Estamos vivendo uma época bastante estranha. Muitas pessoas sentem desânimo, frustração e não encontram muito significado em alguns acontecimentos do mundo. Outras sentem uma diminuição de energia e até mesmo da saúde. O que está acontecendo?
Não dá mais par fazer de conta que não está acontecendo nada. Até mesmo o planeta está mostrando mudanças sérias na sua natureza e, consequentemente, vai nos obrigar a mudar a forma de como entendemos a palavra "evolução". Na verdade, a Terra está se preparando pra uma nova forma, ou melhor, uma nova freqüência. E o que é exatamente isso? Nada mais é que um novo estilo de vida que nos obrigará a sermos mais cooperativos. Ou mais amorosos, que significa praticamente a mesma coisa.
A escolha é simples: vou continuar sendo mais materialista ou mais espiritual?
Chegou a hora de decidir. Pequenas mudanças vão começar a acontecer para estimular essa decisão, motivando as massas a escolherem um novo tipo de vida. Pense um pouco no sistema monetário de hoje, que privilegia a muito poucos. Você já deve saber, por exemplo, que o poder do dinheiro está nas mãos dos banqueiros. Nos últimos 10 anos, muitas pessoas começaram a descobrir que isso tudo está errado. Foi aí que muitos quiseram literalmente sair do sistema, o que visualizamos no movimento hippie.
Os valores atuais, baseados somente no lucro, vão mudar. Mas a mudança só ocorrerá quando uma grande quantidade de pessoas despertar.
Por isso a importância -agora-, da decisão.
É difícil reclamar de tudo isso. Mas é mais difícil ainda criar um novo sistema.
Entretanto, se você se conectar com a sua consciência superior (coração), pode perfeitamente viver a sua vida de acordo com o que acredita que é certo. Se emprestar dinheiro, pense na real importância de cobrar juros. Algumas pessoas cobram juros de seus próprios amigos! De qualquer forma, não deixe que o mundo mude você. Você também não precisa mudar o mundo. Você não precisa de sucesso. Precisa ser fiel a você mesmo. Fiel a quem você é. E não ser um robô do sistema. Faça o que seu coração manda. Seja fiel ao amor.
Nesse ponto fica uma pergunta: qual a diferença entre ilusão e realidade?
Se você não experimentar amor, você experimenta a ilusão.
A vida não é complicada. A mente é que complica tudo. Por isso é preciso aprender a equilibrar as energias. Primeiro, lembre-se que quando você tem consciência o tempo todo de como você se expressa, há equilíbrio. Se ninguém resistir á você, ou seja, se você expressa luz, há impacto em todos ao seu redor. Se você encontrar alguém com pouco entendimento, diminua um pouco a sua luz para não assustar o outro. É preciso eliminar a mania que muitos têm de viver em competição. Permita que as coisas venham para você como elas são, assim você equilibra naturalmente as suas energias. Permita que as pessoas sejam como elas são. Cada momento é novo. E durante esse momento nós precisamos ficar sensíveis e sem vontade de controlar.
É preciso definir melhor o que você quer da vida. É preciso mais foco.
A propósito, os relacionamentos são chaves para o despertar.
E -para terminar-, anote: sem confiança não há luz. Sem luz, não há vida.
Robert Happé
Autor do livro "Consciência é a resposta"
Já percebeu que sua mente inventa razões para os desconfortos corporais e emocionais? Foi por isso que me interessei pela Psicoterapia Corporal! O meu trabalho com o corpo, a mente e as emoções começou em 2004. Para mim o ser humano só alcança a saúde quando consegue se entender e se sentir em seu próprio corpo. Então convido você a participar do meu blog, aqui falaremos sobre maneiras de encontrar o seu caminho em direção a sua saúde! Contato: fermayoral@gmail.com ou (34)9.9990-1148
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Chegou a hora de decidir: Mudar ou ficar na mesma

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Viva o Presente
(Monja Coen)
Uma vez um jovem que havia mudado de emprego muitas vezes veio me visitar, e me contou seus sonhos. Ele queria ser isto e ele queria aquilo. É bom ter sonhos sobre o futuro. Você pode ir além dos seus limites e conseguir mais. Mas não é sábio esquecer que, embora uma visão do futuro seja necessária para colocar você no caminho agora, se você mantiver seus olhos focados no horizonte muito adiante, você não verá o buraco aos seus pés. E você cairá de costas sem ter para onde ir. Se os seus sonhos vão ser apenas sonhos ou se os sonhos se tornarão realidade, depende de como você está vivendo agora.
Mestre Dôgen (1200-1253) expressou iluminação com esta frase: "O desabrochar da ameixeira é a primavera". Mais tarde essas pétalas caem no chão. Se a maneira na qual vivemos nos dá a alegria da primavera também pode levar embora a alegria da primavera e trazer a dureza do inverno. Mesmo que o grande caminho da vida se abra à nossa frente, a nossa maneira de viver pode não usar as oportunidades. Por outro lado, um grande portão de aço, sem nenhum sinal de abertura, pode abrir-se de par em par devido a algum esforço que hoje fazemos. As pessoas cujas vidas têm sido infelizes ou cheias de atos vergonhosos geralmente ficam esmagadas pelo grande peso do seu passado e é difícil para elas recomeçarem. Mas não são os erros que arruínam uma pessoa, é o constante pensar sobre eles. Seja quão maravilhosa tenha sido sua vida no passado, quando o presente não é bom, simplesmente não é bom. E também é verdadeiro que seja quão infeliz ou vergonhosa sua vida tenha sido no passado, se você está bem agora, você está bem. Se você se desanima por causa dos enganos passados, isto, na verdade, depende de sua atitude atual em relação a eles. Você tem que aceitar que o seu passado fez o que você é, mas não determina como viver o presente. Assim não existe realmente uma má experiência. É importante ser capaz de aceitar essas experiências como valiosas, digeri-las para que se tornem alimento do presente. Se pessoas de muita idade ou doentes com pouca esperança no futuro compararem sua fragilidade presente com o vigor de sua juventude, apenas se tornariam mais frágeis, tristes. Não é sábio comparar.
De Shundo Ayoama, trecho do texto " Beleza da Transciência ", publicado na revista Dharma World da Kosei Publishing Co. em 1995.
Uma vez um jovem que havia mudado de emprego muitas vezes veio me visitar, e me contou seus sonhos. Ele queria ser isto e ele queria aquilo. É bom ter sonhos sobre o futuro. Você pode ir além dos seus limites e conseguir mais. Mas não é sábio esquecer que, embora uma visão do futuro seja necessária para colocar você no caminho agora, se você mantiver seus olhos focados no horizonte muito adiante, você não verá o buraco aos seus pés. E você cairá de costas sem ter para onde ir. Se os seus sonhos vão ser apenas sonhos ou se os sonhos se tornarão realidade, depende de como você está vivendo agora.
Mestre Dôgen (1200-1253) expressou iluminação com esta frase: "O desabrochar da ameixeira é a primavera". Mais tarde essas pétalas caem no chão. Se a maneira na qual vivemos nos dá a alegria da primavera também pode levar embora a alegria da primavera e trazer a dureza do inverno. Mesmo que o grande caminho da vida se abra à nossa frente, a nossa maneira de viver pode não usar as oportunidades. Por outro lado, um grande portão de aço, sem nenhum sinal de abertura, pode abrir-se de par em par devido a algum esforço que hoje fazemos. As pessoas cujas vidas têm sido infelizes ou cheias de atos vergonhosos geralmente ficam esmagadas pelo grande peso do seu passado e é difícil para elas recomeçarem. Mas não são os erros que arruínam uma pessoa, é o constante pensar sobre eles. Seja quão maravilhosa tenha sido sua vida no passado, quando o presente não é bom, simplesmente não é bom. E também é verdadeiro que seja quão infeliz ou vergonhosa sua vida tenha sido no passado, se você está bem agora, você está bem. Se você se desanima por causa dos enganos passados, isto, na verdade, depende de sua atitude atual em relação a eles. Você tem que aceitar que o seu passado fez o que você é, mas não determina como viver o presente. Assim não existe realmente uma má experiência. É importante ser capaz de aceitar essas experiências como valiosas, digeri-las para que se tornem alimento do presente. Se pessoas de muita idade ou doentes com pouca esperança no futuro compararem sua fragilidade presente com o vigor de sua juventude, apenas se tornariam mais frágeis, tristes. Não é sábio comparar.
De Shundo Ayoama, trecho do texto " Beleza da Transciência ", publicado na revista Dharma World da Kosei Publishing Co. em 1995.

sábado, 31 de janeiro de 2009
RECOMEÇAR
(Fernanda Lopes de Luzia)
Quantas vezes ao longo da vida, você optou por recomeçar?
Quantas promessas realizadas no final de mais um ano?
Quantas dietas a começar, quantos projetos a realizar, quantas posturas de comportamento a melhorar?
Pergunte-se quantas vezes você permitiu-se recomeçar, sem voltar a trás?
Todos somos flexíveis e passíveis a mudanças no rumo dos projetos,
Mas precisamos perguntar-nos onde no meio desse caminho, começa o livre-arbítrio, e onde começa a auto-sabotagem?
Porque nos agarramos a hábitos tão antigos que não nos fazem bem nem às outras pessoas que convivem conosco e arrastarmos tudo isso por tanto tempo?
Seja em casa, seja no trabalho continuamos com os mesmos hábitos, literalmente “acomodados”!
Pergunte-se se você está vivendo essa situação e reflita.
Para realizar uma verdadeira mudança:
- Precisamos estar certos do que realmente desejamos – Numa reflexão consigo mesmo, identifique suas reais necessidades, o porque da mudança, os benefícios para você e para as pessoas com quem convive
- “Não dê um passo maior do que a perna” - Construa projetos pequenos e um de cada vez. Alcance a máxima dedicação a estas pequenas coisas, coloque toda sua energia e atenção naquilo que está empenhado em realizar. Desta forma, sua mente estará focada e sendo sua aliada no processo de criação. Sem ansiedade, você estará no total momento de agora, prestando atenção em cada passo e produzindo cada vez mais.
- Ouça e confie em seu mais sábio conselheiro – Quando você está disposto a mudar, muita coisa à sua volta também muda. As pessoas á sua volta notarão diferenças em você e isso o poderá incomodar. Dentre tantos comentários sobre você, siga seu mais sábio conselheiro: seu próprio coração. Fixe seu olhar em suas metas internas e faça o que deve ser feito.
- Permita-se cair e levantar – Em todo processo de adaptação, caímos. Como os bebês que aprendem a andar, e o fazem com muita leveza e naturalidade, assim nós o devemos fazer. Cair, aprender com a queda, mas acima de tudo levantar e continuar no caminho. Nada na natureza fica estagnado, tudo está sempre em constante circulação e crescimento.
- Tenha sempre alegria – Mudanças não precisam estar aliadas à sacrifícios. Faça o que fizer, faça-o com alegria, trabalhe com afinco, “sue a camisa” quando precisar, mas não se esqueça dos períodos de descanso e de comemorar suas vitórias. É preciso ter alegria enquanto se caminha, não apenas no final da estrada.
Visualize claramente seus objetivos e realize!!!!
Quantas vezes ao longo da vida, você optou por recomeçar?
Quantas promessas realizadas no final de mais um ano?
Quantas dietas a começar, quantos projetos a realizar, quantas posturas de comportamento a melhorar?
Pergunte-se quantas vezes você permitiu-se recomeçar, sem voltar a trás?
Todos somos flexíveis e passíveis a mudanças no rumo dos projetos,
Mas precisamos perguntar-nos onde no meio desse caminho, começa o livre-arbítrio, e onde começa a auto-sabotagem?
Porque nos agarramos a hábitos tão antigos que não nos fazem bem nem às outras pessoas que convivem conosco e arrastarmos tudo isso por tanto tempo?
Seja em casa, seja no trabalho continuamos com os mesmos hábitos, literalmente “acomodados”!
Pergunte-se se você está vivendo essa situação e reflita.
Para realizar uma verdadeira mudança:
- Precisamos estar certos do que realmente desejamos – Numa reflexão consigo mesmo, identifique suas reais necessidades, o porque da mudança, os benefícios para você e para as pessoas com quem convive
- “Não dê um passo maior do que a perna” - Construa projetos pequenos e um de cada vez. Alcance a máxima dedicação a estas pequenas coisas, coloque toda sua energia e atenção naquilo que está empenhado em realizar. Desta forma, sua mente estará focada e sendo sua aliada no processo de criação. Sem ansiedade, você estará no total momento de agora, prestando atenção em cada passo e produzindo cada vez mais.
- Ouça e confie em seu mais sábio conselheiro – Quando você está disposto a mudar, muita coisa à sua volta também muda. As pessoas á sua volta notarão diferenças em você e isso o poderá incomodar. Dentre tantos comentários sobre você, siga seu mais sábio conselheiro: seu próprio coração. Fixe seu olhar em suas metas internas e faça o que deve ser feito.
- Permita-se cair e levantar – Em todo processo de adaptação, caímos. Como os bebês que aprendem a andar, e o fazem com muita leveza e naturalidade, assim nós o devemos fazer. Cair, aprender com a queda, mas acima de tudo levantar e continuar no caminho. Nada na natureza fica estagnado, tudo está sempre em constante circulação e crescimento.
- Tenha sempre alegria – Mudanças não precisam estar aliadas à sacrifícios. Faça o que fizer, faça-o com alegria, trabalhe com afinco, “sue a camisa” quando precisar, mas não se esqueça dos períodos de descanso e de comemorar suas vitórias. É preciso ter alegria enquanto se caminha, não apenas no final da estrada.
Visualize claramente seus objetivos e realize!!!!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Você é uma pessoa acomodada?
(por Roberto Shinyashiki)
"Estacionar significa decadência, e repetição é sinônimo de acomodação. A capacidade de evoluir é que torna os seres humanos especiais"O indivíduo consciente de sua força interior sempre quer mais. Seja qual for a posição que você ocupa. Um gerente que quer se tornar diretor, um empresário que está crescendo muito ou precisando sair do vermelho, um colaborador que se sente ameaçado por um programa de demissão, etc. Existe uma força dentro de você que o impulsiona a ir adiante.
Estacionar significa decadência, e repetição é sinônimo de acomodação. A capacidade de evoluir é que torna os seres humanos especiais. Os animais, no auge de seu desempenho, simplesmente repetem. A melhor teia que uma aranha pode fazer, por exemplo, é aquela que toda espécie é capaz. O ser humano, entretanto, pode criar, isso o torna único.
Mudar porém é algo que acontece somente quando assumimos a responsabilidade pelo que somos e queremos. Ninguém pode mudar nada por nós. O poder de nos transformar nos pertence. A autocriação é a habilidade que aproxima o ser humano de Deus. O Criador deu-nos a semente da vida, e nossa função é continuar sua obra.
