::Rosemeire Zago::
Muito de nosso sofrimento tem origem nas crenças que carregamos. Afinal, o que são crenças? Crença é aquilo que aprendemos desde criança e adotamos como verdade. Evidentemente, algumas são verdadeiras, outras não. As crenças começaram através de histórias e costumes. Elas são transmitidas pela religião, educação, mas principalmente por nossos pais.
Quando somos crianças, pequenas e dependentes, ouvimos sem questionar, acreditando cegamente em nossos pais e nos adultos mais próximos, como se fossem donos de toda sabedoria e verdade, afinal são nossas únicas referências. Ou seja, aprendemos em casa com nossos pais, irmãos, avós... Depois, conforme vamos crescendo, aprendemos na escola, com a televisão, mídia, internet... Enfim, são infinitas as mensagens que recebemos diariamente das mais diversas fontes. Muitas são captadas sem percebermos e ficam registradas em nossa mente.
Quantas são as crenças que ainda fazem muitas pessoas sofrerem? Cada um tem que identificar aquilo que um dia aprendeu e que continua acreditando como sendo verdade absoluta, apenas seguindo como se fossem regras impostas, sem questionamentos. Quem nunca ouviu: "Homem que é homem não chora?" E vemos tantos engolirem suas lágrimas, como se o fato de terem sensibilidade e sentimento os fizessem menos homens. Quantas pessoas ainda hoje acreditam que ser homem é apenas ser o provedor e a mulher é quem cuida da casa e dos filhos? Quantas mulheres que ainda não casaram se culpam pela excessiva cobrança da família, e o pior, de si mesmas? Além da culpa, ouvem constantemente piadinhas constrangedoras ameaçando que irão ficar para 'titia'.
Muitos de nós temos pensamentos mágicos como: "Quando casar todos os problemas serão resolvidos", ou ainda: "Serei feliz quando conseguir comprar uma casa, ter um filho, um diploma, ter uma renda superior a que tenho". Esses exemplos são reflexos de crenças aprendidas e que são carregadas dentro de nós como verdades. Crenças que são simplesmente seguidas e que podem trazer muito sofrimento, quando não condizem com os valores próprios de cada pessoa.
Crenças como:
- sexo é pecado e 'sujo';
- mulher tem que se casar cedo e ter filhos;
- homem não chora;
- ao homem cabe - apenas - o papel de provedor;
- devemos ser obedientes e servir aos outros;
- nunca demonstre seus sentimentos, entre outras.
Sabemos que a lista é infinita, estes são apenas simples exemplos que devem ser banidos de nossa vida, pois de nada nos servem.
Há ainda as crenças supersticiosas que geram as conhecidas crendices, como por exemplo, a crença de que é má sorte um gato preto atravessar o caminho; que ao passar por debaixo de uma escada terá azar; quem ri muito chora depois...
As crenças também são a origem de infinitas culpas que carregamos. Muitas crenças nos fazem acreditar que se não as seguirmos, estaremos errados, e assim nos culpamos. Muitas crenças agem de forma a limitar as pessoas. Por isso é preciso identificar quais são as crenças que ainda carregamos dentro de nós e quais queremos continuar a ter. Muitas são crenças distorcidas que fazem parte apenas de um passado e que muitos trazem para o momento presente.
Sempre buscamos uma justificativa naquilo que um dia aprendemos, só que infelizmente, não reavaliamos se tal crença ainda nos serve. Ou seja, as pessoas não atualizam suas crenças, a verdade que um dia acreditaram como absoluta. Tudo muda, não podemos ser rígidos e inflexíveis em nossos pensamentos, pois eles refletirão em nossas atitudes nos fazendo sofrer.
Não posso afirmar que todo nosso sofrimento provém de crenças, mas a maioria deles. Outra fonte de sofrimento é a ilusão, onde ficamos esperando que o outro nos dê aquilo que não tem, não pode ou não quer nos dar, mas isso é assunto para outro artigo.
Voltando ao assunto das crenças, hoje quantas são as pessoas que continuam dentro de um relacionamento afetivo sem amor, companheirismo e amizade, só porque um dia aprenderem que casamento é para sempre?
