quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Estação das perdas!

::Desconheço Autoria::



Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio...
Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido.
Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida, aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente: As perdas do ser humano.
Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero.
Estamos, a partir de então, por nossa conta, sozinhos.
Começamos a vida em perda e nela continuamos.
Paradoxalmente, no momento em que perdemos algo, outras possibilidades nos surgem. Ao perdermos o aconchego do útero, ganhamos os braços do mundo.
Ele nos acolhe, nos encanta e nos assusta, nos eleva e nos destrói...
E continuamos a perder...e seguimos a ganhar.
Perdemos primeiro a inocência da infância.
A confiança absoluta na mão que segura nossa mão, a coragem de andar na bicicleta
sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair...
E ao perdê-la, adquirimos a capacidade de questionar.
Por quê? Perguntamos a todos e de tudo...
Abrimos portas para um novo mundo e fechamos janelas, irremediavelmente deixadas para trás... Estamos crescendo. Nascer, crescer, adolescer, amadurecer,
envelhecer, morrer, renascer (?)...

Vamos perdendo aos poucos alguns direitos e conquistando outros.
Perdemos o direito de poder chorar bem alto, aos gritos mesmo, quando algo
nos é tomado contra a vontade.
Perdemos o direito de dizer absolutamente tudo que nos passa pela cabeça sem medo de causar melindres.
Assim, se nossa tia às vezes nos parece gorda tememos dizer-lhe isso.
Receamos dar risadas escandalosamente da bermuda ridícula do vizinho ou puxar as pelanquinhas do braço da vó (o que deveria ser feito com a maior naturalidade do mundo e ainda falar bem alto sobre o assunto).
Estamos crescidos e nos ensinam que não devemos ser tão sinceros.
E aprendemos...
E vamos adolescendo... ganhamos peso, ganhamos pêlos, ganhamos altura... ganhamos o mundo.

Neste ponto, vivemos em grande conflito.
Sonhamos acordados, sonhamos o tempo todo.
Aí de repente, caímos na real!
Estamos amadurecendo...todos nos admiram.
Tornamo-nos equilibrados, contidos, ponderados.
Perdemos a espontaneidade.
Passamos a utilizar o raciocínio, a razão acima de tudo.
Mas não é justamente essa a condição que nos coloca acima dos outros animais?
A racionalidade, a capacidade de organizar nossas ações de modo lógico
e racionalmente planejado?
E continuamos amadurecendo....ganhamos um carro novo, um(a) companheiro(a),
ganhamos um diploma.
E desgraçadamente perdemos o direito de gargalhar, de andar descalço, tomar banho de chuva, lamber os dedos.
Já não pulamos mais no pescoço de quem amamos e tascamos-lhe aquele beijo estalado...mas apertamos as mãos de todos, ganhamos novos amigos, ganhamos um bom salário, ganhamos reconhecimento, honrarias, títulos honorários e a chave da cidade...

E assim, vamos ganhando tempo....enquanto envelhecemos.
De repente percebemos que ganhamos algumas rugas, algumas dores nas costas
(ou nas pernas), ganhamos celulite, estrias, ganhamos peso...e perdemos cabelos.
Nos damos conta que perdemos também o brilho no olhar, esquecemos os nossos sonhos, deixamos de sorrir...perdemos a esperança.
Estamos envelhecendo. Não podemos deixar pra fazer algo quando estivermos morrendo...afinal, quem nos garante que haverá mesmo um renascer, exceto aquele que se faz em vida, pelo perdão a si próprio, pelo compreender que as perdas fazem parte, mas que apesar delas, o sol continua brilhando e felizmente chove de vez em quando, que a primavera sempre chega após o inverno, que necessita do outono que o antecede...
Que a gente cresça e não envelheça simplesmente...
Que tenhamos dores nas costas e alguém que as massageie...
Que tenhamos rugas e boas lembranças...
Que tenhamos juízo mas mantenhamos o bom humor e um pouco de ousadia...
Que sejamos racionais, mas lutemos por nossos sonhos...
E, principalmente, que não digamos apenas eu te amo, mas ajamos de modo que aqueles a quem amamos, sintam-se amados mais do que saibam...
"CORAGEM NÃO É DEIXAR DE ARRISCAR...

mas:

ARRISCAR MESMO COM MEDO”


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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Dia de Faxina

::Desconheço autoria::




Estava precisando fazer uma faxina em mim... Jogar alguns pensamentos indesejados para fora, lavar alguns tesouros que andavam meio enferrujados...

Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e não quero mais.

Joguei fora alguns sonhos, algumas ilusões... Papéis de presente que nunca usei, sorrisos que nunca darei; Joguei fora a raiva e o rancor das flores murchas que estavam dentro de um livro que não li. Olhei para meus sorrisos futuros e minhas alegrias pretendidas... E as coloquei num cantinho, bem arrumadas.

Fiquei sem paciência!... Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão: Paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras horríveis que nunca queria ter dito, mágoas de um amigo, lembranças de um dia triste... Mas lá também havia outras coisas... e belas!

Um passarinho cantando na minha janela... aquela lua cor-de-prata, o pôr do sol!... Fui me encantando e me distraindo, olhando para cada uma daquelas lembranças. Sentei no chão, para poder fazer minhas escolhas.

Joguei direto no saco de lixo os restos de um amor que me magoou. Peguei aspalavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima, pois quase não as uso, e também joguei fora no mesmo instante!

Outras coisas que ainda me magoam, coloquei num canto para depois ver o que farei com elas, se as esqueço lá mesmo ou se mando para o lixão.

Aí, fui naquele cantinho, naquela gaveta que a gente guarda tudo o que é mais importante: o amor, a alegria, os sorrisos, um dedinho de fé para os momentos que mais precisamos... como foi bom relembrar tudo aquilo!

Recolhi com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, coloquei perfume na esperança, passei um paninho na prateleira das minhas metas, deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.

Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças da infância, na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurada bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar... e de recomeçar...


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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A quinta ordem da ajuda

::Bert Hellinger::




A quinta ordem da ajuda

O trabalho da constelação familiar aproxima o que antes estava separado. Nesse sentido, ele está a serviço da reconciliação, sobretudo com os pais. O que impede essa reconciliação é a distinção entre bons e maus membros da família, tal como é feita por muitos ajudantes, sob o influxo de sua consciência e de uma opinião pública presa nos limites dessa consciência. Por exemplo, quando um cliente se queixa de seus pais, das circunstâncias de sua vida ou de seu destino, e quando um ajudante se associa à visão desse cliente, ele serve mais ao conflito e à separação do que à reconciliação. Portanto, alguém só pode ajudar, no sentido da reconciliação, quando imediatamente dá um lugar em sua alma à pessoa de quem o cliente se queixa. Assim, o ajudante antecipa na própria alma o que o cliente ainda precisa realizar na sua.

A quinta ordem da ajuda é portanto o amor a cada pessoa como ela é, por mais que ela seja diferente de mim. Dessa maneira, o ajudante abre a essa pessoa o seu coração, de modo que ela se torna parte dele. Aquilo que se reconciliou em seu coração também pode reconciliar-se no sistema do cliente. A desordem da ajuda seria aqui o julgamento sobre outros, que geralmente é uma condenação, e a indignação moral associada a isso. Quem realmente ajuda, não julga.

A percepção especial

Para poder agir de acordo com as ordens da ajuda, não é preciso qualquer percepção especial. O que eu disse aqui sobre as ordens da ajuda não deve ser aplicado de forma precisa e metódica. Quem tentar isso estará pensando, ao invés de perceber. Ele reflete e recorre a experiências anteriores, em vez de se expor á situação como um todo e apreender dela o essencial. Por isso, essa percepção envolve ambos os aspectos: ela é simultaneamente direcionada e reservada. Nessa percepção, eu me direciono a uma pessoa, porém sem querer algo determinado, a não ser percebê-la interiormente, de uma forma abrangente, e com vistas ao próximo ato que se fizer necessário.

Essa percepção surge do centramento. Nela, eu abandono o nível das ponderações, dos propósitos, das distinções e dos medos, e me abro para algo que me move imediatamente, a partir do interior. Aquele que, como representante numa constelação, já se entregou aos movimentos da alma e foi dirigido e impelido por eles de uma forma totalmente surpreendente, sabe de que estou falando. Ele percebe algo que, para além de suas idéias habituais, o torna capaz de ter movimentos precisos, imagens internas, vozes interiores e sensações inabituais.

Esses movimentos o dirigem, por assim dizer, de fora, e simultaneamente de dentro. Perceber e agir acontecem aqui em conjunto. Essa percepção é, portanto, menos receptiva e reprodutiva. Ela é produtiva; leva à ação, e se amplia e aprofunda no agir.

