sábado, 17 de outubro de 2015

Arriscar-se para previnir

::Bel Cesar::




Certa vez, escutei um mestre budista dizer: "Existem duas formas de sair do sofrimento: uma via inteligência, outra via sofrimento. Em geral, escolhemos a segunda, porque só quando o sofrimento se torna insuportável é que nos decidimos a buscar soluções que nos ajudem a superá-lo".

Assim como a medicina ocidental está mais voltada para tratar das doenças do que para preveni-las, estamos mais condicionados a buscar formas de superar o sofrimento emocional só quando sentimos a dor de termos ultrapassado nossos limites. Ou seja, será que é preciso tocar o limite de nossa dor para mobilizarmos as forças para sair dele? Temos que sofrer para almejar algo melhor para nossa vida?

Infelizmente, muitas vezes preferimos nos acomodar a nos arriscar. Assim, perdemos as janelas de oportunidade que a vida nos oferece. Mais tarde, nos arrependemos quando sentimos as consequências de termos passado do ponto. Aí, temos que fazer um esforço extra para nos darmos uma nova chance.

É preciso ter força física, mental e emocional para arriscar-se. Em nosso corpo temos dois hormônios responsáveis por nos gerar formas distintas de coragem. O cortisol, que nos dá a força de defesa, e o DHEA, que nos ajuda a ter a coragem para nos aventurarmos diante dos desafios.

O psiquiatra Dr. Sergio Klepacz nos esclarece que quando somos jovens, os níveis de DHEA costumam ser bem maiores que os do cortisol. Quando envelhecemos, em geral, acontece o contrário, nosso DHEA cai e o cortisol sobe. Isso pode explicar a coragem e o destemor do jovem e a resignação e o acuamento do idoso.
Por que não cuidamos do corpo para aproveitar a maturidade da vida adulta enquanto temos força e coragem?

É muito interessante saber que o DHEA começa a ser secretado pela suprarenal entre os oito e dez anos de idade, atingindo seu pico entre os vinte e trinta anos. Aliás, a fase da vida mais apropriada para a reprodução. A partir de então, o DHEA começa a decrescer atingindo, aos 80 anos, 20% do seu valor máximo.
O problema é que diante do estresse da vida diária, o cortisol também tende a subir. Por isso, muitas vezes sentimos que gastamos mais energia nos defendendo da vida do que sendo criativos.

Conforme envelhecemos, deixamos cada vez mais de correr riscos desnecessários, pois estamos voltados a encontrar prazer em ambientes e relacionamentos mais seguros, onde podemos finalmente relaxar, descansar.

A princípio não há nada de errado em encontrar uma zona de conforto segura e agradável. Mas, o ponto é que ela só existe por tempo limitado. Se não somos nós a buscarmos novos desafios, eles chegam até nós...

O conforto é bom, mas não podemos ficar viciados nele, pois a sua realidade é instável. O mestre budista Trungpa Rinpoche alertava em seus ensinamentos sobre o perigo de usarmos o conforto para escapar da nossa inquietude ao invés de conhecê-la. Ele ressaltava que verdadeira ausência do medo não é a sua supressão, "mas, sim, o ato de ir além dele, superá-lo". Para tanto, temos que conhecer nossos desconfortos, como medo, ansiedade, nervosismo, preocupação e inquietação. Pois eles revelam tanto nossas falsas percepções como nos dão a possibilidade de não segui-las.

Na realidade, mesmo quando a vida está tranquila, temos que mobilizar nossa coragem interior. Mas, quando estamos diante de dilemas maiores torna-se imprescindível ter a coragem de se arriscar. Assim como disse certa vez Al Gore: "Não arriscar nada é arriscar tudo".

Afinal, por que não se acomodar? Primeiro, porque não solucionamos o desconforto do sofrimento; segundo, porque de um modo ou de outro temos que seguir em frente... Então, é melhor não acumular frustrações, mas, sim, superá-las!


