terça-feira, 4 de setembro de 2012

Aceitar é começar a ser feliz

::Carlos Hilsdorf::






"Aceitação não é comodismo ou fuga, o ato da aceitação equivale a envolver com amor profundo os fatos que não podemos alterar e encará-los como circunstâncias a serem vivenciadas e vencidas para o fortalecimento do nosso ser" Há momentos na vida, onde tudo parece estar perfeito, maravilhoso, melhor que o sonhado. Muitos desses momentos têm continuidade e nos permitem experimentar esta sensação de alegria profunda e realização, outros não. Alguns desses momentos são subitamente interrompidos por causas inesperadas, fatos inusitados e circunstâncias inimagináveis.

Uma amiga acaba de perder o bebê aos dois meses de gestação. Somente as mães compreendem em profundidade a dor oriunda de uma situação como essa. Nós exercitamos a empatia e imaginamos o que significa, mas por mais que nos sensibilizemos não podemos experimentar a mesma dor.

É conhecida a frase: a dor é inevitável, o sofrimento opcional. Nessas circunstâncias não é bem assim; para uma mãe ou futura mamãe que perde um filho em gestação, o sofrimento não é opcional, é uma realidade inevitável. Nessas circunstâncias, a frase deve ser adaptada para: "a dor é inevitável, a forma de enfrentar o sofrimento é opcional!".

Há circunstâncias na vida onde não possuímos controle ou possibilidade de interferência ao ponto de mudar os resultados: resta-nos não como consolo, mas como atitude inteligente e digna o exercício da aceitação.

Dentro das principais opções que temos para enfrentar o sofrimento estão: o desespero, a raiva, a indiferença, a mágoa, a ira, a revolta, a depressão, a alienação e a aceitação. A única que não agrava nossos problemas e possui efeitos benéficos é a aceitação.

O exercício da aceitação é tanto mais fácil e possível quanto maior for o nosso grau de consciência, maturidade e espiritualização.

Aceitar é ser verdadeiramente humilde diante dos fatos inevitáveis e das circunstâncias imutáveis. A humildade nos faz reconhecer o limite das nossas possibilidades diante do universo ao nosso redor. Aceitação não é comodismo ou fuga, o ato da aceitação equivale a envolver com amor profundo os fatos que não podemos alterar e encará-los como circunstâncias a serem vivenciadas e vencidas para o fortalecimento do nosso ser.

Diante dessas situações, seja forte. O mundo é dos fortes, diria uma sábia amiga se estivesse ao meu lado agora que escrevo este artigo. A verdadeira força reside nas capacidades de aceitação e de recomeçar.

Compreender as coisas, nem sempre diminui a dor e o sofrimento, mas nos permite optar por enfrentar a dor e o sofrimento com inteligência, dignidade e resignação.

Chamamos de resiliência a capacidade psicológica de, submetidos a fortíssimas pressões, conseguirmos retornar ao equilíbrio e retomar nossas vidas, realizando um novo começo.

Nessas circunstâncias onde a humildade e a aceitação são nossas maiores virtudes, vale lembrar três reflexões:

1) A prece da serenidade: "Senhor dá-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar,coragem para mudar as coisas que eu possa e sabedoria para que eu saiba a diferença."

2) Uma reflexão que faço em meu livro Atitudes Vencedoras: "A fé é a certeza que fica quando todas as outras deixam de existir!"

3) Um conselho repetido muitas vezes por Omar Cardoso (pesquisador de astrologia e importante radialista brasileiro da década de setenta): "Todos os dias sob todos os pontos de vista, vou cada vez melhor!"

Estas três reflexões juntas nos permitem compreender que humildade e aceitação constituem o princípio da serenidade; que nossa fé deve ser superior a nossas dores e sofrimentos, mesmo quando não podemos compreender porque determinadas coisas aconteceram, justamente quando tudo parecia perfeito, e; que a certeza de um amanhã, de um renascer onde poderemos estar melhores a cada instante, deve nortear nosso recomeço.

Seja qual for a dor que te aflige, opte por enfrentar o sofrimento pela via da aceitação: a dignidade desse caminho lhe fornecerá as forças para renascer e recomeçar e assim como a mitológica ave Fênix, você renascerá das próprias cinzas (do sofrimento que vem lhe consumindo).

Viver é renascer e recomeçar a cada dia, como repetia com profundo amor Francisco Cândido Xavier: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

Por mais difícil que seja este momento, ele não é o fim. Acredite, pode até parecer, mas não é o fim.

Pratique a humildade, aceite a realidade e recomece, recomece sempre...

Quanto mais cedo você exercitar a aceitação, mais cedo começará a ser feliz...

Seja forte!


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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ativando a energia do amor

:: Elisabeth Cavalcante ::




O amor representa o centro de nossa existência. Ele nos alimenta desde que nascemos, pois são os cuidados que recebemos que farão toda a diferença e permitirão que possamos crescer e nos desenvolver.

Seguimos ao longo da vida sempre nos nutrindo do amor que recebemos de nossa família, nossos amigos e de nossos parceiros afetivos. Esta é, aliás, para muitas pessoas, a dimensão da vida em que mais se faz presente a necessidade de amor.

Receber amor é tudo o que mais desejamos, entretanto, existe dentro de nós uma reserva inesgotável de amor, que na maior parte das vezes direcionamos para o mundo exterior, e esquecemos de ofertar a nós mesmos.

Ativar a energia amorosa significa reconhecer esta fonte e permitir que ela se espalhe a partir de nosso coração para o restante do mundo, sem qualquer expectativa de retribuição.

Quando nos tornamos preenchidos pelo amor, ele naturalmente atrai na nossa direção, muitas oportunidades de compartilhá-lo. Mas, enquanto permanecemos inconscientes desta riqueza, seguimos como mendigos famintos, implorando pelo amor do outro, como se dele dependêssemos para sobreviver.

Esta inversão, que nos leva a buscar o amor por acreditar que não temos amor, é uma das principais fontes de sofrimento. Se, ao contrário, pudermos sentir que já temos amor suficiente e, por essa razão, desejamos ofertá-lo, certamente a energia assumirá outra natureza.