Tudo que ouvimos, lemos e vemos deve ser analisado, e não apenas aceito passivamente. Devemos sim buscar orientação e informação. Porém, a decisão final sempre caberá a cada um de nós. Busque a tão almejada paz interior por meio do constante exercício de reflexão e diálogo interno. Nossas emoções são os sinais do nosso mundo interior e exterior. Nos avisam o que devemos ou não fazer. Por isso, pare por alguns segundos e perceba o que está sentindo. O que seus sentimentos podem estar revelando? O que seu corpo através de sintomas ou doenças pode estar manifestando? Quando sua própria voz for ouvida, é certo avaliar se está contaminada por crenças antigas e que podem - e devem - ser reavaliadas e atualizadas, agora sem mais permitir que conduzam sua vida, mas considerando suas próprias verdades e necessidades mais íntimas. Conduzir nossa vida perante aquilo que esperam de nós ou nos fizeram acreditar é o caminho mais curto para o sofrimento. E esse, creio, você não quer mais.
Já percebeu que sua mente inventa razões para os desconfortos corporais e emocionais? Foi por isso que me interessei pela Psicoterapia Corporal! O meu trabalho com o corpo, a mente e as emoções começou em 2004. Para mim o ser humano só alcança a saúde quando consegue se entender e se sentir em seu próprio corpo. Então convido você a participar do meu blog, aqui falaremos sobre maneiras de encontrar o seu caminho em direção a sua saúde! Contato: fermayoral@gmail.com ou (34)9.9990-1148
terça-feira, 28 de junho de 2011
E você? Qual é a sua crença?
Psicóloga CRP 207.545/06 - Psicoterapeuta Corporal especialista em Análise Bioenergética e em Constelações Sistêmicas - Familiar, Organizacional e Escolar. Atendimentos online.
Contato (34)9.9990-1148
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Criando raízes...
::Philip Gulley::
Quando eu era pequeno, tinha um velho vizinho chamado Dr. Gibbs. Ele não se parecia com nenhum médico que eu jamais houvesse conhecido. Todas as vezes em que eu o via, ele estava vestido com um macacão de zuarte e um chapéu de palha cuja aba da frente era de plástico verde transparente. Sorria muito, um sorriso que combinava com seu chapéu - velho, amarrotado e bastante gasto.
Nunca gritava conosco por brincarmos em seu jardim. Lembro-me dele como alguém muito mais gentil do que as circunstâncias justificariam. Quando o Dr. Gibbs não estava salvando vidas, estava plantando árvores. Sua casa localizava-se em um terreno de dez acres, e seu objetivo na vida era transformá-lo em uma floresta.
O bom doutor possuía algumas teorias interessantes a respeito de jardinagem. Ele era da escola do "sem sofrimento não há crescimento". Nunca regava as novas árvores, o que desafiava abertamente a sabedoria convencional. Uma vez perguntei-lhe por quê. Ele disse que molhar as plantas deixava-as mimadas e que, se nós as molhássemos, cada geração sucessiva de árvores cresceria cada vez mais fraca.
Portanto, tínhamos que tornar as coisas difíceis para elas e eliminar as árvores fracas logo no início. Ele falou sobre como regar as árvores fazia com que as raízes não se aprofundassem, e como as árvores que não eram regadas tinham que criar raízes mais profundas para procurar umidade. Achei que ele queria dizer que raízes profundas deveriam ser apreciadas. Portanto, ele nunca regava suas árvores. Plantava um carvalho e, ao invés de regá-lo todas as manhãs, batia nele com um jornal enrolado. Smack! Slape! Pou!
Perguntei-lhe por que fazia isso e ele disse que era para chamar a atenção da árvore. O Dr. Gibbs faleceu alguns anos depois. Saí de casa. De vez em quando passo por sua casa e olho para as árvores que o vi plantar há cerca de vinte e cinco anos. Estão fortes como granito agora. Grandes e robustas. Aquelas árvores acordam pela manhã, batem no peito e bebem café sem açúcar.
Plantei algumas árvores há alguns anos. Carreguei água para elas durante um verão inteiro. Borrifei-as. Rezei por elas. Todos os nove metros do meu jardim. Dois anos de mimos resultaram em árvores que querem ser servidas e paparicadas. Sempre que sopra um vento frio, elas tremem e balançam os galhos. Árvores maricas.Uma coisa engraçada a respeito das árvores do Dr. Gibbs: a adversidade e a privação pareciam beneficiá-las de um modo que o conforto e a tranqüilidade nunca conseguiriam.
