terça-feira, 17 de julho de 2012

Até que ponto a dependência atrapalha?


:: Rosemeire Zago ::

 
 
A dependência emocional é um dos aspectos que facilmente identificamos nos outros, mas raramente em nós mesmos. Quando alguém nos conta sobre seu relacionamento afetivo, imediatamente percebemos a dependência de um dos parceiros, ou até mesmo, de ambos. Mas será que somos dependentes e não percebemos?

Nem sempre uma pessoa dependente necessita do outro para tudo. Muitas vezes consegue ter independência financeira, mas é na parte emocional que encontra maior dificuldade em cuidar de si própria. Em geral, uma pessoa dependente tem como características principais pouca confiança em si mesma e baixa auto-estima, e o foco está em ser cuidada e protegida, sempre dependendo da aprovação, reconhecimento e aceitação do outro, por não ter consciência de seu valor pessoal. Acredita que precisa do outro mais do que de si mesma.
 
O desejo inconsciente de que alguém cuide de nós pode nos sujeitar a várias formas de dependência psíquica. Ser dependente é como pedir, ou muitas vezes, implorar: "cuide de mim, pois eu não consigo", em todos os sentidos. Dificilmente uma relação verdadeira e autêntica suporta isso por muito tempo, pois qualquer relação deve ser baseada em trocas equivalentes e supõe pessoas inteiras, e como a pessoa dependente não consegue ter essa percepção de si mesma, acaba por gerar muitos conflitos.

A dependência emocional pode causar muitos conflitos nos relacionamentos. É um sinal de muita carência e, acima de tudo, a necessidade de amor, principalmente o amor por si mesmo. A dependência faz parte do ser humano. A dependência emocional por gerar muito sofrimento e pode levar a outras dependências, como drogas, álcool, tabaco, sexo ou outras formas de compulsão, pois o dependente emocional está sempre em busca de que algo ou alguém preencha seu vazio.
 
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a dependência é catalogada como Transtorno da Personalidade Dependente, uma necessidade excessiva que leva a um comportamento submisso e aderente e ao medo da separação. Os comportamentos dependentes e submissos visam obter atenção e cuidados e surgem de uma percepção de si mesmo como incapaz de agir adequadamente sem o auxílio de outras pessoas. Utilizamos o termo dependência quando uma pessoa recorre continuamente a alguém para ser ajudada, guiada, sustentada na satisfação das próprias necessidades e não no desejo saudável de querer que o outro esteja ao seu lado.

Para que seja considerado um transtorno é preciso identificar ao menos cinco dos seguintes critérios:

- dificuldade em tomar decisões do dia-a-dia sem pedir os conselhos de outras pessoas;
- necessidade de que os outros assumam a responsabilidade pelas principais áreas de sua vida;
- dificuldade em discordar dos outros, pelo medo de perder apoio ou aprovação;
- dificuldade em iniciar projetos ou fazer algo por conta própria, por falta de confiança em sua capacidade e não por falta de energia ou motivação;
- chega a extremos para obter carinho e apoio dos outros, a ponto de se oferecer para fazer coisas desagradáveis;
- sente desconforto ou desamparo quando só, por sentir-se incapaz de cuidar de si próprio;
- busca um novo relacionamento urgente como fonte de carinho e amparo, quando um relacionamento íntimo é rompido;
- medo exagerado de ser abandonado.
 
A dependência emocional mostra uma pessoa fragilizada, fraca e carente, que pode causar muitos desequilíbrios em qualquer tipo de relacionamento. A dependência emocional é mais evidente na relação afetiva entre casais, mas também podemos encontrá-la entre pais e filhos, ou entre amigos. O assunto é tão sério que uma pessoa dependente pode fazer sacrifícios extraordinários ou tolerar abuso verbal, físico e até sexual, para evitar ser abandonada.

Os pais, avós, professores, têm um papel importante na formação e educação de todos nós; crianças que se sentiram abandonadas, rejeitadas, não amadas, tendem muito mais a dependerem do amor de outra pessoa, e vivem isso como condição de sobrevivência.

Pais superprotetores podem criar filhos dependentes quando adultos. Quem nunca precisou fazer nada por si mesmo, encontrando tudo pronto por pais que queriam acima de tudo suprir todas suas necessidades, com certeza encontrarão muita dificuldade em tornar-se independente. Pais que demonstram amor e confiança naquilo que a criança faz, com certeza quando adulta ela será muito mais segura de seu valor e muito menos dependente da aprovação e amor do outro.

Mesmo quando adultos desejamos ser protegidos por alguém, não no sentido material, mas principalmente no sentido de apoio emocional. Muitos acreditam que, a qualquer momento, em qualquer situação extrema, poderão contar com o socorro de alguém mais sábio e mais forte, o eterno salvador, incapaz de impedir seus fracassos. Desejar proteção é muito diferente da dependência doentia, que faz com que a pessoa mantenha uma relação mesmo que seja destrutiva, que a faça sofrer, chorar.
 
O primeiro passo para diminuir a dependência é ter consciência de seu comportamento, conhecer-se. Para conseguir realizar um processo de autoconhecimento e com isso, ter a percepção de seu valor, muitas vezes é preciso recorrer à psicoterapia com um profissional de sua confiança. Para abandonar a dependência é necessário identificar em que áreas de sua vida ela se faz presente e de que forma está comprometendo e causando conflitos em suas relações. O importante é se questionar sempre, analisando quando a dependência se torna um fato negativo, que cega e impede de crescer interiormente, tornando a existência um vício da presença do outro. Aprove-se mais, ame-se muito mais e dependa especialmente de você!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Espelho meu...

