção você se tornar a emoção, se a
emoção se expandir e passar a ser o seu próprio ser, ela é positiva.

A consciência funciona de modo diferente em cada caso. Se a emoção é
venenosa, você se livra dela por meio da consciência. Se ela é boa,
agradável, prazerosa, você e ela passam a ser uma coisa só. A consciência a aprofunda.

Então, para mim, este é o critério: se algo se aprofunda com a consciência,
isso é bom. Se algo se dissipa por meio da consciência, isso é ruim.

Aquilo que não consegue permanecer na consciência é pecado e aquilo que se desenvolve com a consciência é virtude. Virtude e pecado não são conceitos sociais, mas realizações interiores.

Osho, em "Faça o Seu Coração Vibrar"

segunda-feira, 23 de março de 2009

Felicidade (por Danuza Leão)

Fácil não é, mas existem maneiras de procurar a felicidade. A primeira coisa -e a mais importante- é tentar só ter como amigos gente com a vocação da felicidade. É claro que às vezes eles passam por problemas, e devemos ser solidários nesses momentos. Mas existem pessoas que nascem de baixo-astral, sempre se queixando de tudo, só falando de problemas e tristezas. Se você conviver muito com pessoas assim, pode saber que vai ficar mal. Aliás, gente assim só gosta de se dar com pessoas como elas; quem, nascido com o DNA lá em baixo, vai suportar ser amiga de quem é feliz, otimista, que vive rindo e achando a vida boa?

E não falo só de amigos: se o seu tintureiro se queixa o tempo todo da vida, o professor de ginástica só conta desgraças, a faxineira, as doenças dela e da família inteira, troque, mesmo com dó e piedade. Você tem que se defender, e uma das maneiras é se afastar, fugir, não chegar nem perto.

Eu tive uma empregada que era excelente, e apesar de só se queixar e me contar histórias trágicas (e antigas) -como morreu a avó há 50 anos, a sobrinha que tinha um filho que estava preso, a irmã que pesava 110 quilos e era diabética (tudo com riqueza de detalhes)-, fiquei com ela durante anos, já que era uma ótima profissional. Mas um dia não deu mais. Fiz das tripas coração e a demiti, com todas as vantagens da lei e muitas outras, para me livrar da culpa. Mas fiquei pensando: será que ela vai encontrar outro emprego? E se não encontrasse, a culpa seria toda minha, que deveria ter sido mais paciente e tolerante, sabendo que a vida dela não era fácil etc. etc. Mas sabe aquele dia em que não dá mais?

Pois não deu; assumir minha culpa não foi fácil, mas o que era para ser feito foi feito.

Aí veio uma outra, que não deu muito pé, e antes que laços de amizade se fizessem, dispensei. E aí veio a terceira, e minha vida mudou. Em primeiro lugar, ela é uma pessoa de altíssimo astral. Bem casada, feliz com o marido, e com um sorriso -quando não uma gargalhada- o tempo todo. Quando ela veio pela primeira vez conversar comigo, me chamou logo de Danuza, não de dona Danuza. Como desde que me entendo por gente as empregadas chamam as patroas de dona, achei um pouco estranho, mas não tive nenhuma condição de pedir que ela me chamasse de dona. Afinal, isso não tem nada a ver comigo. E assim fomos indo: Danuza pra cá, Vanúzia (é o nome dela) pra lá, e a vida correndo não só bem, como cada vez melhor. Ela me elogia, diz que o cabelo novo ficou ótimo, e me confessou que adora Clodovil, Agnaldo Timóteo e não perde um show de Fagner, sua grande paixão. Tudo isso me faz rir, e de repente percebi que estava rindo o dia inteiro.

Ontem ela estava na área passando roupa, e de repente ouvi um som estranho. Fui ver e era ela, com o ferro na mão, cantando; cantando alto uma música que nunca ouvi, provavelmente do repertório de Alcione, e quando cheguei à área ela me abriu um grande sorriso e perguntou "quer um chazinho gelado? Você quase não toma água, e água faz bem, vou pegar um copinho para você". Largou o ferro e me trouxe um chá bem gelado, e eu vi o quanto eu era feliz de ter uma pessoa assim perto de mim. Uma empregada que canta e que na hora de ir embora me manda um beijo; tem coisa melhor?

