terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Origem do Natal e o significado da comemoração

O Natal é uma data em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo. Na antiguidade, o Natal era comemorado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Na Roma Antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste fato com a oficialização da comemoração do Natal.



As antigas comemorações de Natal costumavam durar até 12 dias, pois este foi o tempo que levou para os três reis Magos chegarem até a cidade de Belém e entregarem os presentes (ouro, mirra e incenso) ao menino Jesus. Atualmente, as pessoas costumam montar as árvores e outras decorações natalinas no começo de dezembro e desmontá-las até 12 dias após o Natal.



Do ponto de vista cronológico, o Natal é uma data de grande importância para o Ocidente, pois marca o ano 1 da nossa História.



A Árvore de Natal e o Presépio




Em quase todos os países do mundo, as pessoas montam árvores de Natal para decorar casas e outros ambientes. Em conjunto com as decorações natalinas, as árvores proporcionam um clima especial neste período.



Acredita-se que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvore em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, ele utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta.




Esta tradição foi trazida para o continente americano por alguns alemães, que vieram morar na América durante o período colonial. No Brasil, país de maioria cristã, as árvores de Natal estão presentes em diversos lugares, pois, além de decorar, simbolizam alegria, paz e esperança.



O presépio também representa uma importante decoração natalina. Ele mostra o cenário do nascimento de Jesus, ou seja, uma manjedoura, os animais, os reis Magos e os pais do menino. Esta tradição de montar presépios teve início com São Francisco de Assis, no século XIII. As músicas de Natal também fazem parte desta linda festa.



O Papai Noel : origem e tradição



Estudiosos afirmam que a figura do bom velhinho foi inspirada num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C. O bispo, homem de bom coração, costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximas às chaminés das casas.



Foi transformado em santo (São Nicolau) pela Igreja Católica, após várias pessoas relatarem milagres atribuídos a ele.



A associação da imagem de São Nicolau ao Natal aconteceu na Alemanha e espalhou-se pelo mundo em pouco tempo. Nos Estados Unidos, ganhou o nome de Santa Claus, no Brasil de Papai Noel e em Portugal de Pai Natal.



A roupa do Papai Noel



Até o final do século XIX, o Papai Noel era representado com uma roupa de inverno na cor marrom ou verde escura. Em 1886, o cartunista alemão Thomas Nast criou uma nova imagem para o bom velhinho. A roupa nas cores vermelha e branca, com cinto preto, criada por Nast foi apresentada na revista Harper’s Weeklys neste mesmo ano.



Em 1931, uma campanha publicitária da Coca-Cola mostrou o Papai Noel com o mesmo figurino criado por Nast, que também eram as cores do refrigerante. A campanha publicitária fez um grande sucesso, ajudando a espalhar a nova imagem do Papai Noel pelo mundo.



Curiosidade: o nome do Papai Noel em outros países



- Alemanha (Weihnachtsmann, O "Homem do Natal"), Argentina, Espanha, Colômbia, Paraguai e Uruguai (Papá Noel), Chile (Viejito Pascuero), Dinamarca (Julemanden), França (Père Noël), Itália (Babbo Natale), México (Santa Claus), Holanda (Kerstman, "Homem do Natal), POrtugal (Pai Natal), Inglaterra (Father Christmas), Suécia (Jultomte), Estados Unidos (Santa Claus), Rússia (Ded Moroz).

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Como é para você falar sobre o que sente?

::Rosemeire Zago::

Todos nós temos um pouco de dificuldade em lidar com nossos sentimentos. Tudo começa quando ainda somos crianças. Naquela época, raramente tínhamos alguém que nos desse apoio para que pudéssemos demonstrar sentimentos como raiva, ciúme, inveja, vergonha. Em muitos casos, nem chorar era permitido. E com isso, muitas pessoas aprenderam logo cedo a engolir suas lágrimas e sentimentos. Nos ensinavam, com raríssimas exceções, que nada devíamos demonstrar, e aos poucos aprendemos a reprimir o que sentimos. Quando não tivemos quem nos ajudasse a lamentar nossos momentos de dor, solidão, tristeza, acabamos por bloquear, reprimir para outras pessoas e para nós mesmos, tudo aquilo que sentimos. Queremos ser fortes e conseguimos, mas só nós sabemos qual o preço que pagamos. Com o tempo, começamos a perceber que tudo aquilo que por anos ficou muito bem guardado, começa de alguma forma a pedir, para não dizer gritar, que precisa sair. É neste momento que inconscientemente criamos situações nas quais estes sentimentos possam ser experimentados novamente. Quando vivemos situações de desprezo, rejeição, abandono, solidão, maus-tratos, quando criança e não havia quem pudesse suportá-los ao nosso lado, passamos a recriar situações e relacionamentos para podermos expressá-los aqueles mesmos sentimentos que foram reprimidos, com a fantasia inconsciente de resolver o trauma original. Nem sempre recriamos as mesmas situações, mas sim qualquer situação que nos faça sentir os mesmos sentimentos.