::Letícia Thompson::





A imagem que damos de nós é muito importante. Nós somos o que somos e ninguém nos muda, mesmo se os acontecimentos podem influenciar nosso estado de espírito. Vivendo em sociedade é imprescindível andar segundo ela.

Erramos quando queremos cobrar das pessoas que nos aceitem como somos, se somos nós que nadamos contra a corrente. Somos o centro da nossa vida, não da vida de todo mundo. Há pessoas que têm uma imagem negativa delas próprias. Se acham feias, gordas demais, magras demais, não tão inteligentes... e reclamam que estão sozinhas, que não encontram ninguém. Mas a imagem que temos de nós é a que passamos para os outros!

Olhe-se no espelho! O que você vê? Sinceramente. Agora pense que o que você vê é o que os outros vêm. Então por que cobrar dos outros uma atitude que nós mesmos não temos em relação a nós? Por que cobrar aceitação se não nos aceitamos, por que cobrar atenção se nos sentimos em nós mesmos esquecidos? Aquele que quer que as pessoas mudem sua maneira de vê-lo, deve mudar primeiro a sua maneira de ver-se.

Se algo não te agrada, há sempre uma maneira de mudar. Quando mudamos a imagem que temos de nós, a sociedade muda a imagem que tem de nós; quando nos aceitamos, a sociedade nos aceita; quando nos gostamos, as pessoas passam a nos gostar. E sabe por quê? Porque começaremos a agir em função dessa imagem.

Se estamos felizes e realmente satisfeitos com o que vemos no espelho, traremos em nós uma aura que vai transmitir essa imagem. Uma pessoa que se acha bonita (sem presunção, por favor!) passa essa imagem bonita a outros. Da mesma maneira como pessoas positivas ou negativas conseguem influenciar seus arredores.

Olhe-se uma vez mais no espelho. Você não gosta do que vê? Então, talvez seja o momento de fazer alguma mudança: corte o cabelo, cuide-se um pouco mais, faça-se bem e feliz, não pelos outros, mas por você. Se você faz pelos outros só vai cair de decepção em decepção. Faça por você! Procure pensar mais em coisas bonitas e deixar de mascar problemas na sua mente.

Lembre-se que o que há dentro da nossa cabeça modifica nossa expressão. Faça uma faxina na sua vida e elimine tudo o que você não gosta e realce aquilo que pode fazer o seu charme. Todos temos algum tipo de beleza escondida, que seja física ou espiritual. Coloque isso pra fora. Exteriorize o que você tem de melhor! Você verá... quando você olhar no espelho e se sentir satisfeito do que vê, o mundo vai se sentir satisfeito com que vê também. Ame-se e seja feliz! Afinal, você merece, como todo mundo! 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O perigoso jogo dos inseguros


::Patricia Gebrim::




"Uma pessoa insegura é perigosa, lembra-se? É incrível o número de atitudes destrutivas desencadeadas pelo fato das pessoas estarem se sentindo ameaçadas. E é assim que, na maioria das vezes, o tiro acaba saindo pela culatra" Não existe nada mais assustador do que gente insegura. Para imaginar isso basta acuar um animal. Experimente... deixe-o bastante assustado (ah... mas não venha depois me responsabilizar pelo que possa ocorrer!). 

Não é difícil que você seja ferido ou agredido por um animal nessa situação. O medo evoca reações muitas vezes incontroláveis, quase reflexas, no sentido de proteger a vida sob ameaça.

Agora transfira essa ideia para os relacionamentos. Uma pessoa insegura está assustada. Teme ser enganada, traída, ferida, usada, aviltada. Uma pessoa insegura fica tensa, prestes a reagir impensadamente a estímulos que, em um estado mais relaxado, poderiam ser considerados absolutamente aceitáveis. Os inseguros, tomados pelo medo, são capazes de atitudes impensadamente destrutivas. Podem reagir de maneira absolutamente injusta, ou planejar vinganças baseadas em fantasias criadas pelos fantasmas do medo. 

Quando temos medo do escuro, qualquer barulho torna-se insuportavelmente assustador. Da mesma forma, nos relacionamentos, quando tomados pelo medo, perdemos a capacidade de enxergar objetivamente e transformamos atitudes normais em ameaças potenciais.

Se você quer manter a saúde de seu relacionamento afetivo, precisará aprender a lidar com seus próprios medos e inseguranças. Ouça... O outro não pode fazer isso por você. O seu medo não é algo que pertença à pessoa com quem você se relaciona. O seu medo “é todo seu”, goste ou não dessa ideia. Será preciso que você lute contra o que o assombra, sem cair na tentação de projetar isso em seu parceiro, culpando-o ou tentando assombrá-lo ainda mais do que tem se sentido assustado.

Algumas pessoas, por se sentirem inseguras, costumam criar um jogo nefasto para se defender de seu próprio medo: tentam tornar seu parceiro amoroso ainda mais inseguro do que si mesmas. Fazem isso sempre jogando algo no ar. Uma ameaça... Uma informação desencontrada... Um comentário aparentemente casual mas que leva a semente de uma ameaça. Sua tentativa é a de fazer com que seu parceiro se sinta inseguro e fragilizado, como se só dessa forma, ao perceber que seu parceiro teme perder seu amor, você conseguisse acreditar que seja de fato amado.

Claro que essa não é uma boa estratégia. Uma pessoa insegura é perigosa, lembra-se? É incrível o número de atitudes destrutivas desencadeadas pelo fato das pessoas estarem se sentindo ameaçadas. E é assim que, na maioria das vezes, o tiro acaba saindo pela culatra.