A ajuda que decorre dessa percepção é geralmente de curta duração. Ela fica no essencial, mostra o próximo passo a fazer, retira-se rapidamente e despede o outro imediatamente em sua liberdade. É uma ajuda de passagem. Há um encontro, uma indicação, e cada um volta a trilhar o próprio caminho. Essa percepção reconhece quando a ajuda é conveniente e quando seria antes danosa. Reconhece quando a ajuda coloca tutela ao invés de promover, e quando serve para remediar antes a própria necessidade do que a do outro. E ela é modesta.

Observação, percepção, compreensão, intuição, sintonia

Talvez seja útil descrever aqui ainda as diferentes formas de conhecimento, para que, quando ajudamos, possamos recorrer ao maior número delas que for possível, e escolher entre elas. Começo pela observação.

A observação é aguda e precisa, e tem em vista os detalhes. Como é tão exata, é também limitada. Escapa-lhe o entorno, tanto o mais próximo quando o mais distante. Pelo fato de ser tão exata, ela é próxima, incisiva, invasiva e, de certa maneira, impiedosa e agressiva. Ela é condição para a ciência exata e para a técnica moderna decorrente dela.

A percepção é distanciada. Ela precisa da distância. Ela percebe simultaneamente várias coisas, olha em conjunto, ganha uma impressão do todo, vê os detalhes em seu entorno e em seu lugar. Contudo, é imprecisa no que toca aos detalhes. Este é um dos lados da percepção. O outro lado é que ela entende o observado e o percebido. Ela entende o significado de uma coisa ou de um processo observação e percebido. Ela vê, por assim dizer, por trás do observado e do percebido, entende o seu sentido. Acrescenta, portanto, à observação e à percepção externa uma compreensão.

A compreensão pressupõe observação e percepção. Sem observação e percepção, também não existe compreensão. E vice-versa: sem compreensão, o observado e percebido permanece sem relação. Observação, percepção e compreensão compõem um todo. Somente quando atuam em conjunto é que percebemos de uma forma que nos permite agir de forma significativa e, principalmente, também ajudar de uma forma significativa.

Na execução e na ação, freqüentemente aparece ainda um quarto elemento: a intuição. Ela tem afinidade com a compreensão, assemelha-se a ela, mas não é a mesma coisa. A intuição é a compreensão súbita do próximo passo a dar. A compreensão é muitas vezes geral, entende todo o contexto e todo o processo. A intuição, em contraposição, reconhece o próximo passo e, por isso, é exata. Portanto, a relação entre a intuição e a compreensão é semelhante à relação entre a observação e a percepção.

Sintonia é uma percepção a partir do interior, num sentido amplo. Como a intuição, ela também se direciona para a ação, principalmente para a ação de ajuda. A sintonia exige que eu entre na mesma vibração do outro, alcance a mesma faixa de onda, sintonize com ele e o entenda assim. Para entendê-lo, também preciso ficar em sintonia com sua origem, principalmente com seus pais, mas também com seu destino, suas possibilidades, seus limites, e também com as conseqüências de seu comportamento e de sua culpa; e, finalmente, com sua morte.

Ficando em sintonia, eu me despeço, portanto, de minhas intenções, de meu juízo, de meu superego e de suas exigências sobre o que eu devo e preciso ser. Isso quer dizer: fico em sintonia comigo mesmo, da mesma forma que com o outro. Dessa maneira, o outro também pode ficar em sintonia comigo, sem se perder, sem precisar temer-me. Da mesma forma, também posso ficar em sintonia com ele permanecendo em mim mesmo. Não me entrego a ele, mas mantenho distancia na sintonia. Com isso, ao ajudá-lo, posso perceber exatamente o que posso fazer e o que tenho o direito de fazer. Por esta razão, a sintonia é também passageira. Ela dura apenas enquanto dura a ação da ajuda. Depois, cada um volta à sua própria vibração. Por esta razão, não existe na sintonia transferencia nem contratransferência, nem a chamada relação terapêutica. Portanto, um não assume a responsabilidade pelo outro. Cada um permanece livre do outro.


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quarta-feira, 30 de julho de 2014

A terceira e a quarta ordem da ajuda

::Bert Hellinger::




A terceira ordem da ajuda

Muitos ajudantes, por exemplo, na psicoterapia e no trabalho social, acham que precisam ajudar os que lhes pedem ajuda, da mesma forma como os pais ajudam seus filhos pequenos. Inversamente, muitos que buscam ajuda esperam que os ajudantes se dediquem a eles como os pais se dedicam a seus filhos, no intuito de receber deles, tardiamente, o que esperam e exigem dos próprios pais.

O que acontece quando os ajudantes correspondem a essas expectativas? Eles se envolvem numa longa relação. Aonde leva essa relação? Os ajudantes ficam na mesma situação dos pais, em cujo lugar se colocaram com essa vontade de ajudar.

Passo a passo, eles precisam impor limites aos que buscam ajuda, decepcionando-os. Então estes desenvolvem freqüentemente, em relação aos ajudantes, os mesmos sentimentos que tinham antes em relação a seus pais. Assim, os ajudantes que se colocaram no lugar dos pais, querendo mesmo, talvez, ser pais melhores, tornam-se, para os clientes, iguais aos pais deles. Porém muitos ajudantes permanecem presos na transferência e na contratransferência da relação entre filho e pais. Com isso, dificultam ao cliente a despedida, tanto de seus pais quanto dos próprios ajudantes. Ao mesmo tempo, uma relação segundo o modelo da transferência entre pais e filhos impede também o desenvolvimento pessoal e o amadurecimento do ajudante.

Vou ilustrar isso com um exemplo:

Quando um homem jovem se casa com uma mulher mais velha, ocorre a muitos a imagem de que ele procura um substitutivo para sua mãe. E o que procura ela? Um substitutivo para seu pai. Inversamente, quando um homem mais velho se casa com uma moça mais jovem, muitos dizem que ela procurou um pai. E ele? Procurou uma substituta para sua mãe. Assim, por estranho que soe, quem se obstina por muito tempo numa posição superior e mesmo a procura e quer manter, recusa-se a assumir seu lugar entre adultos equiparados.

Existem, porém, situações, em que convém que, por algum tempo, o ajudante represente os pais: por exemplo, quando um movimento amoroso precocemente interrompido precisa ser levado a seu termo. Contudo, diferentemente da transferência da relação entre pais e filhos, o ajudante apenas representa aqui os pais reais. Ele não se coloca em lugar deles, como se fosse uma mãe melhor ou um pai melhor. Por esta razão, também não é preciso que o cliente se desprenda do ajudante, pois este o leva a afastar-se dele e a voltar-se para os próprios pais. Então o ajudante e cliente se liberam mutuamente.

Mediante a adoção desse padrão de sintonia com os pais verdadeiros, o ajudante frustra, desde o início, a transferência da relação entre os pais e o filho. Pois, quando respeita em seu coração os pais do cliente, e fica em sintonia com esses pais e seus destinos, o cliente encontra nele os seus pais, dos quais já não pode esquivar-se. A mesma coisa vale quando o ajudante precisa lidar com crianças ou deficientes físicos. Na medida em que ele apenas representa os pais, e não se coloca em seu lugar, os clientes podem sentir-se em segurança com ele.

A terceira ordem da ajuda seria, portanto, que, diante de um adulto que procura ajuda, o ajudante se coloque igualmente como um adulto. Com isso, ele recusa as tentativas do cliente para fazê-lo assumir o papel dos pais. É compreensível que essa atitude do ajudante seja sentida e criticada, por muitas pessoas, como dureza. Paradoxalmente, essa “dureza” é criticada por muitos como arrogância. Quem olha bem, vê que a arrogância consistiria antes no envolvimento do ajudante numa transferência da relação entre pais e filho.

A desordem da ajuda consiste aqui em permitir a um adulto que faça ao ajudante as exigências de um filho a seus pais, para que o trate como criança e o poupe de algo pelo qual somente o cliente pode e deve carregar a responsabilidade e as conseqüências. É o reconhecimento dessa terceira ordem da ajuda que constitui a mais profunda diferença entre o trabalho das constelações familiares e psicoterapia habitual.

A quarta ordem da ajuda

Sob a influência da psicoterapia clássica, muitos ajudantes freqüentemente encaram seu cliente como um indivíduo isolado. Com isso, também se expõem facilmente ao risco de assumirem a transferência da relação entre pais e filho. Contudo, o indivíduo é parte de uma família. Somente quando o ajudante o percebe assim é que ele percebe de quem o cliente precisa, e a quem ele possivelmente está devendo algo.

O ajudante realmente percebe o cliente a partir do momento em que o vê junto com seus pais e antepassados, e talvez também junto com seu parceiro e com seus filhos. Então ele percebe quem, nessa família, precisa principalmente de sua atenção e de sua ajuda, e a quem o cliente precisa dirigir-se para reconhecer os passos decisivos e levá-los a termo. Isto significa que a empatia do ajudante precisa ser menos pessoal e – principalmente - mais sistêmica. Ele não se envolve num relacionamento pessoal com o cliente. Esta é a quarta ordem da ajuda.