Mudar é uma tarefa maior do que se imagina: implica superar barreiras, quebrar paradigmas, abandonar crenças, descongelar idéias e posturas cristalizadas. Requer um processo contínuo de revisão dos pensamentos e uma abertura permanente para o novo.
Antigamente, as montadoras, os supermercados e vários outros setores costumavam formar cartéis para fazer acordos. A idéia era ficar em casa esperando a tempestade ir embora e aguardar o momento de sol voltar a brilhar.
Então, saíam às ruas de novo. Esse era um tempo em que nossa economia era superprotegida e os grandes acordos transformavam as situações de emergência em oportunidades de enormes ganhos. As empresas, em vez de baixar preços, diminuíam a produção, aumentavam o preço e ganhavam uma margem de lucro muito maior.
Além da força interior que nos impulsiona, nossa escolha pela mudança é fundamental para acompanhar a evolução do universo. As pessoas falam das mudanças do mundo atual, mas não é só a economia que muda, o próprio universo se transforma a cada momento, ele traz em si a dinâmica que gera o movimento dos planetas, o ciclo dos dias, o fluxo das nuvens e das águas, o ritmo da vida de cada planta ou animal. Mudar faz parte da própria vida.
As rápidas transformações do mundo atual exigem também mudanças velozes para enfrentar os novos desafios que surgem. Mudar é também o verbo da realização. Um verdadeiro vencedor sempre aproveita os períodos de incerteza para compreender quais esse verbo proporciona.
Estar aberto para evoluir permanentemente é fundamental para sua carreira. Não deixe que sua vida profissional seja decidida pelo destino. Faça um planejamento consciente para enfrentar os tempos difíceis.
"Estacionar significa decadência, e repetição é sinônimo de acomodação. A capacidade de evoluir é que torna os seres humanos especiais"O indivíduo consciente de sua força interior sempre quer mais. Seja qual for a posição que você ocupa. Um gerente que quer se tornar diretor, um empresário que está crescendo muito ou precisando sair do vermelho, um colaborador que se sente ameaçado por um programa de demissão, etc. Existe uma força dentro de você que o impulsiona a ir adiante.
Estacionar significa decadência, e repetição é sinônimo de acomodação. A capacidade de evoluir é que torna os seres humanos especiais. Os animais, no auge de seu desempenho, simplesmente repetem. A melhor teia que uma aranha pode fazer, por exemplo, é aquela que toda espécie é capaz. O ser humano, entretanto, pode criar, isso o torna único.
Mudar porém é algo que acontece somente quando assumimos a responsabilidade pelo que somos e queremos. Ninguém pode mudar nada por nós. O poder de nos transformar nos pertence. A autocriação é a habilidade que aproxima o ser humano de Deus. O Criador deu-nos a semente da vida, e nossa função é continuar sua obra.
Mudar é uma tarefa maior do que se imagina: implica superar barreiras, quebrar paradigmas, abandonar crenças, descongelar idéias e posturas cristalizadas. Requer um processo contínuo de revisão dos pensamentos e uma abertura permanente para o novo.
Antigamente, as montadoras, os supermercados e vários outros setores costumavam formar cartéis para fazer acordos. A idéia era ficar em casa esperando a tempestade ir embora e aguardar o momento de sol voltar a brilhar.
Então, saíam às ruas de novo. Esse era um tempo em que nossa economia era superprotegida e os grandes acordos transformavam as situações de emergência em oportunidades de enormes ganhos. As empresas, em vez de baixar preços, diminuíam a produção, aumentavam o preço e ganhavam uma margem de lucro muito maior.
Além da força interior que nos impulsiona, nossa escolha pela mudança é fundamental para acompanhar a evolução do universo. As pessoas falam das mudanças do mundo atual, mas não é só a economia que muda, o próprio universo se transforma a cada momento, ele traz em si a dinâmica que gera o movimento dos planetas, o ciclo dos dias, o fluxo das nuvens e das águas, o ritmo da vida de cada planta ou animal. Mudar faz parte da própria vida.
As rápidas transformações do mundo atual exigem também mudanças velozes para enfrentar os novos desafios que surgem. Mudar é também o verbo da realização. Um verdadeiro vencedor sempre aproveita os períodos de incerteza para compreender quais esse verbo proporciona.
Estar aberto para evoluir permanentemente é fundamental para sua carreira. Não deixe que sua vida profissional seja decidida pelo destino. Faça um planejamento consciente para enfrentar os tempos difíceis.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
A necessidade básica
OSHO, em O Livro dos Segredos.
Sigmund Freud disse em algum lugar que o homem nasce neurótico. Isso é uma meia-verdade. O homem não nasce neurótico, mas ele nasce em uma humanidade neurótica e a sociedade à volta deixa todo mundo neurótico mais cedo ou mais tarde. O homem nasce natural, real, normal, mas no momento em que a criança se torna parte da sociedade, a neurose começa a funcionar.
... a neurose consiste em uma divisão - uma profunda divisão. Você não é um: você é dois ou mesmo muitos... Seu sentimento e seu pensamento tornaram-se duas coisas diferentes: essa é a neurose básica. Sua parte que pensa e sua parte que sente se tornaram duas e você está identificado com a parte que pensa, não com a parte que sente.
E sentir é mais real do que pensar; sentir é mais natural do que pensar. Você nasceu com um coração que sente, mas o pensar é cultivado: ele é dado pela sociedade. E seu sentimento se tornou uma coisa reprimida. Mesmo quando você diz que sente, você somente pensa que sente. O sentimento tornou-se morto e isso aconteceu por certas razões.
Quando uma criança nasce, ela é um ser sensível: ela sente coisas. Ela não é ainda um ser que pensa. Ela é natural, exatamente igual a qualquer coisa natural na natureza - exatamente como uma árvore ou como um animal. Mas nós começamos a moldá-la, a cultivá-la. Ela tem de reprimir seus sentimentos, porque sem reprimir seus sentimentos ela está sempre atormentada.
Quando ela quer chorar, ela não pode chorar porque seus pais não aprovarão. Ela será condenada. Ela não será apreciada, não será amada. Ela não será aceita como ela é. Ela deve se comportar; ela deve se comportar de acordo com uma determinada ideologia, determinados ideais. Somente então ela será amada.
O amor não virá para ela como ela é. Ela somente pode ser amada se seguir certas regras. Essas regras são impostas; elas não são naturais. O ser natural começa a se tornar reprimido, e o não natural, o irreal, é imposto sobre ela. Este irreal é sua mente; e chega um momento em que a divisão é tão grande que você não pode transpô-la.
Você continua se esquecendo completamente qual era - ou é - a sua natureza real. Você é uma face falsa - a face original foi perdida. E você também está com medo de sentir a original, porque no momento em que você a sentir, toda a sociedade estará contra você. Assim, você mesmo é contra a sua natureza real.
Isso cria um estado muito neurótico. Você não sabe o que você quer; você não sabe quais são suas necessidades reais, autênticas. E então você continua atrás de necessidades não-autênticas, porque somente o coração que sente pode lhe dar o sentido, a direção, de quais são as suas necessidades reais. Quando elas são reprimidas, você cria necessidades simbólicas. Por exemplo, você pode continuar comendo cada vez mais e mais, empanturrando-se com comida e você pode nunca sentir que já está satisfeito.
A necessidade é de amor; não é de comida. Mas a comida e o amor estão profundamente relacionados; assim, quando a necessidade de amor não é sentida, ou é reprimida, uma necessidade falsa por comida é criada e você pode continuar comendo. Como a necessidade é falsa, ela nunca pode ser satisfeita e nós vivemos em falsas necessidades.
É é por isso que não existe satisfação.
Você quer ser amado; essa é a necessidade básica - natural. Mas ela pode ser desviada para uma falsa dimensão. Por exemplo, a necessidade de amor, a necessidade de ser amado, pode ser sentida como uma necessidade falsa se você tenta desviar a atenção dos outros para si. Você quer que os outros prestem atenção em você; assim, você pode se tornar um líder político.
Grandes multidões podem prestar atenção em você, mas a necessidade básica real é de ser amado. E mesmo que todo mundo esteja prestando atenção em você, essa necessidade básica não pode ser preenchida. Essa necessidade básica pode ser preenchida até mesmo por uma única pessoa que o ame, que preste atenção em você devido ao amor.
Quando você ama alguém, você presta atenção nessa pessoa. Atenção e amor estão profundamente relacionados. Se você reprime a necessidade de amor, então, ela se torna uma necessidade simbólica; então, você precisa da atenção dos outros. Você pode tê-la, mas, então também, não haverá preenchimento. A necessidade é falsa, desconectada da necessidade natural, básica. Essa divisão na personalidade é a neurose.
Sigmund Freud disse em algum lugar que o homem nasce neurótico. Isso é uma meia-verdade. O homem não nasce neurótico, mas ele nasce em uma humanidade neurótica e a sociedade à volta deixa todo mundo neurótico mais cedo ou mais tarde. O homem nasce natural, real, normal, mas no momento em que a criança se torna parte da sociedade, a neurose começa a funcionar.
... a neurose consiste em uma divisão - uma profunda divisão. Você não é um: você é dois ou mesmo muitos... Seu sentimento e seu pensamento tornaram-se duas coisas diferentes: essa é a neurose básica. Sua parte que pensa e sua parte que sente se tornaram duas e você está identificado com a parte que pensa, não com a parte que sente.
E sentir é mais real do que pensar; sentir é mais natural do que pensar. Você nasceu com um coração que sente, mas o pensar é cultivado: ele é dado pela sociedade. E seu sentimento se tornou uma coisa reprimida. Mesmo quando você diz que sente, você somente pensa que sente. O sentimento tornou-se morto e isso aconteceu por certas razões.
Quando uma criança nasce, ela é um ser sensível: ela sente coisas. Ela não é ainda um ser que pensa. Ela é natural, exatamente igual a qualquer coisa natural na natureza - exatamente como uma árvore ou como um animal. Mas nós começamos a moldá-la, a cultivá-la. Ela tem de reprimir seus sentimentos, porque sem reprimir seus sentimentos ela está sempre atormentada.
Quando ela quer chorar, ela não pode chorar porque seus pais não aprovarão. Ela será condenada. Ela não será apreciada, não será amada. Ela não será aceita como ela é. Ela deve se comportar; ela deve se comportar de acordo com uma determinada ideologia, determinados ideais. Somente então ela será amada.
O amor não virá para ela como ela é. Ela somente pode ser amada se seguir certas regras. Essas regras são impostas; elas não são naturais. O ser natural começa a se tornar reprimido, e o não natural, o irreal, é imposto sobre ela. Este irreal é sua mente; e chega um momento em que a divisão é tão grande que você não pode transpô-la.
Você continua se esquecendo completamente qual era - ou é - a sua natureza real. Você é uma face falsa - a face original foi perdida. E você também está com medo de sentir a original, porque no momento em que você a sentir, toda a sociedade estará contra você. Assim, você mesmo é contra a sua natureza real.
Isso cria um estado muito neurótico. Você não sabe o que você quer; você não sabe quais são suas necessidades reais, autênticas. E então você continua atrás de necessidades não-autênticas, porque somente o coração que sente pode lhe dar o sentido, a direção, de quais são as suas necessidades reais. Quando elas são reprimidas, você cria necessidades simbólicas. Por exemplo, você pode continuar comendo cada vez mais e mais, empanturrando-se com comida e você pode nunca sentir que já está satisfeito.
A necessidade é de amor; não é de comida. Mas a comida e o amor estão profundamente relacionados; assim, quando a necessidade de amor não é sentida, ou é reprimida, uma necessidade falsa por comida é criada e você pode continuar comendo. Como a necessidade é falsa, ela nunca pode ser satisfeita e nós vivemos em falsas necessidades.
É é por isso que não existe satisfação.
Você quer ser amado; essa é a necessidade básica - natural. Mas ela pode ser desviada para uma falsa dimensão. Por exemplo, a necessidade de amor, a necessidade de ser amado, pode ser sentida como uma necessidade falsa se você tenta desviar a atenção dos outros para si. Você quer que os outros prestem atenção em você; assim, você pode se tornar um líder político.
Grandes multidões podem prestar atenção em você, mas a necessidade básica real é de ser amado. E mesmo que todo mundo esteja prestando atenção em você, essa necessidade básica não pode ser preenchida. Essa necessidade básica pode ser preenchida até mesmo por uma única pessoa que o ame, que preste atenção em você devido ao amor.
Quando você ama alguém, você presta atenção nessa pessoa. Atenção e amor estão profundamente relacionados. Se você reprime a necessidade de amor, então, ela se torna uma necessidade simbólica; então, você precisa da atenção dos outros. Você pode tê-la, mas, então também, não haverá preenchimento. A necessidade é falsa, desconectada da necessidade natural, básica. Essa divisão na personalidade é a neurose.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Estamos com fome de amor
por Arnaldo Jabor
Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que
disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que
assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão
batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e
transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam
sozinhas.
E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram,
trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os
novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se
fosse,
era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber
carinho
sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um
atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber
que
vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos
nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como
voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão
distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de
relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor
pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra
ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma
multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos
e
inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a
cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o
solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas
bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de
frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém
ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer
ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado,
"pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais
cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante
que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na
rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a
oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se
um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno
demais,
pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte
com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser
estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver
é
out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não
posso
me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma
hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora,
mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me
arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!
Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que
disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que
assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão
batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e
transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam
sozinhas.
E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram,
trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os
novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se
fosse,
era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber
carinho
sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um
atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber
que
vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos
nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como
voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão
distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de
relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor
pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra
ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma
multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos
e
inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a
cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o
solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas
bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de
frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém
ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer
ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado,
"pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais
cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante
que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na
rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a
oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se
um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno
demais,
pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte
com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser
estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver
é
out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não
posso
me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma
hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora,
mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me
arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Empatia: uma atitude naturalmente sábia e compassiva
(por Bell Cesar)
O desenvolvimento da espiritualidade nos lança em direção ao mundo: nos torna cada vez mais empáticos com os outros. Para que isto se torne realidade, precisamos inicialmente incluir em nossas atividades cotidianas uma atitude empática para conosco mesmos. Ser empático é algo natural no ser humano: quando vemos alguém sofrendo surge espontaneamente em nós o desejo de ajudar, simplesmente porque nesses momentos reconhecemos no outro alguém como nós e nos identificamos com ele.