Se você está em um relacionamento no qual esse tipo de jogo se estabeleceu, se seu parceiro afetivo o vem provocando para que você se sinta inseguro, ou se você tem tido a necessidade de fazer isso, pare por um instante e procure em você por aquilo que possa ser uma base real para um relacionamento saudável: a confiança. Sem confiança os relacionamentos estão fadados ao fracasso. 

Eu sugiro que você converse com seu parceiro e exponha o que percebeu. Essa é uma ótima maneira de “quebrar o jogo”. Caso perceba que o outro esteja tentando lhe causar insegurança, mostre que está percebendo isso e procure entender os motivos dessa atitude. Caso seja você que esteja agindo assim, pare e escolha uma maneira mais madura de lidar com seus medos. Conversar sobre sua insegurança pode ser um bom começo.

Lembre-se de que confiar, em primeiro lugar, não é confiar no outro, e sim confiar em si próprio. Confiar que você possa sim ser uma pessoa bacana o suficiente para que o seu parceiro respeite você. Precisamos confiar no fato de que merecemos ser amados. 

Precisamos também confiar em nossa capacidade de nos proteger, de nos tirar de situações indignas. Ninguém é capaz de controlar o que vai enfrentar no terreno amoroso, assim confiança é também se lembrar de que, caso a relação deixe de ser saudável, você sempre poderá fazer suas malas e buscar alguém que o trate de forma mais respeitosa. Se nos soubermos capazes de fazer isso, não teremos tanto medo, nem nos preocuparemos tanto em ter o controle de tudo. Afinal, isso não é algo possivel de ser atingido.

Assim, confie em si mesmo e ajude seu parceiro amoroso a sentir-se confiante. Deixe de lado os jogos, pare de tentar se afirmar fazendo com que o outro se sinta inseguro. Caso seu parceiro insista em manter esse jogo em andamento, pense se realmente é válido permanecer um relacionamento dessa forma. 

Tudo se resume em nossas escolhas, lembre-se sempre disso.

Claro que relacionamentos não são descartáveis e que nossa primeira tentativa deve ser a de superar os desafios, crescer, transformar o relacionamento em um espaço de amadurecimento e superação. 

Mas, caso isso se mostre impossível, nunca se esqueça de que sair de um relacionamento doentio é também uma opção saudável e protetora.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Você só atrai pessoas problemáticas?


:: Rosana Braga :: 



Outro dia, no banheiro de um restaurante, ouvi uma mulher comentando com a amiga sobre o quanto estava cansada de só atrair homens problemáticos. Chegou a dizer que estava com a impressão de que havia se tornado uma espécie de pararraios de malucos.

Segundo a tal desiludida, toda relação que começava como uma promessa de prazer e alegria, logo se revelava um poço de problemas e encrencas. Naquele momento, senti que ela pedia um socorro à amiga, querendo saber se deveria continuar tentando encontrar alguém legal ou se seria melhor ficar sozinha.

A outra, tentando ser solícita e compreensiva, repetia com firmeza que era bem melhor ficar sozinha, porque realmente havia muito "doido" pelo mundo e não valia a pena insistir e arriscar de novo, afinal, beijo na boca não faltaria a nenhuma das duas, segundo ela.

Saí do banheiro bastante reflexiva, tentando imaginar o perfil de loucura dessas pessoas a quem elas se referiam. Tentando imaginar, sobretudo, que tipo de pessoa atrairia tantos malucos a ponto de desistir de se relacionar e desacreditar no amor.

Afinal, a mim parece que ninguém atrai alguém por mero acaso. Ainda mais quando se tratam de casos semelhantes que se repetem indefinidamente. A primeira questão que eu me faria, num caso como esse, é: 
"o que será que eu ainda não percebi, não aprendi e não mudei?"

Sim, porque se uma pessoa só experimenta relações problemáticas, com toda certeza não está resolvida com suas próprias complicações significativas. Se só atrai malucos, é porque a sua maluquice está gritante, evidente e atraente.

E se, por fim, desistir das pessoas, do amor e dos relacionamentos, estará decretando a si mesma uma sentença desastrosa - a de que todos os demais, exceto elas mesmas, são "doidos" e, portanto, indignos de se tornarem parceiros. Servem apenas para beijar na boca.

De verdade, nada contra os beijos na boca. Pelo contrário, é certamente uma aproximação prazerosa. No entanto, quando uma pessoa não passa, aos olhos da outra, de uma possibilidade de beijar na boca, certamente, há algo muito distorcido nesta história.

Partindo do princípio de que os incomodados é que devem mudar, eu diria a essa moça ou a qualquer pessoa que esteja se sentindo um pára-raio de problemáticos, para aproveitar o sinal que a vida está emitindo para se rever e descobrir por que está atraindo isso...

Se acreditar que os opostos se atraem, deve então observar seu excesso de normalidade, sua extrema rigidez ou sua exacerbação de autocrítica. E se acreditar que semelhante atrai semelhante, então, nem será preciso pensar tanto. Certamente está precisando reconhecer sua própria doidice e sua falta de noção. 

O fato é simples: quanto mais estressantes e confusas são as relações de uma pessoa, mais longe ela está de sua essência e da harmonia que precisa ter com seu próprio coração. À medida que ela se conhece, sabe o que quer e age de modo coerente, pode ter certeza absoluta de que só atrairá e se tornará atraente a quem estiver nesta mesma sintonia...

terça-feira, 19 de junho de 2012

A tristeza permitida


::Marta Medeiros::



Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como? 

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra. 

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra. 

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. 

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas. 

“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia. 