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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A Lei da Expectativa

::Claudia Signoretti::





Voce já ouviu falar em lei da expectativa? Bem, esta lei diz que tudo o que você espera, com confiança, torna-se sua profecia auto-realizável, ou seja, o que e quanto você espera para si é aonde você vai levar a si próprio a realizar. Afinal sempre buscamos responder as expectativas que os outros têm de nós ou a expectativa que geramos de nós mesmo.

Sendo assim na lei da expectativa podemos dizer que há quatro fontes que tem impacto em nossas vidas, sendo a primeira fonte nossos pais. Quantos de nós não buscamos superar as expectativas que nossos pais colocaram em nós? Sejam elas boas ou ruins. Aquele pai que sempre incentiva seu filho a ser estudioso, a ter amigos, a ter uma vida social saudável gera boas expectativas em seu filho e este tenta responder sendo uma pessoa estudiosa, sociável e responsável. Já o pai que fala que o filho “nasceu burro mesmo”, “que esse não vai ser nada na vida” gera uma expectativa de derrotado em seu filho e este responderá sendo um derrotado. Mesmo que boas oportunidades surjam, ele inconscientemente irá boicotar tais oportunidades, afinal ele busca responder a expectativa de seu pai, que foi que ele não serve para nada. Quais as expectativas que seu pai gerou em você? Quais as expectativas que você está gerando em seus filhos?

A segunda fonte é a expectativa de seus superiores, podendo ser desde cedo os professores indo até os chefes. Você se lembra de algum professor que era muito rigoroso, se achava o ser mais inteligente do planeta, que gostava de tirar sarro de seus alunos e falava que eles nunca iam crescer na vida? A maioria da sala tirava notas baixas com ele. Já o outro professor mais alto-astral que incentivava seus alunos, tinha paciência de repetir várias vezes para que seus alunos aprendessem a matérias e que a sala toda tirava notas boas com ele? Os alunos eram os mesmos, o que mudavam eram as notas e claro o professor! O porquê isso ocorre? Simples, o primeiro professor tinha expectativa de alunos derrotados o outro tinha expectativas de alunos que podiam aprender e ir bem na escola. Porque alguns tiravam notas ruins e outros não? Pois a grande maioria respondia as expectativas do professor, outros respondiam a própria expectativa de provarem seu valor o que implica a expectativa geradas por seus pais, o de bom aluno.

A terceira fonte da lei da expectativa é a expectativa que você tem de seus filhos, seu cônjuge, empregados ou equipe de trabalho. Quanto mais importante você for na vida dessas pessoas mais impacto você terá sobre elas e maior será o desempenho que você buscará de si mesmo para suprir as expectativas que estas pessoas geram em você. Podemos perceber vários casais que estão em constantes conflitos ao qual a mulher fala: “ele não me entende”. “ele é relaxado”, “ele é estúpido” e os homens dizem “ela gasta demais”, “ela não quer trabalhar”, “não sabe cuidar dos filhos”, “fala o tempo todo”. Pois é, olha as expectativas que você está gerando em seu cônjuge, será que criticando, gerando expectativas ruins algo pode mudar para melhor?
Quanto às equipes de trabalho, caso você que as coordene, tem superiores que dizem “se eu sair daqui ninguém faz nada”, “tudo sobra para mim, todo mundo aqui é incompetente”, “essa gente para aprender é só abrindo a cabeça o jogando coisa dentro”, pois bem, novamente as más expectativas.

E a quarta e ultima fonte são as expectativas que você tem de si mesmo. Se você analisar o contexto acima, assim como você pode influenciar outras pessoas de acordo com as expectativas que você gerou nelas (lembre-se que quanto maior a importância você tem pra essas pessoas mais elas aderem as suas expectativas) você também mesmo sendo expectativa de outras pessoas (pais, cônjuges, chefes) você também pode gerar a sua própria expectativa.

Afinal você é o comandante de sua vida. Não capte as más expectativas que foram geradas para sua pessoa, forme suas próprias e boas expectativas. Se alguma pedra aparecer no caminho, alguma dificuldade pense “tudo vem para o bem”, “tudo tem seu lado bom”, se o caminho parece estar obscuro pense “tudo no final dá certo” ou “se ainda não deu certo não chegou ao fim”. Isto ajudará você a continuar seu percurso mantendo boas e otimistas expectativas. Fácil? Depende, quem já vem exercitando pode ser, quem nunca tentou parece impossível. Mas daí voltamos, se lhe parece impossível será que não está no momento de mudar suas expectativas em relação a si próprio?

