terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Será que você sofre da 'síndrome de super-herói'?

::Roberto Shinyashiki::






 

"Quem exige de si vencer o tempo todo está se candidatando a viver crises de depressão ou, pior ainda, agir sem ética para vencer a qualquer preço. Quem precisa se sentir importante o tempo todo está criando um grande vazio em sua vida..." 

Gostaria de convidar você a refletir um pouco sobre seus heróis. Pense por alguns segundos nas pessoas que você admira.



Quando proponho essa reflexão em meus seminários, em geral ouço descrições que lembram os super-heróis das histórias em quadrinhos ou do cinema. Heróis com superpoderes que nada têm a ver com o mundo real. A maior parte deles são mitos criados no imaginário das pessoas. E você e eu já sabemos que alguém assim não existe.



Apesar de ter plena consciência de que essa imagem não passa de pura fantasia, a maioria das pessoas embarca nela de cabeça. E se ilude querendo mostrar que são superexecutivos, superempresários, supermães, superprofessores, superamantes.



Queremos ser unanimidade! Desejamos impressionar as pessoas o tempo todo. Insistimos em ser aplaudidos pela população mundial. E, para conseguir esse reconhecimento, tentamos desesperadamente parecer aquilo que não somos em nossa essência: pessoas de aço, indestrutíveis, inabaláveis.



Não estou dizendo que a pessoa que procura dar sempre o melhor de si em cada ação está errada. Ao contrário. É altamente positivo buscar a excelência em cada coisa que fazemos. Isso não quer dizer, no entanto, que sempre sairemos vitoriosos de nossas batalhas.



Ninguém consegue ganhar todas as disputas da vida. Nem Zico, nem mesmo Pelé realizaram todas as metas de sua carreira, mas nem por isso fracassaram. Quem exige de si vencer o tempo todo está se candidatando a viver crises de depressão ou, pior ainda, agir sem ética para vencer a qualquer preço. Quem precisa se sentir importante o tempo todo está criando um grande vazio em sua vida... 



Essa é uma ilusão perigosa. Alguns conhecidos meus, por exemplo, esperam ansiosamente que a empresa os chame no fim de semana para resolver um problema urgente. Parecem aqueles médicos que ficam com o olhar brilhando quando um paciente os chama no sábado à noite. A interpretação deles é a seguinte:



– Sou tão importante e indispensável que a organização não sobrevive um único segundo sem mim.



No entanto, seria mais eficaz pensar em algo como:



– Estamos tendo problemas urgentes com muita frequência. Como nossa equipe pode se organizar melhor? Onde precisamos melhorar nossos processos?

Raras pessoas têm consciência de que uma empresa organizada não precisa de sobressaltos. 



É preciso estar muito consciente para não embarcar nesse jogo de aparências e não se deixar envolver em atividades sem sentido para sua vida. Perdemos um tempo imenso correndo atrás da bagunça que criamos para nos sentir importantes. Desperdiçamos a vida porque ficamos brincando de super-heróis, prontos a entrar em ação.



Poucas pessoas percebem que viver para apagar incêndios é como correr em uma esteira ergométrica na academia: despende-se muito esforço para chegar a lugar algum. Se na esteira o ato de caminhar é um exercício para melhorar a forma física, na vida essa esteira ergométrica conduz apenas ao cansaço físico e mental. As pessoas se matam, ficam frustradas e o que permanece é uma incômoda pergunta: para que tanto sacrifício?



O problema é que acabamos entrando nessa viagem maluca de ser sensacionais em tudo e destruímos nossa paz de espírito. Na verdade, o ponto de equilíbrio é aliar a qualidade de vida ao sucesso. A questão não é medir o tamanho do sucesso, e sim estar atentos ao preço que pagaremos para conquistá-lo e, principalmente, lutar por objetivos que tenham sentido para nós.