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O amor que sabe do tempo e do vento


::Eliane Brum::





Dias atrás liguei para meus pais e os dois se divertiam com as dificuldades de expressar o amor que sentem um pelo outro. Acontece o seguinte. Toda manhã meus pais acordam, mais ou menos no mesmo horário, e ficam abraçadinhos esperando o sol entrar pelas frestas da persiana enquanto conversam sobre a vida. O desafio, agora, segundo minha mãe, que é mais despachada, é encontrar uma posição em que não doa alguma parte do corpo de um e de outro. Ora é a coluna do meu pai que se anuncia, interrompendo o beijo, ora são os joelhos da minha mãe que gritam embaixo do cobertor. Então, ele aos quase 81, elas perto dos 76, gastam alguns minutos encontrando uma posição em que é possível namorar sem dor. Acabam achando. Quando não param para rir da própria condição humana, o que também provoca algumas dores.


Para mim, a imagem do dia dos namorados, essa data tão comercial que acabou de levar legiões aos shoppings, é a de meus pais achando uma posição para se abraçar entre as dores de um corpo que viveu. Acho que o amor começa com som e com fúria, mas aprende na passagem do tempo o valor das pequenas delicadezas, as manias de cada um que irritam, mas que fazem cada um ser o que é. Aquela mirada terna e quase secreta em direção ao outro que faz uma bobagem qualquer, para mim vale tanto ou mais que o furor do desejo. Aprendi isso observando meus pais, primeiro com ciúmes desse amor onde eu não cabia, porque sabiamente eles mantiveram essa parte só para eles. Depois, com curiosidade científica e, finalmente, com ternura.



Desde que me entendo por gente, meus pais namoram. O que para mim foi por muito tempo algo misterioso, que exigia uma investigação que, por medo da descoberta, eu acabava sempre postergando. Por exemplo: por que as luzes da cabeceira trocavam de cor a cada semana? Em algumas noites eram vermelhas, em outras azuis e havia até madrugadas de verde. Eu perguntava, claro que perguntava, e a resposta era verdadeira, mas convenientemente sucinta: "Para variar".



Meu pai deve ter sido o único pai do mundo que passou pela Disney, numa inusitada viagem de trabalho, comandando uma trupe de agricultores, e voltou de lá não só com brinquedos para nós, mas com baby-dolls para a minha mãe. Baby-dolls que corariam não apenas o Mickey, mas também os piratas do Caribe.



É também o único homem que eu conheço que dá rosas para a minha mãe no "aniversário de conhecimento". Até hoje. Sim, "aniversário de conhecimento" é uma data lá em casa. Enquanto o poste embaixo do qual trocaram sussurros supostamente castos existiu, eles faziam visitas periódicas ao poste, como uma espécie de dívida de gratidão. Depois, foram miseravelmente traídos pela prefeitura. E o banco da praça onde trocaram confidências, e possivelmente algumas inconfidências, foi parar no museu. Não por causa deles, parece óbvio para todos. Menos para nós.


Tudo começou com o que eu chamo de "tijolaço" que minha mãe acertou na cabeça do meu pai. Minha mãe se finge de ofendida, mas sei que ela gosta da minha versão. Era terrível a minha mãe. Aos 13 anos ela viu meu pai passar com seu porte de soldado de chumbo e decretou: "Este vai ser meu". Meu pai nem desconfiava, preocupado que estava com suas obrigações no internato, ele que trabalhava duro para pagar os próprios estudos, primeiro na limpeza, depois no cuidado dos alunos. Não adivinhava, mas já tinha o futuro decidido por uma pirralha com uma trança ruiva de cada lado.



Aos 15 dela, 20 dele, ela o avistou na festa de Sete de Setembro da paróquia da igreja matriz e despachou um correio amoroso em sua direção. Correio amoroso era a versão do torpedo no século passado. Era 1950, veja bem, no interior do Rio Grande do Sul, e ela tivera o desplante de escrever essa intimação. Sutil como uma ararinha azul num filme de zumbis a minha mãe: "Se for correspondida, serei a mulher mais feliz do mundo". Meu pai espichou um meio sorriso em sua direção, o que deve ter lhe custado mais do que o passo que Neil Armstrong daria no final da década seguinte. Meu pai só foi aprender a sorrir muito mais tarde. Ensinado, claro, pela minha mãe.



Minha mãe se tornou mesmo a mulher mais feliz do mundo. E vice-versa. E nós aprendemos a vê-los sempre de mãos dadas andando pela cidade, no seu passo só aparentemente dissonante, minha mãe mais ligeirinha, atuando no miúdo, e meu pai com passadas lentas e firmes. Meu pai passeando pelos interiores de si, minha mãe novidadeira, auscultando os arredores. E, aos finais de semana, os dois executando o balé de décadas ao caminharem de mãos entrelaçadas para espiar as vitrines das lojas, fazendo de conta que elas mudavam, se abismando ora com a boniteza das peças, ora com o preço "pela hora da morte".


Quando eu era criança, como já contei aqui, eles cumpriam também o programa familiar do domingo, no qual éramos generosamente incluídos, e que consistia em uma volta de fusca para ver as casas bonitas da cidade pequena. Sempre as mesmas, sempre dos mesmos. Lá em Ijuí eram os médicos, os fazendeiros e os empresários que tinham se dado bem no "milagre" econômico da ditadura militar que tinham casas bonitas. O resto se virava.


A vida deu e tirou de tudo do meu pai e da minha mãe, como em geral faz com quase todos. Roubou-lhes uma filha, deu-lhes outra da pá virada, a maior parte do tempo faltou-lhes dinheiro e sobrou trabalho, suspiraram de júbilo e de tristeza talvez na mesma proporção. Por muitos anos sonharam em fugir do verão de Ijuí, de onde até o diabo escapa lá por dezembro, mas não encontravam jeito. Quando juntaram umas economias, a casa que alugaram ficava na zona rural da cidade praiana, e em vez de gaivotas tínhamos galinhas. Mas nos divertimos mesmo assim, e virou história.