A palavra empatia origina-se do termo grego empátheia, que significa “entrar no sentimento”. Portanto, a primeira condição para sermos empáticos é sermos receptivos aos outros e simultaneamente à nossa totalidade interior. Isto significa estar disposto a conhecer tanto os outros como a si mesmo. A empatia nos ajuda a nos libertar dos nossos padrões rígidos e repetitivos.
Segundo Robert Sardello, precisamos passar por três fases distintas para desenvolver a empatia. “O primeiro aspecto dessa atividade consiste em voltarmos conscientemente a nossa atenção para uma outra pessoa em uma atitude de abertura. Estendemos parte de nosso ser para além de seus limites usuais, ficamos interessados na existência e no destino da outra pessoa – mas não por curiosidade, aventura, criticismo, interesse pessoal ou poder”. Para tanto, temos antes que deixar escoar os nossos pensamentos habituais sobre ela e nos permitir senti-la de um modo mais direto e intuitivo.
Uma vez que abandonamos nossas idéias preconcebidas sobre aquela pessoa e nos encontramos sintonizados com ela, podemos passar para a segunda etapa: “Você se move em direção a sentir as qualidades interiores da outra pessoa sem saber ou precisar saber quais são elas, exatamente como uma criança que, antes de formar conceitos sobre o mundo, está aberta às suas impressões imediatas e qualidades interiores. Neste processo, entretanto, nem por um instante perdemos o senso de nós mesmos. O exercício não é uma fusão com a outra pessoa”.
A idéia é derrubar as barreiras que nos impedem de fazer um contato mais direto e espontâneo com o outro sem nos confundirmos com ele; portanto, “a terceira fase consiste em retornar à parte de nós mesmos deixada para trás enquanto encontrávamos a outra pessoa. Um eco daquilo que experimentamos enquanto residíamos no interior da outra pessoa permanece, e agora essa ressonância vive em nós como uma imagem da alma. Tal imagem pode gradualmente ser trazida ao entendimento através da contemplação”.
Este exercício nos aproxima dos outros, e nos ajuda a reconhecer as diferenças e os pontos que nos unem. Empatia não quer dizer tornar-se similar ao outro. Muito pelo contrário: ela surge à medida em que nos tornamos receptivos às diferenças. Compreender o outro em sua particularidade é fundamental. Formar parcerias torna-nos cada vez mais empáticos, pois estreitar nossos relacionamentos ajuda-nos a nos desapegarmos da visão autocentrada que gera ansiedade e solidão.
É como escreve Márcia Mattos: “O fato de o outro existir juntocomigo – de estar ao meu lado e de se dispor a fazer coisas comigo – me inspira a despertar qualidades que estavam inconscientes em mim. Toda personalidade se enriquece com isso. [...] Há uma poderosa química que o outro exerce sobre nós, produzindo efeitos e aflorando virtudes das quais nós sozinhos seríamos incapazes de nos apropriar”. O delicado equilíbrio entre as minhas, as suas e as nossas necessidades. Em geral, temos o hábito de olhar apenas para nossas necessidades, mesmo quando pensamos ser generosos. Esta é a razão por que é tão difícil ajudar os outros: temos dificuldade de percebê-los nas suas necessidades. Desta maneira, acabamos por criar vínculos desequilibrados e neuróticos, baseados na co-dependência.
“Co-dependente é uma pessoa que tem deixado o comportamento de outra pessoa afetá-la, e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa”. Quando dizemos sim, mas na realidade queremos dizer não, quando fazemos coisas que não queremos realmente fazer, ou fazemos o que cabia aos outros fazerem, estamos sendo co-dependentes e não pacientes e nem mesmo generosos! Uma atitude co-dependente pode parecer positiva, mas, na realidade, está gerando baixa auto-estima e falta de confiança.
Em outras palavras, se ao nos dedicarmos aos outros estivermos nos abandonando, mais à frente teremos de nos confrontar com as conseqüências de nossa atitude ignorante. Reconhecer nossos limites e necessidades é tão saudável quanto a motivação de querer superá-los. Sentir a dor do outro não quer dizer ter que repará-la. Este é nosso grande desafio: sentir a dor com o intuito de simplesmente nos aproximarmos dela, em vez de querer transformá-la de modo imediato.
É preciso deixar claro que ter empatia não tem nada a ver com a necessidade compulsiva de realizar os desejos alheios, própria dos relacionamentos co-dependentes. Stephen Levine nos dá uma boa dica para identificarmos se nossos relacionamentos são saudáveis ou não: “Na co-dependência, as balanças sempre pendem para um lado. É freqüente que um tenha de estar ‘por baixo’ para que o outro se sinta ‘por cima’. Não há equilíbrio, somente a temida gravidade. Em um relacionamento equilibrado não há um ‘outro dominante’; os papéis estão em constante mudança. Quem tiver o apoio mais estável sustentará a escalada naquele dia”.
A troca equilibrada entre ceder e requisitar, dar e receber afeto e atenção nos aproxima de modo saudável das pessoas que nos cercam sem corrermos o risco de criar vínculos destrutivos. “O paradoxo do relacionamento é que ele nos obriga a sermos nós mesmos, expressando sem hesitação e assumindo uma posição. Ao mesmo tempo, exige que abandonemos todas as posições fixas, bem como nosso apego a elas. O desapego em um relacionamento não significa que não tenhamos necessidades ou que não prestemos atenção a elas. Se ignoramos ou negamos nossas necessidades, cortamos uma parte importante de nós mesmos e teremos menos a oferecer ao parceiro. O desapego em seu melhor sentido significa não se identificar com as carências nem com as preferências e aversões. Reconhecemos sua existência, mas permanecemos em contato com nosso eu maior, onde as necessidades não nos dominam. A partir desta perspectiva, podemos escolher afirmar nosso desejo ou abandoná-lo, de acordo com as necessidades do momento”.
A empatia começa com a capacidade de estarmos bem conosco mesmos, de reconhecermos o que não gostamos em nós e admirarmos nossas qualidades. Quanto melhor tivermos sido compreendidos em nossas necessidades e sentimentos quando éramos crianças, melhor saberemos reconhecê-las quando adultos. Entrar em contato com os próprios sentimentos é a base para desenvolver a empatia. Como alguém que desconhece suas próprias necessidades poderá entender as necessidades alheias?
O desenvolvimento da espiritualidade nos lança em direção ao mundo: nos torna cada vez mais empáticos com os outros. Para que isto se torne realidade, precisamos inicialmente incluir em nossas atividades cotidianas uma atitude empática para conosco mesmos. Ser empático é algo natural no ser humano: quando vemos alguém sofrendo surge espontaneamente em nós o desejo de ajudar, simplesmente porque nesses momentos reconhecemos no outro alguém como nós e nos identificamos com ele.
A palavra empatia origina-se do termo grego empátheia, que significa “entrar no sentimento”. Portanto, a primeira condição para sermos empáticos é sermos receptivos aos outros e simultaneamente à nossa totalidade interior. Isto significa estar disposto a conhecer tanto os outros como a si mesmo. A empatia nos ajuda a nos libertar dos nossos padrões rígidos e repetitivos.
Segundo Robert Sardello, precisamos passar por três fases distintas para desenvolver a empatia. “O primeiro aspecto dessa atividade consiste em voltarmos conscientemente a nossa atenção para uma outra pessoa em uma atitude de abertura. Estendemos parte de nosso ser para além de seus limites usuais, ficamos interessados na existência e no destino da outra pessoa – mas não por curiosidade, aventura, criticismo, interesse pessoal ou poder”. Para tanto, temos antes que deixar escoar os nossos pensamentos habituais sobre ela e nos permitir senti-la de um modo mais direto e intuitivo.
Uma vez que abandonamos nossas idéias preconcebidas sobre aquela pessoa e nos encontramos sintonizados com ela, podemos passar para a segunda etapa: “Você se move em direção a sentir as qualidades interiores da outra pessoa sem saber ou precisar saber quais são elas, exatamente como uma criança que, antes de formar conceitos sobre o mundo, está aberta às suas impressões imediatas e qualidades interiores. Neste processo, entretanto, nem por um instante perdemos o senso de nós mesmos. O exercício não é uma fusão com a outra pessoa”.
A idéia é derrubar as barreiras que nos impedem de fazer um contato mais direto e espontâneo com o outro sem nos confundirmos com ele; portanto, “a terceira fase consiste em retornar à parte de nós mesmos deixada para trás enquanto encontrávamos a outra pessoa. Um eco daquilo que experimentamos enquanto residíamos no interior da outra pessoa permanece, e agora essa ressonância vive em nós como uma imagem da alma. Tal imagem pode gradualmente ser trazida ao entendimento através da contemplação”.
Este exercício nos aproxima dos outros, e nos ajuda a reconhecer as diferenças e os pontos que nos unem. Empatia não quer dizer tornar-se similar ao outro. Muito pelo contrário: ela surge à medida em que nos tornamos receptivos às diferenças. Compreender o outro em sua particularidade é fundamental. Formar parcerias torna-nos cada vez mais empáticos, pois estreitar nossos relacionamentos ajuda-nos a nos desapegarmos da visão autocentrada que gera ansiedade e solidão.
É como escreve Márcia Mattos: “O fato de o outro existir juntocomigo – de estar ao meu lado e de se dispor a fazer coisas comigo – me inspira a despertar qualidades que estavam inconscientes em mim. Toda personalidade se enriquece com isso. [...] Há uma poderosa química que o outro exerce sobre nós, produzindo efeitos e aflorando virtudes das quais nós sozinhos seríamos incapazes de nos apropriar”. O delicado equilíbrio entre as minhas, as suas e as nossas necessidades. Em geral, temos o hábito de olhar apenas para nossas necessidades, mesmo quando pensamos ser generosos. Esta é a razão por que é tão difícil ajudar os outros: temos dificuldade de percebê-los nas suas necessidades. Desta maneira, acabamos por criar vínculos desequilibrados e neuróticos, baseados na co-dependência.
“Co-dependente é uma pessoa que tem deixado o comportamento de outra pessoa afetá-la, e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa”. Quando dizemos sim, mas na realidade queremos dizer não, quando fazemos coisas que não queremos realmente fazer, ou fazemos o que cabia aos outros fazerem, estamos sendo co-dependentes e não pacientes e nem mesmo generosos! Uma atitude co-dependente pode parecer positiva, mas, na realidade, está gerando baixa auto-estima e falta de confiança.
Em outras palavras, se ao nos dedicarmos aos outros estivermos nos abandonando, mais à frente teremos de nos confrontar com as conseqüências de nossa atitude ignorante. Reconhecer nossos limites e necessidades é tão saudável quanto a motivação de querer superá-los. Sentir a dor do outro não quer dizer ter que repará-la. Este é nosso grande desafio: sentir a dor com o intuito de simplesmente nos aproximarmos dela, em vez de querer transformá-la de modo imediato.
É preciso deixar claro que ter empatia não tem nada a ver com a necessidade compulsiva de realizar os desejos alheios, própria dos relacionamentos co-dependentes. Stephen Levine nos dá uma boa dica para identificarmos se nossos relacionamentos são saudáveis ou não: “Na co-dependência, as balanças sempre pendem para um lado. É freqüente que um tenha de estar ‘por baixo’ para que o outro se sinta ‘por cima’. Não há equilíbrio, somente a temida gravidade. Em um relacionamento equilibrado não há um ‘outro dominante’; os papéis estão em constante mudança. Quem tiver o apoio mais estável sustentará a escalada naquele dia”.
A troca equilibrada entre ceder e requisitar, dar e receber afeto e atenção nos aproxima de modo saudável das pessoas que nos cercam sem corrermos o risco de criar vínculos destrutivos. “O paradoxo do relacionamento é que ele nos obriga a sermos nós mesmos, expressando sem hesitação e assumindo uma posição. Ao mesmo tempo, exige que abandonemos todas as posições fixas, bem como nosso apego a elas. O desapego em um relacionamento não significa que não tenhamos necessidades ou que não prestemos atenção a elas. Se ignoramos ou negamos nossas necessidades, cortamos uma parte importante de nós mesmos e teremos menos a oferecer ao parceiro. O desapego em seu melhor sentido significa não se identificar com as carências nem com as preferências e aversões. Reconhecemos sua existência, mas permanecemos em contato com nosso eu maior, onde as necessidades não nos dominam. A partir desta perspectiva, podemos escolher afirmar nosso desejo ou abandoná-lo, de acordo com as necessidades do momento”.
A empatia começa com a capacidade de estarmos bem conosco mesmos, de reconhecermos o que não gostamos em nós e admirarmos nossas qualidades. Quanto melhor tivermos sido compreendidos em nossas necessidades e sentimentos quando éramos crianças, melhor saberemos reconhecê-las quando adultos. Entrar em contato com os próprios sentimentos é a base para desenvolver a empatia. Como alguém que desconhece suas próprias necessidades poderá entender as necessidades alheias?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
As armadilhas do Ego
- ELISABETH CAVALCANTE -
O ego está sempre pronto para boicotar qualquer tentativa que empreendemos para escapar ao seu controle. Uma das armadilhas mais usuais do ego é fazer com que nos sintamos confortáveis na doença. Para isso, ele nos convence de que nossos problemas emocionais podem nos trazer a atenção do mundo e reverter nossa carência.
Muitas pessoas afirmam o tempo todo que gostariam de vencer suas dificuldades emocionais, mas rejeitam qualquer iniciativa prática que as levará a este objetivo.
As dificuldades que costumam criar para encontrar uma saída, constituem a saída que seu inconsciente encontra para fazer com que continuem presas ao ego negativo, aquele que fará de tudo para impedir que elas acessem seu verdadeiro ser.
As terapias tradicionais ajudam a ter consciência deste processo, mas não avançam no sentido de ajudar as pessoas a entrar em contato com aquela parte de seu ser que de fato as libertará do sofrimento. Isto porque, as terapias ocidentais se limitam a tratar a mente, quando é exatamente ela, a mente, o nosso principal problema.
As terapias são muito úteis como instrumento de catarse das emoções e bloqueios reprimidos e ajudam as pessoas a se perceberem de forma mais clara. Isto é importante porque muitos sofredores não têm sequer idéia dos principais motivos ou origem de seus sofrimentos emocionais.
Entretanto, este é apenas o primeiro estágio para a cura. O outro, o que realmente nos levará a um novo patamar de consciência e nos libertará dos mecanismos da mente e suas projeções, é a meditação. Ambas, terapia e meditação, devem caminhar juntas para proporcionar ao ser humano uma ferramenta realmente eficaz para driblar as armadilhas do ego.
Ego, o falso centro
... A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O Eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o Eu - não é possível.
... O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está continuamente pedindo atenção.
Você obtém dos outros a idéia de quem você é. Não é uma experiência direta.
É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Mas esse centro é falso, enquanto que o centro verdadeiro está dentro de você. O centro verdadeiro não é da conta de ninguém. Ninguém o modela. Você vem com ele. Você nasce com ele.
Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Esse é o Eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade - o ego. Esse é algo falso - é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente assim a sociedade irá apreciá-lo. Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é.
Os outros deram-lhe a idéia. E essa idéia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o Eu.
... Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a sensação de "eu sou". Afastando-se do que é conhecido, o medo toma conta; você começa a sentir medo da escuridão e do caos - porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser... É o mesmo que penetrar numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Mas aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo.
Foi assim que aconteceu. A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa.
E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo.
Além da cerca você é, tal como você é dentro da cerca - e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto.
... Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o Eu.
Uma vez que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade - essa é a própria ordem da existência.
É o que Buda chama de Dhamma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiúra delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas...
Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca.
Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia você simplesmente vê a folha seca caindo... e então o verdadeiro centro surge.
E esse centro verdadeiro é a alma, o Eu, o deus, a verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir".
OSHO, Além das Fronteiras da Mente
O ego está sempre pronto para boicotar qualquer tentativa que empreendemos para escapar ao seu controle. Uma das armadilhas mais usuais do ego é fazer com que nos sintamos confortáveis na doença. Para isso, ele nos convence de que nossos problemas emocionais podem nos trazer a atenção do mundo e reverter nossa carência.
Muitas pessoas afirmam o tempo todo que gostariam de vencer suas dificuldades emocionais, mas rejeitam qualquer iniciativa prática que as levará a este objetivo.
As dificuldades que costumam criar para encontrar uma saída, constituem a saída que seu inconsciente encontra para fazer com que continuem presas ao ego negativo, aquele que fará de tudo para impedir que elas acessem seu verdadeiro ser.
As terapias tradicionais ajudam a ter consciência deste processo, mas não avançam no sentido de ajudar as pessoas a entrar em contato com aquela parte de seu ser que de fato as libertará do sofrimento. Isto porque, as terapias ocidentais se limitam a tratar a mente, quando é exatamente ela, a mente, o nosso principal problema.
As terapias são muito úteis como instrumento de catarse das emoções e bloqueios reprimidos e ajudam as pessoas a se perceberem de forma mais clara. Isto é importante porque muitos sofredores não têm sequer idéia dos principais motivos ou origem de seus sofrimentos emocionais.
Entretanto, este é apenas o primeiro estágio para a cura. O outro, o que realmente nos levará a um novo patamar de consciência e nos libertará dos mecanismos da mente e suas projeções, é a meditação. Ambas, terapia e meditação, devem caminhar juntas para proporcionar ao ser humano uma ferramenta realmente eficaz para driblar as armadilhas do ego.
Ego, o falso centro
... A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O Eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o Eu - não é possível.
... O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está continuamente pedindo atenção.
Você obtém dos outros a idéia de quem você é. Não é uma experiência direta.
É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Mas esse centro é falso, enquanto que o centro verdadeiro está dentro de você. O centro verdadeiro não é da conta de ninguém. Ninguém o modela. Você vem com ele. Você nasce com ele.
Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Esse é o Eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade - o ego. Esse é algo falso - é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente assim a sociedade irá apreciá-lo. Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é.
Os outros deram-lhe a idéia. E essa idéia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o Eu.
... Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a sensação de "eu sou". Afastando-se do que é conhecido, o medo toma conta; você começa a sentir medo da escuridão e do caos - porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser... É o mesmo que penetrar numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Mas aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo.
Foi assim que aconteceu. A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa.
E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo.
Além da cerca você é, tal como você é dentro da cerca - e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto.
... Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o Eu.
Uma vez que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade - essa é a própria ordem da existência.
É o que Buda chama de Dhamma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiúra delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas...
Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca.
Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia você simplesmente vê a folha seca caindo... e então o verdadeiro centro surge.
E esse centro verdadeiro é a alma, o Eu, o deus, a verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir".
OSHO, Além das Fronteiras da Mente

quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Depressão? Transtorno Bipolar? Que tal abrir mão dos rótulos e colocar mais humanidade nessa questão?
por Patricia Gebrim
"O que você pensa sobre isso? Será que não perdemos um pouco da nossa humanidade? Será que não andamos nos escondendo mais do que deveríamos atrás das caixinhas de antidepressivos e ansiolíticos??? Nos escondendo dos outros... nos escondendo de nós mesmos...
Pense nisso. As pessoas não são “depressivas”, “bipolares”, “distímicas”... as pessoas são... pessoas!" Eu sou da época em que se comia macarronada com brachola aos domingos, a família italiana de grande porte e bochechas rosadas falava alto ao redor de uma mesa enorme, que ia de ponta a ponta da cozinha de minha avó, me deixando tonta com toda aquela animação. Sou do tempo em que as pessoas conversavam umas com as outras, muitas vezes fofocavam, sim... fofocavam... por mais “feio” que isso fosse. Sou do tempo em que as pessoas eram animadas, ou tristes ou tinham "gênio difícil". Nos almoços de domingo na casa de minha avó sempre tinha uma tia mal-humorada, um tio mais alegrinho, um primo aloprado.
Hoje em dia não se come mais macarronada com brachola, hoje ingere-se “carboidrato com proteína” (e contam-se as calorias, é claro!).
As pessoas hoje não conversam mais... “verbalizam”.
Não fofocam, aumentando um pouco o caso para tornar a história mais atrativa... não, hoje diz-se que as pessoas “deliram”.
Não entristecem... “deprimem”.
E se estão mais animadas do que o usual logo alguém cochicha:
_ Será que é “bipolar”?
Hoje em dia a tia não tem mau humor, tem “distimia”, e o primo adolescente meio aloprado tem um “transtorno de conduta”.
Hoje todos temos acesso à Internet, e a telinha do computador tornou-se o gênio da lâmpada, o instrumento mágico capaz de dar explicação a tudo. Para fugir à angústia do “não saber” nos apropriamos dos tão desejados rótulos, antes propriedade exclusiva de técnicos, médicos e psicólogos.
Se por um lado a informação flui de maneira mais democrática, será que estamos sabendo lidar com isso?
Ah... quer saber mesmo o que penso?
Quando, lá atrás, eu via a minha prima tristinha, sentada num canto da sala, no tão fogoso domingo de macarronada, eu me interessava mais...
_O que será que a deixou triste? _ pensava eu. Procurava sentar-me a seu lado, puxar um papo qualquer com a esperança de que em algum momento ela se abrisse comigo. _ Minha prima está triste e precisa de mim! _ eu pensava.
Hoje, se alguém está triste, pensamos: _ É deprimido, precisa de um antidepressivo... o que posso fazer?
E, como se nada tivéssemos com isso, viramos as costas e continuamos babando em frente à tela do computador pesquisando o número de calorias contidas em uma taça de sorvete light.
O carinho que antes seria dado em função da tristeza alheia se transformou em cápsulas para depressão. E assim foi se perdendo a conversa amiga, o interesse genuíno, o abraço caloroso... fomos nos tornando frios, assépticos, distantes. Delegando aos médicos ou medicamentos a nossa parte de colaboração para o bem-estar daqueles que amamos. Como se hoje não tivéssemos mais tempo ou paciência para lidar com a dor alheia. Que pena.
Eu sei... muitas vezes a coisa é mesmo profunda, e até pode de verdade requerer um cuidado medicamentoso, mas será que não “perdemos a mão”? É claro que a possibilidade cada vez maior e mais específica de diagnosticar as patologias da alma tornou possível um maior entendimento e objetividade quando pensamos nos tratamentos propostos a cada caso, mas o excesso de intelectualização da dor humana nos distancia da pessoa que está lá, aprisionada sob aquela dor.
O que você pensa sobre isso? Será que não perdemos um pouco da nossa humanidade? Será que não andamos nos escondendo mais do que deveríamos atrás das caixinhas de antidepressivos e ansiolíticos??? Nos escondendo dos outros... nos escondendo de nós mesmos...
Pense nisso. As pessoas não são “depressivas”, “bipolares”, “distímicas”... as pessoas são... pessoas!
Pessoas imersas em algum tipo de sofrimento. Por baixo do rótulo a pessoa está lá, talvez esquecida de si mesma, esperando que alguém olhe para ela e a ajude a se reencontrar. A descrição das patologias deveria ser, a meu ver, apenas um mapa.
Mapas são úteis, mas tem suas limitações.
Quer ver? Ter em mãos um mapa que descreva com exatidão uma região montanhosa de Minas Gerais apenas serve para nos levar até lá. Mas se quisermos realmente saber como é uma verdadeira montanha mineira teremos que subir suas encostas ao entardecer, sentindo o cheiro de mato que a brisa traz, ouvindo o som dos pássaros, sentindo a firmeza da terra, absorvendo através dos nossos sentidos sua pulsação terrena, percebendo o que sentimos ao chegar ao topo. Aquela sensação boa de liberdade que abre o peito, a alegria quase infantil de ter vencido o desafio da subida... Mapa nenhum será capaz de nos fazer sentir isso. Mapa algum conseguirá nos tocar a ponto de termos vontade de escrever uma poesia, como às vezes acontece quando estamos sozinhos, envoltos por aquele fértil silêncio sagrado que costuma acontecer no topo de uma montanha.
(Se não der certo com a montanha, escreva em uma página de papel a receita de um pão de queijo e tente devorar o papel...)
Assim, paremos de descrever as pessoas. Deixemos isso aos técnicos.
Resgatemos a nossa humanidade, a nossa capacidade de amar.
Para amar uma montanha não precisamos saber seu nome, em qual altitude está ou sua extensão em quilômetros quadrados. Tudo o que temos a fazer é abrir-lhe as portas de nossa percepção. Estar lá, presente, sentindo... buscando sua beleza.
Pense nisso em seu próximo almoço de domingo, e se puder coma uma bela macarronada, dê uma boa gargalhada e abrace a sua tia mal-humorada até que aquele mau humor todo se transforme em um inesperado sorriso de satisfação.
"O que você pensa sobre isso? Será que não perdemos um pouco da nossa humanidade? Será que não andamos nos escondendo mais do que deveríamos atrás das caixinhas de antidepressivos e ansiolíticos??? Nos escondendo dos outros... nos escondendo de nós mesmos...
Pense nisso. As pessoas não são “depressivas”, “bipolares”, “distímicas”... as pessoas são... pessoas!" Eu sou da época em que se comia macarronada com brachola aos domingos, a família italiana de grande porte e bochechas rosadas falava alto ao redor de uma mesa enorme, que ia de ponta a ponta da cozinha de minha avó, me deixando tonta com toda aquela animação. Sou do tempo em que as pessoas conversavam umas com as outras, muitas vezes fofocavam, sim... fofocavam... por mais “feio” que isso fosse. Sou do tempo em que as pessoas eram animadas, ou tristes ou tinham "gênio difícil". Nos almoços de domingo na casa de minha avó sempre tinha uma tia mal-humorada, um tio mais alegrinho, um primo aloprado.
Hoje em dia não se come mais macarronada com brachola, hoje ingere-se “carboidrato com proteína” (e contam-se as calorias, é claro!).
As pessoas hoje não conversam mais... “verbalizam”.
Não fofocam, aumentando um pouco o caso para tornar a história mais atrativa... não, hoje diz-se que as pessoas “deliram”.
Não entristecem... “deprimem”.
E se estão mais animadas do que o usual logo alguém cochicha:
_ Será que é “bipolar”?
Hoje em dia a tia não tem mau humor, tem “distimia”, e o primo adolescente meio aloprado tem um “transtorno de conduta”.
Hoje todos temos acesso à Internet, e a telinha do computador tornou-se o gênio da lâmpada, o instrumento mágico capaz de dar explicação a tudo. Para fugir à angústia do “não saber” nos apropriamos dos tão desejados rótulos, antes propriedade exclusiva de técnicos, médicos e psicólogos.
Se por um lado a informação flui de maneira mais democrática, será que estamos sabendo lidar com isso?
Ah... quer saber mesmo o que penso?
Quando, lá atrás, eu via a minha prima tristinha, sentada num canto da sala, no tão fogoso domingo de macarronada, eu me interessava mais...
_O que será que a deixou triste? _ pensava eu. Procurava sentar-me a seu lado, puxar um papo qualquer com a esperança de que em algum momento ela se abrisse comigo. _ Minha prima está triste e precisa de mim! _ eu pensava.
Hoje, se alguém está triste, pensamos: _ É deprimido, precisa de um antidepressivo... o que posso fazer?
E, como se nada tivéssemos com isso, viramos as costas e continuamos babando em frente à tela do computador pesquisando o número de calorias contidas em uma taça de sorvete light.
O carinho que antes seria dado em função da tristeza alheia se transformou em cápsulas para depressão. E assim foi se perdendo a conversa amiga, o interesse genuíno, o abraço caloroso... fomos nos tornando frios, assépticos, distantes. Delegando aos médicos ou medicamentos a nossa parte de colaboração para o bem-estar daqueles que amamos. Como se hoje não tivéssemos mais tempo ou paciência para lidar com a dor alheia. Que pena.
Eu sei... muitas vezes a coisa é mesmo profunda, e até pode de verdade requerer um cuidado medicamentoso, mas será que não “perdemos a mão”? É claro que a possibilidade cada vez maior e mais específica de diagnosticar as patologias da alma tornou possível um maior entendimento e objetividade quando pensamos nos tratamentos propostos a cada caso, mas o excesso de intelectualização da dor humana nos distancia da pessoa que está lá, aprisionada sob aquela dor.
O que você pensa sobre isso? Será que não perdemos um pouco da nossa humanidade? Será que não andamos nos escondendo mais do que deveríamos atrás das caixinhas de antidepressivos e ansiolíticos??? Nos escondendo dos outros... nos escondendo de nós mesmos...
Pense nisso. As pessoas não são “depressivas”, “bipolares”, “distímicas”... as pessoas são... pessoas!
Pessoas imersas em algum tipo de sofrimento. Por baixo do rótulo a pessoa está lá, talvez esquecida de si mesma, esperando que alguém olhe para ela e a ajude a se reencontrar. A descrição das patologias deveria ser, a meu ver, apenas um mapa.
Mapas são úteis, mas tem suas limitações.
Quer ver? Ter em mãos um mapa que descreva com exatidão uma região montanhosa de Minas Gerais apenas serve para nos levar até lá. Mas se quisermos realmente saber como é uma verdadeira montanha mineira teremos que subir suas encostas ao entardecer, sentindo o cheiro de mato que a brisa traz, ouvindo o som dos pássaros, sentindo a firmeza da terra, absorvendo através dos nossos sentidos sua pulsação terrena, percebendo o que sentimos ao chegar ao topo. Aquela sensação boa de liberdade que abre o peito, a alegria quase infantil de ter vencido o desafio da subida... Mapa nenhum será capaz de nos fazer sentir isso. Mapa algum conseguirá nos tocar a ponto de termos vontade de escrever uma poesia, como às vezes acontece quando estamos sozinhos, envoltos por aquele fértil silêncio sagrado que costuma acontecer no topo de uma montanha.