A desordem da ajuda, neste caso, consistiria em não contemplar nem honrar outras pessoas essenciais, que teriam em suas mãos, por assim dizer, a chave da solução. Incluem-se entre elas, sobretudo, aquelas que foram excluídas da família, por exemplo, porque os outros se envergonharam delas.

Também aqui é grande o perigo de que essa empatia sistêmica seja sentida como dureza pelo cliente, sobretudo por aqueles que fazem reivindicações infantis ao ajudante. Pelo contrário, aquele que busca a solução, de maneira adulta, sente esse enfoque sistêmico como uma liberação e uma fonte de força.


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terça-feira, 29 de julho de 2014

A primeira e a segunda ordem da ajuda

::Bert Hellinger::




A primeira ordem da ajuda

A primeira ordem da ajuda consiste, portanto, em dar apenas o que temos, e em esperar e tomar somente aquilo de que necessitamos. A primeira desordem da ajuda começa quando uma pessoa quer dar o que não tem, e a outra quer tomar algo de que não precisa; ou quando uma espera e exige da outra algo que ela não pode dar, porque não tem. Há desordem também quando uma pessoa não tem o direito de dar algo, porque com isso tiraria da outra pessoa algo que somente ela pode ou deve carregar, ou que somente ela tem a capacidade e o direito de fazer. Assim, o dar e o tomar estão sujeitos a limites, e pertence à arte da ajuda percebê-los e respeitá-los.

Essa ajuda é humilde, e muitas vezes, em face da expectativa e da dor, ela renuncia a agir. O trabalho com as constelações familiares coloca diante de nossos olhos o que deve exigir quem ajuda, tanto de si mesmo quanto da pessoa que busca ajuda. Essa humildade e essa renúncia contradizem muitas concepções usuais sobre a correta maneira de ajudar, e freqüentemente expõem o ajudante a graves acusações e ataques.

A segunda ordem da ajuda

A ajuda está a serviço da sobrevivência, por um lado, e da evolução e do crescimento, por outro. Todavia, a sobrevivência, a evolução e o crescimento também dependem de circunstâncias especiais, tanto externas quanto internas. Muitas circunstâncias externas são preestabelecidas e não são modificáveis: por exemplo, uma doença hereditária, as conseqüências de acontecimentos ou de uma culpa. Quando a ajuda deixa de considerar as circunstâncias externas ou se recusa a admiti-las, ela se condena ao fracasso. Isto vale, com maior razão, para as circunstâncias internas. Elas incluem a missão pessoal particular, o envolvimento nos destinos de outros membros da família, e o amor cego que, sob o influxo da consciência, permanece vinculado ao pensamento mágico. O que isso significa em casos particulares eu expus exaustivamente em meu livro “ Ordens do Amor”, no capítulo “Do céu que faz adoecer, e da terra que cura”.

Para muitos ajudantes, o destino da outra pessoa pode parecer difícil, e gostariam de modificá-lo; não, porém, muitas vezes, porque o outro o necessite ou deseje, mas porque os próprios ajudantes dificilmente suportam esse destino. E quando o outro, não obstante, se deixa ajudar por eles, não é tanto porque precise disso, mas porque deseja ajudar o ajudante. Então, quem ajuda realmente está tomando, e quem recebe a ajuda se transforma em doador.

A segunda ordem da ajuda é, portanto, que ela se amolde às circunstancias e só intervenha com apoio na medida em que elas o permitem. Essa ajuda mantém reserva e possui força. Há desordem da ajuda, neste caso, quando o ajudante nega as circunstâncias ou as encobre, ao invés de encará-las, juntamente com a pessoa que busca a ajuda. Querer ajudar contra as circunstâncias enfraquece tanto o ajudante quanto a pessoa que espera ajuda ou a quem ela é oferecida ou mesmo imposta.

O protótipo da ajuda

O protótipo da ajuda é a relação entre pais e filhos e, principalmente, a relação entre a mãe e o filho. Os pais dão, os filhos tomam. Os pais são grandes, superiores e ricos, ao passo que os filhos são pequenos, necessitados e pobres. Contudo, porque os pais e os filhos são ligados entre si por um profundo amor, o dar e o tomar entre eles pode ser quase ilimitado. Os filhos podem esperar quase tudo de seus pais. E os pais estão dispostos a dar quase tudo a seus filhos. Na relação entre pais e filhos, as expectativas dos filhos e a disposição dos pais para atendê-las são necessárias; portanto, estão em ordem.

Contudo, elas só estão em ordem enquanto os filhos ainda são pequenos. Com o avançar da idade, os pais vão impondo aos filhos, em escala crescente, limites com os quais eles eventualmente se atritam e podem amadurecer. Estarão sendo os pais, nesse caso, menos bondosos para com seus filhos? Seriam pais melhores se não colocassem limites? Ou, pelo contrário, eles se manifestam como bons pais justamente ao exigirem de seus filhos algo que também os prepara para uma vida de adultos? Muitos filhos ficam então com raiva de seus pais, porque preferem manter a dependência original. Contudo, justamente porque os pais se retraem e desiludem essas expectativas, eles ajudam seus filhos a se livrarem dessa dependência e, passo a passo, a agirem por própria responsabilidade. Só assim os filhos tomam o seu lugar no mundo dos adultos e se transformam de tomadores em doadores.


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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ajuda como compensação!

Olá pessoal!

Durante a semana passada estive fora e acabei me dando umas férias das redes sociais, inclusive do Blog e dos emails que recebo aqui!
Agora, abrindo emails, percebi o quanto as pessoas precisam de ajuda. É claro que, como psicóloga, encontro várias pessoas que precisam de ajuda o dia todo. Então você pode me perguntar: "Como assim? Você percebeu isso só agora?"
Não! Não percebi só agora! O que eu percebi foi o quanto precisamos SABER como pedir ajuda e também SABER como ajudar.
Resolvi, a partir disso, partilhar com vocês um texto excelente do Bert Hellinger que nos ensina a ajudar e ser ajudados, além disso ele também nos mostra o que há por traz da nossa necessidade de ajudar ou de receber ajuda.
Como é um texto grande, partilharei por etapas. Amanhã volto aqui para postar a segunda parte.

Um grande abraço a todos e uma ótima leitura!😘




::Bert Hellinger::

A ajuda é uma arte. Como toda arte, envolve uma capacidade que pode ser aprendida e praticada. E envolve empatia em relação ao objeto, a saber, a compreensão do que corresponde a esse objeto e, simultaneamente, daquilo que o eleva, por assim dizer, acima de si mesmo, em algo mais abrangente.

Ajuda como compensação

Nós, seres humanos, dependemos, sob todos os aspectos, da ajuda dos outros, como condição de nosso desenvolvimento. Ao mesmo tempo, precisamos também de ajudar outras pessoas. Aquele de quem não se necessita, aquele que não pode ajudar outros, fica só e se atrofia. O ato de ajudar serve, portanto, não apenas aos outros, mas também a nós mesmos. Via de regra, a ajuda é um processo recíproco, por exemplo, entre parceiros. Ela se ordena pela necessidade de compensar. Quem recebeu de outros o que deseja e precisa, também quer dar algo, por sua vez, compensando a ajuda.

Muitas vezes, a compensação que podemos fazer através da retribuição é limitada. Isso ocorre, por exemplo, em relação a nossos pais. O que eles nos deram é excessivamente grande, para que o possamos compensar dando-lhes algo em troca. Só nos resta, em relação a eles, o reconhecimento pelo que nos deram e o agradecimento que vem do coração. A compensação pela doação, com o alívio que dela resulta, só se consegue, nesse caso, repassando essa dádiva a outras pessoas: por exemplo, aos próprios filhos.

Portanto, o processo de tomar e de dar se processa em dois diferentes patamares. O primeiro, que ocorre entre pessoas equiparadas, permanece no mesmo nível e exige reciprocidade. O outro, entre pais e filhos, ou entre pessoas em condição superior e pessoas necessitadas, envolve um desnível. Tomar e dar se assemelham aqui a um rio, que leva adiante o que recebe em si. Essa forma de tomar e dar é maior, e tem em vista também o que virá depois. Nesse modo de ajudar, o que foi doado se expande. Aquele que ajuda é tomado e ligado a uma realização maior, mais rica e mais duradoura.

Esse tipo de ajuda pressupõe que nós próprios tenhamos primeiro recebido e tomado. Pois só então sentimos a necessidade e temos a força para ajudar a outros, especialmente quando essa ajuda exige muito de nós. Ao mesmo tempo, ela parte do pressuposto de que as pessoas a quem queremos ajudar também necessitam e desejam o que podemos e queremos dar a elas. Caso contrário, nossa ajuda se perde no vazio. Então ela separa, ao invés de unir.


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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Você sabe ouvir com o coração?