Como virou história a nossa primeira ida em família a um restaurante. Chinfrim que só, mas pisávamos em nuvens com nossas roupas de aniversário e sentíamos aromas de mil e uma noites. Para mim, nunca haverá um D.O.M. ou Fasano que se equipare ao restaurante do Primo. Desde então, e até hoje, qualquer prato seguido por "à Califórnia" é sinônimo de coisa muito fina lá em casa. A gente enchia a boca para dizer "à Califórnia" E até hoje meus pais adoram coisas "à Califórnia".



Para mim e para meus irmãos era um choque descobrir que na casa de alguns de nossos amigos os pais não se beijavam nem arrulhavam. Nós achávamos que era uma lei da natureza que determinava, geneticamente, o modus operandi dos pais. Fiquei indignada quando disseram, uns anos atrás, que Hebe Camargo tinha inventado o selinho.



Todo mundo sabe que foram os meus pais. O amor é assim. Cheio de coisas sem importância que fazem uma vida. Acho que a sabedoria dos meus pais foi ter percebido que eram essas pequenas delicadezas o que

realmente importava. Que os desacertos e as trapalhadas teciam os enredos das histórias que iam bordando a nossa pequena saga. Ninguém nunca achou lá em casa que era fácil viver, por isso o difícil assustava, mas não nos metia tanto medo assim.



Gosto de pensar, quando acordo pela manhã, que meus pais estão procurando, apesar das dores de outono, uma posição para ficar abraçadinhos. E, assim, encaixados de amor, falar da vida enquanto lá fora, como Erico Verissimo tão bem percebeu, ruge o tempo e o vento, cada vez mais vorazes. 


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Excesso de gordura corporal e ansiedade


:: Conceição Trucom :: 



Vamos falar de excesso de gordura corporal? E percebam que não falei obesidade, mas excesso de gordura corporal. É diferente não é mesmo? 
Muitas pessoas nem são gordinhas, mas têm excessos e muito mal localizados. Outras têm excesso generalizado de peso e, neste caso, estamos falando de obesidade mesmo. Mas não importa, excesso de gordura corporal, seja ele localizado ou generalizado, sempre será um excesso, um lastro, uma âncora, um peso desnecessário, uma prisão da liberdade de movimentos, da espontaneidade, um centro de acúmulo de venenos e toxinas. Onde tem excesso de gordura corporal não circula bem nem os líquidos (que nutrem e limpam), nem o oxigênio, nem a vida. Peso morto!
Excesso de gordura corporal pode ser considerado como um esconderijo, ou um tiro no pé, um engano.Excesso no abdome revela sapos engolidos e não digeridos. Comunicação em risco! Por quê? Não escuto bem (o que entra) o que o universo me comunica, não me expresso bem (o que sai), não me faço entender.Excesso no quadril revelam prisões com a sexualidade. O engraçado é que quanto mais fugimos da nossa sexualidade, mais carnuda ficamos. Mais objetos nos tornamos... Que sabotagem!Excesso na mama, revela generosidade confusa. Super mãezonas, super-protetoras, cuidando de todos e esquecendo de si mesma! E no meio de tantos enganos assim vamos com nossos excessos, nossos medos de sair do esconderijo. É verdade, ou não é?E o pior! O excesso de peso prejudica não só a nossa aparência e liberdade de crescer, como também a saúde em todos os níveis.Muitas vezes, este distúrbio tem origem em um desequilíbrio emocional como ansiedade, mágoa, ansiedade, tristeza, raiva, ódio, ansiedade, frustração, carência afetiva, culpa, ansiedade, auto-estima baixa, estresse e medos do futuro, que desgastam energicamente o organismo, deixando-o suscetível a mais desequilíbrios, distúrbios e doenças.É, foi proposital mesmo.
A ansiedade acontece porque tentamos fazer as coisas sem ciência, sem conhecimento, ou seja, no achômetro. Conclusão: medo do futuro, porque a alma não sente fé, não sente força, não sente poder. Daí vem o medo de não dar certo, vem a sensação de culpa, porque sabemos que poderíamos fazer melhor, mas não fizemos. Por quê? Preguiça de fazer direito. De ler, de se informar, de estudar, de perguntar e por aí vamos.O ignorar gera ignorância e perdas. Perda de serenidade, de visão, de audição, de percepção, de sucesso, de luz de crescimento.Ou seja, precisamos estar sempre lendo, estudando, nos informando, aprendendo. Mas, quem está intoxicado por demais não consegue fazer isso. Não entra nada. É tanta toxina, tanta quinquilharia armazenada que não tem espaço para o novo.
Mas aqui vem uma boa notícia: você pode detonar seus esconderijos e medos e ir eliminando estes muros e quinquilharias através de 2 técnicas, não agressivas, não invasivas, que considero FANTÁSTICAS: a Alimentação Desintoxicante e a Aromaterapia.A prática da Alimentação Desintoxicante é indispensável para trazer equilíbrio emocional, serenidade e, em paralelo, perder excesso de gordura corporal. Estou falando de perda mesmo, porque a Alimentação Desintoxicante é um trabalho de desapego. Deixar sair. Dar a descarga e se despedir. Um desapego consciente. Realizado com um entendimento e uma cumplicidade para com os órgãos excretores, com o seu corpo.E precisa ser assim, porque para a perda ser definitiva, ela deve vir com uma expansão de consciência, com uma conquista de equilíbrio emocional. E, neste caso a aromaterapia pode ser uma fortíssima aliada.
Se o emocional está desequilibrado, dá-lhe pensamentos destrutivos, sabotadores, que nos levam para as atitudes instáveis como a compulsão. - Quero, mas não consigo! É muito difícil. - Desisto, não quero mais. É demais para mim.- Faço hoje e amanhã não faço mais. Não consigo ter disciplina.São pensamentos desequilibrados que geram resultados desequilibrados, ou seja, insatisfatórios. Nestes momentos não somos donos de nosso destino, mas uma pessoa adormecida, sedada pelos desejos compulsivos, logicamente destrutivos.
O que precisa mudar? Se você não sabe ou tem forças para fiscalizar seus sentimentos (sentir que está ligado ao emocional + mente que está ligado ao mental) e torná-los em sintonia com o seu coração, com o seu crescimento, está mais que na hora de você buscar recursos para aprender a domá-los, para despertar desta sedação.E este segundo recurso, que nos ajuda a domar nossos desequilíbrios é a aromaterapia.Os óleos essenciais (OEs) extraídos da casca das frutas cítricas, são usados na aromaterapia para equilibrar o emocional, instalando uma energia de positivismo, alegria e bom astral. Além disso eles cuidam da saúde, assim como da beleza de todos os corpos. Eles podem também atuar em conjunto com outros óleos essenciais para gerar uma sinergia e potencializar o tratamento. Estes aromas quando inalados, chegam rapidamente ao cérebro, que passa a liberar substâncias de efeito sedativo, relaxante, equilibrante ou estimulante. Em contato com a pele, por conta da rápida penetração dos monoterpenos destes óleos cítricos, são capazes de estimular o metabolismo, ativar a circulação sangüínea e a desintoxicação local, como também fortalecer o sistema imunológico, efeitos no físico que funcionam como coadjuvante nos tratamentos psico-emocionais.
E mais, o OE do limão é antidepressivo, porque estimula estados emocionais de alegria e positivismo, tratando a preguiça, a tristeza, a melancolia e a depressão.Vamos então às receitas? À prática?Para tratar a ansiedade e indiretamente o excesso de gordura corporal: Preparar uma sinergia misturando os seguintes óleos essenciais: 50 gts de OE de limão, 50 gts de OE de laranja e 50 gts de OE de lavanda. Colocar num frasco escuro com tampa dosadora ou conta-gotas. Pingar 2 gotas desta mistura num lenço e cheirar procurando respirar num ritmo de aprofundamento e relaxamento. Busque a serenidade com a cumplicidade destes óleos essenciais. Usar durante o dia nos momentos em que sentir que pode sair dos trilhos e à noite antes de dormir pingar 2 gotas em seu travesseiro. 
Suco desintoxicante verde equilibrante: Passar pela centrífuga 2 limões descascados, porém deixando aquela entrecasca branca, 1 maçã, 1 inhame cru e 1 xícara de folhas e talos de hortelã. Diluir com um pouco de água e servir imediatamente. Tomar em jejum e quando sentir que a ansiedade está chegando. 