Sentimentos de rejeição, abandono e abusos vividos durante a infância são os mais difíceis de serem superados. É como se registrássemos que não somos dignos de sermos amados, nem aceitos por aquilo que somos. Isso pode gerar muitas dificuldades nos relacionamentos, seja em forma de boicotes ou repetição de padrões, pela necessidade constante de aprovação e reconhecimento. Por exemplo, uma pessoa que viveu situações de rejeição e abandono durante sua infância, pode buscar, é isso mesmo, buscar inconscientemente, situações que a façam se sentir abandonada e rejeitada. Se teve um pai e/ou mãe que a rejeitaram, foram ausentes, distantes, poderá fazê-la recriar relacionamentos com pessoas que a faça se sentir igualmente rejeitada e abandonada. Isso pode parecer absurdo, mas nosso inconsciente faz exatamente isso mesmo, mas há uma intenção, que é nos libertar daqueles sentimentos que tanto machucaram e continuam a machucar, mesmo depois de muitos anos. Mas, para isso, é importante ter alguém com quem possa contar o que sentiu, lamentar, e receber todo apoio que não recebeu na época que aconteceu. Há pessoas que perderam pessoas significativas quando crianças e até hoje, já adultas, não choraram, nem elaboraram, e muito menos superaram essa dor. Ser capaz de falar sobre a dor que sentimos significa que inconscientemente estamos dispostos a aceitar e superar o que nos aconteceu. O que nem sempre é fácil, pois assusta, causa medo de sentir mais dor, o que faz com que as pessoas evitem tocar nestes assuntos, o que só causa mais dor. O fato de não falar sobre o que sentimos, não nos isenta de senti-los.

Quando passamos uma vida sendo machucados e passamos por cima, ignorando como se nada tivesse acontecido, pois do contrário ficaríamos completamente sós, acabamos por permitir que outras pessoas nos machuquem mais e mais. Assim, perdemos o foco em nossa própria vida, deixando de nos ouvir para ouvir aos outros, deixamos de ser nós mesmos para sermos quem gostariam que fôssemos, e é assim que nos perdemos de nossa essência, de quem somos verdadeiramente.

É preciso lembrar e ter consciência que se um dia alguém não o aceitou, o abandonou, muitas outras lhe deram valor, gostam de você e estão ao seu lado. É preciso parar com essa busca incessante de aprovação, seja de quem for, geralmente dos genitores, e que pode se estender por toda uma vida. Do contrário, de vítima poderá se tornar em algoz de si mesmo. Se a rejeição ainda está viva como se existisse no momento presente é porque de alguma forma você assim permite. Interrompa esse círculo vicioso de dor. Libere este sentimento para que ele se dissolva e pare de te torturar. Hoje você não precisa mais passar pelas mesmas agressões, indiferença, desprezo, vergonha, humilhação, entre tantas outras situações que já vivenciou. Hoje você pode viver na harmonia, paz, tranqüilidade, pois essa condição só depende de você. Enquanto criança não temos muitos recursos para nos defender, mas hoje adultos, podemos, e temos todo direito de sermos pessoas inteiras, felizes, sem implorar por carinho, apoio, compreensão, amor. Com certeza, você deve ter muitos momentos agradáveis registrados em sua mente. Muitas palavras e atitudes de carinho. Traga isso para o momento presente. Por que se sentir desvalorizado, diminuído, inferior, rejeitado, por que uma pessoa não o aceitou ou demonstrou aquilo que você precisava? Por que não permitir que o amor de outras pessoas, que com certeza há ao seu redor, chegue até seu coração? Quais são as pessoas que lhe demonstram amor, carinho, atenção, que lhe tratam com respeito, dignidade e consideração? Valorize essas pessoas, deixe que o amor que sentem por você seja muito maior que a rejeição e o desprezo que recebeu um dia. Você pode reagir, portanto, reaja!