Somente nós podemos mudar a nós mesmos, somente nós temos este poder, afinal a única coisa que podemos controlar é a nossa própria vida. Desta forma devemos controlá-la de uma maneira a nos melhorar como pessoas para que possamos atingir uma vida feliz e plena. Aonde você chegou até agora? Essa é a sua expectativa? Onde você deseja chegar?



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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Receptividade

:: Elisabeth Cavalcante ::




Ser receptivo é a qualidade que nos torna aptos a receber todas as dádivas que a vida quiser nos enviar.

Passamos muito de nosso tempo reclamando por aquilo que nos falta ou que julgamos não estar recebendo. Porém, para que possamos alcançar a realização de nossos desejos mais profundos, precisamos estar verdadeiramente abertos e receptivos àquilo que buscamos.

Um exemplo comum é o da relação amorosa. A maioria de nós se queixa de que não consegue encontrar o amor que tanto procura. Entretanto, se fizerem uma análise profunda de suas atitudes, muitas pessoas chegarão à conclusão de que não estão de fato abertas para um novo relacionamento. Esperam por ele cheias de medo e resistências, temendo que se repitam as decepções já sofridas.

Receptividade possui um sentido muito amplo e profundo. Requer que nos libertemos de todas as crenças, amarras, medos, resistências, ilusões e pré-julgamentos, e que nos mantenhamos abertos de fato, ao novo, ao inesperado, ao inusitado.

Saber receber é algo tão importante quanto possuir a capacidade de doar-se. Muitos se doam sem reservas, mas possuem uma incapacidade de receber, por considerarem-se pouco merecedores de atenção e cuidado. Uma baixa auto-estima e uma autoconfiança frágil estão geralmente por trás desta atitude.

Há ainda os que preferem doar-se infinitamente para, desse modo, garantir o afeto e a permanência do outro ao seu lado, ainda que este se mostre egoísta e incapaz de retribuir o amor que recebe.

A energia da receptividade está relacionada à energia yin, o nosso lado feminino, intuitivo e cooperativo. Ela é fundamental para que possamos receber prazerosamente aquilo que a vida nos envia, e para que sejamos capazes de gerar novos frutos com as sementes que são colocadas a cada dia em nosso caminho. Mesmo que não seja exatamente o que pedimos, ou que não venha da forma como pedimos.

Se nos mantivermos receptivos, ao invés de amargos e ressentidos por aquilo que nos falta, estaremos ampliando as possibilidades de alcançar o que tanto buscamos. A vida sempre premia generosamente aquele que se abre sem qualquer reserva para receber suas dádivas.


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quinta-feira, 23 de abril de 2015

O que é de fato mostrar a cara?

::Angelina Garcia::







A mãe fazia questão de dar às duas meninas o mesmo trato, o mesmo afeto e, de vez em quando, as mesmas broncas. As roupas se diferenciavam em pequenos detalhes: a cor, a estampa, a abertura nas costas, ou de lado; as manguinhas retas, ou japonesas; o decote em V, ou redondo. A cor para Gabriela variava em tons azuis para combinar com seus olhos. Até nas presilhas que viviam escorregando dos cabelos muito lisos, quase louros.

Qualquer cor combinava com o castanho dos olhos e dos cabelos, mais para o crespo, de Vírgínia. Caprichosamente vestidas, os pais se sentiam orgulhosos em exibi-las nos passeios, festas, viagens. Nem todo esse cuidado conseguiu poupar Virgínia dos encantos de Gabriela. Qualquer estranho que se aproximasse, envolvido pela graça da garota, só tinha olhos para ela:

Que menina linda!