::Patricia Gebrim::







"O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você". A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito... " Rubem Alves Ah se eu pudesse voltar atrás o filme da minha vida, quantas coisas faria diferente...

Com a passagem dos anos aprendi que a dor molda a nossa sensibilidade e nos ajuda a perceber um mundo mais sutil, onde cada pequeno ato se torna um diamante cheio de delicadeza.

Quando adoecemos, por exemplo, sentimos o quão importante é o carinho e a presença de um amigo que segure a nossa mão. E então olhamos para trás e nos damos conta de quantas vezes fomos pouco cuidadosos com aqueles a quem amamos, por pura falta de sensibilidade para perceber que podíamos SIM fazer diferença.

Eu queria ter sabido antes o que só estou descobrindo agora.

E queria poder saber agora todas aquelas coisas que só se tornarão claras no futuro.

Hoje li na internet um lindo texto escrito pelo psicanalista Rubem Alves. É incrível como me sinto tocada por esse escritor, não especificamente por seu dom de escrever, se bem que escreva tão divinamente que me deixa quase sem ar. Mas o que me toca fundo é ele ter tanta alma, uma alma que se derrama em meu coração sempre que leio suas palavras.

"O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você". A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção". Rubem Alves

Rubem, você está certo, hoje em dia é coisa rara encontrar um ouvido que não esteja morto. Quantas vezes falamos com pessoas que se dizem amigas, e após quase uma hora de conversa vamos embora, com o peito sangrando, sem que a outra pessoa tenha sequer percebido aquele líquido vermelho e quente brotando da ferida aberta. Não porque tenhamos escondido nada, mas a pessoa estava tão entretida em olhar para si mesma que nem chegou a nos perceber. E não achem que por estar escrevendo isso eu me coloque do lado de fora dessa horrenda maldição.

Quantas vezes não devo ter passado reto por alguém que estava aos pedaços, sem me dar conta, sem nem mesmo ver? Me dói pensar nisso, e peço perdão a todos a quem eu tenha insensivelmente oferecido minha cegueira. Por mais que fiquemos atentos, vez ou outra somos hipnotizados por essa serpente e ficamos lá, cegos, olhando para nós mesmos, com ouvidos surdos e uma pedra sobre nosso coração.

Não quero viver assim. Repetindo a palavra "eu", como um daqueles discos antigos riscados, que subitamente se tornava um prisioneiro irritante de uma mesma parte da música, tornando feio o que poderia ter sido tão belo.

Será que estamos perdendo a sensibilidade? Virando pedra? Me recuso a escolher essa explicação. Prefiro acreditar que o que antes passava despercebido agora se torna mais e mais visível. Prefiro acreditar que estamos despertando desse estado tão triste, dessa auto-hipnose. Prefiro pensar que, ao nos darmos conta dessa distorção, podemos dar o primeiro passo no sentido de fazer escolhas diferentes. Se enxergarmos agora, se percebermos o quanto temos sido egoístas, talvez possamos economizar muitos anos, coisa preciosa nesses tempos em que os relógios correm enlouquecidos para fora de nosso controle.

Podemos mudar, agora. E de repente o milagre acontece. E é lindo. Olhamos nos olhos do outro e... Existe alguém lá! Olhamos mais de perto e percebemos o quanto aquilo que vemos é belo, e torna-se impossível desviar o olhar. Sentimos que algo bate mais forte em nosso peito. Ganhamos um coração? Sim. Um coração. E é ele quem sabe perguntar:

- Como você está ? Está feliz? Algo anda te fazendo sofrer? Existe beleza na sua vida? Posso fazer algo por você?

Fechem os olhos por um instante e sintam a beleza disso.

Podemos perguntar e, de fato, "ouvir a resposta". E levá-la para dentro de nós, para aquele lugar sagrado ao qual não me canso de referir. E mais. Podemos sentir a alegria do outro, a tristeza do outro, e a dor do outro; e descobrimos que não há diferença entre elas e a nossa própria alegria, e tristeza e dor. E ao aliviarmos um pouco a dor do outro, é o nosso peito que fica instantaneamente mais leve, porque nós e o outro somos um.

"Eu e o outro somos um". É muito especial o momento quando percebemos isso. E é assim que vamos libertando o amor. E sendo amor.

Isso talvez faça parte desse grande e lindo plano do Universo, o plano de nos tornarmos, finalmente, humanos.



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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Controle absoluto da vida?

::Silvana Lance::




É natural querermos estar no controle da vida. Fazemos nossos planos e temos a tendência de acreditar que a vida segue de acordo com eles porque isto nos dá uma sensação de segurança, mas as inquietações estão sempre presentes, e se nos questionarmos no silêncio dos dias e observarmos rotinas aparentemente normais, perceberemos razões que guiam nossas vidas enquanto seguimos pensando que estamos no controle dela! O perceptível às vezes tem um sentido invisível e nem sempre é aquilo que parece ser, sendo assim como podemos ter controle sobre tudo?!

No intento de aplacar nossos medos tendemos a ser autoritários com a vida impondo o domínio absoluto sobre ela, mas quando ela nos coloca diante de situações onde nosso descontrole e impotência ficam evidentes, ficamos estarrecidos, chegamos até mesmo a ficar enfurecidos reagindo com um ataque tal qual crianças mimadas e frustradas diante da decepção por perdermos a direção que ilusoriamente pensávamos possuir! Mas a vida nos mostra, e às vezes até mesmo de uma forma muito dura, que o máximo que podemos de fato controlar é a nós mesmos através de nossos pensamentos e escolhas, e mesmo assim vamos perceber o quanto é fácil perder o controle!

Muitos, tentando se cercarem de garantias tentam impor controle também sobre a vida de outros, pressionam situações e pessoas até mesmo com a intenção de ter a quem culpar quando perdem as rédeas, pois não aceitam que não detêm este poder! Mas diante de todas as incertezas que nos cercam, seria uma atitude egoísta agir com prepotência tentando impor o medo, a superioridade ou até mesmo a manipulação emocional para captarmos uma sensação de segurança através das pessoas!

Se cultivarmos o pensamento de que podemos controlar tudo, ficaremos continuamente cansados e frustrados pois somos surpreendidos freqüentemente por acontecimentos que estão além de nosso controle embora tomemos todas precauções!

Não é tarefa simples exercer a calma quando as coisas não reagem ao nosso controle, pois nos preparamos para viver a vida dentro do que planejamos e repentinamente nos vemos sem direção e atordoados quando ela segue outro rumo! E quando nos deparamos com a possibilidade de ter que desistir de um caminho, ficamos decepcionados e tristes, mesmo quando muitas vezes a palavra certa não seja desistência e sim paciência. Portanto ao invés de pensarmos em fracasso quando nossos planos não atendem ao nosso controle, podemos tentar escutar o que a vida está querendo nos dizer e aprender que ela segue seu rumo mas que nem sempre podemos conduzir ou interferir em seu ritmo!

Precisamos ter em mente que nosso caminho também é influenciado por nosso livre-arbítrio e que em nossas tentativas de acertos cometemos erros que nos atrasam ou nos deviam de nossas metas, portanto, temos que ser tolerantes conosco assumindo também a nossa própria responsabilidade sem ceder ao desânimo, buscando sempre aprender a lição que está contida em cada acontecimento, a qual não tem o intuito de nos castigar mas sim nos fazer crescer e amadurecer.

Se prestarmos atenção, veremos que a maioria de nós tem o suficiente para enfrentar o dia de hoje sem precisar se preocupar com o amanhã, mas freqüentemente nos inquietamos com coisas que provavelmente nunca acontecerão! E quando começamos a pensar muito “e se...” a porta para a ansiedade e a preocupação se abrem, e em algumas pessoas são tão consistentes que podem se transformar em medos que se manifestam justamente por estarem sendo cultivados! E nem mesmo sabemos se o amanhã virá! A única certeza que temos é o do agora! Mas também não podemos adquirir a convicção de que não vale a pena nos esforçarmos para planejar nossas vidas e alcançar nossas metas só porque nos damos conta de que a vida pouco obedece ao nosso controle, temos que nos direcionar e fazer a nossa parte mantendo sob controle nossas expectativas!

É difícil encarar que estamos à mercê dos acontecimentos, chega a ser assustador, por isto a fé em algo superior se torna essencial para que possamos suportar nossa falta de visão, pois acreditando que alguém está no controle e que existe um sentido pra tudo, aplacamos também a nossa ansiedade em querer se antecipar aos acontecimentos.

A cada dia temos que estar atentos às oportunidades e flexíveis às mudanças quando estas se tornam necessárias, enfrentando o desafio de vivermos a plenitude dos momentos sem ficarmos ansiosos procurando a certeza de que o nosso dia seguirá ao pé da letra aquilo que impomos a ele, afinal não podemos julgar acontecimentos quando não temos a visão de um todo! Temos que aprender a aceitar isto para seguir em frente, acreditando sempre que nada acontece por um simples acaso e sim para nos colocar novamente na sintonia da vida e no compasso do universo onde existem leis que não compreendemos.