"As pessoas se sentem muitas vezes rejeitadas porque antes mesmo delas darem algo, já existe a expectativa. Se a expectativa não for satisfeita, elas se sentem rejeitadas. É a expectativa que está criando problema, não o amor. Dê o amor sem qualquer corda amarrando-o. Dê o amor pelo puro prazer de dar. Alegre-se dando-o. O pássaro cuco, ao cantar distante, não se preocupa se alguém está gostando ou não. A estrela distante - você pensa que ela está preocupada se um poeta está escrevendo um belo poema sobre ela ou se um Vicent van Gogh está pintando-a, ou se um fotógrafo ou um astrônomo estão preocupados com ela? A estrela não está interessada nisso. A sua alegria está em continuar brilhando. Simplesmente abra o seu coração... E abra-o totalmente, sem quaisquer expectativas e condições. É certo que ele alcançará o coração certo; isto sempre acontece.
...E você está me perguntando: Seria este o tempo e o lugar para abrir o meu coração totalmente? Todo tempo e todo lugar é o lugar certo!
...Você esperou tempo demais, não espere mais. Este é o tempo. Nunca confie no momento seguinte; o amanhã nunca vem. É agora ou nunca"! OSHO.


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sábado, 18 de agosto de 2012

Rompendo o casulo

::Gilberto Cabeggi::




O sábio Jonas PahNu estava tranqüilo, lendo um pouco. De repente:
– Não é possível... Tudo está contra mim. Até parece que “só tem eu no mundo” para as coisas darem erradas! – esbravejou Daniel, entrando repentinamente na sala.
– Do que você está falando, meu garoto? – perguntou Jonas.
– Nada em especial, mestre. Mas ultimamente, para mim, tudo parece ser mais difícil. Tudo o que vou fazer dá um trabalho enorme, complica-se tanto, que tenho a sensação de estar sendo perseguido pelas dificuldades da vida. Para meus amigos, tudo acontece de um jeito tão mais fácil!...
– Você não gosta de dificuldades, não é mesmo?
– Não gosto. Acho que tudo poderia ser mais fácil. Acho que a gente não precisaria passar por tanta encrenca para conseguir algo.
– Ora, Daniel... Você tem certeza de que é isso mesmo que gostaria
de viver? Uma vida insossa, sem as emoções de vencer as dificuldades?
– Mestre, apenas acho que talvez a vida pudesse ser um pouco mais simples. Para que tanta dificuldade, afinal? Que sentido tem isso?
Jonas levantou de sua cadeira predileta, apanhou o chapéu de palha de que tanto gostava, e foi em direção à porta. Daniel entendeu, de imediato, que ele queria mostrar-lhe algo. Deu meia volta e saiu apressado atrás do seu mestre.
Caminharam em silêncio através da relva, por pouco mais de dez minutos, até chegarem a um aglomerado de arbustos de folhas largas. Eram amoreiras.
– Venha – disse Jonas. Quero que veja algo. E caminhou por debaixo dos arbustos, conduzindo Daniel.
– Olhe para isto... Você sabe o que são?
– São casulos. – respondeu Daniel.
– Sim... E amanhã serão borboletas. – completou Jonas. Estão na última fase de sua transformação. Agora, olhe para os orifícios nesses casulos. É por onde sairão as borboletas. Você nota alguma coisa?
Daniel observou com cuidado e finalmente respondeu, apontando para um dos casulos:
– Este casulo tem o orifício bem maior do que os demais. Por que será?
– Bem observado, garoto. Provavelmente deve ter sido roído por alguma outra lagarta, ou algum pássaro em busca de comida. Mas o que interessa não é saber o porque desse orifício ser maior do que os dos outros casulos. O que realmente importa saber dessa história vai ter de ficar para depois. Vamos para casa e voltaremos aqui amanhã, após o almoço. – concluiu Jonas.
Seguiram de volta, e não tocaram mais no assunto. Daniel, mesmo curioso, sabia que não adiantaria perguntar nada mais ao mestre, antes da hora marcada por ele.
No dia seguinte, por volta da duas horas da tarde, estavam de volta ao local dos casulos. Sentaram-se e observaram as borboletas, uma a uma, deixando os casulos, estirando lentamente suas asas, que tomavam forma e cores gradativamente, e depois as secando ao sol, para finalmente levantarem vôo.
No final do dia, todas as borboletas haviam partido e abandonado seus casulos. Exceto uma: aquela que tinha no casulo uma abertura muito maior do que as outras. Ela não conseguira voar. Saíra de seu casulo, porém permanecia no chão, com o corpo inchado e as asas atrofiadas, girando em círculos. E jamais chegaria a voar.
Observando aquilo, Daniel não se conteve e perguntou:
– Mestre! O que houve com ela?
E Jonas PahNu pacientemente explicou:
– O esforço que a borboleta faz para sair do casulo por aquele pequeno orifício é o recurso que a natureza usa para empurrar os líquidos de seu corpo para dentro de suas asas. Desse modo, as asas são irrigadas, expandem-se e tomam forma, e ganham leveza e força para voar.
Portanto, é a partir da superação da dificuldade de romper o casulo, de passar por aquele pequeno orifício, que se define o esplendor da borboleta.
Aquele casulo que tinha o orifício bem maior que os demais, o que aparentemente facilitaria o trabalho da borboleta, acabou por incapacitá-la de ter toda a sua natureza desenvolvida.
As lutas, as dificuldades, são necessárias para o nosso crescimento. Se Deus nos permitisse passar pela vida sem nenhum obstáculo, jamais desenvolveríamos todo o nosso potencial. Não seríamos fortes o bastante e não poderíamos voar, tal qual aconteceu com a borboleta que não precisou lutar para sair do casulo.






terça-feira, 7 de agosto de 2012

Otimismo e Pessimismo


:: Flávio Gikovate :: 



Não deixa de ser curioso observar as diferentes reações do ser humano frente a certos obstáculos. Ao adoecer, algumas pessoas só pensam na recuperação; outras sentem que jamais voltarão a ter saúde. Diante de uma situação de risco, os otimistas decidem enfrentá-la, pois acham que as chances de sucesso são boas; os pessimistas recuam, antevendo a catástrofe. Para começar um namoro, o otimista se aproxima de alguém que despertou seu interesse; o pessimista evita o primeiro passo, imaginando uma rejeição inevitável.

As diferenças não param aí. Se de um lado, há alegria de viver, generosidade, desprendimento, do outro há certa tendência ao egoísmo e à tristeza, às vezes disfarçada de falsa euforia. O otimista está sempre cheio de planos e projetos, é inovador, contagiando com sua esperança as pessoas que o cercam. O pessimista é mais comedido nos gastos e nos gestos, costuma ser conservador, só se interessa por coisas que já foram testadas e agradam à maioria.