Cresceu usando a força de sua beleza, enquanto Virgínia, apesar de menina bonita, foi-se apagando na exuberância da irmã, a quem aprendeu admirar através dos olhares dos outros. Gabriela, muito segura de si, deixava claras as suas vontades, que Virgínia, um pouco mais velha, procurava atender. Mais tarde, abria mão de qualquer compromisso para servi-la, fosse num trabalho de escola, ou apenas para lhe fazer companhia, quando aquela se desentendia com o namorado.

Se não tivesse esta irmã, talvez Virgínia encontrasse alguém, ou algo, atrás do que se esconder vida afora, como fazem muitas pessoas com outras histórias. Por algum motivo deixam de protagonizar a própria vida e passam a se satisfazer com a vida alheia. Algumas costumam se apresentar ao mundo como filha de fulano, namorada de sicrano. Em qualquer conversa lhes dão destaque. - Se meu pai estivesse aqui, ele diria tal coisa. Meu namorado é quem gosta disso, ou daquilo. Ninguém fica sabendo o que elas diriam, ou do que gostam, porque a figura do outro toma o seu lugar.

Outras se servem de citações - eficazes para fortalecer uma opinião -; mas recorrer constantemente à fala de autores como verdade absoluta, sem dialogar com eles, é mais uma forma de evitar exposição. Há, também, os que se escondem atrás de rótulos: os que nunca contestam, porque são compreensivos; os que não se arriscam por medo de errar, porque são perfeccionistas; os que estão sempre disponíveis, porque são prestativos.

Sem falar daquele que não tem tempo para atender a si mesmo, porque alguém precisa dele: uma mãe que não pode ficar sozinha, um filho bem crescido, que não se tornou independente. Havemos de lembrar, ainda, dos que se escondem atrás de um trabalho interminável, ou do muito que trabalham; além daqueles que usam como escudo uma religião, uma doença real ou imaginária, mesmo que esta não os tenha tornado incapazes. Tantos outros se prendem a uma idéia que pretendem realizar no futuro, para a qual nunca deram o primeiro passo. E por aí vai.

Admirar alguém a ponto de tomá-lo como exemplo, alegrar-se com as conquistas de outros, sacrificar-se em nome da solidariedade, são atitudes saudáveis, desde que não embotem nossa forma mais verdadeira de estar no mundo. Se circunstâncias de vida, convenções, ou a imagem que ajudamos a criar de nós mesmos, têm nos servido como álibi para nos distanciar da nossa plenitude, está na hora de revermos nosso lugar no mundo. Não será fácil, leva tempo, exige rompimentos, especialmente consigo mesmo, mas há uma força, lá no fundo, esperando ser resgatada. Valerá a pena.

domingo, 1 de março de 2015

5 Razões pelas quais a maioria das pessoas nunca descobre seu propósito

::Por Nando Pereira::






O significado de propósito e sentido de vida aqui está nos moldes dessa afirmação do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard mas também lembra, talvez ainda mais, a máxima do clássico indiano Bhagavad Gita (cap III, v.35), que diz que “Mais vale cumprir o próprio dharma, ainda que de forma imperfeita, do que cumprir de maneira perfeita o dever de outrem”. A psicóloga Shelley Prevost, terapeuta do Lamp Post Group, listou cinco razões pelas quais “nos perdemos” no caminho e entramos nessa crise de não enxergar mais sentido ou propósito.

A maior parte do texto está traduzido abaixo. Não é intenção apresentar a lista da Shelley como “a” lista de razões para isto ou aquilo, mas é uma visão interessante que pode adicionar aos passos do nosso (verdadeiro) caminho. Segundo o sábio indiano Sri Ramana Maharshi, o que nos faz encontrarmos nosso próprio caminho e sentido é apenas uma coisa: investigarmos profunda e verdadeiramente quem somos.

Eis a lista.