A quem você gostaria de agradecer por uma palavra, um gesto, apoio, que um dia recebeu? Você já falou para essa pessoa o quanto lhe ajudou quando precisou? Por que não fazer isso agora? Dê um telefonema, escreva um e-mail, marque um almoço, jantar, um suco, um momento para falar da diferença que fez em sua vida. Você deixará essa pessoa feliz e você ficará mais ainda em saber que há pessoas com quem pode contar. Divida estes bons sentimentos com quem conseguiu fazer despertá-los dentro de você. A vida não pode ser contabilizada apenas de dor, mágoas, tristezas, mesmo que um dia existiram, elas podem ser substituídas por alegria, paz, harmonia. Saber valorizar o que recebemos de bom e partilhar com quem nos faz sentir vivos, alegres, pode ser um antídoto contra a dor que nos fizeram um dia sentir. Solte essa dor, chore o que não chorou, procure quem possa ouvi-lo, só assim irá conseguir se libertar daquilo, que por mais que negue, ainda dói dentro de você.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Por que fatos sem importância do dia-a-dia nos causam tanto sofrimento?

::Patricia Gebrim::

Sofremos tanto por coisas pequenas porque no fundo temos medo de dar de cara com a “coisa grande”. E a “coisa grande” é o medo que todos temos da morte, da finitude da vida. Escolhemos inconscientemente nos aprisionar aos infinitos sofrimentos do dia-a-dia para esquecer a impermanência de nossa condição humanaEu tenho uma teoria. Não tenho nenhuma pretensão de que seja verdadeira, é só uma dessas coisas que às vezes nos vem à mente em uma noite estrelada e parecem explicar muita coisa.

A teoria veio enquanto eu pensava nas infinitas pequenas coisas às quais nos agarramos e que tanto nos fazem sofrer. Se você prestar atenção ao seu redor vai entender o que digo. Quanto desperdício de energia...
Sofremos porque os motoristas são lentos no trânsito, sofremos porque o computador quebrou, sofremos porque alguém deixou os sapatos largados na nossa sala de estar, sofremos porque as pessoas não agem como achamos que deveriam agir, sofremos porque queríamos comprar algo que não podemos... e por aí vai.
Observe quantas vezes sofremos por coisas que se repetem ironicamente em nossas vidas, e mesmo sabendo que o sofrimento de nada adianta, continuamos lá. Como se fôssemos prisioneiros de uma roda mal-assombrada, ficamos lá, girando ao redor das mesmas questões, abrindo mão de nossa liberdade de voar para além daquela repetição infernal.
Alguém nos fere, nos trata sem consideração, e em vez de simplesmente mandar a pessoa “passear” continuamos lá, agarrados ao sofrimento, aceitando tudo, de novo, de novo e de novo, lutando contra a óbvia realidade de que aquela pessoa simplesmente não vai mudar. Anos e anos perdidos. Por que não mudamos nós? Simples assim... por que não saímos de cena, mudamos a história?
Agora que já entrei no assunto, peço que me permita compartilhar a minha teoria:
Aí vai... sofremos tanto por coisas pequenas porque no fundo temos medo de dar de cara com a “coisa grande”.
E a “coisa grande” é o medo que todos temos da morte, da finitude da vida.

Escolhemos inconscientemente nos aprisionar aos infinitos sofrimentos do dia-a-dia para esquecer a impermanência de nossa condição humana.