Contudo, a loucura é tamanha que a gente não para para pensar no que está fazendo ao entrar nessa corrida da esteira ergométrica. Seguimos adiante como máquinas, querendo mostrar que somos super-heróis.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

8 passos para se libertar da Culpa





Ruminar erros passados, cobrar-se excessivamente por resultados melhores e culpar-se - até pelo inevitável - torna a vida cinza e pesada. Siga oito passos para se libertar de vez da culpa e volte a ser feliz consigo mesma! As dicas são de Fred Luskin:

1. Em vez de viver se culpando pelo que deu errado, coloque sua energia na busca por outro modo de realizar determinada tarefa ou acertar um mal-entendido.

2. Saiba exatamente como se sente em relação a determinada experiência dolorosa e, em seguida, compartilhe esse sentimento com alguém de confiança, um amigo ou seu terapeuta.

3. Faça um pacto consigo mesma de fazer o que for preciso para se sentir melhor. O perdão é algo que diz respeito tão-somente a você e a mais ninguém.

4. O autoperdão ajuda a cicatrizar velhas feridas, mas é preciso entender que seu sofrimento vem de pensamentos cultivados hoje, portanto, mude o foco.

5. No momento em que se sentir magoada ou triste consigo mesma, faça uma atividade positiva, que lhe traga prazer.

6. Pare de esperar que os outros mudem seu comportamento e o modo de tratá-la. Sua felicidade depende exclusivamente de suas ações e atitudes.

7. Lembre-se de que uma vida feliz e bem vivida é sua melhor vingança. O autoperdão aumenta seu poder pessoal.

8. Pare de se lembrar do que perdeu e de como sofreu, passe a se lembrar de como deu a volta por cima e como se sente mais forte hoje.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Flexibilidade + Humildade = Aprendizado

:: Rosemeire Zago :: 




O que mais ouvimos nas relações com as pessoas são queixas pelos mais diversos motivos; uns porque o dia está frio ou calor demais, outros pela crise que estão passando no relacionamento afetivo, problemas no trabalho, doenças na família, conflitos com os filhos, enfim, parece sempre haver motivos para muitas lamentações. Sim, há pessoas que vivem a vida assim, sempre se lamentando, como se fosse um velho hábito do qual não conseguem se libertar. Quem convive com essas pessoas sabe muito bem o quanto transmitem algo ruim, e quem sabe você mesmo não se reconhece como uma delas. Parece que para essas pessoas nada dá certo, tudo que acontece sempre podia ser melhor. Podemos dizer que são os eternos insatisfeitos. São rigidamente exigentes, consigo mesmo e mais ainda com os outros. E como deve ser sofrido viver assim, sem satisfação, sem alegria, sem prazer.

É evidente que todos nós passamos por momentos difíceis dos quais não é possível sorrir, mas será que mesmo nesses momentos não conseguimos obter algum aprendizado? Será que se conseguirmos ampliar nossa visão limitada não podemos aprender algo e com isso sofrer menos?
Pense no problema que está enfrentando nesse momento, seja qual for. Agora pense qual pode ser o aprendizado contido nessa situação. Muitas vezes, enfrentamos situações já conhecidas, exatamente pelo fato de não pararmos para buscar aquilo que podemos aprender quando elas acontecem e, assim, a situação pode retornar, ainda que de outra forma, mas com a intenção de nos fazer aprender algo. Cada um tem suas próprias lições, e da mesma forma, cada um tem seus próprios aprendizados, mas é preciso estar atento para que essas lições não passem despercebidas e retornem.

Ao refletirmos sobre a psicossomática, ciência que estuda a relação entre as doenças e o estado emocional, podemos perceber o quanto as doenças surgem como verdadeiros ensinamentos, desde que a pessoa consiga percebê-los. O aprendizado é tão importante, que quando a pessoa consegue senti-lo, dizemos que está no caminho da cura. É quando a mensagem contida é compreendida e assim, não é preciso que se mantenha nem que se repita. Portanto, comecemos a desenvolver nossa sensibilidade para aprender, sempre!