Todas as noites, antes de ir dormir, dou uma olhada em meus dois filhos. Olho-os de cima e observo seus corpinhos, o sobe e desce da vida dentro deles. Freqüentemente rezo por eles. Rezo principalmente para que tenham vidas fáceis."Senhor, poupe-os do sofrimento." Mas, ultimamente, venho pensando que é hora de mudar minha oração. Essa mudança tem a ver com a inevitabilidade dos ventos gelados que nos atingem em cheio. Sei que meu filhos irão encontrar dificuldades e minha oração para que isto não aconteça é ingênua. Sempre há um vento gelado soprando em algum lugar.
Portanto, estou mudando minha oração vespertina. Porque a vida é dura, quer o desejemos ou não. Em vez disso, vou rezar para que as raízes de meus filhos sejam profundas, para que eles possam retirar forças das fontes escondidas do Deus eterno. Muitas vezes rezamos por tranqüilidade, mas essa é uma graça difícil de alcançar. O que precisamos fazer é rezar por raízes que alcancem o fundo do Eterno, para que quando as chuvas caiam e os ventos soprem não sejamos varridos em direções diferentes.
Quando eu era pequeno, tinha um velho vizinho chamado Dr. Gibbs. Ele não se parecia com nenhum médico que eu jamais houvesse conhecido. Todas as vezes em que eu o via, ele estava vestido com um macacão de zuarte e um chapéu de palha cuja aba da frente era de plástico verde transparente. Sorria muito, um sorriso que combinava com seu chapéu - velho, amarrotado e bastante gasto.
Nunca gritava conosco por brincarmos em seu jardim. Lembro-me dele como alguém muito mais gentil do que as circunstâncias justificariam. Quando o Dr. Gibbs não estava salvando vidas, estava plantando árvores. Sua casa localizava-se em um terreno de dez acres, e seu objetivo na vida era transformá-lo em uma floresta.
O bom doutor possuía algumas teorias interessantes a respeito de jardinagem. Ele era da escola do "sem sofrimento não há crescimento". Nunca regava as novas árvores, o que desafiava abertamente a sabedoria convencional. Uma vez perguntei-lhe por quê. Ele disse que molhar as plantas deixava-as mimadas e que, se nós as molhássemos, cada geração sucessiva de árvores cresceria cada vez mais fraca.
Portanto, tínhamos que tornar as coisas difíceis para elas e eliminar as árvores fracas logo no início. Ele falou sobre como regar as árvores fazia com que as raízes não se aprofundassem, e como as árvores que não eram regadas tinham que criar raízes mais profundas para procurar umidade. Achei que ele queria dizer que raízes profundas deveriam ser apreciadas. Portanto, ele nunca regava suas árvores. Plantava um carvalho e, ao invés de regá-lo todas as manhãs, batia nele com um jornal enrolado. Smack! Slape! Pou!
Perguntei-lhe por que fazia isso e ele disse que era para chamar a atenção da árvore. O Dr. Gibbs faleceu alguns anos depois. Saí de casa. De vez em quando passo por sua casa e olho para as árvores que o vi plantar há cerca de vinte e cinco anos. Estão fortes como granito agora. Grandes e robustas. Aquelas árvores acordam pela manhã, batem no peito e bebem café sem açúcar.
Plantei algumas árvores há alguns anos. Carreguei água para elas durante um verão inteiro. Borrifei-as. Rezei por elas. Todos os nove metros do meu jardim. Dois anos de mimos resultaram em árvores que querem ser servidas e paparicadas. Sempre que sopra um vento frio, elas tremem e balançam os galhos. Árvores maricas.Uma coisa engraçada a respeito das árvores do Dr. Gibbs: a adversidade e a privação pareciam beneficiá-las de um modo que o conforto e a tranqüilidade nunca conseguiriam.
Todas as noites, antes de ir dormir, dou uma olhada em meus dois filhos. Olho-os de cima e observo seus corpinhos, o sobe e desce da vida dentro deles. Freqüentemente rezo por eles. Rezo principalmente para que tenham vidas fáceis."Senhor, poupe-os do sofrimento." Mas, ultimamente, venho pensando que é hora de mudar minha oração. Essa mudança tem a ver com a inevitabilidade dos ventos gelados que nos atingem em cheio. Sei que meu filhos irão encontrar dificuldades e minha oração para que isto não aconteça é ingênua. Sempre há um vento gelado soprando em algum lugar.