Temos tanto medo dessa tal morte, que precisamos nos amortecer o tempo todo, precisamos desviar nossa atenção, e fazemos isso nos preocupando com infinitas coisas pequenas, fazendo com que ocupem todo o espaço dentro de nós, permitindo que nos envolvam de tal maneira que nunca tenhamos que olhar para o medo grande. Criamos esse monte de problemas, nos perdemos em meio às nossas neuroses (neurose é repetição!), nos distraímos com coisas sem importância para que não exista espaço dentro de nós para o vazio, para o silêncio onde repousa a verdade última que diz que todos caminhamos em direção à morte.
Se parássemos de nos amortecer nos problemas diários, se cessássemos o movimento doentio dessa roda ilusória de repetições. Se olhássemos corajosamente para a morte, bem lá no fundo escuro que existe dentro dos seus olhos, por incrível que pareça, tocaríamos a vida.
Porque quem sabe da morte entende o valor do tempo.
E quem sabe o quanto vale cada instante, não o desperdiça em coisas banais que tão pouco significado tem.
Se tivéssemos a coragem de aceitar que a vida é finita, a viveríamos com muito mais presença e prazer. Se encarássemos cada minuto como aquele que antecede o minuto final, o sorveríamos como se fosse o mais puro néctar. Se fôssemos corajosos a ponto de silenciar essa loucura interna que criamos para nos amortecer, se pudéssemos penetrar no vazio com a humildade de quem tira os sapatos para adentrar um lugar sagrado, ouviríamos a voz de nossa alma, e saberíamos cuidar melhor da vida, e das pessoas, e de nós mesmos.
Assim, a meu ver, não há como encontrar a verdadeira paz sem que antes tenhamos - como diz Castaneda em seu livro Viagem a Ixtlan - a morte como companheira.
Apresse-se, apresse-se... vá em busca da paz... os ponteiros não param.
E na paz... apenas na paz... a vida se torna maior do que a morte.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Aceitar é começar a ser feliz

::Carlos Hilsdorf::

"Aceitação não é comodismo ou fuga, o ato da aceitação equivale a envolver com amor profundo os fatos que não podemos alterar e encará-los como circunstâncias a serem vivenciadas e vencidas para o fortalecimento do nosso ser"Há momentos na vida, onde tudo parece estar perfeito, maravilhoso, melhor que o sonhado. Muitos desses momentos têm continuidade e nos permitem experimentar esta sensação de alegria profunda e realização, outros não. Alguns desses momentos são subitamente interrompidos por causas inesperadas, fatos inusitados e circunstâncias inimagináveis.

Uma amiga acaba de perder o bebê aos dois meses de gestação. Somente as mães compreendem em profundidade a dor oriunda de uma situação como essa. Nós exercitamos a empatia e imaginamos o que significa, mas por mais que nos sensibilizemos não podemos experimentar a mesma dor.

É conhecida a frase: a dor é inevitável, o sofrimento opcional. Nessas circunstâncias não é bem assim; para uma mãe ou futura mamãe que perde um filho em gestação, o sofrimento não é opcional, é uma realidade inevitável. Nessas circunstâncias, a frase deve ser adaptada para: "a dor é inevitável, a forma de enfrentar o sofrimento é opcional!".

Há circunstâncias na vida onde não possuímos controle ou possibilidade de interferência ao ponto de mudar os resultados: resta-nos não como consolo, mas como atitude inteligente e digna o exercício da aceitação.

Dentro das principais opções que temos para enfrentar o sofrimento estão: o desespero, a raiva, a indiferença, a mágoa, a ira, a revolta, a depressão, a alienação e a aceitação. A única que não agrava nossos problemas e possui efeitos benéficos é a aceitação.

O exercício da aceitação é tanto mais fácil e possível quanto maior for o nosso grau de consciência, maturidade e espiritualização. Aceitar é ser verdadeiramente humilde diante dos fatos inevitáveis e das circunstâncias imutáveis. A humildade nos faz reconhecer o limite das nossas possibilidades diante do universo ao nosso redor. Aceitação não é comodismo ou fuga, o ato da aceitação equivale a envolver com amor profundo os fatos que não podemos alterar e encará-los como circunstâncias a serem vivenciadas e vencidas para o fortalecimento do nosso ser.

Diante dessas situações, seja forte. O mundo é dos fortes, diria uma sábia amiga se estivesse ao meu lado agora que escrevo este artigo. A verdadeira força reside nas capacidades de aceitação e de recomeçar.

Compreender as coisas, nem sempre diminui a dor e o sofrimento, mas nos permite optar por enfrentar a dor e o sofrimento com inteligência, dignidade e resignação.
Chamamos de resiliência a capacidade psicológica de, submetidos a fortíssimas pressões, conseguirmos retornar ao equilíbrio e retomar nossas vidas, realizando um novo começo.