Vamos viver o dia de hoje, não como se não houvesse o amanhã e sim com o pensamento de que não sabemos se ele virá, mas sempre atentos ao fato de que o nosso amanhã será a herança do nosso hoje. Se fizermos a nossa parte, renasceremos a cada manhã confiantes de que vamos encontrar um mundo um pouco mais justo e feliz, com a consciência de que não precisamos possuir o controle absoluto da vida para poder desfrutá-la no momento em que ela nos brinda: no agora!



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sexta-feira, 30 de maio de 2014

A sensível diferença entre Amor e Dependência

::Roberto Dantas::





É difícil perceber a diferença entre quando estamos amando e quando estamos dependentes de um relacionamento.

A dependência é um aspecto natural do ser humano que desde o nascimento tem a necessidade de alguém que lhe ofereça tudo o que precisa, não só no aspecto físico: comida, asseio, mas também os estímulos necessários para desenvolver seu psiquismo. A isso chamamos de função materna, não necessariamente exercida por uma mãe, ou mesmo mulher; assim, independendo de sexo esta função pode ser exercida por qualquer indivíduo que esteja mais próximo do bebê. Mas essa dependência que é natural, benéfica e saudável nesta fase da vida, pode se manter e não ser transposta, fazendo com que o indivíduo repita padrões de comportamento por toda a vida.

A dependência é um assunto delicado, pois é difícil perceber a linha tênue que separa o amor da dependência, principalmente quando estamos dentro de um relacionamento. A simbiose que se cria entre dois parceiros, que pode ser benéfica em momentos bons da vida do casal, pode se tornar um martírio quando o relacionamento não mais acrescenta a nenhum dos dois, e pior ainda se estiver estabelecido uma relação de dependência ou co-dependência.

Muitos casais, onde pelo menos um dos parceiros sofre deste mal, têm dificuldades em encarar a separação. Muitas vezes o parceiro dependente usa de chantagens emocionais ameaçando o outro e ameaçando a própria vida para evitar a separação. Frases como "Não posso viver sem você", "Minha vida sem você não tem sentido", são muito bonitas em poesias e nas telas de Hollywood, mas em alguns casos pode ser muito preocupante na vida real quando vinda de um dependente emocional.

Esta dependência já se evidencia em muitos casos durante o namoro. Ao primeiro sinal de término, o indivíduo dependente já muda totalmente, perde o equilíbrio, vai parar num leito de hospital, e a outra pessoa acaba caindo na isca da chantagem emocional do dependente, muitas vezes confusa em seus sentimentos. Muito comum nesta situação, é o outro confundir pena com amor e acabar voltando atrás na atitude que tomara em separar ou terminar o relacionamento com o dependente.

Daí pra frente será uma vida de repetições desse padrão de vitimismo do dependente, ameaças, confusões, e muitas vezes o parceiro(a) acaba por acreditar que é seu carma passar por esta situação, que precisa resgatar alguma coisa de vidas passadas com o dependente e perpetua a dinâmica pra vida toda, vivendo infeliz e preso(a) ao dependente, simplesmente por culpa e por não ter consciência de seu papel nesta dinâmica.

Dependência tem cura? Cada caso é único assim como somos nós seres humanos. Um trabalho terapêutico profundo e consistente, agindo na reelaboração do inconsciente deste indivíduo para que haja mudanças "de dentro pra fora", pode ajuda-lo a mudar padrões internos e a viver de forma saudável e desapegada, um relacionamento saudável e feliz a dois.


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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Receptividade

:: Elisabeth Cavalcante ::





Ser receptivo é a qualidade que nos torna aptos a receber todas as dádivas que a vida quiser nos enviar.

Passamos muito de nosso tempo reclamando por aquilo que nos falta ou que julgamos não estar recebendo. Porém, para que possamos alcançar a realização de nossos desejos mais profundos, precisamos estar verdadeiramente abertos e receptivos àquilo que buscamos.

Um exemplo comum é o da relação amorosa. A maioria de nós se queixa de que não consegue encontrar o amor que tanto procura. Entretanto, se fizerem uma análise profunda de suas atitudes, muitas pessoas chegarão à conclusão de que não estão de fato abertas para um novo relacionamento. Esperam por ele cheias de medo e resistências, temendo que se repitam as decepções já sofridas.

Receptividade possui um sentido muito amplo e profundo. Requer que nos libertemos de todas as crenças, amarras, medos, resistências, ilusões e pré-julgamentos, e que nos mantenhamos abertos de fato, ao novo, ao inesperado, ao inusitado.

Saber receber é algo tão importante quanto possuir a capacidade de doar-se. Muitos se doam sem reservas, mas possuem uma incapacidade de receber, por considerarem-se pouco merecedores de atenção e cuidado. Uma baixa auto-estima e uma autoconfiança frágil estão geralmente por trás desta atitude.

Há ainda os que preferem doar-se infinitamente para, desse modo, garantir o afeto e a permanência do outro ao seu lado, ainda que este se mostre egoísta e incapaz de retribuir o amor que recebe.

A energia da receptividade está relacionada à energia yin, o nosso lado feminino, intuitivo e cooperativo. Ela é fundamental para que possamos receber prazerosamente aquilo que a vida nos envia, e para que sejamos capazes de gerar novos frutos com as sementes que são colocadas a cada dia em nosso caminho. Mesmo que não seja exatamente o que pedimos, ou que não venha da forma como pedimos.

Se nos mantivermos receptivos, ao invés de amargos e ressentidos por aquilo que nos falta, estaremos ampliando as possibilidades de alcançar o que tanto buscamos. A vida sempre premia generosamente aquele que se abre sem qualquer reserva para receber suas dádivas.


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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Você sabe ouvir com o coração?

::Patricia Gebrim::





Com a passagem dos anos aprendi que a dor molda a nossa sensibilidade e nos ajuda a perceber um mundo mais sutil, onde cada pequeno ato se torna um diamante cheio de delicadeza.

Quando adoecemos, por exemplo, sentimos o quão importante é o carinho e a presença de um amigo que segure a nossa mão. E então olhamos para trás e nos damos conta de quantas vezes fomos pouco cuidadosos com aqueles a quem amamos, por pura falta de sensibilidade para perceber que podíamos SIM fazer diferença.

Eu queria ter sabido antes o que só estou descobrindo agora.

E queria poder saber agora todas aquelas coisas que só se tornarão claras no futuro.

Hoje li na internet um lindo texto escrito pelo psicanalista Rubem Alves. É incrível como me sinto tocada por esse escritor, não especificamente por seu dom de escrever, se bem que escreva tão divinamente que me deixa quase sem ar. Mas o que me toca fundo é ele ter tanta alma, uma alma que se derrama em meu coração sempre que leio suas palavras.

"O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você". A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção". Rubem Alves

Rubem, você está certo, hoje em dia é coisa rara encontrar um ouvido que não esteja morto. Quantas vezes falamos com pessoas que se dizem amigas, e após quase uma hora de conversa vamos embora, com o peito sangrando, sem que a outra pessoa tenha sequer percebido aquele líquido vermelho e quente brotando da ferida aberta. Não porque tenhamos escondido nada, mas a pessoa estava tão entretida em olhar para si mesma que nem chegou a nos perceber. E não achem que por estar escrevendo isso eu me coloque do lado de fora dessa horrenda maldição.

Quantas vezes não devo ter passado reto por alguém que estava aos pedaços, sem me dar conta, sem nem mesmo ver? Me dói pensar nisso, e peço perdão a todos a quem eu tenha insensivelmente oferecido minha cegueira. Por mais que fiquemos atentos, vez ou outra somos hipnotizados por essa serpente e ficamos lá, cegos, olhando para nós mesmos, com ouvidos surdos e uma pedra sobre nosso coração.

Não quero viver assim. Repetindo a palavra "eu", como um daqueles discos antigos riscados, que subitamente se tornava um prisioneiro irritante de uma mesma parte da música, tornando feio o que poderia ter sido tão belo.

Será que estamos perdendo a sensibilidade? Virando pedra? Me recuso a escolher essa explicação. Prefiro acreditar que o que antes passava despercebido agora se torna mais e mais visível. Prefiro acreditar que estamos despertando desse estado tão triste, dessa auto-hipnose. Prefiro pensar que, ao nos darmos conta dessa distorção, podemos dar o primeiro passo no sentido de fazer escolhas diferentes. Se enxergarmos agora, se percebermos o quanto temos sido egoístas, talvez possamos economizar muitos anos, coisa preciosa nesses tempos em que os relógios correm enlouquecidos para fora de nosso controle.

