sábado, 6 de setembro de 2008

Psicoterapia... Eu?!

Muitas idéias lhe passam pela cabeça ao considerar a possibilidade de precisar da ajuda de um psicólogo para solucionar um problema pessoal e íntimo, para o qual não encontra saída: medo de se expor a julgamentos, medo de revelar suas fraquezas, e principalmente medo de ser considerado fora de seu juízo perfeito...

Embora a psicoterapia já tenha perdido muito da imagem estereotipada de tratamento para “loucos”, o fato de se precisar dela ainda provoca, em muitos casos, uma sensação de baixa auto-estima e rejeição. Um distúrbio emocional é tão “doença” quanto um distúrbio físico, como um problema no coração, na pele, nos rins, estomago, etc. Esquecemo-nos que formamos um só organismo, mente/corpo, e que ele só pode funcionar adequada, livre e espontaneamente se cuidarmos dele como um todo.

Segundo Jung, “...a diferença que fazemos entre psique e corpo é artificial. Isso é feito em nome de uma melhor compreensão. Na realidade, não há nada além de um corpo vivo. Este é o fato: a psique é tanto um corpo vivo, quanto o corpo é uma psique viva: é simplesmente a mesma coisa.”

Ao contrário do que possa parecer, procurar ajuda adequada quando nos sentimos deprimidos, tristes, estagnados, com medo e tantos outros sentimentos negativos, é sinal de lucidez e maturidade. Em geral, quanto maiores os problemas, maiores as dificuldades de adaptação à realidade e menor a consciência que se tem dela. O grau de reconhecimento que você tem de suas dificuldades emocionais é uma prova do controle que mantêm sobre suas decisões e sobre sua capacidade de encontrar as respostas às suas próprias questões.

Não é função do psicólogo, ou psicoterapeuta, lhe dizer o que fazer – ele não tem soluções prontas a lhe oferecer. Seu papel é lhe proporcionar um lugar e uma atmosfera onde não haja julgamentos e você seja livre para ser você mesmo, expressar seus sentimentos e elaborar, com auxilio, suas próprias soluções. A psicoterapia é um processo de maneira geral previsível, ordenado e coerente, cuja função é remover os obstáculos que o estejam impedindo de avançar e crescer em direção à maturidade e ao equilíbrio emocional. A relação terapêutica, que se estabelece entre você e seu psicoterapeuta, é em si mesma, uma experiência de crescimento. E uma das habilidades de vida que mais caracteriza uma pessoa em crescimento é a sua capacidade de diferenciar aquilo que está sob seu controle daquilo que não está. Quando procuramos ajuda, é porque pretendemos mudar alguma coisa em nossa vida. Não podemos mudar os sentimentos e ações dos outros. Alterar algumas situações como a morte, uma doença incurável e acidentes está fora de nosso alcance. Ao final de um processo de psicoterapia bem conduzido, podemos decidir mudar o que for possível mudar externamente, aceitar a nossa impotência diante daquilo que não podemos mudar e aprender a conviver com estas situações. Aceitar a realidade que nos cerca é crescimento. A vida é um processo dinâmico, que se alterna entre fatos carregados de sentimentos ora negativos, ora positivos: tristezas, alegrias, frustrações, esperanças. O apoio na sua capacidade de percepção e compreensão destes fatos permite-lhe tomadas de decisão com mais clareza e adequação. Você se sente mais capaz de enfrentar o ir e vir da vida, sem perder o equilíbrio interno e sem comprometer o seu bem estar, utilizando as suas potencialidades e permitindo-se ser você mesmo.

A psicoterapia não é um processo fácil, nem rápido. Mas, a cada vez que você se permite enfrentar suas dores, mais fáceis ficarão as próximas; a cada reacomodação de sua estrutura de valores, maior a circulação de energia e mais possibilidades se abrem para a remoção dos obstáculos. É um processo contínuo, que exigirá de você responsabilidade, perseverança e comprometimento. Mas vale a pena. Pode estar certo.

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