Vanúzia vai levar um susto quando ler esta coluna; é capaz até de mandar emoldurar, mas ela merece, pela felicidade que me dá.

E descobri que felicidade e tristeza são tão contagiantes quanto o sarampo.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Resiliência

“O problema não é o problema. O problema é sua atitude com relação ao
problema.” (Kelly Young)

Hoje a tristeza me visitou. Tocou a campainha, subiu as escadas, bateu à porta
e entrou. Não ofereci resistência. Houve um tempo em que eu fazia o
impossível para evitar que ela adentrasse os meus domínios. E quando isso
acontecia, discutíamos demoradamente. Era uma experiência desgastante.
Aprendi que o melhor a fazer é deixá-la seguir seu curso. Agora, sequer
dialogamos. Ela entra, senta-se na sala de estar, sirvo-lhe uma bebida
qualquer, apresento-lhe a televisão e a esqueço! Quando me dou por conta, o
recinto está vazio. Ela partiu, sem arroubos e sem deixar rastros. Cumpriu sua
missão sem afetar minha vida.

Hoje a doença também me visitou. Mas esta tem outros métodos. E outros
propósitos. Chegou sem pedir licença, invadindo o ambiente. Instalou-se em
minha garganta e foi ter com minhas amígdalas. A prescrição é sempre a
mesma: amoxicilina e paracetamol. Faço uso destes medicamentos e sinto-me
absolutamente prostrado. Acho que é por isso que os chamam de antibióticos.
Porque são contra a vida. Não apenas a vida de bactérias e vírus, mas toda e
qualquer vida...

Hoje problemas do passado também me visitaram. Não vieram pelo telefone
porque palavras pronunciadas ativam as emoções apenas no momento e
depois perdem-se, difusas, levadas pela brisa. Vieram pelo correio, impressos
em papel e letras de baixa qualidade, anunciando sua perenidade, sua
condição de fantasmas eternos até que sejam exorcizados.

Diante deste quadro, não há como deixar de sentir-se apequenado nestes
momentos. O mundo ao redor parece conspirar contra o bem, a estabilidade e
o equilíbrio que tanto se persegue. O desânimo comparece estampado em
ombros arqueados e olhos sem brilho, que pedem para derramar lágrimas de
alívio. Então, choro. E o faço porque Maurice Druon ensinou-me, através de
seu inocente Tistu, que se você não chora, as lágrimas endurecem no peito e o
coração fica duro.

Limão e Limonada
As Ciências Humanas estão sempre tomando emprestado das Exatas, termos
e conceitos. A última novidade vem da Física e atende pelo nome de
resiliência. Significa resistência ao choque ou a propriedade pela qual a energia
potencial armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a
tensão incidente sobre o mesmo.

Em Humanas, a resiliência passou a designar a capacidade de se resistir
flexivelmente à adversidade, utilizando-a para o desenvolvimento pessoal,
profissional e social. Traduzindo isso através de um dito popular, é fazer de
cada limão, ou seja, de cada contrariedade que a vida nos apresenta, uma
limonada, saborosa, refrescante e agradável.

Aprendi que não adianta brigar com problemas. É preciso enfrentá-los para não
ser destruído por eles, resolvendo-os. E rapidamente, de maneira certa ou
errada. Problemas são como bebês, só crescem se forem alimentados. Muitos
deles resolvem-se por si mesmos. Mas quando você os soluciona de forma
inadequada eles voltam, dão-lhe uma rasteira e, aí sim, você os anula
corretamente. A felicidade pontuou Michael Jansen, não é a ausência de
problemas. A ausência de problemas é o tédio. A felicidade é quando grandes
problemas são bem administrados.

Aprendi a combater as doenças. As do corpo e as da mente. Percebê-las,
identificá-las, respeitá-las e aniquilá-las. Muitas decorrem não do que nos falta,
mas do mal uso que fazemos do que temos. E a velocidade é tudo neste
combate. Agir rápido é a palavra de ordem. Melhor do que ser preventivo é ser
preditivo.