Nessas circunstâncias onde a humildade e a aceitação são nossas maiores virtudes, vale lembrar três reflexões:

1) A prece da serenidade: "Senhor dá-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar,coragem para mudar as coisas que eu possa e sabedoria para que eu saiba a diferença."

2) Uma reflexão que faço em meu livro Atitudes Vencedoras: "A fé é a certeza que fica quando todas as outras deixam de existir!"

3) Um conselho repetido muitas vezes por Omar Cardoso (pesquisador de astrologia e importante radialista brasileiro da década de setenta): "Todos os dias sob todos os pontos de vista, vou cada vez melhor!"

Estas três reflexões juntas nos permitem compreender que humildade e aceitação constituem o princípio da serenidade; que nossa fé deve ser superior a nossas dores e sofrimentos, mesmo quando não podemos compreender porque determinadas coisas aconteceram, justamente quando tudo parecia perfeito, e; que a certeza de um amanhã, de um renascer onde poderemos estar melhores a cada instante, deve nortear nosso recomeço.

Seja qual for a dor que te aflige, opte por enfrentar o sofrimento pela via da aceitação: a dignidade desse caminho lhe fornecerá as forças para renascer e recomeçar e assim como a mitológica ave Fênix, você renascerá das próprias cinzas (do sofrimento que vem lhe consumindo).

Viver é renascer e recomeçar a cada dia, como repetia com profundo amor Francisco Cândido Xavier: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".
Por mais difícil que seja este momento, ele não é o fim. Acredite, pode até parecer, mas não é o fim.

Pratique a humildade, aceite a realidade e recomece, recomece sempre...
Quanto mais cedo você exercitar a aceitação, mais cedo começará a ser feliz...
Seja forte!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Segurança

:: Elisabeth Cavalcante ::

Dias confusos, acontecimentos turbulentos, tudo parece nos apontar para um estado de caos no mundo. Entretanto, apesar desta aparente derrocada, a natureza continua seguindo seu curso e serenamente cumprindo seu destino.

Cada ser vivo dedicando-se a existir do modo mais simples e natural, como se nada jamais fosse mudar ao seu redor. Esta harmonia surpreendente pode ser observada sempre que nos retiramos para regiões onde a natureza se mantém intocada. Somente o homem, em sua capacidade de intervir na realidade, na maioria das vezes negativamente, se sente ameaçado.

Porém, não consegue perceber que ele próprio constitui sua maior ameaça. Enquanto não formos capazes de descobrir uma maneira de viver com naturalidade, despertando a cada dia em profunda sintonia com o Universo, continuaremos vitimas da sensação de perigo e desamparo.

Aqueles que já atingiram um grau considerável de consciência, sabem que a segurança se origina de uma fonte interior, e independe dos fatores externos. Ela brota de uma certeza de que o Universo sempre nos proverá de tudo o que necessitamos para sermos felizes.

Mas chegar a este estágio de conexão só é possível quando acreditamos plenamente na dimensão divina da existência, que se revela através de sinais, muitas vezes sutis, e perceptíveis apenas para aqueles que ampliam seus canais de percepção.

A meditação é a forma mais eficaz de abrir estes canais e somente ela pode nos proporcionar o milagre da mudança, de um estado de adormecimento para outro em que nos mantemos vivos, alertas e conscientes, tanto dos pensamentos que povoam nossas mentes, quanto das emoções que dominam nossos corações.

Abrir-se para este novo estado de ser, ajuda-nos a ficar imunes à ação da negatividade que predomina ao redor. Por maior que seja a compaixão e a solidariedade para com aqueles que ainda vivem escravos da ilusão, não nos identificaremos mais de modo cego com este estado de ser.

Seremos capazes de caminhar entre eles, mantendo intacta a nossa luz e enxergando em cada um, o potencial divino que todos carregamos sem distinção. O milagre pode ocorrer a qualquer momento se, a cada dia, mais e mais de nós acreditarmos em sua realização.

Mente e Criatividade

Amado Osho, na mente, no processo de pensar, há muita energia. Como podemos usar essa energia de um modo criativo e construtivo?