Quais serão os fatores que impulsionam o ser humano na direção de um comportamento positivo ou negativo em relação à vida? Vale a pena levantar algumas hipóteses. Antes de mais nada, acredito que não se trate de um mero condicionamento ou hábito de pensar. Quer dizer, não adianta acordar de manhã com a disposição de mudar e de tomar atitudes positivas. Esse tipo de otimismo será falso, superficial e não levará ao sucesso almejado.

Tenho impressão de que há algo de inato em nosso comportamento. Certas pessoas possuem forte impulso vital. Portadoras de uma energia inesgotável, são movidas por um combustível que falta à maioria dos mortais. Nelas, a alegria de viver é transbordante. Nada as deixa tristes e, em certas situações, parecem levianas porque não dão muito peso a sofrimento algum. Esse fenômeno inato provavelmente está ligado à bioquímica de nossas células cerebrais.

Outro fator que predispõe ao otimismo ou ao pessimismo é a avaliação crítica de nosso passado. Por exemplo, se uma pessoa de 40 anos fizer uma retrospectiva de sua vida e concluir que teve progressos indiscutíveis, haverá bons motivos para o otimismo em relação ao futuro. Se, ao contrário, na hora de somar e subtrair, o saldo for negativo, o pessimismo prevalecerá. Essa auto-avaliação não abrange apenas conquistas de ordem material. O que mais interessa é o sucesso como ser humano. Conseguir dominar os impulsos agressivos, ter uma vida sentimental e sexual satisfatória, ser tolerante para com as diferenças de opinião são condições que conduzem ao otimismo.

Finalmente, há um terceiro fator, sem dúvida o mais importante de todos, que orienta nossa atitude. Esse fator é a coragem. Pessoas que não têm medo de ousar tendem ao otimismo. Elas não temem o sofrimento e o fracasso. Sabem que o forte não é aquele que sempre acerta, mas aquele que corre o risco de errar e sobrevive à mais dura queda. Os seres humanos mais felizes suportam bem a dor e costumam ter uma rotina mais criativa e alegre. Seu otimismo leva ao sucesso, pois consideram eventuais derrotas um aprendizado que os tornará ainda mais fortes. O oposto acontece com o pessimista. Ele fica paralisado, não por convicção, mas por medo. Não tem medo porque é pessimista. É pessimista porque tem medo. E assim vai passando pela vida, cada vez mais inseguro e acomodado e - o que é pior - cada vez mais invejoso.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ser Louco é ser São


::OSHO::



O mundo tem conhecido pessoas tão bonitas, tão loucas!
Na verdade, todas as grandes pessoas do mundo foram um pouco loucas- aos
olhos da multidão.
Suas locuras tiveram expressão porque elas não eram miseráveis, elas não
estavam ansiosas, elas não tinham medo da morte, elas não estavam
preocupadas com o trivial.
Elas estavam vivendo cada momento com totalidade e intensidade e, por causa
dessa totalidade, dessa intensidade, suas vidas se tornaram uma linda flor -
 elas estavam  cheias de fragrância, de amor, de vida e de riso.

Mas isso certamente fere milhões de pessoas que estão ao seu redor.
Elas  não podem aceitar a idéia de que você tenha alcançado alguma coisa que
elas perderam; elas tentarão, de todas as maneiras, torná-lo infeliz.
 A condenação delas nada mais é do que um esforço para torná-lo infeliz,
para destruir a sua dança, tirar a sua alegria - de medo que você possa
voltar ao rebanho.

É preciso reunir coragem e, se as pessoas disserem que você é louco,
divirta-se com a idéia.
 Diga a elas: "Você esta certo, neste mundo somente pessoas loucas podem ser
alegres e felizes.
 Eu optei pela loucura juntamente com a alegria, com o êxtase, com a dança;
você optou pela sanidade com a angústia, com o inferno - nossas opções são
diferentes. Continue são e permaneça miserável; deixe-me só na minha
locura.
Não se sinta ofendido.
Eu não estou me sentindo ofendido por todos vocês - tantas pessoas são
equilibradas no mundo e eu não estou me sentindo ofendido.

É apenas uma questão de pouco tempo....
Breve, uma vez que elas o tenham aceito como louco, elas não o pertubarão
mais; então você pode se revelar à plena luz com seu ser original- você pode
abandonar todas as suas falsidades.

Toda nossa educação gera uma divisão em nossa mente.
 Temos que mostrar uma face para a sociedade, para a multidão, para o
mundo - não será necessariamente a sua face real; na verdade, não pode ser a
sua face verdadeira.
Você tem de mostrar a face que as pessoas gostam, que as pessoas apreciam,
que será aceita por elas - suas ideologias, suas tradições - e você tem de
reter, para si mesmo, sua face original.

Esta divisão se torna quase intransponível; porque a maior parte do tempo
você está no meio da multidão, encontrando pessoas, relacionando-se com
pessoas - muito raramente você está só.
Naturalmente, a máscara se torna mais e mais parte de você, mais do que a
sua verdadeira natureza.

E a sociedade cria medo em todo mundo - o medo da rejeição, o medo de que
alguém possa rir de você,o medo de perder a sua respeitabilidade, o medo do
que as pessoas irão dizer.
Você tem de se ajustar a todo tipo de pessoas cegas e insconscientes, você
não pode ser você mesmo.
 Essa é a nossa tradição básica, até agora, no mundo inteiro; ninguém tem
permissão para ser ele mesmo.

No momento em que outro está presente, você está menos preocupado consigo
mesmo; você está mais preocupado com a opinião do outro a seu respeito.

Quando você está só no banheiro, você se torna uma criança, às vezes, você
faz caretas diante do espelho.
 Mas se, de repente, você se dá conta de que alguém, até mesmo uma criança
pequena, está olhando pelo buraco da fechadura, você imediatamente muda;
você volta para a sua velha personalidade de sempre - você fica sério,
sóbrio, como as pessoas esperam que você seja.

E a coisa mais impressionante é que você tem medo delas, e elas têm medo de
você; todos temem a todos.
Ninguém está permitindo que seus sentimentos, sua realidade, sua
autenticidade se expressem - e todos desejam isso, porque é um ato muito
suicida, continuar reprimindo sua face original.

Sua responsabilidade é apenas com o seu próprio ser.
 Não vá contra ele, porque ir contra ele é cometer suicidio, é destruir a
você mesmo.
 E qual o benefício?
Mesmo que as pessoas o respeitem, e achem que você é um homem muito sensato,
honrado, ilustre, essas coisas não vão nutrir o seu ser.
 Elas não lhe darão nenhum insight sobre a vida e sua tremenda beleza.