Portanto, estou mudando minha oração vespertina. Porque a vida é dura, quer o desejemos ou não. Em vez disso, vou rezar para que as raízes de meus filhos sejam profundas, para que eles possam retirar forças das fontes escondidas do Deus eterno. Muitas vezes rezamos por tranqüilidade, mas essa é uma graça difícil de alcançar. O que precisamos fazer é rezar por raízes que alcancem o fundo do Eterno, para que quando as chuvas caiam e os ventos soprem não sejamos varridos em direções diferentes.
Psicóloga CRP 207.545/06 - Psicoterapeuta Corporal especialista em Análise Bioenergética e em Constelações Sistêmicas - Familiar, Organizacional e Escolar. Atendimentos online.
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quarta-feira, 8 de junho de 2011
Necessidade de controle
::Teresa Cristina Pascotto::
Cansaço, exaustão, falta de energia, desânimo, apatia. Dentre outros motivos, isto se deve a uma excessiva necessidade de controle.
Muitas pessoas, não conseguem confiar - em nada e em ninguém. As dores que viveram na infância fizeram com que acreditassem que o mundo é hostil. Assim, tiveram que criar um mecanismo de defesa "poderoso" para sobreviverem a esse mundo: o controle absoluto sobre tudo e todos. Impossível, claro, mas acreditaram que conseguiriam. Assim, para controlar o mundo, aprenderam a manipular; a se esquivar; a se deixar vitimizar; a se retrair; a se disfarçar de bondosos; a fazer de conta que não se importavam com as coisas; a reagir agressivamente, quando se sentiam ameaçados; a explicar ou a justificar, minuciosamente um fato, quando queriam se defender ou evitar um julgamento; enfim, criaram vários jogos, atitudes e dissimulações, na tentativa de controlar tudo à sua volta.
Quanto mais tentam controlar a vida, mais esforço fazem nesse sentido e, com isso, menos controle tem. Ao sentirem que estão perdendo o controle, sentem medo e mais esforço fazem no sentido de resgatá-lo. Obviamente, isso vira uma bola de neve e se torna cada vez mais impossível se obter o real controle que desejam. Quanto mais forçam a barra nesse sentido, mais obtém a ruptura de sua estrutura emocional e mental.
O resultado? Frustração, decepção, tristeza e exaustão. Isto na forma mais suave, sem mencionar estados mais graves em que levam à depressão, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, dentre outros.
Batalha perdida. E o pior, é que a maior perda nessa batalha é da própria vitalidade. As pessoas perdem o viço, a alegria, perdem o rumo e o poder sobre si mesmas.
A partir do exposto, dá para perceber que se uma pessoa assim, continuar no caminho do controle, as conseqüências serão cada vez mais desastrosas.
A única saída para isso é abrir mão do controle e se entregar para a vida. Mas como fazer isso e se sentir seguro?
Infelizmente, num primeiro momento, será impossível abrir mão do controle, com sensação de segurança. Para uma pessoa excessivamente controladora, que faz isso justamente por conta de sua extrema insegurança, isto não será possível de imediato, mas será uma conquista gradativa, à medida que for buscando formas de confiar mais. Este é o aprendizado: confiar na vida e se entregar.
No início poderá experimentar uma sensação de confusão e de perda total de controle. Isso será natural, pois o novo assusta e a pessoa habitualmente controladora, sente-se confusa diante dessa nova experiência. Com a consciência e aceitação de que isto poderá ocorrer, a pessoa poderá perseverar em sua escolha, tendo mais coragem de se entregar a esse processo e, aos poucos, começará a perceber os resultados positivos e isso a fará se soltar e se entregar ainda mais.
A sensação de confusão poderá ser um indicador de que a pessoa está tentando controlar a situação. Quanto mais se perceber, em cada momento, mais consciente se tornará de suas próprias manipulações para com a vida.
Entrega. Esta é a palavra que define esse processo. Obviamente, esta palavra assusta qualquer controlador.