A pergunta é muito complexa. Soa simples, mas não é simples.
Você está perguntado: "A mente é cheia de energia; como usar essa energia de modo criativo e construtivo?".
Quem vai usar essa energia...?
Se a própria mente for usar essa energia, ela nunca poderá ser criativa e nunca poderá ser construtiva.

É isso o que está acontecendo por todo o mundo. É isso o que está acontecendo na ciência... Toda a miséria da ciência é que a mente está usando a própria energia... mas a mente é uma força negativa - ela não pode usar nada criativamente, ela precisa de um mestre. A mente é um serviçal...!
Você tem um mestre?

Assim, para mim a questão é... a meditação desenvolve o mestre interno. Ela o torna completamente alerta e consciente de que a mente é um instrumento. Agora então, o que quer que você queira fazer, você pode fazer. E se você não quiser fazer nada com ela, você pode pô-la de lado e pode permanecer em absoluto silêncio.

Neste momento, você não é o mestre - nem por cinco minutos... Você não pode dizer à mente: "Por favor, fique silenciosa por cinco minutos.". Esses serão os cinco minutos nos quais a mente ficará mais veloz, correndo mais do que nunca... - porque ela terá de mostrar a você quem é o mestre.

....Se você tentar parar de pensar por cinco minutos, entrarão mais pensamentos do que nunca - pela simples razão de mostrar a você que você não é o mestre. Assim, primeiramente a pessoa tem de conseguir a mestria; e o meio de se tornar o mestre não é dizer aos pensamentos: "Pare!". O meio de se tornar o mestre é observar todo o processo de pensamento.

....Seus pensamentos têm de compreender uma única coisa: que você não está interessado neles. No momento em que você tiver firmado isso, você terá alcançado uma grande vitória.
Simplesmente observe. Não diga nada aos pensamentos. Não julgue. Não condene.
Não os mande embora. Deixe-os fazer o que quer que estejam fazendo, qualquer ginástica - deixe-os fazerem; você simplesmente observa e desfruta. Trata-se de um belo filme. E você se surpreenderá: simplesmente observando, chega um momento em que os pensamentos não mais estarão presentes, não haverá nada para observar.

Essa é a porta que tenho chamado de nada, de vazio.
Por essa porta entra o seu ser verdadeiro, o mestre. E esse mestre é absolutamente positivo; em suas mãos, tudo se transforma em ouro.

...Assim, você não pode fazer nada diretamente com a mente. Você terá que dar umas voltinhas; primeiro você tem de trazer o mestre para dentro. Está faltando o mestre e, durante séculos, o serviçal pensou que ele era o mestre. Simplesmente, deixe o mestre entrar e o serviçal, imediatamente, compreenderá. Basta a presença do mestre e o serviçal cai aos pés do mestre e espera por alguma ordem, qualquer coisa que o mestre queira que seja feito - ele está pronto.

.....Não toque na mente. Primeiramente, apenas descubra onde está o mestre. Trata-se de um mecanismo complicado. Deixe o mestre estar presente e a mente funciona como um serviçal, muito perfeitamente.
No Oriente, nós fizemos isso. Gautama, O Buda, poderia ter-se tornado Albert Einstein sem nenhuma dificuldade; ele era um gênio muito maior. Mas toda a sua vida foi devotada à transformação das pessoas, para dentro da consciência, para dentro da compaixão, para dentro do amor, para dentro da bem-aventurança.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Tensão de fim de ano

:: Rosemeire Zago ::

Com a aproximação do fim de ano, as festas chegando, há a sensação de que não se realizou tudo o que queria: são dívidas a serem quitadas, projetos a serem concluídos, conflitos a serem solucionados, pessoas a serem perdoadas, mudanças a serem efetivadas, casamentos a serem feitos e outros desfeitos, palavras a serem ditas; enfim, os desejos e as cobranças, principalmente as internas, se fazem presentes, tendo como prazo o final do ano. A esse leque de cobranças, somam-se ainda os múltiplos compromissos típicos do final de ano: compras, com quem e onde passar as festas, presentes, viagens, férias, etc. Todos parecem correr contra o relógio, pois o tempo parece estar cada vez mais escasso e de repente, as pessoas pensam que podem abraçar o mundo, quando muitas vezes não conseguem abraçar a si próprias.
Querem achar todas as soluções, resolver tudo o que ficou pendente, retomar planos inacabados, concluir tudo aquilo que sequer começaram, ou ainda, já começam a se preocupar com as metas para o ano que vai começar. A isso tudo, soma-se ainda a ansiedade, preocupação, cansaço e estresse devido a problemas rotineiros, e a sobrecarga se torna inevitável, gerando irritação, insatisfação, enfim, uma angústia insuportável, onde geralmente a origem é creditada aos fatores externos. Mas será?