Podemos mudar, agora. E de repente o milagre acontece. E é lindo. Olhamos nos olhos do outro e... Existe alguém lá! Olhamos mais de perto e percebemos o quanto aquilo que vemos é belo, e torna-se impossível desviar o olhar. Sentimos que algo bate mais forte em nosso peito. Ganhamos um coração? Sim. Um coração. E é ele quem sabe perguntar:

- Como você está ? Está feliz? Algo anda te fazendo sofrer? Existe beleza na sua vida? Posso fazer algo por você?

Fechem os olhos por um instante e sintam a beleza disso.

Podemos perguntar e, de fato, "ouvir a resposta". E levá-la para dentro de nós, para aquele lugar sagrado ao qual não me canso de referir. E mais. Podemos sentir a alegria do outro, a tristeza do outro, e a dor do outro; e descobrimos que não há diferença entre elas e a nossa própria alegria, e tristeza e dor. E ao aliviarmos um pouco a dor do outro, é o nosso peito que fica instantaneamente mais leve, porque nós e o outro somos um.

"Eu e o outro somos um". É muito especial o momento quando percebemos isso. E é assim que vamos libertando o amor. E sendo amor.

Isso talvez faça parte desse grande e lindo plano do Universo, o plano de nos tornarmos, finalmente, humanos.


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segunda-feira, 31 de março de 2014

Saiba como lidar com suas expectativas para não se frustrar

::Carlos Hilsdorf::





A vida não é feita de expectativas, é feita de escolhas!

Expectativas são esperas ansiosas e produzem um efeito danoso em nossas vidas quando excedem os padrões da realidade.

É da natureza humana gerar expectativas com relação às coisas, o problema é que nossa imaginação é muito fértil e nossos desejos excedem nossa compreensão da realidade. Nestas condições criamos expectativas com pouca ou nenhuma chance de acontecerem e caminhamos rumo à decepção e a frustração.

Achamos que os outros nos decepcionam quando, na verdade, na maioria das vezes fomos nós quem criamos expectativas irreais sobre eles e suas atitudes.
A solução para essas questões que sempre causam sofrimento e desilusões passa pelas seguintes reflexões:

1a) Precisamos compreender que nossas expectativas são formadas a partir de nossos desejos e fantasias e, não possuem, muitas vezes, nenhuma relação com a realidade.

2a) Nossas expectativas estão ligadas à nossa imaginação e por isso podem assumir proporções muito difíceis de serem atendidas.

3a) As expectativas são nossas, mas podem depender de ação de outras pessoas e acontecimentos para se concretizarem, portanto estamos esperando por algo sobre o qual não temos controle efetivo.

4a) Expectativas estão associadas à imaginação, sentimentos, emoções e experiências anteriores.

5a) Expectativas sofrem a ação da nossa ansiedade e dos outros aspectos psicológicos que compõe a nossa personalidade.

Assim, como em tudo na vida, também precisamos aprender a lidar com nossas expectativas e introduzir a razão como mediadora entre elas e a realidade.

Às vezes, você espera que alguém ligue para você e a pessoa não liga... Quanto maiores forem as expectativas de receber a ligação, maior será o sofrimento e a decepção de não a ter recebido. Não percebemos nitidamente, mas nos sentimos feridos, afinal a pessoa devia ter ligado e não ligou. Pronto. Esse ferimento emocional, que se originou em função de nossas expectativas não atendidas, será suficiente para que nossa imaginação agigante as consequências ao criar as razões pelas quais a pessoa não ligou, tais como: ela não me dá a atenção que eu mereço; ela só me procura quando convém; ela deve estar se divertindo com outras pessoas; ela está me enganando; ela não tem por mim a mesma consideração e sentimento que eu tenho por ela, etc.

Ora, todas estas razões são meras suposições da nossa imaginação ampliadas pela ansiedade e por frustrações e comparações com situações anteriores.
A pessoa pode não ter ligado por razões concretas e justificáveis as quais poderíamos facilmente compreender em uma conversa franca com ela. Julgamos baseados em suposições, e suposições são apenas probabilidades manipuladas pela nossa imaginação.

Quanto maiores forem as suas expectativas diante de qualquer situação na vida, maiores serão suas chances de se decepcionar. Quando não estamos esperando nada, achamos tudo o que acontece maravilhoso. Quando esperamos pouco, o que acontece facilmente atende ou supera as nossas expectativas, mas quando esperamos muito...

Esperar muito é depositar nas mãos de outras pessoas e acontecimentos a responsabilidade de fazer seus desejos acontecerem. É uma perigosa ilusão.

Procure dividir os aspectos de sua vida em dois grandes grupos: as coisas que você espera que aconteçam e depende determinantemente de você e as coisas que você espera que aconteça, mas dependem muito mais de outras pessoas e acontecimentos que da sua ação.

Observe que você só pode agir sobre as coisas que dependem determinantemente de você. Somente sobre elas você possui controle. As coisas que dependem de outras pessoas e acontecimentos estão fora do seu controle, você pode até influenciá-las de alguma maneira, mas não pode controlá-las.

Utilize a sabedoria para não gerar expectativas muito elevadas para as coisas que não dependem diretamente de você e de suas atitudes. Elas dependem de outras pessoas que não pensam como você pensa, não agirão como você agiria e não sentem as coisas exatamente como você sente.

Concentre-se em alterar as coisas que você pode e em buscar compreender
as que estão nas mãos dos outros.

Deixar a vida ser dirigida por nossas expectativas é como dirigir em alta velocidade de olhos vendados. Abra os olhos da razão, use o coração para amar a vida e as pessoas e a razão para conhecê-las, compreendê-las e aceitá-las.

Uma vida baseada em expectativas é irreal e muito perigosa. Faça as pazes com a realidade e aprenda a ajustar suas expectativas dentro de um padrão lúcido e flexível.

Nem a vida nem as pessoas são como nós gostaríamos que fossem, são como são. Nem mesmo nós somos como gostaríamos de ser...

Um alerta importante: Antes de tentar se tornar quem você gostaria de ser, observe se suas expectativas com relação a si mesmo não estão equivocadas, talvez você esteja melhor assim...

A vida é feita de escolhas, mas é impactada por nossas expectativas.



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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Que tal falar sobre o que sente?

:: Rosemeire Zago ::





Todos nós temos um pouco de dificuldade em lidar com nossos sentimentos. Tudo começa quando ainda somos crianças. Naquela época, raramente tínhamos alguém que nos desse apoio para que pudéssemos demonstrar sentimentos como raiva, ciúme, inveja, vergonha, nem chorar nos era permitido. Nos ensinavam, com raríssimas exceções, que nada devíamos demonstrar e, aos poucos, aprendemos a reprimir o que sentimos.

Quando não tivemos quem nos ajudasse a lamentar nossos momentos de dor, solidão, tristeza, acabamos por bloquear, esconder, até para nós mesmos, tudo aquilo que sentimos. Queremos ser fortes e conseguimos, mas só nós sabemos qual o preço que pagamos. Com o tempo, começamos a perceber que tudo aquilo que por anos ficou muito bem guardado, começa de alguma forma a pedir, para não dizer gritar, que precisa sair. É neste momento que, inconscientemente, criamos situações nas quais estes sentimentos possam ser experimentados novamente.

Quando vivemos situações de desprezo, rejeição, abandono, solidão, quando criança, e não havia quem pudesse suportá-la ao nosso lado, passamos a recriar situações e relacionamentos para podermos expressá-los aqueles mesmos sentimentos que foram reprimidos, com a fantasia inconsciente de resolver o trauma original. Nem sempre recriamos as mesmas situações, mas, sim, qualquer situação que nos faça sentir os mesmos sentimentos.

Sentimentos de rejeição, abandono e abusos vividos durante a infância são os mais difíceis de serem superados. É como se registrássemos que não somos dignos de sermos amados, nem aceitos por aquilo que somos, gerando assim muitas dificuldades nos relacionamentos pela necessidade constante de aprovação e reconhecimento. Por exemplo, uma pessoa que viveu situações de rejeição e abandono durante sua infância, pode buscar, é isso mesmo, buscar inconscientemente, situações que a façam se sentir abandonada e rejeitada.

Se teve um pai e/ou mãe que a rejeitaram, foram ausentes, distantes, poderá fazê-la recriar relacionamentos com pessoas que a façam se sentir igualmente rejeitada e abandonada. Com qual intenção? Para que possa se libertar daqueles sentimentos que tanto machucaram e continuam a machucar, mesmo depois de muitos anos.
Mas para isso é importante ter alguém com quem possa contar o que sentiu, lamentar, e receber todo apoio que não recebeu na época que aconteceu. Há pessoas que perderam pessoas significativas quando crianças e até hoje, já adultas, não choraram, nem elaboraram, e muito menos superaram essa dor.
Ser capaz de falar sobre a dor que sentimos significa que inconscientemente estamos dispostos a aceitar e superar o que nos aconteceu. O que nem sempre é fácil, pois assusta, causa medo de sentir mais dor, o que faz com que as pessoas evitem tocar nestes assuntos, o que só causa mais dor. O fato de não falar sobre o que sentimos, não nos isenta de senti-los.