Texto extraído e adaptado dos livros Alimentação Desintoxicante e O Poder de Cura do Limão – Editora Alaúde. Reprodução permitida desde que citada a fonte.
      

terça-feira, 29 de maio de 2012

Torradas queimadas


::Desconheço a autoria::



Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro.

Naquela noite, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.

Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado.

Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse:
- Adorei a torrada queimada...
Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse:
- Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias!

O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.

Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos a suprir um as falhas do outro. Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando.
Ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas reformas, ela faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo. Eu não sei fazer uma lasanha como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar.
A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apoia, eu e ela nos completamos. Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes. Não que mais tarde, o dia que um partir, este mundo vá desmoronar, não vai. Novamente teremos que aprender e nos adaptar para fazer o melhor.

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos.

Então filho, se esforce para ser sempre tolerante, principalmente com quem dedica o precioso tempo da vida, a você e ao próximo.

"As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez, ou do que lhes disse. Mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as fez se sentir.”

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sentir...


::Rubia A. Dantés::



Muitas vezes deixei passar aquela sensação que queria me avisar de alguma coisa... porque a razão muito ardilosa e cheia de truques me fazia não dar atenção.

Mas agora... a razão só me pega por descuido, porque percebo como podemos nos guiar por um sentir que pode ser bem sutil... mas muito profundo... e sempre me guia para onde minha Alma quer me levar.

A nossa Alma estabelece uma comunicação que vai ficando cada vez mais perceptível e vamos aprendendo a “sentir” quando uma coisa é ou não favorável... esse sentir pode nos guiar pela vida como um radar... que não tem a ver com a razão.

A nossa razão tem argumentos para tentar nos manter dentro dos limites do que conhecemos e a nossa Alma quer nos levar a ultrapassar esses limites... ampliando as nossas possibilidades. 

Para seguir com a Alma é preciso coragem, avançando sem garantias e disposição para encontrar o nunca pensado... É claro que dá um frio na barriga e uma insegurança de abandonar o que aparentemente nos dá segurança... Mas as coisas que pensamos nos darem segurança, pelo domínio da razão... vão caindo por terra, uma após a outra... e chega um ponto onde só nos resta buscar a segurança da Alma... A partir daí, sempre voltamos para Ela.

Percebemos que seguir o sentir que vem da Alma sempre nos leva a estarmos mais presentes... e a vivermos cada momento com integridade.

No silêncio das palavras cala-se também a voz dos medos e, do vazio, surgem estradas de possibilidades inesperadas. ..