Você está só no mundo: você veio ao mundo só, você aqui é só, e você deixará
este mundo só.
Todas as opiniões alheias ficarão para trás; somente os seus sentimentos
originais, as suas experiências autênticas acompanharão você até mesmo além
da morte.

Nem mesmo a morte pode tirar a sua dança, as suas lágrimas de alegria, a
beleza do seu estar só, o seu silêncio, a sua serenidade, o seu êxtase.
Aquilo que a morte não pode tirar de você é o único tesouro verdadeiro; e
aquilo que pode ser tirado por qualquer um não é tesouro - você está
simplesmente sendo enganado.

A sua preocupação exclusiva deveria ser cuidar e proteger aquelas qualidades
que você pode levar consigo quando a morte destruir o seu corpo, a sua
mente - porque essas qualidades serão seus únicos companheiros.
Elas são os únicos valores verdadeiros; e que as pessoas que as alcançam,
somente estas vivem;
as outras apenas fingem viver.




terça-feira, 17 de julho de 2012

Até que ponto a dependência atrapalha?


:: Rosemeire Zago ::

 
 
A dependência emocional é um dos aspectos que facilmente identificamos nos outros, mas raramente em nós mesmos. Quando alguém nos conta sobre seu relacionamento afetivo, imediatamente percebemos a dependência de um dos parceiros, ou até mesmo, de ambos. Mas será que somos dependentes e não percebemos?

Nem sempre uma pessoa dependente necessita do outro para tudo. Muitas vezes consegue ter independência financeira, mas é na parte emocional que encontra maior dificuldade em cuidar de si própria. Em geral, uma pessoa dependente tem como características principais pouca confiança em si mesma e baixa auto-estima, e o foco está em ser cuidada e protegida, sempre dependendo da aprovação, reconhecimento e aceitação do outro, por não ter consciência de seu valor pessoal. Acredita que precisa do outro mais do que de si mesma.
 
O desejo inconsciente de que alguém cuide de nós pode nos sujeitar a várias formas de dependência psíquica. Ser dependente é como pedir, ou muitas vezes, implorar: "cuide de mim, pois eu não consigo", em todos os sentidos. Dificilmente uma relação verdadeira e autêntica suporta isso por muito tempo, pois qualquer relação deve ser baseada em trocas equivalentes e supõe pessoas inteiras, e como a pessoa dependente não consegue ter essa percepção de si mesma, acaba por gerar muitos conflitos.

A dependência emocional pode causar muitos conflitos nos relacionamentos. É um sinal de muita carência e, acima de tudo, a necessidade de amor, principalmente o amor por si mesmo. A dependência faz parte do ser humano. A dependência emocional por gerar muito sofrimento e pode levar a outras dependências, como drogas, álcool, tabaco, sexo ou outras formas de compulsão, pois o dependente emocional está sempre em busca de que algo ou alguém preencha seu vazio.
 
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a dependência é catalogada como Transtorno da Personalidade Dependente, uma necessidade excessiva que leva a um comportamento submisso e aderente e ao medo da separação. Os comportamentos dependentes e submissos visam obter atenção e cuidados e surgem de uma percepção de si mesmo como incapaz de agir adequadamente sem o auxílio de outras pessoas. Utilizamos o termo dependência quando uma pessoa recorre continuamente a alguém para ser ajudada, guiada, sustentada na satisfação das próprias necessidades e não no desejo saudável de querer que o outro esteja ao seu lado.

Para que seja considerado um transtorno é preciso identificar ao menos cinco dos seguintes critérios:

- dificuldade em tomar decisões do dia-a-dia sem pedir os conselhos de outras pessoas;
- necessidade de que os outros assumam a responsabilidade pelas principais áreas de sua vida;
- dificuldade em discordar dos outros, pelo medo de perder apoio ou aprovação;
- dificuldade em iniciar projetos ou fazer algo por conta própria, por falta de confiança em sua capacidade e não por falta de energia ou motivação;
- chega a extremos para obter carinho e apoio dos outros, a ponto de se oferecer para fazer coisas desagradáveis;
- sente desconforto ou desamparo quando só, por sentir-se incapaz de cuidar de si próprio;
- busca um novo relacionamento urgente como fonte de carinho e amparo, quando um relacionamento íntimo é rompido;
- medo exagerado de ser abandonado.
 
A dependência emocional mostra uma pessoa fragilizada, fraca e carente, que pode causar muitos desequilíbrios em qualquer tipo de relacionamento. A dependência emocional é mais evidente na relação afetiva entre casais, mas também podemos encontrá-la entre pais e filhos, ou entre amigos. O assunto é tão sério que uma pessoa dependente pode fazer sacrifícios extraordinários ou tolerar abuso verbal, físico e até sexual, para evitar ser abandonada.

Os pais, avós, professores, têm um papel importante na formação e educação de todos nós; crianças que se sentiram abandonadas, rejeitadas, não amadas, tendem muito mais a dependerem do amor de outra pessoa, e vivem isso como condição de sobrevivência.

Pais superprotetores podem criar filhos dependentes quando adultos. Quem nunca precisou fazer nada por si mesmo, encontrando tudo pronto por pais que queriam acima de tudo suprir todas suas necessidades, com certeza encontrarão muita dificuldade em tornar-se independente. Pais que demonstram amor e confiança naquilo que a criança faz, com certeza quando adulta ela será muito mais segura de seu valor e muito menos dependente da aprovação e amor do outro.

Mesmo quando adultos desejamos ser protegidos por alguém, não no sentido material, mas principalmente no sentido de apoio emocional. Muitos acreditam que, a qualquer momento, em qualquer situação extrema, poderão contar com o socorro de alguém mais sábio e mais forte, o eterno salvador, incapaz de impedir seus fracassos. Desejar proteção é muito diferente da dependência doentia, que faz com que a pessoa mantenha uma relação mesmo que seja destrutiva, que a faça sofrer, chorar.
 
O primeiro passo para diminuir a dependência é ter consciência de seu comportamento, conhecer-se. Para conseguir realizar um processo de autoconhecimento e com isso, ter a percepção de seu valor, muitas vezes é preciso recorrer à psicoterapia com um profissional de sua confiança. Para abandonar a dependência é necessário identificar em que áreas de sua vida ela se faz presente e de que forma está comprometendo e causando conflitos em suas relações. O importante é se questionar sempre, analisando quando a dependência se torna um fato negativo, que cega e impede de crescer interiormente, tornando a existência um vício da presença do outro. Aprove-se mais, ame-se muito mais e dependa especialmente de você!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Espelho meu...