Quando passamos uma vida sendo machucados e passamos por cima, ignorando como se nada tivesse acontecido, pois do contrário ficaríamos completamente sós, acabamos por permitir que outras pessoas nos machuquem mais e mais. Assim, perdemos o foco em nossa própria vida, deixando de nos ouvir para ouvir aos outros, deixamos de ser nós mesmos para sermos quem gostariam que fôssemos, e é assim que nos perdemos de nossa essência, de quem somos verdadeiramente. É preciso lembrar e ter consciência que se um dia alguém não o aceitou, o abandonou, muitas outras lhe deram valor, gostam de você e estão ao seu lado.

É preciso parar com essa busca incessante de aprovação, seja de quem for, geralmente dos genitores, e que pode se estender por toda uma vida, do contrário, de vítima poderá se tornar em algoz de si mesmo. Se a rejeição ainda está viva como se existisse no momento presente é porque, de alguma forma, você assim permite. Interrompa esse círculo vicioso de dor. Libere este sentimento para que ele se dissolva e pare de se torturar. Hoje você não precisa mais passar pelas mesmas agressões, indiferença, desprezo, vergonha, humilhação, entre tantas outras situações que já vivenciou. Hoje você pode viver na harmonia, paz, tranqüilidade, pois essa condição só depende de você.

Enquanto criança, não temos muitos recursos para nos defender, mas, hoje, adultos, podemos, e temos todo direito de sermos pessoas inteiras, felizes, sem implorar por carinho, apoio, compreensão, amor. Com certeza, você deve ter muitos momentos agradáveis registrados em sua mente. Muitas palavras e atitudes de carinho. Traga isso para o momento presente. Por que se sentir desvalorizado, diminuído, inferior, rejeitado, porque uma pessoa não o aceitou ou demonstrou aquilo que você precisava? Por que não permitir que o amor de outras pessoas, que com certeza há ao seu redor, cheguem até seu coração? Quais são as pessoas que lhe demonstram amor, carinho, atenção, que lhe tratam com respeito, dignidade e consideração? Valorize essas pessoas, deixe que o amor que sentem por você seja muito maior que a rejeição e o desprezo que recebeu um dia. Você pode reagir!

A quem você gostaria de agradecer por uma palavra, um gesto, apoio, que um dia recebeu? Você já falou para essa pessoa o quanto lhe ajudou quando precisou? Por que não fazer isso agora? Dê um telefonema, escreva um e-mail, marque um almoço, jantar, um suco, um momento para falar da diferença que fez em sua vida.
Você deixará essa pessoa feliz e você ficará mais ainda em saber que há pessoas com quem pode contar. Divida estes bons sentimentos com quem conseguiu fazê-los despertar dentro de você.

A vida não pode ser contabilizada apenas por dor, mágoas, tristezas... mesmo que um dia existiram elas podem ser substituídas por alegria, paz, harmonia. Saber valorizar o que recebemos de bom e partilhar com quem nos faz sentir vivos, alegres, pode ser um antídoto contra a dor que nos fizeram um dia sentir. Solte essa dor, chore o que não chorou, procure quem possa ouvi-lo, só assim irá conseguir se libertar daquilo, que por mais que negue, ainda dói dentro de você.


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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Cada dia é uma pequena vida...

:: Rosana Braga ::





Nos últimos 18 meses, especialmente, tenho buscado uma compreensão ainda mais profunda de mim mesma e, consequentemente, de cada alma que de mim, de alguma forma, se aproxima...

Nesta jornada, tenho descoberto e confirmado, cada vez com maior lucidez, uma verdade que pode ser ótima (ou não) dependendo da forma como lidamos com ela: cada dia é uma pequena vida!

Cada situação é uma encruzilhada. Cada passo é uma escolha que pode mudar tudo. Talvez seja exatamente por isso que é tão difícil nos mantermos fiéis aos sentimentos que mais desejamos experimentar: alegria, auto-estima, gentileza, amor...

Um passo vacilante... e tudo se modifica. O que era amor pode se transformar em ciúme, egoísmo, raiva, medo. O que era alegria pode se transformar em dúvida, desesperança, tristeza. O que era auto-estima pode se transformar em insegurança, agressividade, dor. O que era gentileza pode se transformar em intolerância, desistência, arrogância.

Uma atitude, uma escolha... e tudo pode mudar! E isso me faz lembrar da máxima Orai e vigiai. Quando a gente ora, pede o que deseja, entra em estado de humildade, receptividade, esperança... Mas um minuto depois, é preciso que entremos em vigília constante.

Somos passionais, motivados por reações. Ainda não aprendemos a ponderar. Reagimos automaticamente a partir de crenças limitantes, de preconceitos e defesas internas. Reagimos: este é o problema.

Precisamos começar a agir. Sempre agir. Cada passo precisa ser uma ação consciente, atenta, lúcida. E para que isso se torne possível, só há uma maneira: treino, prática, repetição... dia após dia até que se torne hábito.

Só podemos destruir um velho hábito que já não nos interessa se no lugar dele construirmos um novo, que revele uma nova direção, um novo caminho. Os sentimentos difíceis continuarão dentro da gente, mas em vez de reagirmos a eles, podemos decidir por uma nova ação.

Em último caso, tenho feito assim: quando ainda não sei qual a nova ação que posso ter diante de um sentimento difícil, opto pelo silêncio. Respiro fundo, entro em contato com o que estou sentindo, reconheço que estou me deixando atingir pelo que está acontecendo e simplesmente espero, em silêncio, até que consiga encontrar, dentro de mim, uma nova maneira de agir diante de velhos sentimentos.

E assim, de vida em vida, um dia de cada vez, pretendo acordar amanhã mais positiva do que fui hoje...


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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Por que é tão difícil discordar?

::Patricia Gebrim::





Ah... quanta confusão pouparíamos a nós mesmos se tivéssemos a coragem de
ser quem realmente somos. Se nos propuséssemos a arriscar mais, a seguir aquela voz interna que pede transformações, que nos diz para ir para lá ou para cá. Se não déssemos tanta importância à opinião dos outros. Se nos permitíssemos discordar dos outros sem transformar isso em um campo de batalha, sem precisar convencê-los de que estamos certos, sem nos recusarmos a ouvi-los, sem precisar atacar.
- É incrível a facilidade com a qual traímos a nós mesmos, você já percebeu isso?
Para entender melhor essa questão, pense na forma como somos criados e educados em nossa sociedade. As crianças são tratadas como se nada soubessem, como se precisassem aprender com os adultos tudo o que é importante sobre a vida. Com raríssimas exceções, é assim que acontece.
Assim fui educada, e possivelmente você também. É muito raro que um adulto olhe para uma criança reconhecendo a sua sabedoria, reconhecendo a beleza em sua capacidade para sorrir, para brincar, para amar. Reconhecendo que ela talvez saiba bastante sobre muitas coisas. Mais do que um adulto possa imaginar.
Aprendemos desde cedo que as nossas opiniões não valem lá grande coisa. Sem perceber, nos tornamos adultos, mas continuamos como crianças, duvidando de nós mesmos.
Pensamos por horas em seguir por um caminho, e justo quando estávamos para dar o primeiro passo, alguém nos diz que esse não é um bom caminho. E assim ficamos, com o passo em suspenso, o pé incomodamente pendurado no ar.
- E se eu seguir e errar? - pensamos, tomados pelo medo e pela incerteza.
- Por que entregamos o nosso poder com tanta facilidade? Você já pensou nisso?
Agora vou me permitir contar-lhe algo que aconteceu comigo há alguns anos.
Em um dia cheio de sol, eu decidi que iria a um concerto de piano. O evento aconteceria durante a tarde, e como estava bastante quente, escolhi um vestido turquesa, que tinha flores cor de rosa. Pink, para ser mais exata! O vestido era leve e brincalhão. Mais do que tudo, era alegre, e refletia a forma como eu estava me sentindo naquele dia. Saí de casa, estava me sentindo radiante. Cheguei ao local, comprei meu ingresso e entrei, toda feliz, aberta para celebrar a minha alegria em companhia do som do piano.
Mas ao entrar na sala de concerto, um lugar quieto, quase austero, percebi que o público daquele lugar era bem diferente de mim. Todas as pessoas eram bem mais velhas do que eu, e estavam vestidas de forma clássica e neutra. A medida em que eu ia caminhando pelo corredor, com meu vestido turquesa e pink, fui sentindo minha alegria se esvair na mesma proporção em que os olhares se voltavam para mim. Continuei caminhando, como se nada estivesse acontecendo, até que ouvi um comentário, um cochicho absolutamente audível, de que o meu vestido parecia uma fantasia.
Se divido isso com vocês é para que não pensem que eu sou algum ser superior, imune às dificuldades sobre as quais escrevo... confesso que naquele momento toda a alegria que eu sentia tornou-se um peso oprimindo meu peito, as flores do meu vestido murcharam e se esconderam na cadeira numerada, da qual só me levantei depois que todos os cinzas, pretos e beges tinham ido embora.
"Precisamos trazer para o mundo aquilo que cada um de nós, sendo exatamente quem é, pode manifestar. E só faremos isso se tivermos a coragem de ser quem somos, se tivermos a coragem de abrir mão da busca de segurança ou de aprovação dos outros"Aquilo me fez pensar muito sobre o poder que damos às outras pessoas. Que poder eu dei àquelas pessoas para deixar que roubassem de mim toda a alegria? Pensei nisso muitas vezes, depois daquele dia. Percebi a força dos condicionamentos pelos quais todos nós passamos, que nos ensinaram que a aprovação do grupo é fundamental para a nossa sobrevivência.