(Se não der certo com a montanha, escreva em uma página de papel a receita de um pão de queijo e tente devorar o papel...)
Assim, paremos de descrever as pessoas. Deixemos isso aos técnicos.
Resgatemos a nossa humanidade, a nossa capacidade de amar.
Para amar uma montanha não precisamos saber seu nome, em qual altitude está ou sua extensão em quilômetros quadrados. Tudo o que temos a fazer é abrir-lhe as portas de nossa percepção. Estar lá, presente, sentindo... buscando sua beleza.
Pense nisso em seu próximo almoço de domingo, e se puder coma uma bela macarronada, dê uma boa gargalhada e abrace a sua tia mal-humorada até que aquele mau humor todo se transforme em um inesperado sorriso de satisfação.

terça-feira, 25 de novembro de 2008
A marca que deixamos nas pessoas
Autor desconhecido
Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança.
Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala.
Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém.
Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não soubesse. "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.
Minha primeira experiência pessoal com esse gênio-na-garrafa veio num dia em que minha mãe estava fora, na casa de um vizinho.
Eu estava na garagem mexendo na caixa de ferramentas quando bati em meu dedo com um martelo. A dor era terrível mas não havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia.
Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido até que pensei: O telefone!
Rapidamente fui até o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente a cômoda da sala.
Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido.
Alguém atendeu e eu disse:
- "Uma informação, por favor".
Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido.
- "Informações".
- "Eu machuquei meu dedo...", disse, e as lágrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência.
-"A sua mãe não esta em casa?", ela perguntou.
-"Não tem ninguém aqui...", eu soluçava.
-"Está sangrando?"
-"Não", respondi.
- "Eu machuquei o dedo com o martelo, mas tá doendo..."
-"Você consegue abrir o congelador?", ela perguntou.
Eu respondi que sim.
-"Então, pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo", disse a voz.
Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo.
Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Philadelphia.
Ela me ajudou com os exercícios de matemática.
Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas. Então, um dia, Petey, meu canário, morreu.
Eu liguei para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido.
Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável.
Eu perguntava:
-"Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?"
Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente:
-"Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também..."
De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.
No outro dia, lá estava eu de novo.
-"Informações", disse a voz já tão familiar.
-"Você sabe como se escreve exceção?"
Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacífico.
Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga. "Uma informação, por favor" pertencia aquele velho aparelho telefônico preto
e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho
que ficava na nova cômoda na nova sala.
Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Freqüentemente, em momentos de dúvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo.
Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um menininho.
Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos.
Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos.
Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora
daquela minha cidade natal e pedi:
-"Uma informação, por favor".
Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo:
-"Informações".
Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando:
-"Você sabe como se escreve exceção?"
Houve uma longa pausa.
Então, veio uma resposta suave:
-"Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul".
Eu ri. "Então, é você mesma!", eu disse.
"Você não imagina como era importante
para mim naquele tempo".
- "Eu imagino", ela disse.
-"E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse".
Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visitá-la quando fosse encontrar a minha irmã.
-"É claro!", ela respondeu.
-"Venha até aqui e chame a Sally".
Três meses depois eu fui a Seattle visitar minha irmã.
Quando liguei, uma voz diferente respondeu:
-"Informações".
Eu pedi para chamar a Sally.
-"Você é amigo dela?", a voz perguntou.
-"Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul".
- "Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente.
Infelizmente, ela morreu há cinco semanas".
Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou:
- "Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paul"?
- "Sim."
- "A Sally deixou uma mensagem para você.
Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse.
Eu vou ler pra você".
A mensagem dizia:
" Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender".
Eu agradeci e desliguei.
Eu entendi...
Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança.
Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala.
Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém.
Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não soubesse. "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.
Minha primeira experiência pessoal com esse gênio-na-garrafa veio num dia em que minha mãe estava fora, na casa de um vizinho.
Eu estava na garagem mexendo na caixa de ferramentas quando bati em meu dedo com um martelo. A dor era terrível mas não havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia.
Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido até que pensei: O telefone!
Rapidamente fui até o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente a cômoda da sala.
Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido.
Alguém atendeu e eu disse:
- "Uma informação, por favor".
Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido.
- "Informações".
- "Eu machuquei meu dedo...", disse, e as lágrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência.
-"A sua mãe não esta em casa?", ela perguntou.
-"Não tem ninguém aqui...", eu soluçava.
-"Está sangrando?"
-"Não", respondi.
- "Eu machuquei o dedo com o martelo, mas tá doendo..."
-"Você consegue abrir o congelador?", ela perguntou.
Eu respondi que sim.
-"Então, pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo", disse a voz.
Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo.
Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Philadelphia.
Ela me ajudou com os exercícios de matemática.
Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas. Então, um dia, Petey, meu canário, morreu.
Eu liguei para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido.
Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável.
Eu perguntava:
-"Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?"
Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente:
-"Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também..."
De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.
No outro dia, lá estava eu de novo.
-"Informações", disse a voz já tão familiar.
-"Você sabe como se escreve exceção?"
Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacífico.
Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga. "Uma informação, por favor" pertencia aquele velho aparelho telefônico preto
e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho
que ficava na nova cômoda na nova sala.
Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Freqüentemente, em momentos de dúvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo.
Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um menininho.
Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos.
Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos.
Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora
daquela minha cidade natal e pedi:
-"Uma informação, por favor".
Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo:
-"Informações".
Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando:
-"Você sabe como se escreve exceção?"
Houve uma longa pausa.
Então, veio uma resposta suave:
-"Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul".
Eu ri. "Então, é você mesma!", eu disse.
"Você não imagina como era importante
para mim naquele tempo".
- "Eu imagino", ela disse.
-"E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse".
Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visitá-la quando fosse encontrar a minha irmã.
-"É claro!", ela respondeu.
-"Venha até aqui e chame a Sally".
Três meses depois eu fui a Seattle visitar minha irmã.
Quando liguei, uma voz diferente respondeu:
-"Informações".
Eu pedi para chamar a Sally.
-"Você é amigo dela?", a voz perguntou.
-"Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul".
- "Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente.
Infelizmente, ela morreu há cinco semanas".
Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou:
- "Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paul"?
- "Sim."
- "A Sally deixou uma mensagem para você.
Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse.
Eu vou ler pra você".
A mensagem dizia:
" Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender".
Eu agradeci e desliguei.
Eu entendi...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008
DECIDI TRIUNFAR
Walt Disney
E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar'!
Decidi não esperar as oportunidades e sim eu mesmo buscá-las.
Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.
Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis.
Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.
Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.
Naquele dia, descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que enfrentá-las era a única e melhor forma de as superar.
Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez nunca tivesse sido.
Deixei de me importar com quem ganha ou quem perde. Agora me importava simplesmente saber melhor o que fazer.
Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima e sim deixar de subir.
Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de amigo.
Descobri que o amor é mais que um simples estado de estar enamorado; o amor é uma filosofia de vida.
Naquele dia, deixei de ver um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser uma tênue luz no presente.
Aprendi de que nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais.
Naquele dia, decidi trocar tantas coisas....
Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornarem-se realidade e, desde aquele dia, já não durmo para descansar; durmo, simplesmente, para sonhar.
DICAS SOBRE LIDERANÇA
1 -Definir um propósito. Assegure que todos na organização compreendam quais são o papel e as responsabilidades de cada um. Deixe claro por que o trabalho de todos é importante e apresente suas expectativas antecipadamente.
2 - Promover o trabalho em equipe. Se os funcionários têm a oportunidade de contribuir idéias, o resultado são soluções melhores. O trabalho em equipe funciona melhor numa cultura em que todos têm voz e a voz de cada um é ouvida.
3 - Confiar e inspirar confiança nos outros. Ao reconhecer as contribuições de cada um para a equipe, a divisão de tarefas fica mais fácil. Entenda que todo membro de uma equipe traz consigo experiências valiosas. Quando podem aplicar essas experiências, os funcionários começam a sentir que realmente fazem parte da empresa.
4 - Liberar o potencial. Embora diretrizes e procedimentos sejam importantes, seguir as regras à risca demais podem sufocar o aparecimento de novas idéias. Algumas das melhores idéias decorrem de novas maneiras de pensar.
5 - Entender as necessidades de seus funcionários. Para um líder, o crescimento de cada funcionário é parte integrante do crescimento da empresa. Quando um líder entende os sonhos e aspirações do seu pessoal, todos sentem que estão sendo ouvidos.
6 -Reconhecer o valor de cada um. Como líder, transmita valor e potencial para que os funcionários possam dar o máximo de si. E reconheça sempre um trabalho bem feito.
E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar'!
Decidi não esperar as oportunidades e sim eu mesmo buscá-las.
Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.
Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis.
Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.
Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.
Naquele dia, descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que enfrentá-las era a única e melhor forma de as superar.
Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez nunca tivesse sido.
Deixei de me importar com quem ganha ou quem perde. Agora me importava simplesmente saber melhor o que fazer.
Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima e sim deixar de subir.
Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de amigo.
Descobri que o amor é mais que um simples estado de estar enamorado; o amor é uma filosofia de vida.
Naquele dia, deixei de ver um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser uma tênue luz no presente.
Aprendi de que nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais.
Naquele dia, decidi trocar tantas coisas....
Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornarem-se realidade e, desde aquele dia, já não durmo para descansar; durmo, simplesmente, para sonhar.
DICAS SOBRE LIDERANÇA
1 -Definir um propósito. Assegure que todos na organização compreendam quais são o papel e as responsabilidades de cada um. Deixe claro por que o trabalho de todos é importante e apresente suas expectativas antecipadamente.
2 - Promover o trabalho em equipe. Se os funcionários têm a oportunidade de contribuir idéias, o resultado são soluções melhores. O trabalho em equipe funciona melhor numa cultura em que todos têm voz e a voz de cada um é ouvida.
3 - Confiar e inspirar confiança nos outros. Ao reconhecer as contribuições de cada um para a equipe, a divisão de tarefas fica mais fácil. Entenda que todo membro de uma equipe traz consigo experiências valiosas. Quando podem aplicar essas experiências, os funcionários começam a sentir que realmente fazem parte da empresa.
4 - Liberar o potencial. Embora diretrizes e procedimentos sejam importantes, seguir as regras à risca demais podem sufocar o aparecimento de novas idéias. Algumas das melhores idéias decorrem de novas maneiras de pensar.
5 - Entender as necessidades de seus funcionários. Para um líder, o crescimento de cada funcionário é parte integrante do crescimento da empresa. Quando um líder entende os sonhos e aspirações do seu pessoal, todos sentem que estão sendo ouvidos.
6 -Reconhecer o valor de cada um. Como líder, transmita valor e potencial para que os funcionários possam dar o máximo de si. E reconheça sempre um trabalho bem feito.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Reflexões sobre a arte de viver
Joseph Campbel
Se você quer um título universitário para compensar um complexo de inferioridade, abra mão do complexo, pois ele é algo artificial.
Quando você cursa uma universidade, não faz aquilo que você quer fazer. Você descobre o que o professor quer que você faça para receber o diploma e faz isto. Se você quer o título para dar aulas, o ideal é fazer o curso da maneira mais rápida e fácil. Tendo recebido o diploma, aí você expande a sua educação.
Recebi uma bolsa de estudos na Europa, e fui cursar a Universidade de Paris. Estava dedicando-me ao francês e ao provençal medievais e à poesia dos trovadores. Quando cheguei à Europa, descobri a Arte Moderna: James Joyce, Picasso, Mondrian - toda aquela turma. Paris, em 1927-1928, era outra coisa. Depois, fui à Alemanha, comecei a estudar Sânscrito e me envolvi com o hinduismo. Depois Jung enquanto estudava na Alemanha. Tudo estava se abrindo - deste lado, daquele lado. Bem, a minha dúvida na época foi: "Devo voltar para aquela garrafa?" Meu interesse pelo romance celta se fora.
Fui à universidade e disse: "Olha, não quero voltar para aquela garrafa". Tinha feito todas as matérias necessárias para o título; só precisava redigir a maldita tese. Não me deixavam ir para outro lugar e dar prosseguimento aos estudos, e por isto eu disse, vão para o inferno. Mudei-me para o campo e passei cinco anos lendo. Nunca tirei meu Ph.D. Aprendi a viver com absolutamente nada. Estava livre e não tinha responsabilidades. Foi maravilhoso.
É preciso coragem para fazer aquilo que você deseja.
Outras pessoas têm um monte de planos para você.
Ninguém quer que você faça o que você quer fazer.
Eles querem que você embarque na viagem deles, mas você pode fazer o que quiser.
Eu fiz isto. Fui para o mato e li durante cinco anos.
Foi entre 1929 e 1934, cinco anos. Fui para uma pequena cabana em Woodstock, Nova York, e mergulhei. Tudo que fazia era ler, ler, ler, e tomar notas. Foi na época da Grande Depressão. Eu não tinha dinheiro, mas havia uma importante distribuidora de livros em Nova York chamada Stechert - Hafner, e eu escrevia e pedia livros para eles - os livros de Frobenius eram caros - e eles me mandavam alguns exemplares, e eu não pagava. Era assim que as pessoas agiam durante a Depressão. Eles esperaram até eu conseguir um emprego, e então eu os paguei. Foi um gesto muito nobre. Fiquei realmente grato por eles.
Li Joyce, e Mann e Spengler. Spengler fala de Nietzsche. Vou a Nietzsche. Então, descubro que não se pode ler Nietzche sem ter lido Schopenhauer, e por isso vou a Schopenhauer. Descubro que não se pode ler Schopenhauer sem ter lido Kant. Então, vou a Kant.- bem, concordo, você pode começar daqui, mas é bem difícil. Depois Goethe.
Era excitante ver que Joyce estava na verdade, lidando com o mesmo material. Ele nunca menciona o nome de Schopenhauer, mas posso provar que esse foi uma figura importante na forma como Joyce construiu seu sistema.
Depois leio Jung e vejo que a estrutura de seu pensamento é basicamente a mesma de Spengler, e fico reunindo todo este material.