::Letícia Thompson::





A imagem que damos de nós é muito importante. Nós somos o que somos e ninguém nos muda, mesmo se os acontecimentos podem influenciar nosso estado de espírito. Vivendo em sociedade é imprescindível andar segundo ela.

Erramos quando queremos cobrar das pessoas que nos aceitem como somos, se somos nós que nadamos contra a corrente. Somos o centro da nossa vida, não da vida de todo mundo. Há pessoas que têm uma imagem negativa delas próprias. Se acham feias, gordas demais, magras demais, não tão inteligentes... e reclamam que estão sozinhas, que não encontram ninguém. Mas a imagem que temos de nós é a que passamos para os outros!

Olhe-se no espelho! O que você vê? Sinceramente. Agora pense que o que você vê é o que os outros vêm. Então por que cobrar dos outros uma atitude que nós mesmos não temos em relação a nós? Por que cobrar aceitação se não nos aceitamos, por que cobrar atenção se nos sentimos em nós mesmos esquecidos? Aquele que quer que as pessoas mudem sua maneira de vê-lo, deve mudar primeiro a sua maneira de ver-se.

Se algo não te agrada, há sempre uma maneira de mudar. Quando mudamos a imagem que temos de nós, a sociedade muda a imagem que tem de nós; quando nos aceitamos, a sociedade nos aceita; quando nos gostamos, as pessoas passam a nos gostar. E sabe por quê? Porque começaremos a agir em função dessa imagem.

Se estamos felizes e realmente satisfeitos com o que vemos no espelho, traremos em nós uma aura que vai transmitir essa imagem. Uma pessoa que se acha bonita (sem presunção, por favor!) passa essa imagem bonita a outros. Da mesma maneira como pessoas positivas ou negativas conseguem influenciar seus arredores.

Olhe-se uma vez mais no espelho. Você não gosta do que vê? Então, talvez seja o momento de fazer alguma mudança: corte o cabelo, cuide-se um pouco mais, faça-se bem e feliz, não pelos outros, mas por você. Se você faz pelos outros só vai cair de decepção em decepção. Faça por você! Procure pensar mais em coisas bonitas e deixar de mascar problemas na sua mente.

Lembre-se que o que há dentro da nossa cabeça modifica nossa expressão. Faça uma faxina na sua vida e elimine tudo o que você não gosta e realce aquilo que pode fazer o seu charme. Todos temos algum tipo de beleza escondida, que seja física ou espiritual. Coloque isso pra fora. Exteriorize o que você tem de melhor! Você verá... quando você olhar no espelho e se sentir satisfeito do que vê, o mundo vai se sentir satisfeito com que vê também. Ame-se e seja feliz! Afinal, você merece, como todo mundo! 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O perigoso jogo dos inseguros


::Patricia Gebrim::




"Uma pessoa insegura é perigosa, lembra-se? É incrível o número de atitudes destrutivas desencadeadas pelo fato das pessoas estarem se sentindo ameaçadas. E é assim que, na maioria das vezes, o tiro acaba saindo pela culatra" Não existe nada mais assustador do que gente insegura. Para imaginar isso basta acuar um animal. Experimente... deixe-o bastante assustado (ah... mas não venha depois me responsabilizar pelo que possa ocorrer!). 

Não é difícil que você seja ferido ou agredido por um animal nessa situação. O medo evoca reações muitas vezes incontroláveis, quase reflexas, no sentido de proteger a vida sob ameaça.

Agora transfira essa ideia para os relacionamentos. Uma pessoa insegura está assustada. Teme ser enganada, traída, ferida, usada, aviltada. Uma pessoa insegura fica tensa, prestes a reagir impensadamente a estímulos que, em um estado mais relaxado, poderiam ser considerados absolutamente aceitáveis. Os inseguros, tomados pelo medo, são capazes de atitudes impensadamente destrutivas. Podem reagir de maneira absolutamente injusta, ou planejar vinganças baseadas em fantasias criadas pelos fantasmas do medo. 

Quando temos medo do escuro, qualquer barulho torna-se insuportavelmente assustador. Da mesma forma, nos relacionamentos, quando tomados pelo medo, perdemos a capacidade de enxergar objetivamente e transformamos atitudes normais em ameaças potenciais.

Se você quer manter a saúde de seu relacionamento afetivo, precisará aprender a lidar com seus próprios medos e inseguranças. Ouça... O outro não pode fazer isso por você. O seu medo não é algo que pertença à pessoa com quem você se relaciona. O seu medo “é todo seu”, goste ou não dessa ideia. Será preciso que você lute contra o que o assombra, sem cair na tentação de projetar isso em seu parceiro, culpando-o ou tentando assombrá-lo ainda mais do que tem se sentido assustado.

Algumas pessoas, por se sentirem inseguras, costumam criar um jogo nefasto para se defender de seu próprio medo: tentam tornar seu parceiro amoroso ainda mais inseguro do que si mesmas. Fazem isso sempre jogando algo no ar. Uma ameaça... Uma informação desencontrada... Um comentário aparentemente casual mas que leva a semente de uma ameaça. Sua tentativa é a de fazer com que seu parceiro se sinta inseguro e fragilizado, como se só dessa forma, ao perceber que seu parceiro teme perder seu amor, você conseguisse acreditar que seja de fato amado.

Claro que essa não é uma boa estratégia. Uma pessoa insegura é perigosa, lembra-se? É incrível o número de atitudes destrutivas desencadeadas pelo fato das pessoas estarem se sentindo ameaçadas. E é assim que, na maioria das vezes, o tiro acaba saindo pela culatra.

Se você está em um relacionamento no qual esse tipo de jogo se estabeleceu, se seu parceiro afetivo o vem provocando para que você se sinta inseguro, ou se você tem tido a necessidade de fazer isso, pare por um instante e procure em você por aquilo que possa ser uma base real para um relacionamento saudável: a confiança. Sem confiança os relacionamentos estão fadados ao fracasso. 

Eu sugiro que você converse com seu parceiro e exponha o que percebeu. Essa é uma ótima maneira de “quebrar o jogo”. Caso perceba que o outro esteja tentando lhe causar insegurança, mostre que está percebendo isso e procure entender os motivos dessa atitude. Caso seja você que esteja agindo assim, pare e escolha uma maneira mais madura de lidar com seus medos. Conversar sobre sua insegurança pode ser um bom começo.