Para aprender devemos estar abertos para exercitar nossa humildade e flexibilidade. Uma pessoa orgulhosa e arrogante dificilmente acredita que ainda há o que aprender, pois pensa saber tudo; da mesma forma uma pessoa rígida em seus valores e padrões tem muita dificuldade em aceitar as mudanças, querendo sempre ter o controle de tudo e todos. Não temos como saber tudo, pois estamos em constante processo de mudança e evolução, independente de idade ou do quanto já sabemos. Por isso, para que haja mudança, devemos ser flexíveis; e para aprender, devemos ser humildes. A arrogância, o orgulho e a rigidez são verdadeiros obstáculos para o aprendizado e conseqüente crescimento.

Volte ao seu problema atual. Pense se isso já ocorreu com você em outro momento de sua vida. Não é preciso que seja necessariamente a mesma situação, mas uma situação que despertou um sentimento semelhante ao que está tendo nesse momento. Muitas vezes, os acontecimentos são diferentes, mas o que sentimos é exatamente igual. Quando isso acontece é momento de parar e refletir. E aprender!

Agora pense sobre as situações passadas que lhe permitiram aprender algo, seja sobre si mesmo ou sobre a vida. Com certeza, descobrirá o quanto foi, e ainda é, capaz de superar os momentos difíceis, principalmente, se identificar o ensinamento que lhe trouxe. Você pode pensar que tais situações lhe trouxeram também muito sofrimento, mas desde quando, nós seres humanos, aprendemos algo quando está tudo indo bem? Quando situações e pessoas caminham conforme esperamos, nada muda, pois tendemos a não parar para pensar e nos acomodamos. Geralmente, só refletimos um pouco mais sobre nossos valores, e como estamos conduzindo nossa própria vida, quando surge uma doença com nós mesmos ou com quem amamos, quando há uma perda por falecimento ou separação, enfim, quando acontece algo que nos faz sofrer e, forçosamente, nos faz pensar. Do contrário, vamos vivendo sem muitas reflexões, questionamentos, sem mudanças ou crescimento. Todos nós resistimos a sair de nossa zona de conforto, por pior que as coisas estejam. E ao agirmos assim é que os conflitos se mantêm, a insatisfação se torna crônica, o sofrimento permanece e as doenças surgem. Seja qual for a situação que esteja enfrentando, seja ela conhecida ou não, procure buscar a mensagem que lhe traz e em conseqüência, o aprendizado.
Quando conseguimos obter isso, é como se deixássemos claro ao Universo que já aprendemos essa lição e que não precisa mais retornar. Mas que saibamos que outras lições virão, e da mesma maneira que hoje podemos superar sem desespero ou lamentações, teremos cada vez mais a certeza que tudo acontece para que possamos crescer e subir mais um degrau nessa escada sem fim de nossa evolução.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Respeite seus limites e avance um passinho de cada vez. Já é muito!


::Patricia Gebrim::


A aula de yoga tinha começado há alguns minutos. Eu já tinha feito os exercícios de respiração e agora estava há séculos, ou melhor, há milênios, parada em uma posição estranha, a perna desconfortavelmente suspensa no ar, tremendo como uma vara verde enquanto, corajosamente, tentava relaxar e colocar a palma da mão no chão, como se isso fosse possível! Na verdade, sei que é, embora eu ainda não tenha esta capacidade. 

"Não podemos controlar a vida, essa é a verdade. Mas podemos nos dispor a fazer o melhor com o que quer que venha dela. Podemos mudar o que é possível, aquilo a que temos acesso, sem negar ou distorcer a realidade. Podemos dar um passinho de cada vez, isso podemos. Podemos nos tornar um pouco mais conscientes, um pouco mais atenciosos, um pouco mais amorosos... um pouco já basta... um pouco por vez, com persistência, se torna muito." No meio daquela eternidade, fui percebendo muitas coisas, coisas que aprendemos muito melhor quando são contadas por nosso próprio corpo. Fui aprendendo a compreender que minhas mãos mal chegam à altura dos joelhos, e que tocar o chão estava muito além do que era possível naquele momento. Fui percebendo a importância da gentileza que precisamos ter conosco em momentos assim, fui aprendendo a reconhecer meus limites, aprendendo que naquele momento eu não podia negá-los ou vencê-los.