Porém, é mais fácil do que se possa imaginar, basta que a pessoa ligue seu "observador interno" e viva da forma habitual, mas com um grau de atenção saudável - não controlado - sobre si. Desta forma, ao perceber alguma tensão se manifestando, poderá se perguntar: por que estou tenso? Neste contexto, tensão significa medo de não atingir algum objetivo e isto indica que provavelmente está tentando controlar a situação para alcançá-lo. Eis aqui o controle sendo percebido no momento em que acontece.
O que fazer então? ACEITAR que está tentando controlar e acolher-se. Em seguida, desejar (apenas um desejo, não é uma ação) encontrar um meio de se entregar e deixar a vida acontecer.
Quando uma pessoa se fixa em um único resultado que a satisfaça e se excede em ações, nunca se dá a chance de se colocar numa atitude receptiva, para perceber os sinais que indicam que seus movimentos trouxeram resultados e, assim, nunca está aberta para receber. É seu Ego, com sua percepção distorcida, que acredita que "tal resultado" é o certo, o ideal. Muitas vezes, valiosos resultados se perdem porque não são percebidos.
Não temos a capacidade de saber qual resultado é verdadeiramente ideal para a nossa alma, não enquanto o Ego dominar. Assim, a pessoa deverá fazer sua parte, mas deverá estar atenta para perceber até onde já fez o que era necessário no que diz respeito à sua ação para a vida. O resto deverá ficar por conta da própria vida. Aqui é o momento de se abrir para receber. Na atitude de entrega, a intuição mostra o que deve ser feito para alcançar os objetivos. A pessoa então, parte para a ação em busca disso, porém, sem controle sobre os resultados. Este é o caminho.
Cansaço, exaustão, falta de energia, desânimo, apatia. Dentre outros motivos, isto se deve a uma excessiva necessidade de controle.
Muitas pessoas, não conseguem confiar - em nada e em ninguém. As dores que viveram na infância fizeram com que acreditassem que o mundo é hostil. Assim, tiveram que criar um mecanismo de defesa "poderoso" para sobreviverem a esse mundo: o controle absoluto sobre tudo e todos. Impossível, claro, mas acreditaram que conseguiriam. Assim, para controlar o mundo, aprenderam a manipular; a se esquivar; a se deixar vitimizar; a se retrair; a se disfarçar de bondosos; a fazer de conta que não se importavam com as coisas; a reagir agressivamente, quando se sentiam ameaçados; a explicar ou a justificar, minuciosamente um fato, quando queriam se defender ou evitar um julgamento; enfim, criaram vários jogos, atitudes e dissimulações, na tentativa de controlar tudo à sua volta.
Quanto mais tentam controlar a vida, mais esforço fazem nesse sentido e, com isso, menos controle tem. Ao sentirem que estão perdendo o controle, sentem medo e mais esforço fazem no sentido de resgatá-lo. Obviamente, isso vira uma bola de neve e se torna cada vez mais impossível se obter o real controle que desejam. Quanto mais forçam a barra nesse sentido, mais obtém a ruptura de sua estrutura emocional e mental.
O resultado? Frustração, decepção, tristeza e exaustão. Isto na forma mais suave, sem mencionar estados mais graves em que levam à depressão, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, dentre outros.
Batalha perdida. E o pior, é que a maior perda nessa batalha é da própria vitalidade. As pessoas perdem o viço, a alegria, perdem o rumo e o poder sobre si mesmas.
A partir do exposto, dá para perceber que se uma pessoa assim, continuar no caminho do controle, as conseqüências serão cada vez mais desastrosas.
A única saída para isso é abrir mão do controle e se entregar para a vida. Mas como fazer isso e se sentir seguro?
Infelizmente, num primeiro momento, será impossível abrir mão do controle, com sensação de segurança. Para uma pessoa excessivamente controladora, que faz isso justamente por conta de sua extrema insegurança, isto não será possível de imediato, mas será uma conquista gradativa, à medida que for buscando formas de confiar mais. Este é o aprendizado: confiar na vida e se entregar.
No início poderá experimentar uma sensação de confusão e de perda total de controle. Isso será natural, pois o novo assusta e a pessoa habitualmente controladora, sente-se confusa diante dessa nova experiência. Com a consciência e aceitação de que isto poderá ocorrer, a pessoa poderá perseverar em sua escolha, tendo mais coragem de se entregar a esse processo e, aos poucos, começará a perceber os resultados positivos e isso a fará se soltar e se entregar ainda mais.