Lembre-se de que confiar, em primeiro lugar, não é confiar no outro, e sim confiar em si próprio. Confiar que você possa sim ser uma pessoa bacana o suficiente para que o seu parceiro respeite você. Precisamos confiar no fato de que merecemos ser amados. 

Precisamos também confiar em nossa capacidade de nos proteger, de nos tirar de situações indignas. Ninguém é capaz de controlar o que vai enfrentar no terreno amoroso, assim confiança é também se lembrar de que, caso a relação deixe de ser saudável, você sempre poderá fazer suas malas e buscar alguém que o trate de forma mais respeitosa. Se nos soubermos capazes de fazer isso, não teremos tanto medo, nem nos preocuparemos tanto em ter o controle de tudo. Afinal, isso não é algo possivel de ser atingido.

Assim, confie em si mesmo e ajude seu parceiro amoroso a sentir-se confiante. Deixe de lado os jogos, pare de tentar se afirmar fazendo com que o outro se sinta inseguro. Caso seu parceiro insista em manter esse jogo em andamento, pense se realmente é válido permanecer um relacionamento dessa forma. 

Tudo se resume em nossas escolhas, lembre-se sempre disso.

Claro que relacionamentos não são descartáveis e que nossa primeira tentativa deve ser a de superar os desafios, crescer, transformar o relacionamento em um espaço de amadurecimento e superação. 

Mas, caso isso se mostre impossível, nunca se esqueça de que sair de um relacionamento doentio é também uma opção saudável e protetora.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Você só atrai pessoas problemáticas?


:: Rosana Braga :: 



Outro dia, no banheiro de um restaurante, ouvi uma mulher comentando com a amiga sobre o quanto estava cansada de só atrair homens problemáticos. Chegou a dizer que estava com a impressão de que havia se tornado uma espécie de pararraios de malucos.

Segundo a tal desiludida, toda relação que começava como uma promessa de prazer e alegria, logo se revelava um poço de problemas e encrencas. Naquele momento, senti que ela pedia um socorro à amiga, querendo saber se deveria continuar tentando encontrar alguém legal ou se seria melhor ficar sozinha.

A outra, tentando ser solícita e compreensiva, repetia com firmeza que era bem melhor ficar sozinha, porque realmente havia muito "doido" pelo mundo e não valia a pena insistir e arriscar de novo, afinal, beijo na boca não faltaria a nenhuma das duas, segundo ela.

Saí do banheiro bastante reflexiva, tentando imaginar o perfil de loucura dessas pessoas a quem elas se referiam. Tentando imaginar, sobretudo, que tipo de pessoa atrairia tantos malucos a ponto de desistir de se relacionar e desacreditar no amor.

Afinal, a mim parece que ninguém atrai alguém por mero acaso. Ainda mais quando se tratam de casos semelhantes que se repetem indefinidamente. A primeira questão que eu me faria, num caso como esse, é: 
"o que será que eu ainda não percebi, não aprendi e não mudei?"

Sim, porque se uma pessoa só experimenta relações problemáticas, com toda certeza não está resolvida com suas próprias complicações significativas. Se só atrai malucos, é porque a sua maluquice está gritante, evidente e atraente.

E se, por fim, desistir das pessoas, do amor e dos relacionamentos, estará decretando a si mesma uma sentença desastrosa - a de que todos os demais, exceto elas mesmas, são "doidos" e, portanto, indignos de se tornarem parceiros. Servem apenas para beijar na boca.

De verdade, nada contra os beijos na boca. Pelo contrário, é certamente uma aproximação prazerosa. No entanto, quando uma pessoa não passa, aos olhos da outra, de uma possibilidade de beijar na boca, certamente, há algo muito distorcido nesta história.

Partindo do princípio de que os incomodados é que devem mudar, eu diria a essa moça ou a qualquer pessoa que esteja se sentindo um pára-raio de problemáticos, para aproveitar o sinal que a vida está emitindo para se rever e descobrir por que está atraindo isso...

Se acreditar que os opostos se atraem, deve então observar seu excesso de normalidade, sua extrema rigidez ou sua exacerbação de autocrítica. E se acreditar que semelhante atrai semelhante, então, nem será preciso pensar tanto. Certamente está precisando reconhecer sua própria doidice e sua falta de noção. 

O fato é simples: quanto mais estressantes e confusas são as relações de uma pessoa, mais longe ela está de sua essência e da harmonia que precisa ter com seu próprio coração. À medida que ela se conhece, sabe o que quer e age de modo coerente, pode ter certeza absoluta de que só atrairá e se tornará atraente a quem estiver nesta mesma sintonia...

terça-feira, 19 de junho de 2012

A tristeza permitida


::Marta Medeiros::



Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como? 

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra. 

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra. 

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. 

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas. 

“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia. 

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O amor que sabe do tempo e do vento


::Eliane Brum::





Dias atrás liguei para meus pais e os dois se divertiam com as dificuldades de expressar o amor que sentem um pelo outro. Acontece o seguinte. Toda manhã meus pais acordam, mais ou menos no mesmo horário, e ficam abraçadinhos esperando o sol entrar pelas frestas da persiana enquanto conversam sobre a vida. O desafio, agora, segundo minha mãe, que é mais despachada, é encontrar uma posição em que não doa alguma parte do corpo de um e de outro. Ora é a coluna do meu pai que se anuncia, interrompendo o beijo, ora são os joelhos da minha mãe que gritam embaixo do cobertor. Então, ele aos quase 81, elas perto dos 76, gastam alguns minutos encontrando uma posição em que é possível namorar sem dor. Acabam achando. Quando não param para rir da própria condição humana, o que também provoca algumas dores.


Para mim, a imagem do dia dos namorados, essa data tão comercial que acabou de levar legiões aos shoppings, é a de meus pais achando uma posição para se abraçar entre as dores de um corpo que viveu. Acho que o amor começa com som e com fúria, mas aprende na passagem do tempo o valor das pequenas delicadezas, as manias de cada um que irritam, mas que fazem cada um ser o que é. Aquela mirada terna e quase secreta em direção ao outro que faz uma bobagem qualquer, para mim vale tanto ou mais que o furor do desejo. Aprendi isso observando meus pais, primeiro com ciúmes desse amor onde eu não cabia, porque sabiamente eles mantiveram essa parte só para eles. Depois, com curiosidade científica e, finalmente, com ternura.