Não sei como passei esses cinco anos, mas estava convencido de que ainda sobreviveria a mais alguns. Lembro-me de uma ocasião em que tinha uma nota de um dólar na gaveta de uma cômoda, e eu sabia que enquanto ela estivesse ali, eu ainda contaria com meus recursos. Foi bárbaro. Eu não tinha responsabilidade, nenhuma. Era excitante - escrever meus comentários no diário, tentar descobrir o que eu queria. Ainda tenho tudo isto. Quando leio esse material hoje, não consigo acreditar. Na verdade, houve momentos em que quase pensei - quase pensei - "Caramba, gostaria que alguém me dissesse o que eu tenho de fazer", algo assim Ser livre, implica tomar decisões, e cada decisão é uma decisão que altera o destino. É muito difícil encontrar alguma coisa no mundo exterior que se ajuste ao que o sistema dentro de você tanto anseia. Hoje, sinto que tive uma vida perfeita: aquilo de que precisava apareceu justamente quando eu precisava. Na época, eu precisava viver sem emprego durante cinco anos. Isso foi fundamental.
Como diz Schopenhauer, quando você analisa sua vida em retrospecto, tem a impressão de que seguiu um enredo, mas, no momento da ação, parece o caos: uma surpresa atrás da outra. Depois, mais tarde, você vê que foi perfeito. E tem uma teoria: se você estiver seguindo seu próprio caminho, as coisas virão até você. Como é seu próprio caminho, e ninguém o percorreu antes, não existe um precedente; logo, tudo que acontece é uma surpresa, e na hora certa.
Nota SOBRE JOSEPH CAMPBELL:
Em março de 2004 comemorou-se o Centenário de Nascimento de Joseph Campbell. Pesquisador, professor e escritor, Campbell foi um dos grandes intérpretes do mito do nosso tempo, fazendo-nos ver que os mitos não são histórias "de ontem" ou de deuses esquecidos, mas renovam-se diariamente como nossos sonhos e nossas energias.)
Se você quer um título universitário para compensar um complexo de inferioridade, abra mão do complexo, pois ele é algo artificial.
Quando você cursa uma universidade, não faz aquilo que você quer fazer. Você descobre o que o professor quer que você faça para receber o diploma e faz isto. Se você quer o título para dar aulas, o ideal é fazer o curso da maneira mais rápida e fácil. Tendo recebido o diploma, aí você expande a sua educação.
Recebi uma bolsa de estudos na Europa, e fui cursar a Universidade de Paris. Estava dedicando-me ao francês e ao provençal medievais e à poesia dos trovadores. Quando cheguei à Europa, descobri a Arte Moderna: James Joyce, Picasso, Mondrian - toda aquela turma. Paris, em 1927-1928, era outra coisa. Depois, fui à Alemanha, comecei a estudar Sânscrito e me envolvi com o hinduismo. Depois Jung enquanto estudava na Alemanha. Tudo estava se abrindo - deste lado, daquele lado. Bem, a minha dúvida na época foi: "Devo voltar para aquela garrafa?" Meu interesse pelo romance celta se fora.
Fui à universidade e disse: "Olha, não quero voltar para aquela garrafa". Tinha feito todas as matérias necessárias para o título; só precisava redigir a maldita tese. Não me deixavam ir para outro lugar e dar prosseguimento aos estudos, e por isto eu disse, vão para o inferno. Mudei-me para o campo e passei cinco anos lendo. Nunca tirei meu Ph.D. Aprendi a viver com absolutamente nada. Estava livre e não tinha responsabilidades. Foi maravilhoso.
É preciso coragem para fazer aquilo que você deseja.
Outras pessoas têm um monte de planos para você.
Ninguém quer que você faça o que você quer fazer.
Eles querem que você embarque na viagem deles, mas você pode fazer o que quiser.
Eu fiz isto. Fui para o mato e li durante cinco anos.
Foi entre 1929 e 1934, cinco anos. Fui para uma pequena cabana em Woodstock, Nova York, e mergulhei. Tudo que fazia era ler, ler, ler, e tomar notas. Foi na época da Grande Depressão. Eu não tinha dinheiro, mas havia uma importante distribuidora de livros em Nova York chamada Stechert - Hafner, e eu escrevia e pedia livros para eles - os livros de Frobenius eram caros - e eles me mandavam alguns exemplares, e eu não pagava. Era assim que as pessoas agiam durante a Depressão. Eles esperaram até eu conseguir um emprego, e então eu os paguei. Foi um gesto muito nobre. Fiquei realmente grato por eles.
Li Joyce, e Mann e Spengler. Spengler fala de Nietzsche. Vou a Nietzsche. Então, descubro que não se pode ler Nietzche sem ter lido Schopenhauer, e por isso vou a Schopenhauer. Descubro que não se pode ler Schopenhauer sem ter lido Kant. Então, vou a Kant.- bem, concordo, você pode começar daqui, mas é bem difícil. Depois Goethe.
Era excitante ver que Joyce estava na verdade, lidando com o mesmo material. Ele nunca menciona o nome de Schopenhauer, mas posso provar que esse foi uma figura importante na forma como Joyce construiu seu sistema.
Depois leio Jung e vejo que a estrutura de seu pensamento é basicamente a mesma de Spengler, e fico reunindo todo este material.
Não sei como passei esses cinco anos, mas estava convencido de que ainda sobreviveria a mais alguns. Lembro-me de uma ocasião em que tinha uma nota de um dólar na gaveta de uma cômoda, e eu sabia que enquanto ela estivesse ali, eu ainda contaria com meus recursos. Foi bárbaro. Eu não tinha responsabilidade, nenhuma. Era excitante - escrever meus comentários no diário, tentar descobrir o que eu queria. Ainda tenho tudo isto. Quando leio esse material hoje, não consigo acreditar. Na verdade, houve momentos em que quase pensei - quase pensei - "Caramba, gostaria que alguém me dissesse o que eu tenho de fazer", algo assim Ser livre, implica tomar decisões, e cada decisão é uma decisão que altera o destino. É muito difícil encontrar alguma coisa no mundo exterior que se ajuste ao que o sistema dentro de você tanto anseia. Hoje, sinto que tive uma vida perfeita: aquilo de que precisava apareceu justamente quando eu precisava. Na época, eu precisava viver sem emprego durante cinco anos. Isso foi fundamental.
Como diz Schopenhauer, quando você analisa sua vida em retrospecto, tem a impressão de que seguiu um enredo, mas, no momento da ação, parece o caos: uma surpresa atrás da outra. Depois, mais tarde, você vê que foi perfeito. E tem uma teoria: se você estiver seguindo seu próprio caminho, as coisas virão até você. Como é seu próprio caminho, e ninguém o percorreu antes, não existe um precedente; logo, tudo que acontece é uma surpresa, e na hora certa.
Nota SOBRE JOSEPH CAMPBELL:
Em março de 2004 comemorou-se o Centenário de Nascimento de Joseph Campbell. Pesquisador, professor e escritor, Campbell foi um dos grandes intérpretes do mito do nosso tempo, fazendo-nos ver que os mitos não são histórias "de ontem" ou de deuses esquecidos, mas renovam-se diariamente como nossos sonhos e nossas energias.)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008
O LENHADOR
- Monja Coen Shingetsu -
Havia um lenhador que procurava pela árvore da paz. Ele a procurava nos lugares mais remotos, onde ser humano ainda não houvesse trilhado. Escalava as montanhas mais altas, pendurava-se à beira de grandes abismos. Há anos viajava o lenhador, passando por vários países, pedindo informações. Houve quem disse:
— Meu avô me contou que seu avô lhe contara que havia uma árvore assim. Era imensa, frondosa. As pessoas se sentavam à sua sombra e descansavam felizes, tranqüilas, em paz.
O lenhador experimentava várias árvores. Sentava-se à sua sombra, mas surgiam pensamentos, sons, imagens, nevoeiros. Surgiam guerras, massacres, dores, mortes, grandes desastres. Cabisbaixo se afastava e noutra região procurava.
Foram se passando os anos. Seus cabelos embranqueceram. Suas sobrancelhas também.
Suas pernas já não eram tão fortes. O machado fora trocado por um cajado. Mas não desistira da empreitada. Por toda a Terra caminhava, perguntando a toda gente, esperando que alguém, que alguma coisa lhe levasse à árvore tão almejada.
Um certo dia parou, cansado e pensativo. Será que era fantasia, que na verdade não existia essa árvore da Paz? Encostou-se num tronco qualquer, apoiando-se no braço para que os passantes não vissem que chorava de cansaço. As lágrimas foram caindo no terreno seco e árido. Soluçava nosso amigo, da procura de uma vida. Mesmo se a encontrasse agora como poderia levar suas sementes a tantas e tantas gentes?
Correra o mundo, é verdade. Estava a poucos passos da cidade de onde saíra, jovem e bem disposto, confiante que encontraria a legendária árvore que tudo transformaria. Tinha se tornado impossível viver como todos viviam. Roubavam e mentiam, medrosos se escondiam dos mais fortes, temerosos. Alguns ricaços gorduchos, panças inchadas de tanto luxo. Outros magros, arqueados, de fome morrendo dobrados. Havia os roncos medonhos de aviões tenebrosos, lançando bombas que em sangue marcavam o território. Havia a disputa mesquinha, que levava ao preconceito e à discriminação. Crianças eram abusadas, maltratadas, empregadas a pedir esmolas por jogar algumas bolas nas esquinas de quem tinha muito para dar e nada dava.
Ele era um lenhador, saído dos contos de fadas, das histórias mais antigas de aventuras e justiça, de verdades que são ditas e transformam realidades. Crescera sonhando um dia poder tudo revirar para que a paz retornasse ao seu lar e a de seus amigos, vizinhos, conhecidos e até mesmo de estranhos que estranhamente se comportavam...
Caminhara e caminhara. Ouvira histórias fantásticas, daquele homem da Índia que conseguira mudanças sem guerras, sem violências, no respeito e na decência. Mahatma Gandhi. Bom demais pensou quando menino lendo de sua história. Foi colocando na sacola os livros, os sonhos, a esperança. Na Índia também houvera o Buda Sagrado, que predissera que um dia tudo se transformaria. As pessoas confiavam que se seguissem seus ensinamentos haveria compaixão e sabedoria suprema. Logo a ternura se espalharia e todos se ajudariam como bons irmãos.
Cada lágrima dos olhos do ancião fazia brotar na terra um verde inesperado.
Teria sido por tudo e por todos, abandonado?
Mas de dentro dele surgiu uma força incomensurável. “Nada é impossível. Haverei de conseguir encontrar o fruto dessa árvore de paz, a semente da verdade.”
Ainda de olhos molhados, sentou-se ofegante. Tocou a terra coberta de grama nova, macia. Encostou-se no tronco forte e sem perceber, meditava.
No que se seguia lembrou-se do próprio Buda, que vivera na Índia por volta do século VI antes de Cristo, e a todos amavelmente sorria. Monges e monjas, pessoas de todas classes, castas, feições, cores, etnias. A todos Buda pregava dizendo dos venenos perigosos que matam a paz, a felicidade, a alegria.
O primeiro é a ganância. Quero e quero sem parar. Por mais que tenha sempre quero mais. Seja amor de minha mãe, atenção do professor, seja doce, sejam roupas, sejam carinhos, sejam diversões. Seja dinheiro, seja fama, seja luxo, sejam armas, seja amor. Dessa ganância vão surgindo ciúmes, ressentimentos, más ações e pensamentos. Logo faz algo errado, perde a paz, a tranqüilidade. Vive sedento de tudo e nada traz felicidade. Só o que cura esse mal é a doação, o entregar-se, o dar invés de cobrar.
O segundo é a raiva, danada de se conter. Enfurece por amor, por ódio e até por prazer. Parece que a pessoa passa a achar bonito quem fica furioso. Chega até a dizer que é “personalidade forte”. Na verdade são seres para serem apiedados, pois não conseguem, coitados, transformar a indignação em suave compaixão.
Compaixão significa saber o que o outro sente, compartilhar das tristezas, das dores das amarguras e fazer trabalho lindo de recuperar as criaturas. Porque sente com. Porque sente junto. Nós não rimos quando alguém conta uma coisa engraçada? Não choramos com filmes, histórias, foto, situações? Quando sabemos de alguém sofrendo queremos ajudar. A compaixão é natural, se formos naturais.
O terceiro veneno é a ignorância. Ignorância significa afastar-se da verdade. Estar dividido, partido, sem saber mais que somos uma só vida em movimento. Somos um só corpo universal se transformando constantemente. No que mexemos aqui, lá do outro lado repercute. Essa ignorância não é apenas falta de estudos. É falta de contato com o Sagrado, com a Essência de tudo.
Seu antídoto infalível é a Sabedoria Completa. O resultado de tudo é a árvore da Paz florindo e cobrindo o mundo.
Havia um lenhador que procurava pela árvore da paz. Ele a procurava nos lugares mais remotos, onde ser humano ainda não houvesse trilhado. Escalava as montanhas mais altas, pendurava-se à beira de grandes abismos. Há anos viajava o lenhador, passando por vários países, pedindo informações. Houve quem disse:
— Meu avô me contou que seu avô lhe contara que havia uma árvore assim. Era imensa, frondosa. As pessoas se sentavam à sua sombra e descansavam felizes, tranqüilas, em paz.
O lenhador experimentava várias árvores. Sentava-se à sua sombra, mas surgiam pensamentos, sons, imagens, nevoeiros. Surgiam guerras, massacres, dores, mortes, grandes desastres. Cabisbaixo se afastava e noutra região procurava.
Foram se passando os anos. Seus cabelos embranqueceram. Suas sobrancelhas também.
Suas pernas já não eram tão fortes. O machado fora trocado por um cajado. Mas não desistira da empreitada. Por toda a Terra caminhava, perguntando a toda gente, esperando que alguém, que alguma coisa lhe levasse à árvore tão almejada.
Um certo dia parou, cansado e pensativo. Será que era fantasia, que na verdade não existia essa árvore da Paz? Encostou-se num tronco qualquer, apoiando-se no braço para que os passantes não vissem que chorava de cansaço. As lágrimas foram caindo no terreno seco e árido. Soluçava nosso amigo, da procura de uma vida. Mesmo se a encontrasse agora como poderia levar suas sementes a tantas e tantas gentes?
Correra o mundo, é verdade. Estava a poucos passos da cidade de onde saíra, jovem e bem disposto, confiante que encontraria a legendária árvore que tudo transformaria. Tinha se tornado impossível viver como todos viviam. Roubavam e mentiam, medrosos se escondiam dos mais fortes, temerosos. Alguns ricaços gorduchos, panças inchadas de tanto luxo. Outros magros, arqueados, de fome morrendo dobrados. Havia os roncos medonhos de aviões tenebrosos, lançando bombas que em sangue marcavam o território. Havia a disputa mesquinha, que levava ao preconceito e à discriminação. Crianças eram abusadas, maltratadas, empregadas a pedir esmolas por jogar algumas bolas nas esquinas de quem tinha muito para dar e nada dava.
Ele era um lenhador, saído dos contos de fadas, das histórias mais antigas de aventuras e justiça, de verdades que são ditas e transformam realidades. Crescera sonhando um dia poder tudo revirar para que a paz retornasse ao seu lar e a de seus amigos, vizinhos, conhecidos e até mesmo de estranhos que estranhamente se comportavam...