A sensação de confusão poderá ser um indicador de que a pessoa está tentando controlar a situação. Quanto mais se perceber, em cada momento, mais consciente se tornará de suas próprias manipulações para com a vida.
Entrega. Esta é a palavra que define esse processo. Obviamente, esta palavra assusta qualquer controlador.
Porém, é mais fácil do que se possa imaginar, basta que a pessoa ligue seu "observador interno" e viva da forma habitual, mas com um grau de atenção saudável - não controlado - sobre si. Desta forma, ao perceber alguma tensão se manifestando, poderá se perguntar: por que estou tenso? Neste contexto, tensão significa medo de não atingir algum objetivo e isto indica que provavelmente está tentando controlar a situação para alcançá-lo. Eis aqui o controle sendo percebido no momento em que acontece.
O que fazer então? ACEITAR que está tentando controlar e acolher-se. Em seguida, desejar (apenas um desejo, não é uma ação) encontrar um meio de se entregar e deixar a vida acontecer.
Quando uma pessoa se fixa em um único resultado que a satisfaça e se excede em ações, nunca se dá a chance de se colocar numa atitude receptiva, para perceber os sinais que indicam que seus movimentos trouxeram resultados e, assim, nunca está aberta para receber. É seu Ego, com sua percepção distorcida, que acredita que "tal resultado" é o certo, o ideal. Muitas vezes, valiosos resultados se perdem porque não são percebidos.
Não temos a capacidade de saber qual resultado é verdadeiramente ideal para a nossa alma, não enquanto o Ego dominar. Assim, a pessoa deverá fazer sua parte, mas deverá estar atenta para perceber até onde já fez o que era necessário no que diz respeito à sua ação para a vida. O resto deverá ficar por conta da própria vida. Aqui é o momento de se abrir para receber. Na atitude de entrega, a intuição mostra o que deve ser feito para alcançar os objetivos. A pessoa então, parte para a ação em busca disso, porém, sem controle sobre os resultados. Este é o caminho.
Psicóloga CRP 207.545/06 - Psicoterapeuta Corporal especialista em Análise Bioenergética e em Constelações Sistêmicas - Familiar, Organizacional e Escolar. Atendimentos online.
Contato (34)9.9990-1148
domingo, 5 de junho de 2011
A sutileza entre Olhar e Ver...
::Desconheço o autor::
O Semeador de Estrelas é uma estátua localizada em Kaunas, Lituânia
Durante o dia passa despercebida...
Mas, quando a noite chega,
a estátua justifica seu nome
Que possamos ver sempre além daquilo que está
diante de nossos olhos, hoje e sempre.
"As vezes, nossa vida é colocada de cabeça para baixo,
para que possamos aprender a viver de cabeça para cima."
O Semeador de Estrelas é uma estátua localizada em Kaunas, Lituânia
Durante o dia passa despercebida...
Mas, quando a noite chega,
a estátua justifica seu nome
Que possamos ver sempre além daquilo que está
diante de nossos olhos, hoje e sempre.
"As vezes, nossa vida é colocada de cabeça para baixo,
para que possamos aprender a viver de cabeça para cima."
Psicóloga CRP 207.545/06 - Psicoterapeuta Corporal especialista em Análise Bioenergética e em Constelações Sistêmicas - Familiar, Organizacional e Escolar. Atendimentos online.
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quarta-feira, 1 de junho de 2011
Não permita que o olhar do outro paralise você
::Patricia Gebrim::
"Ah, quanto tempo precioso de nossas vidas perdemos dando à opinião alheia tanto poder. Quantas coisas deixamos de viver, quantas oportunidades perdemos"A vida em suas cenas cotidianas tem sido a minha inspiração para esta coluna e o que escrevo hoje não foge à regra.