Precisava aceitá-los, era a minha única chance de não morrer de cãimbra ou ser expulsa da escola por ter dito palavrões ou gritado de dor como uma alucinada! 

Ah, como é difícil a gente se dar conta de que o mundo não é exatamente como gostaríamos que fosse... No meu mundo perfeito eu seria capaz de tocar graciosamente com a testa no joelho com um sorriso pacífico nos lábios... nada parecido com a lata enferrujada e desgovernada que eu me sentia naquele momento! 

Ah, quanto tempo e energia desperdiçamos tentando manter em pé castelos feitos de areia, tentando fazer esculturas de água, bolinhas de vento, tentando moldar o mundo às exigências de nosso ego pequeno e teimoso que acredita que pode fazer o que bem entender. Quanto tempo e energia gastamos tentando prever o futuro, impedir que coisas aconteçam, ou ainda tentando fazer com que outras coisas aconteçam, de forma a nunca sofrermos um arranhão sequer. 

Quanto tempo perdemos evitando o sofrimento, negando a realidade, fugindo da verdade que tememos ver, como se ao fechar nossos olhos pudéssemos fazer desaparecer o que nos atormenta. Quanto tempo e energia gastamos tentando inventar uma realidade, sem lidar com o que está ao nosso redor, como se assim pudéssemos evitar a dor.

Quanto sofrimento vivemos ao tentar controlar o incontrolável, ao tentar ser perfeitos neste mundo onde tudo tem ao menos uma aresta, uma borda, um risco na superfície lisa que reflete nossa própria imagem.

Quanto tempo perdemos lutando com a nossa imagem no espelho... 

Se parássemos de fazer tanto esforço em negar a realidade, se estendêssemos a mão ao mundo como o mundo é, se o abraçássemos como abraçamos um amigo que é querido mesmo com suas imperfeições... o mundo nos abraçaria de volta, eu sei.

Se parássemos de lutar, por um instante sequer, se parássemos de nos lamentar pelas coisas que não saíram como queríamos, se parássemos de sentir pena de nós mesmos, se aceitássemos que faz parte da vida sentir na pele uma ou outra frustração... ficaríamos em paz. E essa paz se estenderia ao nosso redor como uma imensa tela em branco onde poderíamos pintar o mais belo quadro.

A vida não vai mudar ao nosso redor porque assim “exigimos” que o seja, como faz uma criança teimosa e birrenta... mas... talvez... se formos capazes de amar a vida mesmo com suas imperfeições, ela aos poucos se derreta em nossos braços, permitindo que uma forma mais harmoniosa de viver surja quase sem esforço algum... 

Não podemos controlar a vida, essa é a verdade. Mas podemos nos dispor a fazer o melhor com o que quer que venha dela. Podemos mudar o que é possível, aquilo a que temos acesso, sem negar ou distorcer a realidade. Podemos dar um passinho de cada vez, isso podemos. Podemos nos tornar um pouco mais conscientes, um pouco mais atenciosos, um pouco mais amorosos... um pouco já basta... um pouco por vez, com persistência, se torna muito.

Um pouco mais de fé, um pouco mais de presença, um pouco mais de verdade.

A vida tudo nos dá quando lhe ofertamos esse pouco... ela se enternece e vai cedendo aos poucos também, como em uma dança. Mas se quisermos forçá-la...se quisermos impor-lhe nosso ritmo, se a aviltarmos com nossas exigências infantis, a vida passará direta e exigente por nós, acreditem.

Eu expirei nesse momento e, permitindo que todo o ar saísse de meus pulmões, que todas as verdades pré-concebidas me abandonassem, vazia de tudo... consegui descer um pouco mais minhas mãos, meio centímetro talvez! Fiquei feliz... estou meio centímetro mais perto do chão. Um dia eu chego lá!