Caminhara e caminhara. Ouvira histórias fantásticas, daquele homem da Índia que conseguira mudanças sem guerras, sem violências, no respeito e na decência. Mahatma Gandhi. Bom demais pensou quando menino lendo de sua história. Foi colocando na sacola os livros, os sonhos, a esperança. Na Índia também houvera o Buda Sagrado, que predissera que um dia tudo se transformaria. As pessoas confiavam que se seguissem seus ensinamentos haveria compaixão e sabedoria suprema. Logo a ternura se espalharia e todos se ajudariam como bons irmãos.
Cada lágrima dos olhos do ancião fazia brotar na terra um verde inesperado.
Teria sido por tudo e por todos, abandonado?
Mas de dentro dele surgiu uma força incomensurável. “Nada é impossível. Haverei de conseguir encontrar o fruto dessa árvore de paz, a semente da verdade.”
Ainda de olhos molhados, sentou-se ofegante. Tocou a terra coberta de grama nova, macia. Encostou-se no tronco forte e sem perceber, meditava.
No que se seguia lembrou-se do próprio Buda, que vivera na Índia por volta do século VI antes de Cristo, e a todos amavelmente sorria. Monges e monjas, pessoas de todas classes, castas, feições, cores, etnias. A todos Buda pregava dizendo dos venenos perigosos que matam a paz, a felicidade, a alegria.
O primeiro é a ganância. Quero e quero sem parar. Por mais que tenha sempre quero mais. Seja amor de minha mãe, atenção do professor, seja doce, sejam roupas, sejam carinhos, sejam diversões. Seja dinheiro, seja fama, seja luxo, sejam armas, seja amor. Dessa ganância vão surgindo ciúmes, ressentimentos, más ações e pensamentos. Logo faz algo errado, perde a paz, a tranqüilidade. Vive sedento de tudo e nada traz felicidade. Só o que cura esse mal é a doação, o entregar-se, o dar invés de cobrar.
O segundo é a raiva, danada de se conter. Enfurece por amor, por ódio e até por prazer. Parece que a pessoa passa a achar bonito quem fica furioso. Chega até a dizer que é “personalidade forte”. Na verdade são seres para serem apiedados, pois não conseguem, coitados, transformar a indignação em suave compaixão.
Compaixão significa saber o que o outro sente, compartilhar das tristezas, das dores das amarguras e fazer trabalho lindo de recuperar as criaturas. Porque sente com. Porque sente junto. Nós não rimos quando alguém conta uma coisa engraçada? Não choramos com filmes, histórias, foto, situações? Quando sabemos de alguém sofrendo queremos ajudar. A compaixão é natural, se formos naturais.
O terceiro veneno é a ignorância. Ignorância significa afastar-se da verdade. Estar dividido, partido, sem saber mais que somos uma só vida em movimento. Somos um só corpo universal se transformando constantemente. No que mexemos aqui, lá do outro lado repercute. Essa ignorância não é apenas falta de estudos. É falta de contato com o Sagrado, com a Essência de tudo.
Seu antídoto infalível é a Sabedoria Completa. O resultado de tudo é a árvore da Paz florindo e cobrindo o mundo.

terça-feira, 4 de novembro de 2008
Liderança espiritualizada - Parte 1
por Eunice Aboláfio
Para abordar este tema e atingir todo seu âmago, preciso iniciar tratando de um importante questionamento que me perseguiu durante anos de vida corporativa e que também deve estar presente na mente de muitos.
Aplicar a espiritualidade em uma empresa não seria uma utopia? A espiritualidade seria compatível com a competição do mercado, com os jogos de poder e vaidades e a sobrevivência financeira? Como ser um monge dentro de uma empresa, suportar as cobranças torturantes do dia-a-dia e ainda ter dinheiro para pagar todas as contas do mês?
Precisamos de professores para ensinar como viver com amor, dignidade e respeito à vida. A sociedade precisa de líderes que ensinem também como agir desta forma nas atividades profissionais e ter sucesso.
Pretendo abordar neste e nos futuros artigos, assuntos e situações práticas vividas por mim, que podem realmente ajudar a trilhar este caminho, mesmo sabendo que estaremos dando apenas incentivo para alguns pequenos passos de uma grande e necessária mudança pessoal e corporativa.
De nada adianta a presença freqüente aos encontros religiosos de domingo para rezar, jurar seguir as doutrinas e pedir a ajuda divina e na segunda feira assumir uma outra identidade, com atitudes incompatíveis a tudo isso. Certamente, é mais fácil praticar os valores humanos dentro de um mosteiro ou uma igreja, mas no estágio evolutivo em que a humanidade se encontra, temos que aprender como fazer isso também no ambiente de trabalho, com os amigos e na família.
Enfatizei a importância do “como fazer”, pois senti na pele os meus conflitos internos, quando sabia não ser certo ou justo fazer alguma coisa que a cultura empresarial ou meus chefes exigiam que eu fizesse, apenas por que era necessário ser feito. Com olhares maldosos esses “chefes”, pobres seres humanos adormecidos, diziam que era assim que eu aprenderia a gerenciar equipes. Sofria, mas sabia que “as empresas não tinham coração” e que se eu quisesse continuar a trabalhar e seguir uma carreira corporativa, haveria de aprender a agir assim ou sobreviver até encontrar um outro caminho melhor, que não conseguia enxergar.
Felizmente, encontrei alguns líderes de verdade, que foram me mostrando gradativamente como agir com respeito para com as pessoas e também como ensinar, delegar, cobrar e desenvolvê-las, com o mais importante: trazendo resultados para a empresa. Assim eles fizeram comigo e eu com outros. Uma verdadeira corrente do bem, também muito invejada e criticada dentro das empresas.
Vi muitas vezes estes líderes maravilhosos serem desrespeitados ou criticados pelos seus pares e superiores, aqueles mesmos seres humanos adormecidos que também eram invejosos, mas mesmo acompanhando o sofrimento deles, eu e muitos outros os admiravam mais e mais, pois eles não mudavam suas atitudes para adormecerem como os outros. Tempos depois era eu quem estaria sofrendo estas mesmas situações e procurando seguir seus exemplos.
Hoje percebo que muito sofri quando algum de nós mudava de empresa. Achava que nunca mais encontraria pessoas assim. Realmente, não era tão fácil mesmo, mas de alguma forma nós nos reencontramos muitas outras vezes, até para trabalharmos novamente juntos em outras empresas e projetos. Formamos ótimas equipes de trabalho, pois havia entre nós o conhecimento seguro de que compartilhávamos dos mesmos valores e comportamentos. Assim, tínhamos nossos objetivos em comum, todos eram informados de tudo e as decisões eram compatíveis. Dirigíamos as equipes com total sincronismo, atingíamos bons resultados e o clima era excelente, trabalhávamos felizes, mesmo com os ataques de outras áreas.
Certa vez, estávamos vivendo uma séria crise na empresa e até os salários chegaram a atrasar alguns dias. Procurávamos conversar muito com as equipes e mantínhamos todos informados das ações que estavam sendo tomadas, das datas certas em que os pagamentos seriam realizados e pedíamos idéias para novas ações, assim como enfatizávamos a importância de estarmos unidos para superar a crise. Mesmo nesta situação, as equipes trabalharam duro, até mesmo além do horário normal e ainda assim a alegria continuava.
Havia respeito e confiança nas lideranças que também estavam sempre presentes, além de reconhecer a força da equipe.
Outros líderes, invejosos e rígidos dentro de seus escudos, rejeitavam de pronto qualquer nova idéia, sempre listando inúmeros empecilhos ou ainda querendo mostrar que já haviam feito isso no passado e que de nada adiantou. Seus colaboradores estavam apáticos, tristes e achavam que as equipes felizes eram formadas de palhaços, alienados no meio de uma desgraça.
Todos tiveram que passar pela crise, mas alguns foram mais felizes e souberam fazer dela a oportunidade de crescimento e aprendizado; outros, apenas sofreram.
Deixo aqui algumas dicas:
▫ Acredite que é possível ser um ser humano melhor e assim melhore suas relações com a família, filhos, colegas de trabalho, chefias e muitas outras.
▫ Não queira mudar os outros, foque nas suas mudanças.
▫ Não tenha medo ou vergonha de ser diferente. Procure AMAR, não julgar e entender as pessoas e seus sentimentos. Você verá o quanto somos parecidos com nossos medos, mas diferentes em nossas reações e sentimentos.
▫ Procure ter mais consciência do impacto que suas palavras e ações causam nas pessoas ao seu redor e pergunte a elas de que forma você poderia melhorar, mas por favor, ouça com atenção sem justificar-se, certo?
▫ Fale mais de seus sentimentos e dificuldades para as pessoas que ama, até mesmo para seus filhos pequenos. Eles irão enxergar o quanto você é gente como eles e ficarão mais próximos.
▫ Seja cada vez mais humilde e menos competitivo. Não fique exibindo suas qualidades, mas perceba e valorize as qualidades alheias.
▫ Quando alguém o irritar com alguma atitude, descubra quando e com quem você também é assim, mesmo que em menor intensidade ou mais disfarçado.
Lendo, pode parecer tudo fácil ou até que já é feito normalmente, mas será que seu marido, esposa ou companheiro(a) diria a mesma coisa? E seus colegas ou subordinados?
Que tal praticar a humildade e perguntar a eles?
Para abordar este tema e atingir todo seu âmago, preciso iniciar tratando de um importante questionamento que me perseguiu durante anos de vida corporativa e que também deve estar presente na mente de muitos.
Aplicar a espiritualidade em uma empresa não seria uma utopia? A espiritualidade seria compatível com a competição do mercado, com os jogos de poder e vaidades e a sobrevivência financeira? Como ser um monge dentro de uma empresa, suportar as cobranças torturantes do dia-a-dia e ainda ter dinheiro para pagar todas as contas do mês?
Precisamos de professores para ensinar como viver com amor, dignidade e respeito à vida. A sociedade precisa de líderes que ensinem também como agir desta forma nas atividades profissionais e ter sucesso.
Pretendo abordar neste e nos futuros artigos, assuntos e situações práticas vividas por mim, que podem realmente ajudar a trilhar este caminho, mesmo sabendo que estaremos dando apenas incentivo para alguns pequenos passos de uma grande e necessária mudança pessoal e corporativa.
De nada adianta a presença freqüente aos encontros religiosos de domingo para rezar, jurar seguir as doutrinas e pedir a ajuda divina e na segunda feira assumir uma outra identidade, com atitudes incompatíveis a tudo isso. Certamente, é mais fácil praticar os valores humanos dentro de um mosteiro ou uma igreja, mas no estágio evolutivo em que a humanidade se encontra, temos que aprender como fazer isso também no ambiente de trabalho, com os amigos e na família.
Enfatizei a importância do “como fazer”, pois senti na pele os meus conflitos internos, quando sabia não ser certo ou justo fazer alguma coisa que a cultura empresarial ou meus chefes exigiam que eu fizesse, apenas por que era necessário ser feito. Com olhares maldosos esses “chefes”, pobres seres humanos adormecidos, diziam que era assim que eu aprenderia a gerenciar equipes. Sofria, mas sabia que “as empresas não tinham coração” e que se eu quisesse continuar a trabalhar e seguir uma carreira corporativa, haveria de aprender a agir assim ou sobreviver até encontrar um outro caminho melhor, que não conseguia enxergar.
Felizmente, encontrei alguns líderes de verdade, que foram me mostrando gradativamente como agir com respeito para com as pessoas e também como ensinar, delegar, cobrar e desenvolvê-las, com o mais importante: trazendo resultados para a empresa. Assim eles fizeram comigo e eu com outros. Uma verdadeira corrente do bem, também muito invejada e criticada dentro das empresas.
Vi muitas vezes estes líderes maravilhosos serem desrespeitados ou criticados pelos seus pares e superiores, aqueles mesmos seres humanos adormecidos que também eram invejosos, mas mesmo acompanhando o sofrimento deles, eu e muitos outros os admiravam mais e mais, pois eles não mudavam suas atitudes para adormecerem como os outros. Tempos depois era eu quem estaria sofrendo estas mesmas situações e procurando seguir seus exemplos.
Hoje percebo que muito sofri quando algum de nós mudava de empresa. Achava que nunca mais encontraria pessoas assim. Realmente, não era tão fácil mesmo, mas de alguma forma nós nos reencontramos muitas outras vezes, até para trabalharmos novamente juntos em outras empresas e projetos. Formamos ótimas equipes de trabalho, pois havia entre nós o conhecimento seguro de que compartilhávamos dos mesmos valores e comportamentos. Assim, tínhamos nossos objetivos em comum, todos eram informados de tudo e as decisões eram compatíveis. Dirigíamos as equipes com total sincronismo, atingíamos bons resultados e o clima era excelente, trabalhávamos felizes, mesmo com os ataques de outras áreas.
Certa vez, estávamos vivendo uma séria crise na empresa e até os salários chegaram a atrasar alguns dias. Procurávamos conversar muito com as equipes e mantínhamos todos informados das ações que estavam sendo tomadas, das datas certas em que os pagamentos seriam realizados e pedíamos idéias para novas ações, assim como enfatizávamos a importância de estarmos unidos para superar a crise. Mesmo nesta situação, as equipes trabalharam duro, até mesmo além do horário normal e ainda assim a alegria continuava.
Havia respeito e confiança nas lideranças que também estavam sempre presentes, além de reconhecer a força da equipe.
Outros líderes, invejosos e rígidos dentro de seus escudos, rejeitavam de pronto qualquer nova idéia, sempre listando inúmeros empecilhos ou ainda querendo mostrar que já haviam feito isso no passado e que de nada adiantou. Seus colaboradores estavam apáticos, tristes e achavam que as equipes felizes eram formadas de palhaços, alienados no meio de uma desgraça.
Todos tiveram que passar pela crise, mas alguns foram mais felizes e souberam fazer dela a oportunidade de crescimento e aprendizado; outros, apenas sofreram.
Deixo aqui algumas dicas:
▫ Acredite que é possível ser um ser humano melhor e assim melhore suas relações com a família, filhos, colegas de trabalho, chefias e muitas outras.
▫ Não queira mudar os outros, foque nas suas mudanças.
▫ Não tenha medo ou vergonha de ser diferente. Procure AMAR, não julgar e entender as pessoas e seus sentimentos. Você verá o quanto somos parecidos com nossos medos, mas diferentes em nossas reações e sentimentos.
▫ Procure ter mais consciência do impacto que suas palavras e ações causam nas pessoas ao seu redor e pergunte a elas de que forma você poderia melhorar, mas por favor, ouça com atenção sem justificar-se, certo?