Costumo almoçar em um pequeno restaurante que fica bem em frente ao meu consultório. Basta atravessar a rua e lá me aguardam as saladinhas de que tanto gosto. Assim, hoje, em meu intervalo para o almoço, cruzei a rua em direção a um prato saudável de salada acompanhado de um suculento grelhado. Sentei-me em uma pequena mesa na parte externa do restaurante, gosto de comer observando o movimento das pessoas na rua. Lá pelo meio do almoço, uma chuva espessa e assustadora despencou em meio a uma súbita ventania, fazendo os guardanapos voarem divertidamente para todos os lados. Terminei de almoçar sem pressa, esperando que a cortina de água se tornasse menos intensa, sem sucesso. Como chovia!
Percebi que o horário de meu próximo atendimento estava cada vez mais próximo e que eu inevitavelmente teria que atravessar toda aquela água para chegar ao consultório. Apesar de se tratar de apenas alguns metros, observei a rua cheia de água e olhei para os meus sapatos novinhos, bege claro, com dor no coração.
Após avaliar a situação, percebi que a água era limpa, não oferecendo risco à minha saúde. Apenas tirei os sapatos, para o assombro das pessoas que estavam no restaurante, e calmamente caminhei até o outro lado da rua, entrando no prédio com os sapatos nas mãos, sob o olhar divertido da recepcionista.
Foram apenas uns 30 metros, mas algo naquela travessia me fez um bem que mal consigo descrever. Cheguei do outro lado da rua com uma deliciosa sensação de leveza. Talvez por me lembrar de tempos de criança em que andar descalça sob a chuva era a coisa mais deliciosa do mundo. Talvez pela liberdade de salvar meus sapatos, sem me preocupar tanto com o que as pessoas pensariam de mim.
Dei-me conta de que eu não seria capaz de fazer algo assim há alguns anos atrás. Com certeza teria estragado meus sapatos, com medo do julgamento das pessoas:
- Como assim, a “psicóloga” atravessando a rua descalça???
Há alguns anos atrás eu teria medo de enfrentar o outro, mesmo que fosse apenas em minha fantasia.
- Como podemos saber com certeza o que pensam as outras pessoas?.
O olhar do outro muitas vezes ganha proporções mitológicas, como se fosse a própria Medusa, transformada em monstro pela deusa Atenas. Diz a mitologia grega que Medusa possuía enormes serpentes na cabeça e asas de ouro. E que transformava em estátuas de pedra as pessoas que ousassem olhar diretamente em seus olhos.
Basta que a gente se preocupe com o olhar do outro, e imediatamente viramos estátuas de pedra, paralisados, amedrontados. O outro é a Medusa.
Mas precisamos nos lembrar que Medusa era uma górgona, irmã de Euríale e Esteno. Das três, Medusa era a única mortal. Sendo mortal, podemos vencê-la, como fez Perseu ao olhar para o horrendo monstro através do reflexo de seu escudo, decapitando-a com um único e certeiro golpe.
Usemos pois o escudo de nossa consciência para nos livrar desse olhar medonho que nos paralisa e nos transforma em estátuas de pedra. Façamos como Perseu, exterminando impiedosamente aquilo que limita nossos movimentos, rouba nossa espontaneidade e nos impede de ser quem de verdade somos.
Ah, quanto tempo precioso de nossas vidas perdemos dando à opinião alheia tanto poder. Quantas coisas deixamos de viver, quantas oportunidades perdemos.
O olhar do outro se torna como um gesso que limita nossos movimentos, rouba nossa fala, endurece nosso sorriso, rouba as asas de nossa alma.
Quando nos libertamos desse olho monstruoso que nos persegue, quando fazemos as pazes com nossa forma de ser, com nossas decisões, eliminamos muitas das causas de nossas angústias. Sentimos-nos leves para andar pela vida descalços, para rir de coisas bobas, para brincar como fazem as sábias crianças que não levam a vida tão a sério.
Passamos a agir com mais desenvoltura, com menos inibições, com mais firmeza e encantamento. Não existe nada mais libertador.
Ainda nos faz economizar uma boa quantia salvando nossos sapatos para que com eles sigamos pela vida, caminhando por nossos próprios pés!
"Ah, quanto tempo precioso de nossas vidas perdemos dando à opinião alheia tanto poder. Quantas coisas deixamos de viver, quantas oportunidades perdemos"A vida em suas cenas cotidianas tem sido a minha inspiração para esta coluna e o que escrevo hoje não foge à regra.