Adoro o inesperado.. . quando já cansei de tudo que está limitado... Então dá uma sede do novo... do ainda não pensado.

Temos a mania de limitar tudo e de classificar, provar... como se com isso pudéssemos segurar o tempo. Doce ilusão... esse tempo que tentamos segurar nem existe. Só existe na prisão da nossa mente. Mas, além dessa prisão, existe muito mais... muito mais...

A cabeça pensa... pensa... e dá muitas voltas em torno dos mesmos e tão visitados caminhos... mas o coração sente... e nesse sentir pode nos levar à tão sonhada liberdade... ao nos guiar para longe desses círculos viciosos que a mente tenta nos impor.

Vamos sentir mais... vamos escutar mais a voz da Alma... dar mais espaço para que o inesperado possa se manifestar.. . ninguém precisa seguir caminhos já traçados e já percorridos. .. porque eles costumam nos prender, pois já foram limitados e delimitados, quase não deixando espaço para a criação...

Vamos perder o controle... é justamente quando perdemos o controle que encontramos o que mais buscamos... Que tênue é esse limite entre perder o controle e se encontrar...

É que a gente se esquece às vezes que existe muito mais realidade além dessa nossa e tentar colocar dentro dos limites das palavras e das explicações experiências que não cabem aí, faz com que fiquemos só até onde as palavras e explicações podem nos levar...

Quando as palavras calam o sentir pode nos levar muito além delas...

Calar... Sentir... Ser...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

CONSISTÊNCIA: Regra de ouro na educação dos filhos!

:: Dra. Lygia T. Dorigon ::




O que é ser consistente?

Pelo dicionário Aurélio, ser consistente significa: ser firme, sólido,
coerente na exposição de ideias . Pelos psicólogos, educadores, também.
Quer dizer que quando um pai diz algo para o seu filho fazer, a sua
palavra vale para nortear claramente a conduta do filho. Não tem nada a
ver com braveza, frieza, mas sim com coerência entre palavras e
atitudes.

Os filhos precisam aprender que diante de determinadas instruções dos
pais eles devem agir de uma forma e diante de outros pedidos devem ter
outra forma de agir. Dizendo assim parece muito óbvio. Mas, observações
cotidianas nas relações entre pais e filhos apresentam diversos exemplos
do quanto isto pode ser difícil na prática.

"A mãe pede ao filho para que ele arrume a sua cama antes de ir ao
futebol. Seu filho permanece assistindo TV, até que se dá conta do
horário e se arruma correndo para chegar a tempo na aula. Quando bate a
porta, a mãe percebe que a cama continua desarrumada. A funcionária da
casa faz o serviço".

"A criança aproxima-se do botão da geladeira que aciona a saída de água.
A mãe diz que ela não pode mexer ali. A criança aperta o botão e molha a
cozinha. A mãe sorri, dizendo que ela não podia ter colocado a mão ali e
tira a criança da cozinha.

"O menino pede ao pai que lhe presenteie com um game . O pai diz que não
lhe dará o presente naquela hora porque está sem dinheiro. O menino
insiste, o pai nega. O filho insiste, insiste, insiste até que o pai se
cansa da insistência do filho. Não quer que aquilo atrapalhe o passeio
da família e então lhe dá o game , com a exigência de que o filho 'fique
quieto' dali para a frente".

Em todos esses exemplos, comuns, corriqueiros, vemos situações de
inconsistência dos pais ao lidarem com seus filhos. É verdade que na
vida prática é impossível situações deste tipo não acontecerem. É
impossível controlar todos os eventos o tempo todo e ser coerente em
todos eles. O problema não é quando isto acontece de vez em quando, como
exceção, mas sim quando a regra que vale em casa é a regra que o filho
quer.

Os pais precisam garantir que seus pedidos, instruções, funcionem, isto
é, sua instrução deve levar seu filho a orientar sua conduta a partir do
que foi dito a ele para fazer. Dizer não a uma criança, precisa vir
seguido de uma ação de bloqueio, impedimento, por parte dos pais. Dizer
que ele pode fazer algo depois que termine a lição, precisa vir seguido
da ação do pai de checar a lição antes de liberar o que o filho quer.
Falar que não é possível comprar algo naquele momento deve continuar
valendo mesmo que o filho seja insistente e, por vezes, chato.

A consistência beneficia a criança. O que significa que quando a criança
sabe o que esperar efetivamente de seu pai ou de sua mãe, ela tem
maiores condições de modular o seu comportamento.

Filhos desobedientes tem frequentemente na sua história diversos
episódios em que os pais não mantiveram a regra, não monitoraram a ação
do filho.

Não se trata de ser general, de ser inflexível. Nem de não ficar atento
às necessidades da criança. Mas, trata-se de adotar uma postura sólida
que indique aos filhos quando podem agir de determinada forma e quando
não podem, para que assim eles não precisem passar o tempo todo testando
até a hora de conseguirem fazer o que querem e do seu jeito.

Dra. Lygia T. Dorigon (Psicóloga, CRP 06/84744)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Orai e vigiai


::Autor Desconhecido::



O recado é antigo e o mais sábio dos conselhos,
ainda desprezado e pouco compreendido,
faz com que cristãos e ateus,
pobres ou ricos, brancos ou negros,
se igualem em aflições e dores.

Ora, o pensamento é o primeiro passo da ação,
onde seu pensamento anda, anda a sua alma,
e por onde ela passa deixa vestígios, ações,
e toda ação, pelas leis naturais, causa uma reação.

Quantas vezes nos pegamos perguntando
o porque do sofrimento ou da situação difícil,
nos julgamos bons, fazemos o bem,
espalhamos as boas novas, evitamos encrencas,
e mesmo assim, parece que o mal nos persegue.
Por quê?