1. Você vive de fora pra dentro e não de dentro pra fora.

Esse é o primeiro e o principal de todos eles. Os outros praticamente decorrem desse. Aqui está o conceito de Matrix, do filme de 1999. “Quem olha pra fora, sonha; quem olha pra dentro, acorda”, já disse Carl G. Jung.
Diz a Shelley Prevost no seu artigo:

“Desde a infância as pessoas são ensinadas a procurar outras pessoas para se guiarem. As normas sociais são uma parte importante da infância – você imagina como deve agir em relação aos outros — mas o problema começa quando você estende esse processo e inclui algo tão pessoal quanto o propósito da sua vida. Algumas pessoas tem nossa confiança e a capacidade de nos ajudar a encontrar nosso real propósito único. Se você é uma dessas pessoas que têm essas companhias, você tem sorte! Mas a maioria das pessoas, mesmo as bem intencionadas, escolhem nos colocar dentro de compartimentos que fazem mais sentido pra elas. Para ganhar a aprovação delas, você se dispõe a entrar dentro do compartimento. Para manter a aprovação delas, você aprende a negar seguidamente quem você é. Em situações demais você vive num roteiro de outra pessoa”. (Shelley Prevost)

2. Você procura uma carreira antes de ouvir seu chamado.

Esse na verdade é uma consequência do primeiro. No caso do propósito de vida, essa é a pior (consequência). Isso já foi muito bem tratado num vídeo do psiquiatra chileno Claudio Naranjo, onde ele diz que “É normal não encontrar sentido na vida quando se está muito condicionado pelo mundo” (22/09/2011). Já com 15, 16 ou 17 anos você já está sofrendo toda a pressão dos pais, amigos e da sociedade inteira por uma carreira definida e que, de preferência, dê um longo e financeiramente estável futuro. Como diz o filósofo zen-budista Alan Watts (1915-1973) em um outro vídeo, “E se o dinheiro não fosse a finalidade?” (17/01/2013).

Diz a Shelley no artigo dela:

“Nossa sociedade reduziu o sucesso a uma lista de itens a serem preenchidos: formar-se no colégio, conseguir um(a) companheiro(a), ter filhos, sossegar num caminho profissional bem definido e ficar ali até que os cheques da aposentadoria comecem a chegar. Esse caminho bem costurado coloca as pessoas na direção do conformismo, não do propósito. Estamos tão ocupados evitando medos auto-impostos de não sermos suficientemente (preencha aqui alguma qualidade) – espertos o suficiente, criativos o suficiente, bonitos o suficiente – que raramente paramos e nos perguntamos “Estou feliz e satisfeito? E se não, o que eu deveria mudar?”

Encontrar seu propósito tem a ver com ouvir essa vontade interior. No livro “Deixe Sua Vida Falar” (Let Your Life Speak), Parker Palmer diz que deveríamos deixar nossa vida falar a nós, e não dizer à vida o que vamos fazer com ela. Um chamado é apaixonado e compulsivo. Começa com uma curiosidade (“Eu gostaria de tentar isso”) e então se transforma num mandato que você simplesmente não pode mudar. Um chamado não é um caminho fácil, e é por isso que a maioria de nós nunca o conhece. Tememos o esforço, a idiotice, o risco e o desconhecido. Então escolhemos uma carreira porque preenche os itens que fomos convencidos a preencher.” (Shelley Prevost)

3. Você odeia o silêncio.

Bom, não conheço muitas pessoas que realmente odeiam o silêncio, mas conheço muitas que “não suportam”. A justificativa geralmente é que o silêncio ou é angustiante ou uma perda de tempo. Aqui não há muita discussão, pois apenas no silêncio de si mesmo é que se descobre a essência da vida, e por mais subjetivo e desconhecido que isso possa parecer para um novato no mundo do silêncio, se não houver isso, não há muito o que fazer a respeito do aprofundamento em si mesmo. Apesar de algumas pessoas parecerem irem bem em suas carreiras sem silêncio, se você prestar atenção vai perceber que muitas delas cultivam o silêncio e os longos momentos contemplativos pessoais com bastante frequência, à sua maneira. A experiência de estar sentindo seu próprio propósito é calmante e satisfatória, inclui e se deleita no silêncio, enquanto que a experiência (ainda que externamente bem sucedida) de estar fora do seu caminho traz angústia e inquietação, coisa que o silêncio acentua e que, por isso, é rejeitada.