Aprendi a aceitar a tristeza. Não o ano todo, mas apenas um dia, à luz dos
ensinamentos de Victor Hugo. O poeta dizia que “tristeza não tem fim,
felicidade sim”. Porém, discordo. Penso que os dois são finitos. E cíclicos. O
segredo é contemplar as pequenas alegrias ao invés de aguardar a grande
felicidade. Uma alegria destrói cem tristezas...

Modismo ou não, tornei-me resiliente. A palavra em si pode cair no ostracismo,
mas terá servido para ilustrar minha atitude cultivada ao longo dos anos diante
das dificuldades, impostas ou auto-impostas, que enfrentei pelo caminho,
transformando desânimo em persistência, descrédito em esperança,
obstáculos em oportunidades, tristeza em alegria.
Nós apreciamos o calor porque já sentimos o frio. Apreciamos a luz porque já
estivemos no escuro. Apreciamos a saúde porque já fomos enfermos.

Podemos, pois, experimentar a felicidade porque já conhecemos a tristeza.
Olhe para o céu, agora! Se for dia, o sol brilha e aquece. Se for noite, a lua
ilumina e abraça. E assim será novamente amanhã. E assim é feita a vida.
Por Tom Coelho

terça-feira, 10 de março de 2009

Eu Sou (Osho)

Onde quer que você esteja, relembre de si mesmo,
que você é. Essa consciência de que você é deve tornar-se uma
continuidade. Não seu nome, sua nacionalidade. Essas coisas são fúteis,
absolutamente inúteis. Basta lembrar-se que: Eu sou. Isso não pode ser
esquecido. Caminhando, sentado, comendo, falando, lembre-se de que: Eu sou.

Isso será muito difícil, bem árduo. No começo
você continuará esquecendo: só haverá uns momentos quando você se
sentirá iluminado, então isso desaparece. Mas não se sinta miserável; mesmo
uns poucos momentos são muito.
Continue, sempre quando você puder lembrar novamente segure o fio.
Quando você esquecer, não se preocupe, lembre-se de novo, e aos poucos
os intervalos
diminuirão, os intervalos começarão a desaparecer, uma
continuidade irá surgir.

E quando sua consciência se tornar contínua, você não precisa usar a mente.
Assim não há nenhum planejamento, desse modo você age a partir de sua
consciência,
não a partir de sua mente. Portanto não há nenhuma necessidade de
qualquer desculpa, nenhuma necessidade de dar qualquer explicação.
Assim você é o que quer que você seja; não há nada para esconder. O que
quer que você seja, você
é.
Você não pode fazer mais coisa alguma. Você só pode ficar num estado de
contínua lembrança. Através dessa lembrança, dessa mentalidade, surge a
autêntica religião, surge a autêntica moralidade.

Isso é o que
os Hindus chamam de auto-lembranç a, o que Buda chamou de mentalidade
correta, o que Gurdjieff costumava chamar auto-relembrar, o que
Krishnamurti chama de consciência. Essa é a parte mais
substancial da
meditação, lembrar-se que: Eu sou..

Você
não precisa repeti-lo na mente, “Estou caminhando”. Se você repeti-lo,
isso não é lembrança. Você precisa estar não verbalmente cônscio de que
‘Estou caminhando, estou comendo, estou falando, estou escutando’.. O
que quer que você faça, o ‘Eu’ interior não deve ser esquecido; isso
deve permanecer.

Isso não é auto-consciência. Isso é consciência do
eu. Auto-consciência é ego. Consciência do eu é asmita...pureza, somente
estar cônscio de que ‘Eu sou’.

Geralmente,
sua consciência está dirigida para o objeto. Você olha para mim: toda
sua consciência se move na minha direção como uma flecha. Mas você está
flechado em direção a mim. Auto-lembranç a significa que você precisa ter
uma dupla-flecha: um lado dela mostrando-se a mim, outro lado mostrando-se a
você. Uma dupla-flecha é
auto-lembranç a.


Osho