É claro que isso é uma verdade quando temos cinco anos de idade, mas aos 30... 40 anos, será que ainda precisamos acreditar nisso?
Assim abortamos as nossas melhores possibilidades. E foi assim que eu abortei aquela deliciosa alegria, naquela tarde, porque fui incapaz de sustentá-la, porque fui incapaz de ficar a meu lado, não importa o que pensassem as pessoas ao meu redor. Eu traí o meu vestido e a mim mesma! Até hoje peço desculpas a mim por isso, e por tantas outras vezes em que algo assim aconteceu.
Hoje procuro ficar atenta e acreditar-me capaz de honrar minhas escolhas e meu caminho.
O mundo está passando por profundas transformações. Não importa o quanto você esteja ou não consciente disso, todos nós, incluindo você, estamos sendo afetados por isso. O ritmo de tudo está muito acelerado e as mudanças estão acontecendo em uma velocidade incrivelmente rápida. Assim, não temos mais tempo a perder. Precisamos despertar. Precisamos trazer para o mundo aquilo que cada um de nós, sendo exatamente quem é, pode manifestar. E só faremos isso se tivermos a coragem de ser quem somos, se tivermos a coragem de abrir mão da busca de segurança ou de aprovação dos outros.
Olhe com verdade e profundidade para dentro de você, e honre o que quer que consiga enxergar.
Se você deseja mudar o rumo de sua vida profissional, faça isso, mesmo que todos ao redor olhem para você com aquela cara que as pessoas fazem quando olham para uma pessoa insana.
Se quiser mudar de cidade, mude.
Se quiser terminar um relacionamento, termine.
Se quiser voltar a estudar, estude.
Se quiser passar a vida conhecendo o mundo com uma mochila nas costas, parta já.
Se quiser dedicar a sua vida ao estudo da reprodução dos salmões, não perca tempo.
Se quiser andar por aí em um vestido turquesa e rosa pink... faça isso e me convide para caminhar a seu lado.

Honre a si mesmo acima de tudo, dê as mãos à sua verdade e ouse.
Não há vida sem ousadia


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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A Inteligência é Flexível

:: Rosana Braga ::





Quanto mais endurecido e inflexível, mais fácil de se quebrar diante de fortes impactos. Esta teoria -fisicamente constatável- não vale apenas para os objetos, mas, sobretudo e cada dia mais, para o comportamento humano.

Num mundo onde os produtos são perecíveis e os desejos são fugazes, a flexibilidade destaca-se como meio de sobrevivência. É a chave para a resiliência e também mote para o sucesso, tanto na vida pessoal quanto na profissional.

Fácil assimilar quando entendemos que não dá para crescer na rigidez. O crescimento, por si só, é maleável, moldável e adaptável às novas medidas e aos novos formatos. Sendo assim, inteligente é quem aprende a metamorfosear.

É notório que no mundo corporativo, a busca é cada vez mais enfática por profissionais capazes não de aceitar as diferenças inerentes a uma equipe ou um departamento, mas -acima de tudo- de celebrar essas diferenças.

Já não basta evitar os conflitos. É preciso enxergar neles uma oportunidade de promover mudanças necessárias, evoluir e se tornar melhor justamente por causa do que lhe é adverso.

Há alguns anos, desenvolvendo pesquisas sobre o que chamo de Inteligência Afetiva, constatei como é latente a falta de flexibilidade nos dias de hoje. Isso me levou a debruçar sobre uma questão fundamental e esquecida na atualidade: a gentileza. Não descobri nenhum segredo; a evidência já estava aí, porém, adormecida: pessoas gentis são flexíveis... e poderosas! Este trabalho resultou no livro "O Poder da Gentileza".

É incrível como ainda há quem aposte que investir nas relações humanas não é o comportamento mais eficaz para os que ambicionam altos cargos ou grandes fortunas. Estes, certamente, desconhecem o poder da gentileza.

O "Movimento pela melhoria das relações interpessoais e da qualidade de vida através da gentileza" (World Kindness Movement) -cujo representante oficial do Brasil é a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV)- declara que pessoas gentis são mais valorizadas no mercado profissional, já que a qualidade das relações, a integração entre os funcionários e as atitudes de gentileza são fatores que influenciam nos resultados finais e no aumento da produtividade da empresa.

A gentileza e, por conseqüência, a flexibilidade e a tolerância, têm ainda influência direta sobre nossa saúde mental, emocional e física. A falta desses atributos na vida diária tem causado prejuízos incalculáveis a todos. A Organização Mundial da Saúde estima, por exemplo, que em 2020 a depressão será a segunda causa de improdutividade das pessoas, seguida apenas das doenças cardiovasculares.

Qual é a razão para tamanha insatisfação? Estou certa de que, em última instância, não se trata de aumento de salário ou posição hierárquica. Trata-se da falta de reconhecimento pelo humano que há em cada um; da falta de qualidade na troca entre as pessoas; do distanciamento, da falta de intimidade e de confiança, da falta de afeto e disponibilidade, da inflexibilidade para com as próprias frustrações. Trata-se da falta de gentileza! É disso que se trata, pode apostar!

Portanto, embora as habilidades técnicas sejam imprescindíveis para as empresas, elas sabem que podem treinar um profissional para que se torne habilitado tecnicamente, assim como sabe que para ser agradável, simpático, flexível e gentil, é preciso que haja uma decisão pessoal.

As empresas podem sim motivar e incentivar seus colaboradores para a mudança de comportamento, mas ser gentil é essencialmente uma escolha do indivíduo. Tem a ver com as crenças e os valores que ele alimenta diariamente. Ou seja, a gentileza é um exercício diário!

7 Condutas Gentis e Tolerantes no Ambiente de Trabalho:
1) Aprenda a escutar. Ouvir é muito importante para solucionar qualquer desavença ou problema.
2) Evite julgamentos e ações precipitadas. Quando estiver nervoso, deixe para conversar mais tarde.
3) Peça desculpas. Isso pode evitar conflitos maiores e salvar relacionamentos.
4) Valorize o que a situação e o outro têm de bom. Perceba que este hábito pode promover verdadeiros milagres.
5) Seja solidário e companheiro. Demonstre interesse pelo outro, por seus sentimentos e por sua realidade de vida.
6) Analise a situação. Alcançar soluções pacíficas pode depender da compreensão da raiz do problema.
7) Faça justiça. Esforce-se para compreender o outro e não para ganhar, como se eventuais discussões fossem jogos ou guerras.



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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Feliz Ano Novo!!!

Olá meus queridos!!

Sinto que estou em falta com vocês!

O ano de 2013 trouxe muitas realizações e com elas muitas responsabilidades... e isso me impediu de postar com a frequência que estava acostumada.

Muitos estão me enviando emails e pedindo textos. Fiquem tranquilos! Prometo a todos vocês queridos leitores, amigos, que o ano de 2014 estará recheado de lindos textos.

Beijos!!





De repente, num instante fugaz, os fogos de artifício anunciam que o ano novo está presente e o ano velho ficou para trás.

Não importa a nação, não importa a língua, não importa a cor, não importa a origem, porque todos são humanos e descendentes de um só Pai, os homens lembram-se apenas de um só verbo: amar.

Sem mágoa, sem rancor, sem ódio, os homens cantam uma só canção, um só hino, o hino da liberdade. E esquecem o passado, lembram-se do futuro venturoso, de como é bom viver.

Tudo se transforma e chega o ano radiante de esperança, porque só o homem pode alterar os rumos da vida.

O objetivo de um ano novo não é que nós deveríamos ter um ano novo. É que nós deveríamos ter uma alma nova.

A cada dia de nossa vida aprendemos com nossos erros ou nossas vitórias, o importante é saber que todos os dias vivemos algo novo. Que no novo ano que se inicia, possamos viver intensamente cada momento com muita paz e esperança, pois a vida é uma dádiva e cada instante é uma benção de Deus.

Que a alegria deste início de ano esteja sempre presente em nossas vidas.

Que as realizações alcançadas este ano sejam apenas sementes plantadas, que serão colhidas com maior sucesso no ano vindouro.

Feliz 2014!!!



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