A resposta está na invigilância…
Quantos prédios com sistemas de segurança ultra modernos
estão sendo assaltados?
Quantos bancos com vigilantes aos montes são roubados?
Imagine os seus pensamentos? Imagine os seus atos?
Como controlar a raiva diante do trânsito maluco?
Como ficar tranquilo diante da pilha de dívidas?
Como manter a paz diante das doenças que nos cercam?
Como fazer oração com a barriga roncando de fome?

Não saia de casa sem a oração fervorosa,
sem o agradecer sincero, sem um pedido de proteção,
não espere a dor te visitar, use o atalho do amor.
Não queira enfrentar o mundo sozinho,
peça ajuda Superior.

Vigie-se!
Quando a raiva chega, nós percebemos,
quando a bebida é servida, nós podemos dispensá-la,
quando as drogas são oferecidas, podemos recusá-las,
quando a esmola é demais, podemos desconfiar,
quando o gasto é demais, podemos controlar,
quando o amor acaba podemos reaproximar.
quando o ódio se aproxima, podemos redobrar o amor,
quando a dor nos visita, buscar ajuda médica,
quando a vida te escolher, responda sim,
sim para a plenitude, para a felicidade,
para o amor que lhe cabe nesse dia,
que começa com uma prece,
passa pela certeza da sua vitória,
e acaba com o sono tranquilo,
de quem não violentou a sua consciência.
“Orai, para que o amor seja o vencedor,
vigiai, para que a paz se estabeleça.”

sábado, 5 de maio de 2012

Existe diferença entre Egoísmo e Individualismo?

::Desconheço a autoria::





Atendendo ao pedido da nossa querida leitora e seguidora do Blog Dayanne!

Beijos a todos vocês e boa leitura!




Três dicas para lidar positivamente com os egoístas e individualistas




Você acha que devemos nos preocupar com quem não quer mudar para melhor? Se sua resposta foi “não” esta atitude pode ser tachada de falta de caridade, solidariedade ou fraternidade, mas não é o caso em inúmeras situações. Concordo que não é nossa responsabilidade mudar o outro. Afinal de contas, não podemos mesmo mudar ninguém, somente a nós mesmos. As pessoas só mudam se quiserem de coração, caso contrário esqueça.



Mas ao mesmo tempo, se temos um amigo ou um membro de nossa família se autodestruindo com drogas, ou agindo negativamente do nosso lado e não fazemos absolutamente nada para ajudar, seríamos frios e cruéis.

Então o que fazer? Qual seria a solução para isso?




Dica # 1: Cai fora e abra espaço para novas energias.



Já cortei relacionamento com vários amigos (as) assim como um relacionamento de 10 anos por ver que nada iria mudar para melhor. Resolvi mudar a mim mesma e cair fora. Senti muita falta, saudade mesmo. Mas não voltei atrás na minha decisão. Não queria que um relacionamento que não estava me fazendo feliz se tornasse um vicio para mim. Não havia crescimento naquilo nem para mim nem para a outra pessoa. Aliais, resolvi ver o relacionamento em que estava como uma lição para meu crescimento pessoal. Tudo se recicla inclusive os nossos traumas emocionais.Também já desmanchei uma sociedade com um parceiro que só dormia enquanto eu trabalhava. Deixei tudo para ele, enqn



Dica # 2: Se torne um exemplo inspirador.



Não podemos “passar a mão na cabeça” do que para nós é um erro. Se alguém deseja viver em estado negativo permanente, não podemos nos envolver na negatividade do outro, MAS podemos ser um exemplo de positividade e personalidade marcante, podemos ser a inspiração e a motivação para o outro ser influenciado por isso. Funciona na maioria das vezes. Caso contrário, fizemos a nossa parte.



No passado isso seria considerado um ato egoísta, por só pensarmos em nós mesmos e não ter ficar estagnado com o amigo que não queria crescer, “afinal somos amigos…”, muitos diziam, “fico com você até morrer.” Já nos tempos de agora, a sabedoria do milênio nos abre a mente para novas filosofias.



Dica # 3: Use sua inteligência, se ame e mude você mesmo.



Então eu lhe pergunto afinal quem ajudaria mais um amigo autodestrutivo? Um amigo que se acomodasse a ver a autodestruição do outro sem fazer nada para mudar isso até a morte, ou mudar a si mesmo e influenciar o outro como exemplo de perseverança e sucesso na vida? O que seria mais proveitoso? E o que seria mais inteligente? O individualista bem sucedido ou o egoísta autodestrutivo?



A diferença entre o egoísta e o individualista é que o egoísta é um vampiro emocional, isto é, suga a energia de alguém até o outro ficar sem energia também. Já o individualista promove a auto-estima e progride sem incomodar a outrem e até muitas vezes serve de exemplo para muitos.



Por isso como coach (treinadora), só aceito clientes que demonstram determinação para vencer. Caso contrário, estaríamos perdendo nosso tempo e eu não tenho tempo a perder.

“Prefiro perder o dinheiro ao invés de perder o tempo, sabe por quê? Porque o dinheiro se cria sempre, e o tempo não volta atrás”.




Posso ver a diferença do egoísta e do individualista num piscar de olhos.


Geralmente o egoísta me faz trilhões de perguntas e espera que eu faça o trabalho de casa dele na vida, ou seja, obtenha resultados para ele sem ele mover um dedo pra crescer como pessoa. Já o individualista, pergunta o essencial, decide imediatamente, mesmo com receio de que alguma coisa possa dar errado, ultrapassa o medo e segue colhendo a coragem pelo processo do sucesso.