▫ Fale mais de seus sentimentos e dificuldades para as pessoas que ama, até mesmo para seus filhos pequenos. Eles irão enxergar o quanto você é gente como eles e ficarão mais próximos.
▫ Seja cada vez mais humilde e menos competitivo. Não fique exibindo suas qualidades, mas perceba e valorize as qualidades alheias.
▫ Quando alguém o irritar com alguma atitude, descubra quando e com quem você também é assim, mesmo que em menor intensidade ou mais disfarçado.
Lendo, pode parecer tudo fácil ou até que já é feito normalmente, mas será que seu marido, esposa ou companheiro(a) diria a mesma coisa? E seus colegas ou subordinados?
Que tal praticar a humildade e perguntar a eles?

A Liderança Espiritualizada – Parte 2- “Deixando de lado o Morde e Assopra”
por Eunice Aboláfio
Ser espiritualizado ao liderar pessoas exige o exercício constante do equilíbrio, fugindo dos extremos da dualidade como, por exemplo, as oscilações entre o autoritarismo e o paternalismo, popularmente conhecido como a liderança do “morde e assopra”. Embora a imagem de bonzinho possa erroneamente ser confundida com o termo espiritualizado, este está muito longe da idéia de extrema proteção e cuidados exagerados, como age um pai protetor.
Quando tratamos com pessoas adultas, sabemos da responsabilidade de cada um frente às suas escolhas. Resta saber se as escolhas, dentro de uma organização ou equipe de trabalho, estão claras e evidentes para todos.
Há dias que acordamos tranqüilos ou felizes com os resultados que atingimos e tratamos nossos colaboradores com muita atenção, ouvindo e orientando cada um em suas tarefas e dificuldades. Em outros momentos de maior aflição, achamos todos pouco comprometidos e incapazes de trabalhar como nós mesmos. Endurecemos na nossa comunicação, soltando nossa fúria para aliviar nosso vulcão interno e futuras demissões parecem ser inevitáveis.
Este vulcão em erupção mostra uma criatura grosseira, comunicando-se com dificuldade, exigindo que todos façam o que ela quer e da forma que considera a melhor, sem tempo para muitas explicações. Sua fala é firme, indicando as tarefas obrigatórias e os resultados exigidos. Também virão críticas, muitas em público humilhando as pessoas, cobranças duras, ameaças declaradas ou camufladas, causando terror e angústia nas pessoas. O foco estará nos erros e logicamente dos culpados.
Quanto mais nervosos e pressionados pela alta direção, mais as lideranças tendem a endurecer e deixar de perceber os impactos negativos que estão causando nas pessoas, agravando cada vez mais os fatores estressantes para a equipe e para eles próprios. Com este ambiente tenso, os erros irão aumentar e o vulcão nunca poderá ficar inativo por muito tempo.
Encontro centenas de chefes com predominância deste temperamento em todos os níveis hierárquicos, principalmente nos momentos de maiores pressões pelos resultados, cada vez mais freqüentes. Alguns são conscientes da sua forma agressiva, mas consideram seus comportamentos adequados para a empresa e para as suas equipes. Chegam até a se divertir com o medo que causam nas pessoas, confundindo medo com respeito, poder com autoridade, além de considerar que os resultados justificam seus métodos.
Facilmente encontramos nas equipes destes “chefes” desumanos a maior utilização do ambulatório médico da empresa, além das dispensas médicas e faltas justificadas. São freqüentes as enxaquecas, gastrites, úlceras, dores musculares, entorses, depressão, resultados da somatização de pessoas angustiadas, vivendo em constante pressão e precisando do emprego.
Uma chefia agressiva ou com problemas de comunicação eficaz, também sofre com a sua saúde física, pois mesmo obtendo bons resultados, estes não são sustentáveis. Muitas conseqüências demandarão ainda mais trabalho, como ter que administrar conflitos, ausências, demissões e novas contratações. Um ciclo danoso que sempre tem que ser alimentado, mesmo que inconscientemente, para continuar a existir.
Existem pessoas que após suas explosões são atormentados pela própria consciência e procuram retomar os relacionamentos saudáveis com a equipe, como se nada houvesse acontecido. Chamam para almoçar, falam de assuntos diferentes como futebol (um dos preferidos), perguntam sobre os filhos, como querendo mostrar que tudo já passou e que são humanas. Pena que não percebam que esta atitude e suas intenções estão evidentes e que suas explosões nunca serão esquecidas.
A instabilidade emocional da chefia também refletirá na instabilidade da equipe. Poderemos encontrar em decorrência disso a falta de comprometimento com a empresa, de espírito de equipe, de criatividade, de inovação, além da dificuldade de se descobrir precocemente os erros.
Com este cenário emocional, imaginem:
- Quem irá mostrar os erros nos processos, temendo ser considerado o culpado ou provocar novamente o vulcão? Mais fácil escondê-los e deixar estourar nas mãos de outra pessoa.
- Quem terá a coragem de se expor e propor inovações? Melhor oferecer o seu trabalho trivial, não chamar a atenção e garantir seu emprego e salário.
Podemos observar que as conseqüências comportamentais podem ser exatamente os aspectos que ninguém deseja ver nas equipes de trabalho.
Como fazer para mudar isso? Com muita autoconsciência, paciência e respeito, tratando os outros da forma como gostaria de ser tratado, considerando que eles podem não saber TUDO aquilo que você já conhece muito bem. Você é um líder para mobilizar as pessoas para atingirem os objetivos da organização. Se isso não fosse importante, seu cargo não existiria, pois todos saberiam o que fazer e o fariam sempre a contento.
Procure entender os motivos pelos quais as pessoas estão errando e ao invés de julgá-las como incompetentes, procure ajudá-las agindo estrategicamente na causa raiz das dificuldades, apoiando assim o desenvolvimento profissional de cada um.
Prevenindo problemas, estabeleça pequenos contratos verbais bem claros com seus colaboradores, ao passar cada tarefa. Estabeleça os prazos de entrega após certificar-se de que tudo está perfeitamente entendido. Observe bem se a pessoa assumiu a responsabilidade da tarefa com segurança e que possui todos os recursos para isso. Lembre-se também de ouvir o que ela tem a dizer, não deixando os detalhes para trás. Caso seu colaborador necessite de apoio de outras pessoas ou departamentos, esteja certo de que todos os envolvidos estejam comprometidos com a mesma tarefa. Deixar que ele sozinho administre outras pessoas, seus colegas dentro da organização, pode comprometer o resultado final.
Depois deste contrato inicial tão vital para o sucesso, não deixe de monitorar as fases intermediárias, se possível analisando indicadores do processo. Talvez seja preciso intervir, conduzindo o aprendizado do seu funcionário com perguntas inteligentemente construídas, enquanto ele age. Desta forma, das próximas vezes ele saberá fazer tudo bem melhor e sozinho.
A justificativa que mais escuto sobre agir desta forma é o acúmulo de trabalho e a falta de tempo. Será que você já estava pensando assim?
No caos do dia-a-dia já estabelecido pelos comportamentos condicionados, estamos tranquilamente salivando ao ouvir a campainha, como os ratinhos do Pavlov. Alguém tem que quebrar este condicionamento e o líder deve se conscientizar de que é ele quem toca a campainha.
Procure planejar suas atividades semanais com tempo para fazer os contratos e acompanhar cada pessoa da sua equipe gradativamente, começando com os processos e pessoas que causam mais problemas. Se a sua intervenção for bem planejada e conduzida com calma, em pouco tempo estes problemas não irão mais ocorrer e sobrará um pouco mais de tempo para planejar e atuar em outros processos e com outras pessoas.
Planejamento, critérios claros, diálogos francos, desenvolvimento e acompanhamento de seus colaboradores o farão sentir-se mais justo, até quando for demitir alguém. Uma maneira tática e estratégica de exercer uma liderança eficaz.
Ser espiritualizado ao liderar pessoas exige o exercício constante do equilíbrio, fugindo dos extremos da dualidade como, por exemplo, as oscilações entre o autoritarismo e o paternalismo, popularmente conhecido como a liderança do “morde e assopra”. Embora a imagem de bonzinho possa erroneamente ser confundida com o termo espiritualizado, este está muito longe da idéia de extrema proteção e cuidados exagerados, como age um pai protetor.
Quando tratamos com pessoas adultas, sabemos da responsabilidade de cada um frente às suas escolhas. Resta saber se as escolhas, dentro de uma organização ou equipe de trabalho, estão claras e evidentes para todos.
Há dias que acordamos tranqüilos ou felizes com os resultados que atingimos e tratamos nossos colaboradores com muita atenção, ouvindo e orientando cada um em suas tarefas e dificuldades. Em outros momentos de maior aflição, achamos todos pouco comprometidos e incapazes de trabalhar como nós mesmos. Endurecemos na nossa comunicação, soltando nossa fúria para aliviar nosso vulcão interno e futuras demissões parecem ser inevitáveis.
Este vulcão em erupção mostra uma criatura grosseira, comunicando-se com dificuldade, exigindo que todos façam o que ela quer e da forma que considera a melhor, sem tempo para muitas explicações. Sua fala é firme, indicando as tarefas obrigatórias e os resultados exigidos. Também virão críticas, muitas em público humilhando as pessoas, cobranças duras, ameaças declaradas ou camufladas, causando terror e angústia nas pessoas. O foco estará nos erros e logicamente dos culpados.
Quanto mais nervosos e pressionados pela alta direção, mais as lideranças tendem a endurecer e deixar de perceber os impactos negativos que estão causando nas pessoas, agravando cada vez mais os fatores estressantes para a equipe e para eles próprios. Com este ambiente tenso, os erros irão aumentar e o vulcão nunca poderá ficar inativo por muito tempo.
Encontro centenas de chefes com predominância deste temperamento em todos os níveis hierárquicos, principalmente nos momentos de maiores pressões pelos resultados, cada vez mais freqüentes. Alguns são conscientes da sua forma agressiva, mas consideram seus comportamentos adequados para a empresa e para as suas equipes. Chegam até a se divertir com o medo que causam nas pessoas, confundindo medo com respeito, poder com autoridade, além de considerar que os resultados justificam seus métodos.
Facilmente encontramos nas equipes destes “chefes” desumanos a maior utilização do ambulatório médico da empresa, além das dispensas médicas e faltas justificadas. São freqüentes as enxaquecas, gastrites, úlceras, dores musculares, entorses, depressão, resultados da somatização de pessoas angustiadas, vivendo em constante pressão e precisando do emprego.
Uma chefia agressiva ou com problemas de comunicação eficaz, também sofre com a sua saúde física, pois mesmo obtendo bons resultados, estes não são sustentáveis. Muitas conseqüências demandarão ainda mais trabalho, como ter que administrar conflitos, ausências, demissões e novas contratações. Um ciclo danoso que sempre tem que ser alimentado, mesmo que inconscientemente, para continuar a existir.
Existem pessoas que após suas explosões são atormentados pela própria consciência e procuram retomar os relacionamentos saudáveis com a equipe, como se nada houvesse acontecido. Chamam para almoçar, falam de assuntos diferentes como futebol (um dos preferidos), perguntam sobre os filhos, como querendo mostrar que tudo já passou e que são humanas. Pena que não percebam que esta atitude e suas intenções estão evidentes e que suas explosões nunca serão esquecidas.
A instabilidade emocional da chefia também refletirá na instabilidade da equipe. Poderemos encontrar em decorrência disso a falta de comprometimento com a empresa, de espírito de equipe, de criatividade, de inovação, além da dificuldade de se descobrir precocemente os erros.
Com este cenário emocional, imaginem:
- Quem irá mostrar os erros nos processos, temendo ser considerado o culpado ou provocar novamente o vulcão? Mais fácil escondê-los e deixar estourar nas mãos de outra pessoa.
- Quem terá a coragem de se expor e propor inovações? Melhor oferecer o seu trabalho trivial, não chamar a atenção e garantir seu emprego e salário.
Podemos observar que as conseqüências comportamentais podem ser exatamente os aspectos que ninguém deseja ver nas equipes de trabalho.
Como fazer para mudar isso? Com muita autoconsciência, paciência e respeito, tratando os outros da forma como gostaria de ser tratado, considerando que eles podem não saber TUDO aquilo que você já conhece muito bem. Você é um líder para mobilizar as pessoas para atingirem os objetivos da organização. Se isso não fosse importante, seu cargo não existiria, pois todos saberiam o que fazer e o fariam sempre a contento.
Procure entender os motivos pelos quais as pessoas estão errando e ao invés de julgá-las como incompetentes, procure ajudá-las agindo estrategicamente na causa raiz das dificuldades, apoiando assim o desenvolvimento profissional de cada um.
Prevenindo problemas, estabeleça pequenos contratos verbais bem claros com seus colaboradores, ao passar cada tarefa. Estabeleça os prazos de entrega após certificar-se de que tudo está perfeitamente entendido. Observe bem se a pessoa assumiu a responsabilidade da tarefa com segurança e que possui todos os recursos para isso. Lembre-se também de ouvir o que ela tem a dizer, não deixando os detalhes para trás. Caso seu colaborador necessite de apoio de outras pessoas ou departamentos, esteja certo de que todos os envolvidos estejam comprometidos com a mesma tarefa. Deixar que ele sozinho administre outras pessoas, seus colegas dentro da organização, pode comprometer o resultado final.
Depois deste contrato inicial tão vital para o sucesso, não deixe de monitorar as fases intermediárias, se possível analisando indicadores do processo. Talvez seja preciso intervir, conduzindo o aprendizado do seu funcionário com perguntas inteligentemente construídas, enquanto ele age. Desta forma, das próximas vezes ele saberá fazer tudo bem melhor e sozinho.
A justificativa que mais escuto sobre agir desta forma é o acúmulo de trabalho e a falta de tempo. Será que você já estava pensando assim?
No caos do dia-a-dia já estabelecido pelos comportamentos condicionados, estamos tranquilamente salivando ao ouvir a campainha, como os ratinhos do Pavlov. Alguém tem que quebrar este condicionamento e o líder deve se conscientizar de que é ele quem toca a campainha.
Procure planejar suas atividades semanais com tempo para fazer os contratos e acompanhar cada pessoa da sua equipe gradativamente, começando com os processos e pessoas que causam mais problemas. Se a sua intervenção for bem planejada e conduzida com calma, em pouco tempo estes problemas não irão mais ocorrer e sobrará um pouco mais de tempo para planejar e atuar em outros processos e com outras pessoas.
Planejamento, critérios claros, diálogos francos, desenvolvimento e acompanhamento de seus colaboradores o farão sentir-se mais justo, até quando for demitir alguém. Uma maneira tática e estratégica de exercer uma liderança eficaz.

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