terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

6. Dar e tomar na relação de casal

::Bert Hellinger::



Uma relação de casal dá certo quando o dar e tomar estão em equilíbrio. Tal modelo em uma relação de casal é a consumação sexual. Na consumação sexual um deseja e o outro concede, isso já ameaça o cerne da relação de casal. Os dois precisam igualmente desejar e conceder, dar e tomar.

Aquele que deseja encontra-se numa posição inferior, pois se apresenta como o necessitado. Quando o outro não está necessitado e apenas concede, se apresenta como aquele que dá, como o maior. Aí, no fundo, a relação de casal está no fim. Nesse nível precisa-se garantir primeiramente o equilíbrio pleno. Os dois precisam reconhecer primeiramente que são necessitados e que podem dar ao parceiro algo de especial. Só então existirá uma real consumação do amor.

Tendo isso como base e seguindo este modelo, também a outra troca entre o dar e o tomar precisa se consumar na relação do casal. Quando um diz: “Eu tenho um coração imenso, ele transborda de tanto amor” e cobre o parceiro com seu amor, sente-se grande: “Eu amo”. Mas o que acontece com o outro? “Ah, ele deve apenas tomar.” Então o outro não terá a oportunidade de devolver algo equivalente, independente do que possa doar, pois o outro, com seu suposto coração imenso, diz: “Eu tenho suficiente.”
No entanto, aquele que está sendo coberto com esse amor logo se zangará e não vai querer mais nada do outro.

Em uma relação de casal cada um pode dar apenas o que o outro é capaz de receber e devolver. Cada um pode tomar somente um pouco, jamais tudo. Por isso damos apenas o tanto que o outro pode tomar. Isso é novamente uma grande renuncia que educa o casal.

A troca em uma relação de casal se dá, por um lado, pela necessidade de equilíbrio, por outro, porém, também em função do amor pela outra pessoa. Nessa relação a necessidade de equilíbrio conecta-se com o amor. O que isso significa concretamente? Logo que um recebe ou toma algo do outro, sente-se em dívida e então também dá algo, mas não apenas a mesma coisa ou na mesma medida. Por amar o outro ele dará um pouco mais. É o que acontece na relação de casal. Quando se ama dá-se um pouco mais, porém apenas um pouco, senão a coisa se torna novamente perigosa. O outro toma o que é dado e também se sente em dívida e, assim, devolve algo ao outro. E novamente um pouco mais, pois ele o ama.

Esses muitos “poucos”, no final, conduzem à plenitude. Começamos modestamente e aumentamos o dar e o tomar passo a passo. Assim, cresce a felicidade em uma relação de casal. No entanto, isso tem uma grande “desvantagem”. Quanto mais o homem e a mulher se dão, mais difícil será uma separação, pois a troca entre dar e tomar une. Por isso quem almeja certa independência, quem pensa que aquele parceiro talvez não seja a pessoa certa, quem sabe exista algo diferente ou melhor; deve apenas dar e tomar pouco. Assim mantém certa liberdade, uma liberdade de trocar de parceiro.

Quando encontrar um parceiro novo ficará tão preso quanto antes. Quem sabe procurará por um próximo parceiro, também dará e tomará pouco de novo parceiro, na esperança de encontrar ainda um terceiro. Mas o terceiro parceiro percebe imediatamente que não dá para contar com essa pessoa. Assim o novo parceiro também lhe dará apenas um pouco e no final eles terão a grande liberdade – os dois permanecem sozinhos. Mas, o que se ganha com isso?

Um exemplo interessante sobre o dar e o tomar: Quando, em um casal, um dos parceiros ainda não concluiu a sua formação, e o outro paga, normalmente não existe mais a possibilidade de compensar tal coisa. Por isso, pode-se observar que aquele que recebeu tanto, muitas vezes deixa a relação, pois sem equilíbrio não há relação de casal, isso é uma lei.


Atenção para a próxima postagem 16/02/2011 - Texto: Amor e Ordem.

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