sexta-feira, 30 de maio de 2014

A sensível diferença entre Amor e Dependência

::Roberto Dantas::





É difícil perceber a diferença entre quando estamos amando e quando estamos dependentes de um relacionamento.

A dependência é um aspecto natural do ser humano que desde o nascimento tem a necessidade de alguém que lhe ofereça tudo o que precisa, não só no aspecto físico: comida, asseio, mas também os estímulos necessários para desenvolver seu psiquismo. A isso chamamos de função materna, não necessariamente exercida por uma mãe, ou mesmo mulher; assim, independendo de sexo esta função pode ser exercida por qualquer indivíduo que esteja mais próximo do bebê. Mas essa dependência que é natural, benéfica e saudável nesta fase da vida, pode se manter e não ser transposta, fazendo com que o indivíduo repita padrões de comportamento por toda a vida.

A dependência é um assunto delicado, pois é difícil perceber a linha tênue que separa o amor da dependência, principalmente quando estamos dentro de um relacionamento. A simbiose que se cria entre dois parceiros, que pode ser benéfica em momentos bons da vida do casal, pode se tornar um martírio quando o relacionamento não mais acrescenta a nenhum dos dois, e pior ainda se estiver estabelecido uma relação de dependência ou co-dependência.

Muitos casais, onde pelo menos um dos parceiros sofre deste mal, têm dificuldades em encarar a separação. Muitas vezes o parceiro dependente usa de chantagens emocionais ameaçando o outro e ameaçando a própria vida para evitar a separação. Frases como "Não posso viver sem você", "Minha vida sem você não tem sentido", são muito bonitas em poesias e nas telas de Hollywood, mas em alguns casos pode ser muito preocupante na vida real quando vinda de um dependente emocional.

Esta dependência já se evidencia em muitos casos durante o namoro. Ao primeiro sinal de término, o indivíduo dependente já muda totalmente, perde o equilíbrio, vai parar num leito de hospital, e a outra pessoa acaba caindo na isca da chantagem emocional do dependente, muitas vezes confusa em seus sentimentos. Muito comum nesta situação, é o outro confundir pena com amor e acabar voltando atrás na atitude que tomara em separar ou terminar o relacionamento com o dependente.

Daí pra frente será uma vida de repetições desse padrão de vitimismo do dependente, ameaças, confusões, e muitas vezes o parceiro(a) acaba por acreditar que é seu carma passar por esta situação, que precisa resgatar alguma coisa de vidas passadas com o dependente e perpetua a dinâmica pra vida toda, vivendo infeliz e preso(a) ao dependente, simplesmente por culpa e por não ter consciência de seu papel nesta dinâmica.

Dependência tem cura? Cada caso é único assim como somos nós seres humanos. Um trabalho terapêutico profundo e consistente, agindo na reelaboração do inconsciente deste indivíduo para que haja mudanças "de dentro pra fora", pode ajuda-lo a mudar padrões internos e a viver de forma saudável e desapegada, um relacionamento saudável e feliz a dois.


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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Receptividade

:: Elisabeth Cavalcante ::





Ser receptivo é a qualidade que nos torna aptos a receber todas as dádivas que a vida quiser nos enviar.

Passamos muito de nosso tempo reclamando por aquilo que nos falta ou que julgamos não estar recebendo. Porém, para que possamos alcançar a realização de nossos desejos mais profundos, precisamos estar verdadeiramente abertos e receptivos àquilo que buscamos.

Um exemplo comum é o da relação amorosa. A maioria de nós se queixa de que não consegue encontrar o amor que tanto procura. Entretanto, se fizerem uma análise profunda de suas atitudes, muitas pessoas chegarão à conclusão de que não estão de fato abertas para um novo relacionamento. Esperam por ele cheias de medo e resistências, temendo que se repitam as decepções já sofridas.

Receptividade possui um sentido muito amplo e profundo. Requer que nos libertemos de todas as crenças, amarras, medos, resistências, ilusões e pré-julgamentos, e que nos mantenhamos abertos de fato, ao novo, ao inesperado, ao inusitado.

Saber receber é algo tão importante quanto possuir a capacidade de doar-se. Muitos se doam sem reservas, mas possuem uma incapacidade de receber, por considerarem-se pouco merecedores de atenção e cuidado. Uma baixa auto-estima e uma autoconfiança frágil estão geralmente por trás desta atitude.

Há ainda os que preferem doar-se infinitamente para, desse modo, garantir o afeto e a permanência do outro ao seu lado, ainda que este se mostre egoísta e incapaz de retribuir o amor que recebe.

A energia da receptividade está relacionada à energia yin, o nosso lado feminino, intuitivo e cooperativo. Ela é fundamental para que possamos receber prazerosamente aquilo que a vida nos envia, e para que sejamos capazes de gerar novos frutos com as sementes que são colocadas a cada dia em nosso caminho. Mesmo que não seja exatamente o que pedimos, ou que não venha da forma como pedimos.

Se nos mantivermos receptivos, ao invés de amargos e ressentidos por aquilo que nos falta, estaremos ampliando as possibilidades de alcançar o que tanto buscamos. A vida sempre premia generosamente aquele que se abre sem qualquer reserva para receber suas dádivas.


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