Desde que me entendo por gente, meus pais namoram. O que para mim foi por muito tempo algo misterioso, que exigia uma investigação que, por medo da descoberta, eu acabava sempre postergando. Por exemplo: por que as luzes da cabeceira trocavam de cor a cada semana? Em algumas noites eram vermelhas, em outras azuis e havia até madrugadas de verde. Eu perguntava, claro que perguntava, e a resposta era verdadeira, mas convenientemente sucinta: "Para variar".



Meu pai deve ter sido o único pai do mundo que passou pela Disney, numa inusitada viagem de trabalho, comandando uma trupe de agricultores, e voltou de lá não só com brinquedos para nós, mas com baby-dolls para a minha mãe. Baby-dolls que corariam não apenas o Mickey, mas também os piratas do Caribe.



É também o único homem que eu conheço que dá rosas para a minha mãe no "aniversário de conhecimento". Até hoje. Sim, "aniversário de conhecimento" é uma data lá em casa. Enquanto o poste embaixo do qual trocaram sussurros supostamente castos existiu, eles faziam visitas periódicas ao poste, como uma espécie de dívida de gratidão. Depois, foram miseravelmente traídos pela prefeitura. E o banco da praça onde trocaram confidências, e possivelmente algumas inconfidências, foi parar no museu. Não por causa deles, parece óbvio para todos. Menos para nós.


Tudo começou com o que eu chamo de "tijolaço" que minha mãe acertou na cabeça do meu pai. Minha mãe se finge de ofendida, mas sei que ela gosta da minha versão. Era terrível a minha mãe. Aos 13 anos ela viu meu pai passar com seu porte de soldado de chumbo e decretou: "Este vai ser meu". Meu pai nem desconfiava, preocupado que estava com suas obrigações no internato, ele que trabalhava duro para pagar os próprios estudos, primeiro na limpeza, depois no cuidado dos alunos. Não adivinhava, mas já tinha o futuro decidido por uma pirralha com uma trança ruiva de cada lado.



Aos 15 dela, 20 dele, ela o avistou na festa de Sete de Setembro da paróquia da igreja matriz e despachou um correio amoroso em sua direção. Correio amoroso era a versão do torpedo no século passado. Era 1950, veja bem, no interior do Rio Grande do Sul, e ela tivera o desplante de escrever essa intimação. Sutil como uma ararinha azul num filme de zumbis a minha mãe: "Se for correspondida, serei a mulher mais feliz do mundo". Meu pai espichou um meio sorriso em sua direção, o que deve ter lhe custado mais do que o passo que Neil Armstrong daria no final da década seguinte. Meu pai só foi aprender a sorrir muito mais tarde. Ensinado, claro, pela minha mãe.



Minha mãe se tornou mesmo a mulher mais feliz do mundo. E vice-versa. E nós aprendemos a vê-los sempre de mãos dadas andando pela cidade, no seu passo só aparentemente dissonante, minha mãe mais ligeirinha, atuando no miúdo, e meu pai com passadas lentas e firmes. Meu pai passeando pelos interiores de si, minha mãe novidadeira, auscultando os arredores. E, aos finais de semana, os dois executando o balé de décadas ao caminharem de mãos entrelaçadas para espiar as vitrines das lojas, fazendo de conta que elas mudavam, se abismando ora com a boniteza das peças, ora com o preço "pela hora da morte".


Quando eu era criança, como já contei aqui, eles cumpriam também o programa familiar do domingo, no qual éramos generosamente incluídos, e que consistia em uma volta de fusca para ver as casas bonitas da cidade pequena. Sempre as mesmas, sempre dos mesmos. Lá em Ijuí eram os médicos, os fazendeiros e os empresários que tinham se dado bem no "milagre" econômico da ditadura militar que tinham casas bonitas. O resto se virava.


A vida deu e tirou de tudo do meu pai e da minha mãe, como em geral faz com quase todos. Roubou-lhes uma filha, deu-lhes outra da pá virada, a maior parte do tempo faltou-lhes dinheiro e sobrou trabalho, suspiraram de júbilo e de tristeza talvez na mesma proporção. Por muitos anos sonharam em fugir do verão de Ijuí, de onde até o diabo escapa lá por dezembro, mas não encontravam jeito. Quando juntaram umas economias, a casa que alugaram ficava na zona rural da cidade praiana, e em vez de gaivotas tínhamos galinhas. Mas nos divertimos mesmo assim, e virou história.



Como virou história a nossa primeira ida em família a um restaurante. Chinfrim que só, mas pisávamos em nuvens com nossas roupas de aniversário e sentíamos aromas de mil e uma noites. Para mim, nunca haverá um D.O.M. ou Fasano que se equipare ao restaurante do Primo. Desde então, e até hoje, qualquer prato seguido por "à Califórnia" é sinônimo de coisa muito fina lá em casa. A gente enchia a boca para dizer "à Califórnia" E até hoje meus pais adoram coisas "à Califórnia".



Para mim e para meus irmãos era um choque descobrir que na casa de alguns de nossos amigos os pais não se beijavam nem arrulhavam. Nós achávamos que era uma lei da natureza que determinava, geneticamente, o modus operandi dos pais. Fiquei indignada quando disseram, uns anos atrás, que Hebe Camargo tinha inventado o selinho.



Todo mundo sabe que foram os meus pais. O amor é assim. Cheio de coisas sem importância que fazem uma vida. Acho que a sabedoria dos meus pais foi ter percebido que eram essas pequenas delicadezas o que

realmente importava. Que os desacertos e as trapalhadas teciam os enredos das histórias que iam bordando a nossa pequena saga. Ninguém nunca achou lá em casa que era fácil viver, por isso o difícil assustava, mas não nos metia tanto medo assim.



Gosto de pensar, quando acordo pela manhã, que meus pais estão procurando, apesar das dores de outono, uma posição para ficar abraçadinhos. E, assim, encaixados de amor, falar da vida enquanto lá fora, como Erico Verissimo tão bem percebeu, ruge o tempo e o vento, cada vez mais vorazes. 