No texto da Shilley:

“Vivemos numa sociedade que não valoriza o silêncio. Valoriza a ação.
Mas viver sem silêncio é perigoso. Sem ele, você acaba acreditando que seu ego – e tudo que ele quer – é seu propósito. Se você imaginar bem esse cenário, sabe que ele não termina bem. Viva uma vida onde o Ego está no comando e você se encontrará o esgotamento – e uma questão esgotante: “Eu tenho uma ótima vida. Porque não estou satisfeito?”. O silêncio abafa o barulho e cria um espaço para a autenticidade aparecer. Em silêncio, você pode se perguntar como sua vida ou seu trabalho realmente está indo e pausar para esperar a resposta. Em silêncio, você dá tempo para que as informações da sua vida convirjam em algumas lições. Geralmente, entretanto, antes que as lições tenham tempo para penetrar você já foi para a próxima distração.” (Shelley Prevost)

4. Você não gosta do lado sombrio de si mesmo.

A não ser que você tenha nascido iluminado, o que neste caso não estaria lendo esse blog (rs), as chances de você não gostar ou não ter gostado da sua sombra são de 100%. O trabalho de conhecer e aceitar e crescer com o próprio lado sombrio é geralmente uma consequência do trabalho esmerado e profundo sobre si mesmo, seja em terapia, em meditação, em outras práticas, ou tudo isso junto. Aqui, de novo, aparece nossa cultura que não vê nenhum valor em não rejeitar ou em aceitar algo “ruim”, “negativo”, traços de fraqueza ou maldade ou escuridão. É a sombra, como definiu Carl G Jung.

“A sombra é o lado da sua personalidade que você não quer que os outros vejam. Representa suas deficiências, suas falhas, suas motivações egoístas. A maioria de nós evita isso antes que qualquer um possa ver. Mas há uma coisa: a parte de você que é a mais escura tem a maior quantidade de coisas para lhe ensinar sobre seu propósito. Se descobrir seu propósito é realmente sobre auto-conhecimento, sua escuridão lhe mostra onde você mais precisa crescer. Mais importante ainda, mostra de quem você mais precisa aprender. É das pessoas que você menos gosta que você tem mais a aprender sobre si mesmo. Mas a maioria ignora o lado sombrio. Em vez disso, você busca relacionamentos confortáveis que reforcem as imagens gastas e obsoletas de si mesmo.” (Shelley Prevost)

5. Você ignora a mente inconsciente.

Diz a Shelley:

“No livro “The Social Animal”, David Brooks fala sobre o preconceito de nossa cultura que diz que “a mente consciente escreve a autobiografia da nossa espécie”. Assim como Brooks, acredito que nossa cultura tem um relativo desdém pela mente inconsciente e tudo que ela representa – emoções, intuição, impulsos e sensibilidades. Para descobrir nosso propósito, temos que estar confortáveis com nossa mente não-lógica. Você deve se acostumar em não ter as respostas. Você deve tolerar a ambiguidade e aceitar as lutas. Deve se permitir sentir – profundamente sentir. Planejar intelectualmente seu caminho em direção a uma vida com propósito não funcionará nunca. Mas isso é pedir demais para a maioria das pessoas. Elas vão negar, despistar, ridicularizar ou simplesmente ignorar. E essa é a razão pela qual a maioria de nós viverá sem saber qual o verdadeiro propósito.” (Shelley Prevost)

Parece lógico e sensato que deveríamos ter o controle de tudo (ou da maioria das coisas) e estarmos plenamente conscientes de todos os nossos passos e não sofrermos com fraquezas nem obstáculos. Mas a vida simplesmente não é assim. “Há muito mais coisa entre o céu e a Terra, Horácio, do que imagina vossa vã filosofia”, já dizia Shakespeare. E a mesma coisa vale nosso universo interior. O ser humano é uma manifestação da forças e energias múltiplas, dinâmicas e inteligentes, e reconhecer e viver isso é apenas um dos passos no caminho do auto-conhecimento e do próprio propósito. Não é a toa que várias técnicas terapêuticas levam em conta todo esse compêndio que a vida humana expressa, e é assim que entendem e curam e integram o ser em si mesmo.


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