Costumo almoçar em um pequeno restaurante que fica bem em frente ao meu consultório. Basta atravessar a rua e lá me aguardam as saladinhas de que tanto gosto. Assim, hoje, em meu intervalo para o almoço, cruzei a rua em direção a um prato saudável de salada acompanhado de um suculento grelhado. Sentei-me em uma pequena mesa na parte externa do restaurante, gosto de comer observando o movimento das pessoas na rua. Lá pelo meio do almoço, uma chuva espessa e assustadora despencou em meio a uma súbita ventania, fazendo os guardanapos voarem divertidamente para todos os lados. Terminei de almoçar sem pressa, esperando que a cortina de água se tornasse menos intensa, sem sucesso. Como chovia!
Percebi que o horário de meu próximo atendimento estava cada vez mais próximo e que eu inevitavelmente teria que atravessar toda aquela água para chegar ao consultório. Apesar de se tratar de apenas alguns metros, observei a rua cheia de água e olhei para os meus sapatos novinhos, bege claro, com dor no coração.
Após avaliar a situação, percebi que a água era limpa, não oferecendo risco à minha saúde. Apenas tirei os sapatos, para o assombro das pessoas que estavam no restaurante, e calmamente caminhei até o outro lado da rua, entrando no prédio com os sapatos nas mãos, sob o olhar divertido da recepcionista.
Foram apenas uns 30 metros, mas algo naquela travessia me fez um bem que mal consigo descrever. Cheguei do outro lado da rua com uma deliciosa sensação de leveza. Talvez por me lembrar de tempos de criança em que andar descalça sob a chuva era a coisa mais deliciosa do mundo. Talvez pela liberdade de salvar meus sapatos, sem me preocupar tanto com o que as pessoas pensariam de mim.
Dei-me conta de que eu não seria capaz de fazer algo assim há alguns anos atrás. Com certeza teria estragado meus sapatos, com medo do julgamento das pessoas:
- Como assim, a “psicóloga” atravessando a rua descalça???
Há alguns anos atrás eu teria medo de enfrentar o outro, mesmo que fosse apenas em minha fantasia.
- Como podemos saber com certeza o que pensam as outras pessoas?.
O olhar do outro muitas vezes ganha proporções mitológicas, como se fosse a própria Medusa, transformada em monstro pela deusa Atenas. Diz a mitologia grega que Medusa possuía enormes serpentes na cabeça e asas de ouro. E que transformava em estátuas de pedra as pessoas que ousassem olhar diretamente em seus olhos.
Basta que a gente se preocupe com o olhar do outro, e imediatamente viramos estátuas de pedra, paralisados, amedrontados. O outro é a Medusa.
Mas precisamos nos lembrar que Medusa era uma górgona, irmã de Euríale e Esteno. Das três, Medusa era a única mortal. Sendo mortal, podemos vencê-la, como fez Perseu ao olhar para o horrendo monstro através do reflexo de seu escudo, decapitando-a com um único e certeiro golpe.
Usemos pois o escudo de nossa consciência para nos livrar desse olhar medonho que nos paralisa e nos transforma em estátuas de pedra. Façamos como Perseu, exterminando impiedosamente aquilo que limita nossos movimentos, rouba nossa espontaneidade e nos impede de ser quem de verdade somos.
Ah, quanto tempo precioso de nossas vidas perdemos dando à opinião alheia tanto poder. Quantas coisas deixamos de viver, quantas oportunidades perdemos.
O olhar do outro se torna como um gesso que limita nossos movimentos, rouba nossa fala, endurece nosso sorriso, rouba as asas de nossa alma.
Quando nos libertamos desse olho monstruoso que nos persegue, quando fazemos as pazes com nossa forma de ser, com nossas decisões, eliminamos muitas das causas de nossas angústias. Sentimos-nos leves para andar pela vida descalços, para rir de coisas bobas, para brincar como fazem as sábias crianças que não levam a vida tão a sério.
Passamos a agir com mais desenvoltura, com menos inibições, com mais firmeza e encantamento. Não existe nada mais libertador.
Ainda nos faz economizar uma boa quantia salvando nossos sapatos para que com eles sigamos pela vida, caminhando por nossos próprios pés!
Psicóloga CRP 207.545/06 - Psicoterapeuta Corporal especialista em Análise Bioenergética e em Constelações Sistêmicas - Familiar, Organizacional e Escolar. Atendimentos online.
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