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Excesso de gordura corporal e ansiedade


:: Conceição Trucom :: 



Vamos falar de excesso de gordura corporal? E percebam que não falei obesidade, mas excesso de gordura corporal. É diferente não é mesmo? 
Muitas pessoas nem são gordinhas, mas têm excessos e muito mal localizados. Outras têm excesso generalizado de peso e, neste caso, estamos falando de obesidade mesmo. Mas não importa, excesso de gordura corporal, seja ele localizado ou generalizado, sempre será um excesso, um lastro, uma âncora, um peso desnecessário, uma prisão da liberdade de movimentos, da espontaneidade, um centro de acúmulo de venenos e toxinas. Onde tem excesso de gordura corporal não circula bem nem os líquidos (que nutrem e limpam), nem o oxigênio, nem a vida. Peso morto!
Excesso de gordura corporal pode ser considerado como um esconderijo, ou um tiro no pé, um engano.Excesso no abdome revela sapos engolidos e não digeridos. Comunicação em risco! Por quê? Não escuto bem (o que entra) o que o universo me comunica, não me expresso bem (o que sai), não me faço entender.Excesso no quadril revelam prisões com a sexualidade. O engraçado é que quanto mais fugimos da nossa sexualidade, mais carnuda ficamos. Mais objetos nos tornamos... Que sabotagem!Excesso na mama, revela generosidade confusa. Super mãezonas, super-protetoras, cuidando de todos e esquecendo de si mesma! E no meio de tantos enganos assim vamos com nossos excessos, nossos medos de sair do esconderijo. É verdade, ou não é?E o pior! O excesso de peso prejudica não só a nossa aparência e liberdade de crescer, como também a saúde em todos os níveis.Muitas vezes, este distúrbio tem origem em um desequilíbrio emocional como ansiedade, mágoa, ansiedade, tristeza, raiva, ódio, ansiedade, frustração, carência afetiva, culpa, ansiedade, auto-estima baixa, estresse e medos do futuro, que desgastam energicamente o organismo, deixando-o suscetível a mais desequilíbrios, distúrbios e doenças.É, foi proposital mesmo.
A ansiedade acontece porque tentamos fazer as coisas sem ciência, sem conhecimento, ou seja, no achômetro. Conclusão: medo do futuro, porque a alma não sente fé, não sente força, não sente poder. Daí vem o medo de não dar certo, vem a sensação de culpa, porque sabemos que poderíamos fazer melhor, mas não fizemos. Por quê? Preguiça de fazer direito. De ler, de se informar, de estudar, de perguntar e por aí vamos.O ignorar gera ignorância e perdas. Perda de serenidade, de visão, de audição, de percepção, de sucesso, de luz de crescimento.Ou seja, precisamos estar sempre lendo, estudando, nos informando, aprendendo. Mas, quem está intoxicado por demais não consegue fazer isso. Não entra nada. É tanta toxina, tanta quinquilharia armazenada que não tem espaço para o novo.
Mas aqui vem uma boa notícia: você pode detonar seus esconderijos e medos e ir eliminando estes muros e quinquilharias através de 2 técnicas, não agressivas, não invasivas, que considero FANTÁSTICAS: a Alimentação Desintoxicante e a Aromaterapia.A prática da Alimentação Desintoxicante é indispensável para trazer equilíbrio emocional, serenidade e, em paralelo, perder excesso de gordura corporal. Estou falando de perda mesmo, porque a Alimentação Desintoxicante é um trabalho de desapego. Deixar sair. Dar a descarga e se despedir. Um desapego consciente. Realizado com um entendimento e uma cumplicidade para com os órgãos excretores, com o seu corpo.E precisa ser assim, porque para a perda ser definitiva, ela deve vir com uma expansão de consciência, com uma conquista de equilíbrio emocional. E, neste caso a aromaterapia pode ser uma fortíssima aliada.
Se o emocional está desequilibrado, dá-lhe pensamentos destrutivos, sabotadores, que nos levam para as atitudes instáveis como a compulsão. - Quero, mas não consigo! É muito difícil. - Desisto, não quero mais. É demais para mim.- Faço hoje e amanhã não faço mais. Não consigo ter disciplina.São pensamentos desequilibrados que geram resultados desequilibrados, ou seja, insatisfatórios. Nestes momentos não somos donos de nosso destino, mas uma pessoa adormecida, sedada pelos desejos compulsivos, logicamente destrutivos.
O que precisa mudar? Se você não sabe ou tem forças para fiscalizar seus sentimentos (sentir que está ligado ao emocional + mente que está ligado ao mental) e torná-los em sintonia com o seu coração, com o seu crescimento, está mais que na hora de você buscar recursos para aprender a domá-los, para despertar desta sedação.E este segundo recurso, que nos ajuda a domar nossos desequilíbrios é a aromaterapia.Os óleos essenciais (OEs) extraídos da casca das frutas cítricas, são usados na aromaterapia para equilibrar o emocional, instalando uma energia de positivismo, alegria e bom astral. Além disso eles cuidam da saúde, assim como da beleza de todos os corpos. Eles podem também atuar em conjunto com outros óleos essenciais para gerar uma sinergia e potencializar o tratamento. Estes aromas quando inalados, chegam rapidamente ao cérebro, que passa a liberar substâncias de efeito sedativo, relaxante, equilibrante ou estimulante. Em contato com a pele, por conta da rápida penetração dos monoterpenos destes óleos cítricos, são capazes de estimular o metabolismo, ativar a circulação sangüínea e a desintoxicação local, como também fortalecer o sistema imunológico, efeitos no físico que funcionam como coadjuvante nos tratamentos psico-emocionais.
E mais, o OE do limão é antidepressivo, porque estimula estados emocionais de alegria e positivismo, tratando a preguiça, a tristeza, a melancolia e a depressão.Vamos então às receitas? À prática?Para tratar a ansiedade e indiretamente o excesso de gordura corporal: Preparar uma sinergia misturando os seguintes óleos essenciais: 50 gts de OE de limão, 50 gts de OE de laranja e 50 gts de OE de lavanda. Colocar num frasco escuro com tampa dosadora ou conta-gotas. Pingar 2 gotas desta mistura num lenço e cheirar procurando respirar num ritmo de aprofundamento e relaxamento. Busque a serenidade com a cumplicidade destes óleos essenciais. Usar durante o dia nos momentos em que sentir que pode sair dos trilhos e à noite antes de dormir pingar 2 gotas em seu travesseiro. 
Suco desintoxicante verde equilibrante: Passar pela centrífuga 2 limões descascados, porém deixando aquela entrecasca branca, 1 maçã, 1 inhame cru e 1 xícara de folhas e talos de hortelã. Diluir com um pouco de água e servir imediatamente. Tomar em jejum e quando sentir que a ansiedade está chegando. 

Texto extraído e adaptado dos livros Alimentação Desintoxicante e O Poder de Cura do Limão – Editora Alaúde. Reprodução permitida desde que citada a fonte.