Como nem sempre as pessoas conseguem, ou sequer refletem sobre os conflitos internos, passam a se preocupar apenas com os fatores externos, como os presentes a serem comprados, a comida a ser feita, armários a serem arrumados, viagens a serem realizadas, e a reflexão fica em segundo plano, como se pensar fosse sinônimo de dor.

A proximidade do Natal com todo o seu simbolismo parece por si só mobilizar as emoções, alterando nossa afetividade e deixando-nos muitas vezes tristes. As decepções e frustrações parecem cada dia nos atingir mais. Muitos, como sentem dificuldade em identificar e lidar com o que sentem, acabam se sobrecarregando de atividades, como que para não pensar e sentir. Acumulamo-nos de compromissos não só porque é preciso realizá-los; queremos mais tempo, não só porque ele se vai rapidamente, mas principalmente para não entrarmos em contato com nossa realidade interna. Como defesa, buscamos inconscientemente fugir do encontro com os próprios sentimentos como forma de garantir menos sofrimento. Mas fugir de nada adianta.

Refletir sobre o que sentimos pode até causar dor, mas é preciso lembrar que fugir não diminui essa dor, apenas não nos torna conscientes que ela existe, e só refletindo sobre o que sentimos é que podemos fazer com que pare de doer. Precisamos nos lembrar que não somos máquinas onde ligamos e desligamos botões e esses obedecem aos novos comandos imediatamente. E que bom que somos seres humanos! Seres humanos livres para pensar, sentir, fazer novas escolhas, amar, viver!

Quando o final do ano se aproxima nos sobrecarregamos com cobranças como se quiséssemos compensar o tempo perdido. Nessa ânsia para que tudo se realize, surgem as insatisfações. Ao que você atribui o que está sentindo? Que tal refletir sobre as possíveis causas de seus sentimentos? Será que irá passar as festas com quem realmente deseja? E sua vida, está sendo conduzida da forma que realmente gostaria? Escreva sobre o que sente, isso poderá ajudá-lo a entender a origem de seus sentimentos. Agindo com consciência diminuirá sua necessidade de buscar fora, pois saberá que pode contar com o que há dentro de você, e isso fará muita diferença! Pare de correr contra o tempo, já não basta a correria diária? Você deve estar em paz consigo mesmo, e para isso não é preciso correr contra tempo, mas sim parar de se cobrar perfeição, afinal, quem é perfeito? Pare imediatamente de se criticar vendo em você somente defeitos. Será mesmo que não há nada de belo em você? Pare de fugir do espelho e se olhe com atenção, sem querer encontrar algo para criticar. Olhe com olhos de quem ama. Sabe como é aquele olhar que transmite acima de tudo compreensão e amor? Será que é possível você se olhar assim? Olhe realmente para o que há de melhor em você, e irá descobrir que você é um ser divino, que merece carinho, atenção, respeito e muito, muito amor! O melhor sempre é olhar-se internamente, assumindo sua realidade e identificando cada sentimento que há dentro de você.

A verdadeira sabedoria não é acumular informações e conhecimentos, mas colocar cada uma delas em prática. O que resolve, por exemplo, ser um profissional competente, responsável, se não percebe a hora de ir mais devagar, dar mais atenção as pessoas que ama? É importante definir prioridades para não se sobrecarregar. Mesmo cansado, as justificativas sempre são de que não se tem tempo para descansar, viajar. Mas eu pergunto: se houver um infarto e tiver que ficar 15 dias em uma UTI haverá tempo disponível? Com certeza. Mas se podemos evitar mais sofrimento com pequenas alterações na rotina diária, porque adiar para depois? Será que não poderá ser tarde demais?

Pense em tudo isso e reflita um pouco mais sobre sua vida. Afinal, todos nós temos nossos próprios limites e pode ser muito mais sábio cada um respeitar os seus, parar e refletir. E para isso, não é preciso esperar o próximo ano começar!