terça-feira, 23 de setembro de 2008

A ALMA, A JÓIA DA VIDA

por Inês Bastos

Eu sei que de dentro de todo alguém, o novo sempre surgirá!
Como em um filme, faço as legendas de interpretação livre na minha cabeça: Sinto que posso ser melhor! Como vou conseguir isto? De onde veio essa concepção tão nova?

Eu sei que a jóia sempre esteve presente - e esquecida - pronta para se manifestar em sua totalidade, com glamour e altivez, sem, no entanto, desbancar nossos outros brilhos porque ela é sábia e divina. Mas só a vejo de relance, juro, quase sempre ali camuflada até de nós mesmos.
Uma legenda possível: O que está acontecendo comigo? O que estou sentindo? Parece que algo sempre está prá surgir, não sei de onde! Não consigo mudar, apesar de sofrer e saber... não sei bem como, acho que usando a inteligência mesmo, que pode existir um motivo para isso acontecer e me força a tomar uma atitude diferente, para ter melhor resultado! Mas como é isso?

Tentamos trazê-la (a tal jóia) para fora, no convívio de tantos anos, no vai e vem e tantas experiências, incontáveis palavras, pensamentos, buscas e desejos de mudança, mas acabam em tentativas frustradas ou, no máximo, um passinho adiante que pela eternidade já deve ser um bom adiantamento. Se a Fonte tem tanta paciência conosco, devemos ter também, sem sofrimentos e ansiedades.
Outra legenda: Porque quando acho que estou pronta, que desta vez estou mais preparada, mais auto-confiante que vou fazer melhor, caio na mesma cilada emocional, tenho atitudes infinitamente repetitivas, infantis ou impensadas, depois me isolo, me deprimo, me culpo e até me castigo? Consigo me punir exemplarmente... o que é isso, minha gente?

Tentei senti-la mais de perto, mas como ela (a querida jóia, a alma) não nos pertence mais por inteiro, contém pedaços espalhados pela vida, de nada adiantou. Fugidia, orgulhosa e disfarçada, ela sempre se impôs aos meus encantamentos.
Legenda: Acho que a visão era só minha. Talvez seja uma ilusão? Fixada nas velhas maneiras de viver, nos traumas seculares, sempre me desculpo, justifico, caio no seguro-limitante e conhecido-ruim, no mais interessante, lucrativo, fácil e na mesmice. Às vezes fico cheia de mim. Irritada e passando minha impaciência adiante!

Assim, tentei me amar, me ver como importante de dentro para fora, me sentir possível e me valorizar. Hoje me pergunto se vejo mesmo essa alma, ou queria muito já tê-la visto! Ficou tanta distância que até me assusto com dúvidas. Nossos territórios entre o mental, o emocional, astral e o físico, precisavam de pontes mais estreitas, mais firmes e confiáveis.
Mais legenda: Tenho cá minhas sensações e várias intuições... não nego! Mas, porque dou tanto valor ao que dizem se não valorizo o que realmente tenho possibilidades de ser e ainda me desprezo? Por que me coloco depois de todos? Ou abaixo? Por que não penso em me criar antes de criar filhos, de me educar antes de educar o cachorro, de me melhorar antes de pintar a casa, de evoluir antes de ter um pingente muito fashion da Nova Era com ametista da Atlântida?

Perdi-me e a perdi pelo caminho, minha jóia tão preciosa! Novas paisagens se transpuseram ao nosso cotidiano de muitas eras e uma bruma seca trouxe a frieza da vida, do cotidiano que instalou o distanciamento. Onde está você agora, minha alma, minha verdadeira nobreza nesta dinastia de pureza e luz?

Refletindo sem muitas interpretações, ou legendas, na verdade estamos com o coração na mão, olhando para ele sem saber o que fazer e ao mesmo tempo, esperando que se aquiete, contando com o momento certo, aquele estalo, prá dar jeito nessa batida desritmada. Precisamos viver melhor, mais em paz.

Mas eu continuo certa, absolutamente confiante, de que esse alguém volta à vida plena – nós mesmos - em breve, com ferramentas próprias, as únicas necessárias.

É urgente o ânimo dentro de uma paz profunda e, então, talvez assim nos reencontremos com nossa verdadeira essência, a alma livre, aquela do pára-quedas que começa a viagem aqui e pode cair em outro país, na maior das alegrias pelo inusitado!

E que quando a gente se reencontrar, cada um de nós e nossa essência perdida, que estejamos inteiros.

E diremos: Agora, sim, Rico(a) com a jóia conquistada.

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